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sábado, junho 04, 2011

Música para a despedida de um senhor que nos (des)governou seis anos


O charlatão - José Mário Branco e Sérgio Godinho


Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis d'ouro a um tostão
enriquece o charlatão


No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f'rido
e outro em França anda perdido


É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra


Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga


No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome


É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra


Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s'em quatro zonas
instalados em poltronas


Pr'á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d'alguns patacos


É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra


Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão


É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra


É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senhorias...

sábado, março 26, 2011

Arrependei-vos, que o fmi está próximo

fmi

Governar com a tutela do FMI não pode ser tão desprestigiante como se está a fazer crer. As duas vezes que o Fundo esteve em Portugal, em 1977 e 1983, veio a pedido de governos chefiados por Mário Soares, então líder do PS. O mesmo partido que agora se recusa a governar nessas condições.

in Blasfémias - post de rui a.

NOTA:  gosto mais deste FMI do José Mário Branco, mas parece-me que o outro está mesmo a chegar - e se for para sabermos realmente a situação financeira do país, então acho bem...


domingo, outubro 03, 2010

A longa espera

"Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo"


(Natália Correia)

1. Não há nada pior para uma comunidade que a percepção de que o sacrifício a que é sujeita não irá ter uma contrapartida.

Olhando para o novo plano de austeridade, é com essa sensação que ficamos. Nada nos garante que daqui a pouco tempo não nos será dito que é preciso mais do nosso dinheiro para aguentar a máquina do Estado, que o assalto fiscal não continuará, que não teremos de aceitar menos apoios sociais, que uma parte importante dos nossos concidadãos não irá cair na pobreza.

De facto, nada de estrutural muda. Não vemos um plano, vemos apenas medidas avulsas sem um propósito preciso e bem definido.

Há algum projecto de reforma do aparelho do Estado? Há, finalmente, uma definição concreta do papel do Estado na comunidade? Em algum lado vemos que vai haver um esforço para acabar com os milhares de fundações, institutos, empresas públicas que nada produzem e que não deixam produzir?

Há algum plano que nos dê, pelo menos, a ilusão de que vai haver crescimento económico? Podemos discernir um projecto que nos garanta que a iniciativa privada vai ser apoiada ou pelo menos não boicotada?

O que vamos ter é um plano que corta de forma igual os salários aos funcionários públicos que são bons trabalhadores e aos que se arrastam pelas repartições públicas. Um aumento de impostos que vai gerar ainda mais desigualdades. Um pequeno decréscimo nas transferências para empresas que nem sequer deviam estar na alçada do Estado. Retiram-se apoios a pessoas que vivem nos limiares da sobrevivência.

Nada muda. Continuamos descrentes esperando que nos anunciem outro e outro plano de austeridade.


2. Não fossem as particularidades do nosso sistema político, e o Governo teria caído na última quinta- -feira.

Não, não por causa do anúncio do enésimo malfadado pacote; não por as medidas anunciadas serem correctas ou incorrectas, evitáveis ou inevitáveis; não pela sensação de que, se tivessem sido implementadas mais cedo, poderiam ser menos duras; não por desconfiarmos de que há uma manigância (lembram-se?) na questão do fundo de pensões da PT; não por nos ter sido dito e redito que era impossível cortar na despesa e afinal...;

Não duvido que seria legítimo pensar que estas razões seriam suficientes para que o Governo não pudesse estar em funções nem mais um dia, mas não me parece que sejam definitivas. A grande questão é que o Governo desistiu de dar explicações aos portugueses. O Governo convenceu-se de que o seu mandato lhe confere o poder de não prestar contas. Esta atitude rompe, de maneira definitiva, o contrato entre os eleitores e quem os governa. O Governo esquece que os eleitores não passam um cheque em branco, que a democracia não é a ditadura da maioria, que a democracia não se esgota nas eleições.

Os eleitores devem sempre ser a todo o tempo esclarecidos sobre a condução dos assuntos que a todos dizem respeito, se o Governo não está disposto a isso deve imediatamente ser substituído.

Quinta-feira, os representantes dos cidadãos perguntaram várias vezes ao primeiro-ministro o que todos os portugueses querem saber: o que mudou em quatro meses? O que se passou para praticamente dum momento para o outro o PEC II ser insuficiente para atingir as metas propostas? Porque é que dia 6 de Julho tudo estava a correr como o planeado, e pouco mais de dois meses volvidos nos dizem que é preciso outro pacote?

