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quarta-feira, agosto 23, 2023

Luís XVI nasceu há 269 anos


Luís XVI (Versalhes, 23 de agosto de 1754 – Paris, 21 de janeiro de 1793) foi Rei da França e Navarra de 1774 até ser deposto em 1792 durante a Revolução Francesa, sendo executado no ano seguinte. O seu pai, Luís, Delfim de França, era o filho e herdeiro aparente do rei Luís XV. Como resultado da morte de seu pai, em 1765, Luís tornou-se o novo delfim e sucedeu ao seu avô em 1774. Era o irmão mais velho dos futuros reis Luís XVIII e Carlos X.

Nascido em Versalhes, recebeu o título de Duque de Berry. Após a morte repentina do seu pai Luís Fernando, tornou-se o novo herdeiro da França em 1765, e coroado rei aos 19 anos. A primeira parte de seu reinado foi marcada por tentativas de reformar a França, de acordo com os ideais iluministas. Estes incluíram esforços para abolir a servidão, remover a taille, e aumentar a tolerância em relação aos protestantes. A nobreza francesa reagiu com hostilidade às reformas propostas, e se opôs com sucesso a sua implementação. Em seguida ocorreu o aumento do descontentamento entre as pessoas comuns. Em 1776, Luís XVI apoiou ativamente os colonos norte-americanos, que buscavam sua independência da Grã-Bretanha, que foi realizada no Tratado de Paris de 1783.

A dívida e crise financeira que vieram em seguida contribuíram para a impopularidade do Antigo Regime, que culminou no Estado Geral de 1789. O descontentamento entre os membros das classes média e baixa da França resultou em reforçada oposição à aristocracia francesa e à monarquia absoluta, das quais Luís e sua esposa, a rainha Maria Antonieta, eram vistos como representantes. Em 1789, a tomada da Bastilha, durante os distúrbios em Paris, marcou o início da Revolução Francesa. A indecisão e conservadorismo de Luís levaram algumas perceções ao povo da França em vê-lo como um símbolo da tirania do Antigo Regime, e sua popularidade se deteriorou progressivamente. A sua desastrosa fuga de Varennes, em junho de 1791, quatro meses antes da monarquia constitucional ser declarada, parecia justificar os rumores de que o rei amarrou suas esperanças de salvação política nas perspetivas de alguma invasão estrangeira. Sua credibilidade foi extremamente comprometida. A abolição da monarquia e a instauração da república tornaram-se possibilidades cada vez maiores.

Em um contexto de guerra civil e internacional, o rei foi suspenso e preso na época da insurreição de 10 de agosto de 1792, um mês antes da monarquia constitucional ser abolida e a Primeira República Francesa ser proclamada em 21 de setembro. Foi julgado pela Convenção Nacional (auto-instituída como um tribunal para a ocasião), considerado culpado de alta traição e executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793 como um cidadão francês dessacralizado conhecido como "Cidadão Luís Capeto", um apelido em referência a Hugo Capeto, o fundador da dinastia capetiana - que os revolucionários interpretavam como o seu nome de família. Depois de inicialmente considerado tanto um traidor como um mártir, historiadores franceses têm adotado uma visão geral diferente de sua personalidade e papel como rei, descrevendo-o como um homem honesto, impulsionado por boas intenções, mas que não estava à altura da tarefa hercúlea que teria sido uma profunda reforma da monarquia. Foi o único rei da França na história a ser executado e a sua morte pôs fim a mais de mil anos de monarquia francesa contínua. 

 

  

terça-feira, agosto 15, 2023

Napoleão nasceu há 254 anos

     
Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 - Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante a última parte da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi Imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). A sua reforma legal, o código napoleónico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleónicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
Napoleão nasceu em Córsega, filho de pais com ascendência da nobreza italiana e foi treinado como oficial de artilharia na França continental. Em 2011, um exame de DNA de costelas de Napoleão que eram guardadas em relicário confirmou a origem caucasiana de Napoleão, desmentindo uma possível ascendência árabe do imperador.
Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como primeiro cônsul. Cinco anos depois, o senado francês proclamou-o Imperador. Na primeira década do século XIX, o império francês, sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleónicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.
A Campanha da Rússia em 1812 marcou uma viragem na sorte de Napoleão. A sua Grande Armée foi seriamente afetada na campanha e nunca recuperou totalmente. Em 1813, a Sexta Coligação derrotou as suas forças em Leipzig. No ano seguinte, a coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na ilha de Elba. Menos de um ano depois, fugiu de Elba e regressou ao poder, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos da sua vida confinado pelos britânicos à ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de cancro no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsénio.
   
   
in Wikipédia

sexta-feira, julho 28, 2023

O Terror terminou há 229 anos na França, quando Robespierre foi guilhotinado

Maximilien François Marie Isidore de Robespierre (Arras, 6 de maio de 1758 - Paris, 28 de julho de 1794) foi um advogado e político francês, foi uma das personalidades mais importantes da Revolução Francesa.
Os seus amigos chamavam-lhe "O Incorruptível". Principal membro da Montanha durante a Convenção, encarnou a tendência mais radical da Revolução, transformando-se numa das personagens mais controversas deste período. Os seus inimigos chamavam-lhe a “Candeia de Arras”, “Tirano” e “Ditador Sanguinário” durante o Terror.
      
