sábado, junho 04, 2011
Música para a despedida de um senhor que nos (des)governou seis anos
O charlatão - José Mário Branco e Sérgio Godinho
Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis d'ouro a um tostão
enriquece o charlatão
No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f'rido
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s'em quatro zonas
instalados em poltronas
Pr'á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d'alguns patacos
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senhorias...
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sábado, março 26, 2011
Arrependei-vos, que o fmi está próximo
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domingo, outubro 03, 2010
A longa espera
"Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo"
(Natália Correia)
1. Não há nada pior para uma comunidade que a percepção de que o sacrifício a que é sujeita não irá ter uma contrapartida.
Olhando para o novo plano de austeridade, é com essa sensação que ficamos. Nada nos garante que daqui a pouco tempo não nos será dito que é preciso mais do nosso dinheiro para aguentar a máquina do Estado, que o assalto fiscal não continuará, que não teremos de aceitar menos apoios sociais, que uma parte importante dos nossos concidadãos não irá cair na pobreza.
De facto, nada de estrutural muda. Não vemos um plano, vemos apenas medidas avulsas sem um propósito preciso e bem definido.
Há algum projecto de reforma do aparelho do Estado? Há, finalmente, uma definição concreta do papel do Estado na comunidade? Em algum lado vemos que vai haver um esforço para acabar com os milhares de fundações, institutos, empresas públicas que nada produzem e que não deixam produzir?
Há algum plano que nos dê, pelo menos, a ilusão de que vai haver crescimento económico? Podemos discernir um projecto que nos garanta que a iniciativa privada vai ser apoiada ou pelo menos não boicotada?
O que vamos ter é um plano que corta de forma igual os salários aos funcionários públicos que são bons trabalhadores e aos que se arrastam pelas repartições públicas. Um aumento de impostos que vai gerar ainda mais desigualdades. Um pequeno decréscimo nas transferências para empresas que nem sequer deviam estar na alçada do Estado. Retiram-se apoios a pessoas que vivem nos limiares da sobrevivência.
Nada muda. Continuamos descrentes esperando que nos anunciem outro e outro plano de austeridade.
2. Não fossem as particularidades do nosso sistema político, e o Governo teria caído na última quinta- -feira.
Não, não por causa do anúncio do enésimo malfadado pacote; não por as medidas anunciadas serem correctas ou incorrectas, evitáveis ou inevitáveis; não pela sensação de que, se tivessem sido implementadas mais cedo, poderiam ser menos duras; não por desconfiarmos de que há uma manigância (lembram-se?) na questão do fundo de pensões da PT; não por nos ter sido dito e redito que era impossível cortar na despesa e afinal...;
Não duvido que seria legítimo pensar que estas razões seriam suficientes para que o Governo não pudesse estar em funções nem mais um dia, mas não me parece que sejam definitivas. A grande questão é que o Governo desistiu de dar explicações aos portugueses. O Governo convenceu-se de que o seu mandato lhe confere o poder de não prestar contas. Esta atitude rompe, de maneira definitiva, o contrato entre os eleitores e quem os governa. O Governo esquece que os eleitores não passam um cheque em branco, que a democracia não é a ditadura da maioria, que a democracia não se esgota nas eleições.
Os eleitores devem sempre ser a todo o tempo esclarecidos sobre a condução dos assuntos que a todos dizem respeito, se o Governo não está disposto a isso deve imediatamente ser substituído.
Quinta-feira, os representantes dos cidadãos perguntaram várias vezes ao primeiro-ministro o que todos os portugueses querem saber: o que mudou em quatro meses? O que se passou para praticamente dum momento para o outro o PEC II ser insuficiente para atingir as metas propostas? Porque é que dia 6 de Julho tudo estava a correr como o planeado, e pouco mais de dois meses volvidos nos dizem que é preciso outro pacote?
O primeiro-ministro, recusando-se a dar qualquer tipo de satisfação, insultou a democracia e os portugueses. Não, repito, pelas novas medidas de austeridade (agora provavelmente inevitáveis), mas por lhes negar as respostas a que todos temos democraticamente direito.
