Mostrar mensagens com a etiqueta Ecologia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ecologia. Mostrar todas as mensagens

domingo, dezembro 03, 2023

O Desastre de Bhopal foi há trinta e nove anos...

   
O Desastre de Bhopal, foi um acidente industrial que ocorreu na madrugada de 3 de dezembro de 1984, em Bhopal, quando houve uma fuga de 40 toneladas de gases tóxicos na fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide. É considerado o maior desastre industrial e químico ocorrido até hoje, quando mais de 500 mil pessoas foram expostas aos gases. A principal causa do desastre foi negligência com a segurança. O número total de mortes é controverso: houve num primeiro momento cerca de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras dez mil ocorreram devido a doenças relacionadas com a inalação do gás. A Union Carbide, empresa de pesticidas de origem americana, negou-se a fornecer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expostos. Cerca de 150 mil pessoas ainda sofrem com os efeitos do acidente e aproximadamente 50 mil pessoas estão incapacitadas para o trabalho, devido a problemas de saúde. As crianças que nascem na região filhas de pessoas afetadas pelos gases também apresentam problemas de saúde. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as agências de saúde da Índia ainda não conseguiram obter da Union Carbide e do novo dono, a Dow Chemicals, informações sobre a composição dos gases que vazaram e os seus efeitos à saúde humana. A fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica, enquanto que resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando o solo e as águas subterrâneas, dentro e na zona envolvente da antiga fábrica. Sabe-se hoje que o composto químico era o isocianato de metilo
  
   

sábado, novembro 11, 2023

Gonçalo Ribeiro Telles morreu há três anos...

         
Gonçalo Pereira Ribeiro Telles  (Lisboa, 25 de maio de 1922 - Lisboa, 11 de novembro de 2020), conhecido como Gonçalo Ribeiro Telles, foi um arquiteto paisagista, ecologista e político português.
Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I (Adelino da Palma Carlos), II e III (Vasco Gonçalves) Governos Provisórios. Foi Ministro de Estado e da Qualidade de Vida do VII Governo Constitucional (AD, Francisco Pinto Balsemão), de 1981 a 1983.
     
Percurso académico e profissional
Iniciou a sua vida profissional nos serviços da Câmara Municipal de Lisboa, ao mesmo tempo que lecionava no ISA, tornando-se discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da arquitetura paisagista em Portugal. Com este professor, publicará o livro A Árvore em Portugal, obra de referência sobre as espécies arbóreas existentes no nosso País.
Na Câmara de Lisboa integrou, desde 1951 até 1953, a Repartição de Arborização e Jardinagem, passando em 1955 a arquiteto paisagista do Gabinete de Estudos de Urbanização da CML, dirigido pelo engenheiro Guimarães Lobato, onde permaneceu até 1960
De 1971 a 1974 dirigiu, igualmente enquanto arquiteto paisagista, o Setor de Planeamento Biofísico e de Espaços Verdes do Fundo de Fomento da Habitação.
O projeto mais marcante da sua carreira é, provavelmente, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto e que lhe valeu, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975.
Mas, também na capital, merece destaque o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, e que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.
Entre os seus restantes projetos, cabe ainda assinalar o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, projetado em 1996.
Na qualidade de professor catedrático convidado, lecionou na Universidade de Évora, onde criou na década de 1990 as licenciaturas em Arquitetura Paisagista e em Engenharia Biofísica.
Em abril de 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitetura paisagista.
  