Filho de uma família da pequena burguesia, Maximilien Robespierre perdeu a sua mãe cedo e foi depois abandonado pelo pai. Viajou para Paris com uma bolsa de estudos e, em 1781, formou-se em direito. Exerceu a profissão de advogado na sua cidade natal, Arras, com sucesso.
Em abril de 1789 Robespierre tornou-se deputado pelo Terceiro estado da região de Artois. Revelou-se um grande orador. Em abril de 1790, tornou-se membro do Clube dos Jacobinos, a ala mais radical dos revolucionários. A partir daí, adquiriu notoriedade e sua vida passou a estar intimamente associada aos acontecimentos da Revolução Francesa.
Em 1791 Robespierre foi um dos principais líderes da insurreição popular do Campo de Marte. A sua fama de defensor do povo valeu-lhe o cognome de "Incorruptível". Depois da deposição da família real, em 1792, Robespierre aderiu à Comuna de Paris e tornou-se um dos chefes do governo revolucionário. Combateu então a facção dos girondinos, menos radicais.
Robespierre foi um dos que pediram a condenação do rei Luís XVI, guilhotinado a 21 de janeiro de 1793. Em julho do mesmo ano, Robespierre criou um Comité de Salvação Pública, para perseguir os inimigos da revolução. Foi instaurado o regime do "Grande Terror" - o auge da ditadura de Robespierre.
Em 1794, Robespierre mandou executar Danton, o revolucionário que propunha um rumo mais moderado para a revolução. Neste mesmo ano, tornou-se Presidente da Convenção Nacional. No dia 27 de julho, numa sessão tumultuosa, Robespierre foi ferido e teve que sair da sala à pressa. Foi detido imediatamente pelos seus inimigos e, um dia depois, guilhotinado.
    
(...)
    
Maximilien de Robespierre foi guilhotinado em Paris no dia seguinte, no dia 10 do Termidor do ano II do calendário da República (28 de julho de 1794), sem ter sido julgado, juntamente com o seu irmão, Augustin de Robespierre (também membro da Junta de Salvação Pública) e dezassete de seus colaboradores, durante o golpe de 9 do Termidor, dentre eles, seus dois grandes amigos, companheiros desde o início da sua jornada, Saint-Just e Couthon.
       
      

quinta-feira, julho 27, 2023

A Revolta de 9 de Termidor foi há 229 anos

Gendarme Charles-André Merda  shooting at Robespierre during the night of the Thermidor
    
The Thermidorian Reaction was a revolt in the French Revolution against the excesses of the Reign of Terror. It was triggered by a vote of the National Convention to execute Maximilien Robespierre, Louis Antoine de Saint-Just, and several other leading members of the Terror. This ended the most radical phase of the French Revolution.
The name Thermidorian refers to 9 Thermidor Year II (27 July 1794), the date according to the French Revolutionary Calendar when Robespierre and other radical revolutionaries came under concerted attack in the National Convention. Thermidorian Reaction also refers to the remaining period until the National Convention was superseded by the Directory; this is also sometimes called the era of the Thermidorian Convention. Prominent figures of Thermidor include Paul Barras, Jean-Lambert Tallien, and Joseph Fouché.
    
Background
Thermidor represents the final throes of the Reign of Terror. With Robespierre the sole remaining strong-man of the Revolution following the assassination of Jean-Paul Marat (13 July 1793), and the executions of Jacques Hébert (24 March 1794) and Georges Danton (5 April 1794), his apparently total grasp on power became in fact increasingly illusory, especially insofar as he seemed to have support from factions to his right. His only real political power at this time lay in the Jacobin Club, which had extended itself beyond the borders of Paris and into the country as a network of "Popular Societies".
His tight personal control of the military and his distrust of military might and of banks, along with his opposition to corrupt individuals in government, made Robespierre the subject of a number of conspiracies. The conspiracies came together on 9 Thermidor (27 July) when members of the national bodies of the revolutionary government arrested Robespierre as well as the leaders of the Paris city government.
    