Não pode ser esquecida a responsabilidade do PSD neste processo. E não é a falsa responsabilidade que lhe querem imputar, ou seja, a de ter de deixar passar o novo orçamento a qualquer preço. Quer os sociais-democratas se abstenham quer votem contra o Orçamento, há só um e apenas um responsável pelas medidas que, provavelmente, aí vêm: o Governo.
O PSD não pode, não deve, aceitar qualquer negociação enquanto não lhe for dada uma explicação sobre os resultados do PEC II. O PSD não pode partir para o diálogo fazendo tábua rasa do passado recente.
Os sociais-democratas devem isso aos portugueses.
Postado por Fernando Martins às 16:33 0 bocas
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terça-feira, setembro 21, 2010
Música muito (infelizmente...) actual
Postado por Pedro Luna às 01:25 0 bocas
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quinta-feira, maio 27, 2010
O FMI do José Mário Branco - 31 anos depois ainda mais actual...
Postado por Fernando Martins às 20:46 0 bocas
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terça-feira, maio 25, 2010
Parabéns José Mário Branco!
José Mário Branco (n. Porto, 25 de Maio de 1942) é um músico e compositor (cf. cantautor) português.
Filho de professores primários, cresceu no Porto e frequentou o curso de História, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que não concluiu. Expoente da música de intervenção portuguesa, iniciou a sua carreira durante o Estado Novo, tendo sido perseguido e exilado em França, entre 1963 e 1974. Com ele trabalharam José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto e Camané, entre outros, com os quais participou em concertos ou em álbuns editados como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais. Igualmente compôs e cantou para o teatro, o cinema e a televisão.in Wikipédia
Postado por Adelaide Martins às 00:35 1 bocas
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domingo, abril 25, 2010
Hoje é dia de recordar o Zeca...
... com a letra do Zé Mário Branco e voz de Luís Represas:
Postado por Adelaide Martins às 11:15 0 bocas
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Há 36 anos...
Postado por Fernando Martins às 00:31 0 bocas
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segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Música histórica para um triste dia
Postado por Fernando Martins às 17:00 0 bocas
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domingo, janeiro 24, 2010
A propósito de um programa da noite de ontem na RTP
Postado por Fernando Martins às 19:38 0 bocas
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Três cantos (a propósito de um programa desta noite na RTP)
Postado por Fernando Martins às 01:26 0 bocas
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A propósito de um programa desta noite na RTP
Travessia do Deserto
Que caminho tão longo!
Que viagem tão comprida!
Que deserto tão grande grande
Sem fronteira nem medida!
Águas do pensamento
Vinde regar o sustento
Da minha vida
Este peso calado
Queima o sol por trás do monte
Queima o tempo parado
Queima o rio com a ponte
Águas dos meus cansaços
Semeai os meus passos
Como uma fonte
Ai que sede tão funda!
Ai que fome tão antiga!
Quantas noites se perdem
No amor de cada espiga!
Ventre calmo da terra
Leva-me na tua guerra
Se és minha amiga
José Mário Branco
Postado por Fernando Martins às 01:17 0 bocas
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quarta-feira, novembro 25, 2009
Música para um dia de liberdade
Postado por Fernando Martins às 00:01 0 bocas
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segunda-feira, outubro 26, 2009
Músicas para um triste dia
Postado por Adelaide Martins às 09:45 0 bocas
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domingo, outubro 25, 2009
Música a prepósito da tomada de posse de amanhã
Postado por Fernando Martins às 23:00 0 bocas
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quarta-feira, junho 10, 2009
Os Lusíadas em música
Postado por Fernando Martins às 00:58 0 bocas
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sábado, junho 06, 2009
Canção para votantes e Homens ou Mulheres com dignidade
Postado por Pedro Luna às 09:34 0 bocas
Marcadores: anos 90, Cantiga de Alevantar, este ano há Eleições, José Mário Branco
Canção para preparar um dia de reflexão
Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão
No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas
P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Postado por Pedro Luna às 01:20 0 bocas
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sábado, março 14, 2009
Mudam-se os tempos, muda-se a grafia de uma língua viva
Postado por Fernando Martins às 22:56 0 bocas
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