Atividade política e pública 
Gonçalo Ribeiro Telles iniciou a sua intervenção pública como membro da Juventude Agrária e Rural Católica, estrutura juvenil ligada à Ação Católica Portuguesa.
Em 1945, participou na fundação do Centro Nacional de Cultura, da qual é hoje o associado número um, e ainda Presidente da Assembleia Geral, em cujas sessões acentuou a sua oposição ao regime de Salazar.
Com Francisco Sousa Tavares, fundou, em 1957, o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares.
Em 1958, manifestou o seu apoio à candidatura presidencial de Humberto Delgado.
Em 1959, encontra-se entre os signatários da Carta a Salazar sobre os serviços de repressão.
Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se publicamente contra as políticas de urbanização vigentes.
Em 1969, integra a Comissão Eleitoral Monárquica, que se junta às listas da Ação Socialista Portuguesa, de Mário Soares, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), liderada por Soares, para concorrer à Assembleia Nacional. Não seria eleito, tal como os restantes membros das listas da oposição democrática. Em 1971, ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica, reunião de três movimentos da resistência monárquica: o Movimento Monárquico Popular, a Liga Popular Monárquica e a Renovação Portuguesa.
Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, com Francisco Rolão Preto, Henrique Barrilaro Ruas, João Camossa de Saldanha, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra, entre outros, fundou o Partido Popular Monárquico, a cujo Diretório presidiu. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente, nos I, II e III Governos Provisórios, e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.
Em 1979, alia-se a Francisco Sá Carneiro na formação da Aliança Democrática, coligação através da qual foi eleito deputado à Assembleia da República, consecutivamente, nas legislativas de 1979, 1980 e 1983. Entre 1981 e 1983, integra o VIII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Durante o seu ministério, assume um papel preponderante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Diretor Municipal.
Enquanto deputado na Assembleia da Republica teve responsabilidades nas propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça, e da Lei do Impacte Ambiental.
Em 1984, após sair do governo e já afastado do PPM, fundou o Movimento Alfacinha, com o qual se apresentou candidato à Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a eleição como vereador. Em 1985, regressa à Assembleia da República, agora como deputado independente, eleito nas listas do Partido Socialista (PS). Em 1993, fundou o Movimento o Partido da Terra, MPT, cuja presidência abandonou em 2007.
Em 2010, integrando a Plataforma Cidadania e Casamento, manifestou-se publicamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, recentemente legalizado em Portugal.
Em 2009 e 2013, apoiou a candidatura encabeçada por António Costa nas eleições autárquicas para o Município de Lisboa.
Em 2016, no festival de cinema IndieLisboa, foi apresentado o documentário A Vossa Terra - paisagens de Gonçalo Ribeiro Teles, do realizador João Mário Grilo.
   
Condecorações
   

sexta-feira, novembro 10, 2023

Ken Saro-Wiwa foi vergonhosamente enforcado há vinte e oito anos...

      
Kenule "Ken" Beeson Saro-Wiwa (Bori, 10 de outubro de 1941 – Port Harcourt, 10 de novembro de 1995) foi um escritor, produtor e ativista ambiental da Nigéria. Saro-Wiwa pertencia ao povo Ogoni, um grupo étnico minoritário nigeriano radicado no delta do Níger e liderava - através do Movimento pela Sobrevivência do Povo Ogoni - uma campanha não-violenta contra a degradação ambiental das terras e das águas da região pelas petrolíferas, especialmente a Shell. Por conta de seu ativismo, ele acabou por ser preso em 1994, a mando do regime militar que vigorava então. Num processo judicial considerado vergonhoso, Saro-Wiwa foi condenado à morte e enforcado em 1995.
Em 2009 a empresa Shell, reconhecendo a sua implicação na morte do ativista e dos seus oito companheiros, com ele enforcados, pagou 15,5 milhões de dólares às famílias das vítimas, esperando assim minimizar os efeitos negativos para a sua imagem deste caso.


(imagem daqui)

terça-feira, novembro 07, 2023

Alfred Russel Wallace morreu há cento e dez anos

 

Em fevereiro de 1858, durante uma jornada de pesquisa nas ilhas Molucas, Indonésia, Wallace escreveu um ensaio no qual praticamente definia as bases da teoria da evolução e enviou-o a Charles Darwin, com quem mantinha correspondência, pedindo ao colega uma avaliação do mérito da sua teoria, bem como o encaminhamento do manuscrito ao geólogo Charles Lyell.
Darwin, ao dar conta de que o manuscrito de Wallace apresentava uma teoria praticamente idêntica à sua - aquela em que vinha trabalhando, em grande sigilo, ao longo de vinte anos - escreveu ao amigo Charles Lyell: "Toda a minha originalidade será esmagada". Para evitar que isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Hooker - também amigo de Darwin e também influente no meio científico - propuseram que os trabalhos fossem apresentados simultaneamente à Linnean Society of London, o mais importante centro de estudos de história natural da Grã-Bretanha, o que aconteceu a 1 de julho de 1858. Em seguida, Darwin decidiu terminar e publicar rapidamente a sua teoria: A Origem das Espécies foi publicada logo no ano seguinte.
Wallace foi o primeiro a propor uma "geografia" das espécies animais e, como tal, é considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia e, por vezes, chamado de "Pai da Biogeografia".
     

quarta-feira, outubro 04, 2023

Dia de cão...