Conspiratorial groups
Not all of the conspiratorial groupings were ideological in motivation; many who conspired against Robespierre did so for strong practical and personal reasons, most notably self-preservation. The surviving Dantonists, such as Merlin de Thionville for example, wanted revenge for the death of Danton and, more importantly, to protect their own heads.
The Left were opposed to Robespierre on the grounds that he rejected atheism and was not sufficiently radical.
The prime mover, however, for the events of 9 Thermidor (27 July) was a Montagnard conspiracy, led by Jean-Lambert Tallien and Bourdon de l'Oise, which was gradually coalescing, and was to come to pass at the time when the Montagnards had finally swayed the deputies of the Right over to their side. (Robespierre and Saint-Just were themselves Montagnards.) Some authors argue that the then leftist Joseph Fouché played a large role in the conspiracy. Fouché was likely to be convicted and executed for treason and atheism, since Robespierre himself was about to denounce him in a speech to the Convention, which would have been delivered the day after the coup d'état (28 July). Dwelling in the shadows, he made great efforts to convince the main surviving leftists and moderates that they were meant to be the next victims of Robespierre's dictatorship, thus uniting them against Robespierre, and by those means saving his own life.
In the end, it was Robespierre himself who united all his enemies. On 8 Thermidor (26 July) he gave a speech to the Convention in which he railed against enemies and conspiracies, some within the powerful committees, as he did not give the names of these traitors, all in the Convention had reason to fear that they were the targets. Later he went and enlisted the support of the Jacobin Club, where he denounced Collot and Billaud. These men then spent the night planning the following day’s coup with other members of the convention.
   
On 9 Thermidor (27 July), in the Hall of Liberty in Paris, Saint-Just was in the midst of reading a report to the Committee of Public Safety when he was interrupted by Tallien, who impugned Saint-Just and then went on to denounce the tyranny of Robespierre. The attack was taken up by Billaud-Varenne, and Saint-Just's typical eloquence fled him, leaving him subject to a withering verbal assault until Robespierre leapt to the defense of Saint-Just and himself. Cries went up of 'Down with the tyrant! Arrest him!' Robespierre then made his appeal to the deputies of the Right, "Deputies of the Right, men of honour, men of virtue, give me the floor, since the assassins will not." However, the Right was unmoved, and an order was made to arrest Robespierre and his followers.
Troops from the Paris Commune arrived to liberate the prisoners. The Commune troops, under General Coffinhal, then marched against the Convention itself. The Convention responded by ordering troops of its own under Paul Barras to be called out. When the Commune's troops heard the news of this, order began to break down, and Hanriot ordered his remaining troops to withdraw to the Hôtel de Ville. Robespierre and his supporters also gathered at the Hôtel de Ville.
The Convention declared them to be outlaws, meaning that upon verification the fugitives could be executed within 24 hours without a trial. As the night went on the Commune forces at the Hôtel de Ville deserted until none of them remained. The Convention troops under Barras approached the Hôtel around 2:00 am on 28 July. As they came, Robespierre's brother Augustin leapt out of a window in an escape attempt, broke his legs, and was arrested. Le Bas committed suicide. Couthon, who was paralysed from the waist down, was found lying at the bottom of a staircase.
Robespierre was shot in the face, and his jaw was shattered. There are two accounts of how he received the wound. One states that, anticipating his own downfall and wanting to have the death of a hero, Robespierre attempted to kill himself and shattered his own jaw with a shot. The contrary view is that he was shot by one of the Convention's troops. At the time, a gendarme named Charles-André Merda claimed to have pulled the trigger.
Saint-Just made no attempt at suicide or concealment. Hanriot tried to hide in the Hôtel de Ville's yard, by some sources after being thrown out a window into a stack of latrine and hay, but the Convention troops quickly discovered him and assaulted him badly, allegedly gouging one of his eyes out so that it hung from its socket.
       

segunda-feira, julho 17, 2023

As Mártires Carmelitas de Compiègne foram assassinadas pela república há 229 anos...

Vitral representativo na Igreja de Nossa Senhora do Monte Carmelo, Quidenham, Norfolk, Reino Unido
      
As Carmelitas de Compiègne ou Mártires Carmelitas de Compiègne ou Mártires de Compiègne são dezasseis religiosas do Carmelo de Compiègne assassinadas por revolucionários franceses do Comité de Salvação Pública, que as levaram à guilhotina por ódio à religião, no segundo período do Terror da Revolução Francesa, no dia 17 de julho de 1794, no local hoje denominado "Place de la Nation", na época "Place du Trône Renversé".
Antes de serem executadas ajoelharam-se e cantaram o hino Veni Creator, após o que todas renovaram em voz alta os seus compromissos do batismo e os votos religiosos. A execução teve início com a noviça e por último foi executada a Madre Superiora 'Madeleine-Claudine Ledoine (Madre Teresa de Santo Agostinho - Paris, 22 de setembro de 1752), professa em 16 ou 17 de maio de 1775. Durante as execuções reinou absoluto silêncio. Os seus corpos foram sepultados num profundo poço de areia em um cemitério em Picpus. Como neste areal foram enterrados 1.298 vítimas da Revolução, é pouco provável a recuperação de suas relíquias. Foram solenemente beatificadas em 27 de maio de 1906 pelo Papa São Pio X.
O Papa João Paulo I sobre elas disse: Durante o processo ouviu-se a condenação: "À morte por fanatismo". E uma, na sua simplicidade, perguntou: — "Senhor Juiz, se faz favor, que quer dizer fanatismo?". Responde o juiz: — É pertencerdes tolamente à religião". — "Oh, irmãs!" — disse então a religiosa — "ouvistes, condenam-nos pelo nosso apego à fé. Que felicidade morrer por Jesus Cristo!". Fizeram-nas sair da prisão da Conciergerie, meteram-nas na carreta da morte e elas, pelo caminho, foram cantando hinos religiosos; chegando ao cadafalso da guilhotina, uma atrás doutra ajoelharam-se diante da Prioresa e renovaram o voto de obediência. Depois entoaram o "Veni Creator"; o canto foi-se tornando, porém, cada vez mais débil, à medida que iam caindo, uma a uma, na guilhotina, as cabeças das pobres irmãs. Ficou para o fim a Prioresa, Irmã Teresa de Santo Agostinho; e as suas últimas palavras foram estas: "O amor sempre vencerá, o amor tudo pode". Eis a palavra exata: não é a violência que tudo pode, é o amor que tudo pode.
O grupo de religiosas carmelitas lideradas por Madre Teresa de Santo Agostinho era composto por 16 mulheres: 10 freiras, 1 noviça, 3 irmãs leigas e 2 irmãs rodeiras.
    