O primeiro-ministro, recusando-se a dar qualquer tipo de satisfação, insultou a democracia e os portugueses. Não, repito, pelas novas medidas de austeridade (agora provavelmente inevitáveis), mas por lhes negar as respostas a que todos temos democraticamente direito.

Não pode ser esquecida a responsabilidade do PSD neste processo. E não é a falsa responsabilidade que lhe querem imputar, ou seja, a de ter de deixar passar o novo orçamento a qualquer preço. Quer os sociais-democratas se abstenham quer votem contra o Orçamento, há só um e apenas um responsável pelas medidas que, provavelmente, aí vêm: o Governo.

O PSD não pode, não deve, aceitar qualquer negociação enquanto não lhe for dada uma explicação sobre os resultados do PEC II. O PSD não pode partir para o diálogo fazendo tábua rasa do passado recente.

Os sociais-democratas devem isso aos portugueses.

NOTA: o poema citado tem uma versão musical, lindíssima, a Queixa das almas jovens censuradas, cantada por José Mário Branco, que queremos partilhar com os nossos leitores:

terça-feira, setembro 21, 2010

Música muito (infelizmente...) actual





NOTA: alguns têm medo da chegada do FMI, como há cerca de 25 anos. Eu não - tudo o que sirva para limpar a porcaria será sempre bom - já não se aguenta o cheiro a podridão.

terça-feira, maio 25, 2010

Parabéns José Mário Branco!

José Mário Branco (n. Porto, 25 de Maio de 1942) é um músico e compositor (cf. cantautor) português.

Filho de professores primários, cresceu no Porto e frequentou o curso de História, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que não concluiu. Expoente da música de intervenção portuguesa, iniciou a sua carreira durante o Estado Novo, tendo sido perseguido e exilado em França, entre 1963 e 1974. Com ele trabalharam José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto e Camané, entre outros, com os quais participou em concertos ou em álbuns editados como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais. Igualmente compôs e cantou para o teatro, o cinema e a televisão.




domingo, abril 25, 2010

Hoje é dia de recordar o Zeca...

... com a letra do Zé Mário Branco e voz de Luís Represas:


Há 36 anos...




NOTA: penso que a célebre bobine com a segunda senha da Revolução referida no post anterior terminava com esta música... Na altura estava proibida na Renascença esta canção, que tem letra de Natália Correia.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

domingo, janeiro 24, 2010

A propósito de um programa da noite de ontem na RTP








NOTA: três dos meus cantores portugueses favoritos juntos...! Eu, que politicamente até nem sou da área deles, adoro as suas músicas - só faltaram o Zeca e o Adriano (ou talvez tenham estado...) para a festa ser completa, !

Três cantos (a propósito de um programa desta noite na RTP)


A propósito de um programa desta noite na RTP




Travessia do Deserto

Que caminho tão longo!
Que viagem tão comprida!
Que deserto tão grande grande
Sem fronteira nem medida!

Águas do pensamento
Vinde regar o sustento
Da minha vida

Este peso calado
Queima o sol por trás do monte
Queima o tempo parado
Queima o rio com a ponte

Águas dos meus cansaços
Semeai os meus passos
Como uma fonte

Ai que sede tão funda!
Ai que fome tão antiga!
Quantas noites se perdem
No amor de cada espiga!

Ventre calmo da terra
Leva-me na tua guerra
Se és minha amiga

José Mário Branco

quarta-feira, novembro 25, 2009

Música para um dia de liberdade

O 25 de Novembro foi há 34 anos - mas ainda parece ontem... Celebremo-lo com uma música de José Mário Branco não recomendável a menores:


quarta-feira, junho 10, 2009

sábado, junho 06, 2009

Canção para votantes e Homens ou Mulheres com dignidade


Cantiga De Alevantar ("Leva-Leva") - José Mário Branco

Canção para preparar um dia de reflexão



Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

sábado, março 14, 2009

Mudam-se os tempos, muda-se a grafia de uma língua viva

Arrocachula - José Mário Branco



NOTA: uma língua viva que muda a grafia por decreto é uma estranha língua - aqui iremos escrever em português como nos apetece, enquanto não formos obrigados a engolir pês e cês mudos, a pôr minúscula na inicial dos meses ou estações e outras malfeitorias que fizeram à grafia oficial da nossa língua mãe...