(imagem daqui)
  
   
Os cães

Os cães, tantos. Sem cuidarem
da torpeza
lambem as nossas mãos.

Misteriosa religião a deles.
O rosto do seu Deus não temem
e contemplam lado a lado.

Nem a Moisés tal foi consentido.


 

in A Ignorância da Morte (1982) - António Osório

terça-feira, outubro 03, 2023

Francisco de Assis morreu há 797 anos...

Bonaventura Berlinghieri: São Francisco e cenas de sua vida, 1235
     
Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis (Assis, 5 de julho de 1182 - 3 de outubro de 1226), foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa, de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o catolicismo do seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. A sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença.
   

quarta-feira, setembro 27, 2023

O livro Primavera Silenciosa chegou às livrarias há 61 anos...


Pesticidas 

Rachel Carson desafiou a indústria química há 60 anos. Faz-nos falta ler hoje Primavera Silenciosa? 

 

Há seis décadas, o Primavera Silenciosa alertava-nos para como o uso excessivo de pesticidas estava a destruir ecossistemas e a própria saúde humana. O livro de Rachel Carson impulsionou a proibição do DDT e o movimento ambientalista. Hoje, está indisponível em Portugal. O que esta obra nos pode ensinar em tempos de crise climática? 

No dia 27 de setembro de 1962, chegava às livrarias nos Estados Unidos Primavera Silenciosa, de Rachel Carson. Tinha uma capa verde-clara, com a ilustração de um ribeiro tímido e plantas aquáticas – uma aparência despretensiosa para uma obra tão controversa, que trazia em si a semente de uma revolução social e acabaria por condicionar o curso da História. 

As 368 páginas do livro encerravam uma mensagem que não era nova para muitos leitores. Capítulos do livro já haviam sido publicados em série na revista New Yorker em junho de 1962, inflamando um debate nacional à volta do uso desregrado de pesticidas e mobilizando cidadãos para aquele que viria a ser o movimento ambientalista moderno. No mês seguinte, a manchete do New York Times condensava o ar do tempo: “Primavera Silenciosa é agora um Verão barulhento”. Em 1972, uma década depois, foi banido nos Estados Unidos o diclorodifeniltricloroetano (DDT).

Primavera Silenciosa tornou-se rapidamente um bestseller e, em 1963, já estava traduzido em 14 línguas. Só foi publicado em Portugal em 1966, pela Editorial Pórtico, com tradução de Raúl Correia. Hoje o título está indisponível no mercado nacional, embora algumas livrarias online vendam a edição brasileira. Faz-nos falta ler hoje Primavera Silenciosa? O que a obra nos ensina em tempos de crise climática? 

O filósofo Viriato Soromenho Marques acredita que os portugueses têm “todas as razões” para ler ou revisitar Primavera Silenciosa. O professor catedrático da Universidade de Lisboa explica que Rachel Carson, quando aponta o dedo para a indústria química, não se limita a mostrar falhas técnicas ou científicas.“Ela vai mais longe”, diz. 

Rachel Carson denuncia “a escassa capacidade humana” de produzir mecanismos de regulação para as tecnologias que a própria humanidade engendrou. “Cabe a nós, 60 anos depois, numa situação muito mais dramática do que aquela que o mundo se encontrava em 1962, redobrar e prosseguir continuamente [esse esforço]”, afirma o filósofo português ao PÚBLICO. 

Viriato Soromenho Marques, que ensina Filosofia da Natureza na universidade, lamenta que Primavera Silenciosa não seja lido no país como título de divulgação científica. “O público leitor em Portugal acaba por ser mais académico, infelizmente”, refere o professor da Universidade de Lisboa. 