  
in Wikipédia

 


sexta-feira, julho 14, 2023

A Tomada da Bastilha foi há 234 anos...

Prise de la Bastille - Jean-Pierre Houël
    
A Tomada da Bastilha (em francês: Prise de la Bastille), também conhecida como Queda da Bastilha, foi um evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de julho de 1789. Embora a Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão contivesse, à época, apenas sete prisioneiros, a sua queda é tida como um dos símbolos daquela revolução, e tornou-se um ícone da República Francesa. Na França, o quatorze juillet (14 de julho) é um feriado nacional, conhecido formalmente como Fête de la Fédération ("Festa da Federação"), conhecido também como Dia da Bastilha em outros idiomas. O evento provocou uma onda de reações em toda a França, assim como na Europa, que se estendeu até a distante Rússia Imperial.
A invasão da Bastilha e a consequente Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão formaram o terceiro evento desta fase inicial da revolução. A primeira havia sido a revolta da nobreza, ao se recusar a ajudar o rei através do pagamento de impostos. A segunda havia sido a formação da Assembleia Nacional e o Juramento da Sala do Jogo da Pela.
A classe média havia formado a Guarda Nacional, ostentado rosetas tricolores, em azul, branco e vermelho, que logo se tornariam o símbolo da revolução.
Paris estava à beira da insurreição e, nas palavras de François Mignet, "intoxicada com liberdade e entusiasmo", mostrando amplo apoio à Assembleia. A imprensa publicava os debates realizados na Assembleia, e o debate político acabou se espalhando para as praças públicas e salões da capital. O Palais-Royal e seus jardins tornaram-se palco de uma reunião interminável; e a multidão ali reunida, enfurecida, decidiu arrombar as prisões da Abbaye para soltar alguns granadeiros que teriam sido presos por disparar contra o povo. A Assembleia encaminhou os guardas presos à clemência do rei, e após retornarem à prisão, acabaram por receber o perdão. As tropas, até então consideradas confiáveis pelo rei, agora passaram a tender pela causa popular.
A grande prisão do estado terminou sendo invadida porque um jornalista, Camille Desmoulins, até então desconhecido, discutiu em frente ao Palácio Real e pelas ruas dizendo que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris. Todos deviam socorrer-se das armas para defender-se. A multidão, num primeiro momento, dirigiu-se aos Inválidos, o antigo hospital onde concentravam um razoável arsenal. Ali, apropriou-se de vinte e oito mil mosquetes e de alguns canhões. Correu o boato de que a pólvora porém se encontrava estocada num outro lugar, na fortaleza da Bastilha. Marcharam então para lá. A massa revoltosa era composta de soldados desmobilizados, guardas, marceneiros, sapateiros, diaristas, escultores, operários, negociantes de vinhos, chapeleiros, alfaiates e outros artesãos, o povo de Paris enfim. A fortaleza, por sua vez, defendia-se com 32 guardas suíços e 82 "inválidos" de guerra, possuindo 15 canhões, dos quais apenas três em funcionamento.
Durante o assédio, o marquês de Launay, o governador da Bastilha, ainda tentou negociar. Os guardas, no entanto, descontrolaram-se, disparando na multidão. Indignado, o povo reunido na praça em frente partiu para o assalto e dali para o massacre. O tiroteio durou aproximadamente quatro horas. O número de mortos foi incerto. Calculam que somaram 98 populares e apenas um defensor da Bastilha.
Launay teve um fim trágico. Foi decapitado e a sua cabeça espetada na ponta de uma lança desfilou pelas ruas numa celebração macabra. Os presos, soltos, arrastaram-se para fora sob o aplauso comovido da multidão postada nos arredores da fortaleza devassada. Posteriormente a multidão incendiou e destruiu a Bastilha, localizada no bairro de Santo António, um dos mais populares de Paris. O episódio, verdadeiramente espetacular, teve um efeito eletrizante. Não só na França mas onde a notícia chegou provocou um efeito imediato. Todos perceberam que alguma coisa espetacular havia ocorrido. Mesmo na longínqua Königsberg (hoje Kaliningrado, na Prússia Oriental), atingida pelo eco de que o povo de Paris assaltara um dos símbolos do rei, fez com que o filósofo Immanuel Kant, exultante com o acontecimento, pela primeira vez na sua vida se atrasasse no seu passeio diário das dezoito horas.
A queda da Bastilha, no 14 de julho de 1789, ainda hoje é comemorada como o principal feriado francês.
    
   

Miliciens portant les têtes de Jacques de Flesselles et du marquis de Launay sur des piques
     
La garnison de la Bastille rend les armes, sur promesse des assiégeants qu’aucune exécution n’aura lieu s’il y a reddition. Les émeutiers envahissent la forteresse, s’emparent de la poudre et des balles, puis libèrent les sept captifs qui y étaient emprisonnés: deux fous (Tavernier et De Whyte qui seront transférés à l'Asile de Charenton), un débauché (le comte Hubert de Solages victime des lettres de cachet durant l'Affaire Barrau - Solages depuis 1765 et non le légendaire comte de Lorge) et quatre faussaires (Béchade, Laroche, La Corrège et Pujade, qui avaient escroqué deux banquiers parisiens et furent remis aussitôt en prison). La garnison de la Bastille, prisonnière, est emmenée à l’Hôtel de Ville. Sur le chemin, M. de Launay est massacré, sa tête sera dit-on, découpée au canif par un garçon cuisinier nommé Desnot, avant d'être promenée au bout d'une pique dans les rues de la capitale. Plusieurs des invalides trouvent aussi la mort pendant le trajet.
        

quinta-feira, julho 13, 2023

Marat foi assassinado há duzentos e trinta anos...

A morte de Marat por Jacques-Louis David (1793)
       
Jean-Paul Marat (24 de maio de 1743 - 13 de julho de 1793) foi um médico, filósofo, teórico político e cientista, mais conhecido como jornalista radical e político da Revolução Francesa. O seu trabalho era conhecido e respeitado pelo seu seu caráter impetuoso e a sua postura descomprometida diante do novo governo, inimigos do povo e reformas básicas para os mais pobres membros da sociedade. A sua persistente perseguição, voz consistente, grande inteligência e seu incomum poder de predição levaram-no à confiança do povo e fizeram dele a principal ponte entre este e o grupo radical jacobino, que ficou no poder em junho de 1793. Durante dois curtos meses, liderando a queda da fação girondina em junho, ele era um dos três homens mais importantes na França, juntamente com Georges Danton e Maximilien Robespierre. Ele foi apunhalado no coração, enquanto estava dentro da banheira, pela simpatizante girondinaCharlotte Corday. Marat cunhou o uso moderno da frase "inimigo do povo" e publicou extensas listas de tais inimigos no seu jornal, para depois serem executados.
    
(...)
     
A queda dos Girondinos em 2 de junho, provocada pela ação de François Hanriot tornou-se uma das últimas conquistas de Marat. As suas cartas à Convenção não receberam atenção, agora que os Montagnards não precisavam mais do seu apoio contra os Girondinos. Marat tinha tudo, mas desapareceu da cena política após a sua vitória e Robespierre e outros líderes políticos começaram a separar-se dele, agora que a sua utilidade parecia ter durado mais do que deveria, e, consequentemente, perdeu a sua influência. A sua doença de pele ia piorando, e o seu último recurso para evitar o desconforto era tomar banhos medicinais. Marat estava na sua banheira em 13 de julho de 1793, quando uma jovem mulher, Charlotte Corday, dizendo ser uma mensageira de Caen (onde Girondinos fugidos estavam tentando ganhar uma base na Normandia) pediu para ser admitida na sua casa.
Quando ela entrou, ele pediu o nome dos deputados que a ofenderam, e gravou os nomes e disse "Eles devem ser todos guilhotinados". Em seguida, Corday usou uma faca e esfaqueou-o no peito. Ele gritou "À moi, ma chère amie!"("Ajude-me, cara amiga") e morreu. Corday era uma Girondina. Ela veio de uma família monárquica - os seus irmãos eram emigrantes que tinham ido para lutar com os príncipes franceses exilados. A partir do seu próprio relato, e os das testemunhas, é claro que ela havia sido inspirada pelos adversários Girondinos e os discursos de ódio dos Montagnards pelos seus excessos. O assassinato de Marat provocou represálias, em que milhares dos adversários dos jacobinos - tanto monárquicos como Girondinos - foram executados, com acusações de traição. Ela foi guilhotinada em 17 de julho de 1793, por homicídio. Durante os seus quatro dias de julgamento, testemunhou que havia realizado o assassinato sozinha, dizendo "Eu matei um homem para salvar cem mil."
     