Soromenho Marques leu o texto original, em inglês, uma edição comemorativa publicada em 1992 e comprada pelo docente durante uma viagem a Berkeley, nos Estados Unidos. O livro está todo sublinhado, anotado. “A primeira leitura teve um impacto enorme em mim”, confessa. 

 O facto de Primavera Silenciosa estar indisponível não só nas livrarias, mas também para empréstimo em bibliotecas também prejudica a democratização do texto no país. “Acredito que há muitos leitores de Rachel Carson em Portugal, mas o objetivo de chegar ao grande público ainda não foi conseguido”, afirma o filósofo português numa conversa com o PÚBLICO, que pode ser ouvida na íntegra no mais recente episódio do podcast do Azul.

Christof Mauch, diretor do Centro Rachel Carson da Universidade de Munique, na Alemanha, corrobora a ideia de que, passadas seis décadas, Primavera Silenciosa continua a ser uma leitura necessária. “Acredito que a popularidade de Carson só vai aumentar no futuro, em parte porque há algo de profético na sua escrita”, afirma ao PÚBLICO. 

“Os textos de Rachel Carson não são apenas [a exposição de] factos. Eles combinam uma advertência e uma visão do amanhã; ensinam-nos, acima de tudo, que os humanos são organismos como todos os outros e que, para termos um futuro, nós precisamos utilizar os recursos da Terra sem perturbar o equilíbrio geral”, refere Christof Mauch. 

Para celebrar as seis décadas do livro, o Centro Rachel Carson está a organizar para a segunda quinzena de outubro uma conferência intitulada “Primaveras Silenciosas” – assim mesmo, no plural –, com um programa no qual serão exploradas “histórias globais sobre pesticidas e sobre o nosso mundo tóxico”. As narrativas que emergiram da obra clássica dos anos 60 parecem mostrar como Rachel Carson transformou a forma como escrevemos hoje sobre a natureza.

“Carson tem sido uma inspiração maior. Os seus textos estão na mente de muitos romancistas também – como Margaret Atwood, Richard Powers e muitos outros. Acredito que nenhum outro autor teve um impacte parecido nas humanidades ligadas ao ambiente, seja porque a autora concilia ciência pura com filosofia, seja porque Carson tem um entendimento profundo da complexidade da vida – do microscópico ao macroscópico”, observa Christof Mauch. 

 

 

Conferência programada para outubro em Munique, na Alemanha

 

Tornar o microscópico visível

Os 17 capítulos de Primavera Silenciosa têm, entre tantas outras coisas, o condão de tornar compreensíveis eventos moleculares que não são visíveis a olho nu. Na parte intitulada “Elixires da morte”, Rachel Carson demonstra a omnipresença do DDT. “Pela primeira vez na história do mundo, todos os seres humanos estão agora sujeitos ao contacto com químicos perigosos, desde o momento da fecundação até à morte”, lê-se nas primeiras linhas do texto.

A autora prossegue citando vários estudos que atestam que o corpo humano não possui uma barreira protetora; aquilo que é capaz de matar insetos também afeta todas as formas de vida num ecossistema, persistindo em tecidos e fluidos impensáveis como a placenta e o leite materno. O leitor do século XXI, que lê Primavera Silenciosa enquanto o planeta não para de aquecer, fará talvez um paralelo imediato com os microplásticos. Tal como o DDT, a poluição plástica está por todo lado, do gelo do Ártico ao sangue humano.

Hoje parece-nos óbvio que haja moléculas persistentes nos solos, alimentos e organismos vivos. Contudo, nos anos 60, em que os pesticidas modernos eram vistos como o único caminho para uma agricultura capaz de alimentar o mundo, esta não era uma ideia dominante no imaginário coletivo. O DDT era apresentado ainda como a panaceia para a malária em países africanos – e, por isso, os detratores acusaram Rachel Carson de “assassinar” milhões de crianças afetadas pela doença.

Como o próprio nome “pesticidas” sugere, estes produtos deveriam matar apenas pestes agrícolas. Daí Rachel Carson ter dito certa vez que a denominação induzia em erro, e que a molécula deveria ser chamada de biocida, e não pesticida. Porque não mata apenas insetos – também aniquila ou causa dano a outras formas de vida, alterando processos celulares em plantas, animais e seres humanos.