domingo, julho 02, 2023

Jean-Jacques Rousseau morreu há 245 anos

  

Jean-Jacques Rousseau, também conhecido como J. J. Rousseau ou simplesmente Rousseau (Genebra, 28 de junho de 1712 - Ermenonville, 2 de julho de 1778), foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo.
Para ele, as instituições educativas corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade. Para a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.
     

quarta-feira, junho 28, 2023

Jean-Jacques Rousseau nasceu há 311 anos

 
Jean-Jacques Rousseau, também conhecido como J. J. Rousseau ou simplesmente Rousseau (Genebra, 28 de junho de 1712 - Ermenonville, 2 de julho de 1778), foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo.
Para ele, as instituições educativas corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade. Para a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.
  

terça-feira, maio 30, 2023

Voltaire morreu há 245 anos

   
François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudónimo de Voltaire (Paris, 21 de novembro de 1694 - Paris, 30 de maio de 1778), foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês.
Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio, é uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto na revolução francesa quanto na norte-americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de setenta obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos.
Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, frequentemente usou as suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.
   

quinta-feira, maio 18, 2023

Napoleão coroou-se Imperador há 219 anos

Napoleão I em regalia, por François Gérard, 1805, no Palácio de Versalhes
   
Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte, nascido Napoleone di Buonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 - Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi proclamado Imperador da França em 18 de maio de 1804, abdicando a  6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses, em 1815 (de 20 de março a 22 de junho). A sua reforma legal, o Código Napoleónico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleónicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
    
  
 
A coroação de Napoleão, 1805-1807 - Jacques-Louis David
      

quarta-feira, maio 17, 2023

Talleyrand morreu há 185 anos

     
Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (Paris, 2 de fevereiro de 1754 – Paris, 17 de maio de 1838) foi um bispo, político e diplomata francês. Ocupou em quatro ocasiões diferentes o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e também foi o primeiro Primeiro-Ministro da França, entre julho e setembro de 1815, no reinado de Luís XVIII, depois da restauração francesa.
Talleyrand demonstrou admirável capacidade de sobrevivência política ao ocupar altos cargos no governo revolucionário francês, sob Napoleão Bonaparte, durante a restauração da monarquia da Casa de Bourbon e sob o rei Luís Filipe. Embora de ascendência aristocrática, não pôde seguir a carreira militar por causa de um defeito físico (pé boto). Opcionalmente, foi preparado para a carreira religiosa e, como seminarista, estudou teologia e leu a obra dos filósofos progressistas contemporâneos.
Expulso do seminário (1775) por não seguir a regra do celibato, mesmo assim recebeu ordens menores e o rei nomeou-o abade de Saint-Denis, em Reims (1776). Ordenado em 1779, foi nomeado vigário-geral pelo seu tio Alexandre, arcebispo de Reims, e um ano depois tornou-se agente geral do clero junto do governo da França. Defensor dos privilégios eclesiásticos, as suas atividades puseram-no em contacto direto e frequente com os ministros da coroa, o que lhe permitiu adquirir experiência parlamentar e ser consagrado (1788) como bispo de Autun.
Durante o período pré-revolucionário, foi membro do Clube dos Trinta. Apoiou depois a nacionalização dos bens da igreja e conseguiu a adoção da constituição civil do clero que, sem o apoio papal, permitiu a reorganização completa da Igreja francesa ao serviço do Estado.
Excomungado pelo papa e eleito administrador do departamento de Paris (1791), abandonou a Igreja Católica. Foi enviado pela Assembleia Geral à Grã-Bretanha (1792), para tentar convencer os ingleses a não se aliarem com a Áustria e a Prússia contra a França. O fracasso das negociações e a execução de Luís XVI obrigaram-no a fugir para os Estados Unidos (1794).
Após a queda de Robespierre e o fim do Terror (1796), regressou à França e no ano seguinte tornou-se o ministro das Relações Exteriores. Acusado de corrupção (1799), foi demitido, mas recuperou o cargo após o golpe de estado de Napoleão e o estabelecimento do Consulado.
Com o objetivo da pacificação da Europa, esforçou-se por articular uma política de alianças com as principais potências europeias e promoveu a reconciliação de Napoleão com o resto da Europa. No entanto, por discordar do projeto de conquistas do imperador, demitiu-se (1807). Apoiado pelo czar Alexandre I da Rússia, organizou a oposição a Napoleão e preparou a restauração dos Bourbons.
Com a entrada da liga anti-napoleónica em Paris (1814), persuadiu o senado a estabelecer um governo provisório e a declarar Napoleão deposto. O novo governo imediatamente convocou Luís XVIII, que o nomeou ministro das Relações Exteriores. No Congresso de Viena (1814-1815), representou a França e expôs as suas habilidades diplomáticas, mas prejudicou a França em termos territoriais, pois aceitou ceder à Prússia muitos territórios da margem direita do rio Reno.
Após os cem dias napoleónicos, assumiu o cargo de presidente do Conselho de Estado, porém o seu passado revolucionário levou-o a ser demitido, em setembro do mesmo ano. Aliado dos liberais, participou de forma ativa na ascensão ao trono de Luís Filipe de Orleans (1830). Embaixador em Londres (1830-1834), teve participação fundamental nas negociações entre França e Reino Unido, como na criação do reino da Bélgica e na assinatura da aliança entre França, Reino Unido, Espanha e Portugal - a Quádrupla Aliança (1834).
Acusado em vida de cínico e imoral, alegava servir a França e não aos regimes políticos. Foi, ao lado de Fouché, uma das figuras mais polémicas da França.
Morreu em 17 de maio de 1838 e foi enterrado na Capela de Notre-Dame.
 
   

segunda-feira, maio 08, 2023

A república guilhotinou Lavoisier há 229 anos...

        
Antoine Laurent de Lavoisier (Paris, 26 de agosto de 1743 - Paris, 8 de maio de 1794) foi um químico francês, considerado o criador da química moderna.
Foi o primeiro cientista a enunciar o princípio da conservação da matéria. Além disso identificou e batizou o oxigénio, refutou a teoria flogística e participou na reforma da nomenclatura química. Célebre por seus estudos sobre a conservação da matéria, mais tarde imortalizado pela frase popular:
 
Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
  
Lavoisier é considerado o pai da química. Foi ele quem descobriu que a água é uma substância composta, formada por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio: o H2O. Essa descoberta foi muito importante para a época, pois, segundo a teoria de Tales de Mileto, que ainda era aceita, a água era um dos quatro elementos terrestres primordiais, a partir da qual outros materiais eram formados.
Em 16 de dezembro de 1771 Lavoisier casou com uma jovem aristocrata, de nome Marie-Anne Pierrette Paulze. A sua mulher tornou-se num dos seus mais importantes colaboradores, não só devido ao seu conhecimento de línguas (em particular o inglês e o latim), mas também pela sua capacidade de ilustradora. Marie-Anne foi responsável pela tradução, para francês, de obras científicas escritas em inglês e em latim, fazendo ilustrações de algumas das experiências mais significativas feitas por Lavoisier.
Ele viveu na época em que começava a Revolução Francesa, quando o terceiro estado (camponeses, burgueses e comerciantes) ficaria com o poder da França.
Foi morto pela mesma, pois era muito mal visto pela população, que pensava que, por ser de uma família nobre, Lavoisier, também participaria do corrupto sistema cheio de impostos sobre a sociedade.
Foi guilhotinado, após um julgamento sumário, em 8 de maio de 1794. Joseph-Louis de Lagrange, um importante matemático, contemporâneo de Lavoisier disse:
 
Não bastará um século para produzir uma cabeça igual à que se fez cair num segundo.

     

domingo, março 26, 2023

O homem que melhorou e deu nome à guilhotina morreu há 209 anos

    
Joseph-Ignace Guillotin (Saintes, 28 de maio de 1738 - Paris, 26 de março de 1814) foi um médico francês que propôs, a 10 de outubro de 1789, o uso de um dispositivo mecânico para realizar as penas de morte na França. Embora não tenha inventado a guilhotina, e até se opôs à pena de morte, o seu nome tornou-se um epónimo para ela.

   
     
No final do Terror, Guillotin foi preso e encarcerado, por causa de uma carta de conde de Méré, que, prestes a ser executado, recomendou-lhe que cuidasse da sua esposa e filhos. Ele foi libertado da prisão em 1794, depois de Robespierre (e a sua cabeça...) cair do poder, e abandonou a carreira política, para retomar a profissão médica.
Guillotin tornou-se um dos primeiros médicos franceses a apoiar a descoberta de Edward Jenner da vacinação e em 1805 foi o Presidente do Comité de Vacinação, em Paris. Ele também foi um dos fundadores da Académie Nationale de Médecine de Paris.
A associação com a guilhotina envergonhou a família de Dr. Guillotin, que pediu ao governo francês para renomear esse objeto; quando o governo recusou, eles mudaram o nome da própria família. Por coincidência, uma pessoa chamada Guillotin foi realmente executada pela guilhotina - ele era JMV Guillotin, um médico de Lyon. Esta coincidência pode ter contribuído para as declarações erróneas sobre Guillotin ser executado na máquina que tinha o seu nome; no entanto, Guillotin faleceu em Paris, em 1814, de causas naturais, e foi enterrado no cemitério Père-Lachaise, em Paris.
   

sábado, janeiro 21, 2023

Luís XVI, Rei da França, foi assassinado há duzentos e trinta anos...

A Execução de Luís XVI de França, a partir de uma gravura alemã
     
A Execução de Luís XVI na guilhotina é um dos acontecimentos mais importantes da Revolução Francesa. Ela teve lugar no dia 21 de janeiro de 1793, aproximadamente às 10.20 horas, em Paris, na Praça da Revolução (a antiga Praça Luís XV, renomeada, em 1795, como Praça da Concórdia), nome que hoje ainda mantém.
  