O título do livro remete exatamente para a potência destruidora dos inseticidas. Se moléculas desenhadas para aniquilar pestes são dispersas de forma desregrada, as aves também serão afetadas e a Primavera chegará sem o canto destes animais.

Esta imagem emerge de uma balada de John Keats, cujos versos servem de epígrafe ao livro: “O carriço desapareceu do lago / E nenhum pássaro canta.” Com a metáfora do silêncio, Carson conseguiu transformar uma denúncia grave, alicerçada em sólidos argumentos científicos, numa clara mensagem de causa e efeito.

“Rachel Carson mostrou com muita coragem nos anos 60 – e ainda hoje há poucas pessoas que o fazem – que, se nós analisarmos, dos departamentos e institutos que trabalham na área dos insetos [nos Estados Unidos], só 2% focam-se em controlo biológico (controlo natural das pragas), sendo que os restantes 98% recebem financiamento da indústria química. E esta entrada em cena do dinheiro faz toda a diferença”, afirma Soromenho Marques.

O lobby da indústria química nos Estados Unidos não tardou a reagir, tentando desacreditar não apenas o livro mas também a autora. Um sector que movimentava milhões de dólares não poderia permitir que, nos anos 60, uma mulher solteira, sem um doutoramento ou afiliação a uma universidade (Carson interrompeu os estudos para sustentar a família), denunciasse os mecanismos que permitiam expor populações inteiras a agentes tóxicos.

Um texto fundador do ambientalismo

Robert Musil explica, no livro Rachel Carson and Her Sisters, por que razão a obra é considerada o texto fundador do ambientalismo contemporâneo. Primeiro, porque consegue aliar boa ciência a uma escrita impecável. Por mais urgente que seja uma mensagem, ela não chegará ao destinatário se não for bem articulada, encapsulada pelo emissor. E aí residia uma das destrezas de Carson: dominava, desde muito nova, a arte da comunicação de ciência.

Carson nasceu a 27 de maio de 1907 em Springdale, Pensilvânia. Cresceu numa casa repleta de livros e era encorajada por uma mãe culta, Maria McLean Carson. Ainda muito jovem, publicou artigos de história natural no jornal The Baltimore Sun e, já madura, fez carreira como editora-chefe das publicações do Departamento de Pescas e Natureza do Governo norte-americano.

Antes de Primavera Silenciosa, já era uma celebridade literária: o livro The Sea Around Us foi publicado em capítulos na The New Yorker, em 1951, e granjeou uma resposta calorosa dos leitores. Carson venceu prémios e repetiu o sucesso editorial com The Edge of the Sea. Por outras palavras, a autora conhecia bem os meandros editoriais – e isto nos leva à segunda razão, de acordo com Robert Musil, para o livro de 1962 tornar-se um marco da literatura ambiental.

O lançamento de Primavera Silenciosa foi cuidadosamente desenhado para ser uma ferramenta de ativismo ambiental, sugere Musil. Carson movia-se bem tanto na academia como na política. A bióloga rodeou-se de cientistas de peso como George Wallace, na Universidade de Michigan, e Edward O. Wilson, na de Harvard. Contava ainda com apoiantes nas associações civis.

 

Rachel Carson aos 55 anos, com binóculos para observação da natureza

 

O terreno foi bem preparado; os próprios editores sabiam que a obra seria atacada pelo poderoso sector da indústria química. Eles tentaram, por isso, dissociar o livro de expressões ecologistas vistas como radicais – como o vegetarianismo, por exemplo.

“Carson esteve a pensar nas recomendações para a legislação e mudanças de políticas públicas desde o início da investigação, cinco anos antes. Durante a escrita de Primavera Silenciosa, contactou vários especialistas para discutir as suas ideias de reformas. Rachel queria que o seu testemunho oferecesse recomendações específicas que pudessem trazer melhorias mas que, ao mesmo tempo, fossem politicamente exequíveis”, escreve a biógrafa Linda Lear no livro Rachel Carson: Witness for Nature.