Contexto
Na sequência dos acontecimentos da jornada de 10 de agosto de 1792 e do ataque ao Palácio das Tulherias, residência da família real, pelo povo parisiense, Luís XVI é preso na Prisão do Templo com a sua família, por alta traição. No final de seu processo, Luís XVI é condenado à morte por curta maioria (apenas um voto de diferença), a 15 de janeiro de 1793.
    
Trajeto
Luís XVI foi acordado às 05.00 horas da manhã. Cléry, o seu camareiro, assiste o rei na sua toalete matinal. Luís XVI encontra-se, em seguida, com o abade Henri Essex Edgeworth de Firmont, confessa-se, assiste à sua última missa e recebe a comunhão.
Aconselhado pelo abade, Luís XVI evita um último encontro de despedida com a sua família. Os guardas, temendo um rapto do rei, entram e saem incessantemente. Às 07.00 horas, Luís XVI confia as suas últimas vontades ao abade, o seu selo para o Delfim e a sua aliança de casamente para a Rainha. Após receber a bênção do abade, Luís XVI junta-se a Antoine Joseph Santerre, que comanda a guarda.
Um nevoeiro espesso envolve o dia, glacial. Dentro do primeiro pátio, Luís XVI volta-se para a Torre do Templo, onde foram colocados os demais membros da família real, mas estes não aparecem às janelas. No segundo pátio, uma carruagem verde espera. Luís XVI toma o seu lugar nela, com o abade, e mais duas pessoas da milícia instalam-se à sua frente. A carruagem deixa o Templo por volta das 09.00 horas. Ela vira à direita, pela Rua do Templo, para atingir os grandes Boulevards.
Um cortejo é formado com a carruagem, precedido por tambores e escoltado por uma tropa de cavaleiros com sabres desfraldados. O cortejo avança entre diversas fileiras de guardas nacionais e de sans-culottes.
     
Placa na Rua de Beauregard, recordando a tentativa de evasão do Rei
     
A multidão é numerosa e está dividida. Uma maioria opõe-se à execução, mas os homens armados e guardas nacionais estão preparados. Nas proximidades da Rua de Cléry, o Barão de Batz, apoio da família real que havia financiado a Fuga de Varennes, convocou 300 monárquicos para fazer evadir o Rei. Este deveria ser escondido numa casa pertencente ao Conde de Marsan, na Rua de Cléry. O Barão de Batz avança, aos gritos de: "Comigo, meus amigos, para salvar o Rei!". Porém, os seus companheiros haviam sido denunciados e apenas alguns puderam comparecer. Três foram mortos, mas o Barão de Batz pode escapar. Dentro da carruagem, o Rei Luís XVI não percebeu nada. No breviário do abade, ele lia a prece dos agonizantes. O cortejo, conduzido por Santerre, prosseguiu o seu caminho pelos boulevards e pela Rua da Revolução. Ele entra às 10.00 horas na Praça da Concórdia e para aos pés do cadafalso, instalado em frente ao Palácio das Tulherias, última residência real, entre o pedestal da estátua, removida, de Luís XV e a parte baixa dos Champs-Élysées. O local é rodeado por canhões em bateria e uma profusão de espadas e baionetas.
    
Testemunhos
Imprensa contemporânea
O jornal "Thermomètre du Jour" ("Termômetro do Dia") de 13 de fevereiro, jornal republicano moderado, descreve o Rei gritando: "Estou perdido!", citando como testemunha o carrasco, Charles-Henri Sanson.
  
Sanson
Sanson, o carrasco do rei, reage à versão do jornal "Thermomètre du Jour", dando o seu próprio testemunho sobre a execução, em carta datada de 20 de fevereiro de 1793:
Chegado ao pé da guilhotina, Luís XVI considerou um instante os instrumentos de seu suplício e perguntou a Sanson se os tambores cessariam de bater. Ele se aproximou para falar. Foi dito aos carrascos que fizessem seu dever. Enquanto lhe colocavam as cilhas, ele gritou : "Povo, eu morro inocente!". De seguida, virando-se para os carrascos, Luís XVI declara: "Senhores, sou inocente de tudo o que me inculpam. Espero que meu sangue possa cimentar a felicidade dos Franceses". O cutelo caiu. Eram 10 horas e 22 minutos. Um dos assistentes de Sanson apresentou a cabeça de Luís XVI ao povo, enquanto se elevava um grande grito de: "Viva a Nação! Viva a República!" e que ressoava uma salva de artilharia, que chegou até aos ouvidos da família real encarcerada..
Por fim, Sanson sublinha numa carta que o rei "suportou tudo aquilo com um sangue frio e uma firmeza que nos espantou a todos. Fico quase convencido que ele retirou esta firmeza dos princípios da sua religião, dos quais ninguém mais do que ele parecia compenetrado ou persuadido".