Num laborioso trabalho de marketing, os simpatizantes de Carson terão feito circular exemplares da obra nos circuitos de poder. Primavera Silenciosa terá chegado às mãos de figuras políticas de relevo como congressistas, secretários do Governo de Kennedy e líderes associativos influentes. A erradicação do DDT nos Estados Unidos não aconteceu num vácuo sociopolítico. Se por um lado esta vitória deve muito a Rachel Carson, por outro, seria ingénuo ignorar que a rede de contactos foi previamente sensibilizada em prol da proteção dos ecossistemas.

“Rachel Carson não acordou de repente um movimento de conservação meio adormecido, vamos salvar os papinhos e os falcões, nem baniu o DDT sozinha. Ela teve ajuda. Mesmo muita”, defende Robert Musil, que hoje dirige o Rachel Carson Council em Maryland, nos Estados Unidos.

Viriato Soromenho Marques concorda com a ideia de que “Rachel Carson não está sozinha”, citando, por exemplo, o trabalho precursor do naturalista e filósofo Aldo Leopold (1887-1948), que fazia o elogio de uma “ética da terra”. Há um lastro prévio mas, do ponto de vista de transposição das ideias para as políticas públicas, Rachel Carson afirma-se como uma divisora de águas.

“A lei-quadro do ambiente, de 1969, e o Dia da Terra, [celebrado pela primeira vez a 22 de abril de 1970], por exemplo, têm a sua marca”, recorda Soromenho Marques. Carson, que já escreveu o livro com um cancro de mama avançado, não sobreviveu para testemunhar estas vitórias. Morreu em 1964, dois anos após a publicação de Primavera Silenciosa.

Carson inspirou gerações de ativistas e ecólogos, sobretudo nos Estados Unidos. A ambientalista Erin Greeson, hoje com 45 anos, vê desde muito jovem Rachel Carson como “uma heroína”. “Rachel Carson incentivou os movimentos. Ela seria inspirada pelos movimentos que acontecem hoje, em grande parte encabeçados por jovens líderes que se recusam a aceitar o mundo fraturado e os sistemas destrutivos que lhes estamos a entregar”, diz ao PÚBLICO diretora de comunicação do Instituto para as Energias Renováveis e a Vida Selvagem, sediado em Washington.

Para Greeson, a voz de Carson continua a ecoar hoje e, de algum modo, deu-nos ferramentas enquadrar e comunicar os riscos que a crise climática coloca à humanidade. Ainda assim, parece faltar-nos uma metáfora poderosa para condensar a urgência de um planeta a arder, cada vez mais fustigado com eventos climáticos extremos.

“Talvez não precisemos mais de metáforas. Rachel Carson descrevia em Primavera Silenciosa algo que ainda não podia ser realmente visto. Carson falava sobre futuro. Agora, temos muitos exemplos de incêndios e inundações – as metáforas tornaram-se desnecessárias”, afirma o escritor e ativista climático Bill McKibben, à margem de uma entrevista ao PÚBLICO.

Já Soromenho Marques, acredita que “a crise climática é uma janela perturbante, gravíssima para algo mais amplo: a crise global do ambiente”. Por isso, quando enunciamos o problema em busca de soluções, devemos nos desviar de “expressões redutoras” como “transição energética” e focar no primordial: “a nossa principal crise é a do modo como habitamos a Terra”.

A solução passa, portanto, pela transformação, pela possibilidade – que ainda temos – de escolher outra estrada. Para Soromenho Marques, trata-se de um ensinamento válido que, seis décadas depois, Primavera Silenciosa continua a oferecer. Como nestas palavras de Rachel Carson, que o filósofo português lê em voz alta: “A estrada pela qual temos estado a viajar por tão longo tempo é ilusoriamente fácil: uma auto-estrada de pavimentação lisa, pela qual avançamos em grande velocidade; mas, na sua extremidade final, o que há é o desastre.”

 

in Público (2022)

domingo, setembro 17, 2023

Poema para celebrar o aniversário de um Botânico...!

(imagem daqui)

 

Amor das plantas e dos doentes

Campô de capuchinha
o seu vermelho
não é o das terríveis paixões humanas,

o da urtiga branca
não fere esta pedinte
(cancerosa) de misericórdia,

o dourante da camomila
torna o cabelo das crianças
inutilmente mais claro,

este de quinina,
lavandisca, vinda do mar
por bem, só por bem sulfuroso,
e as pequeníssimas
centáureas azuis
que do céu alcançam a cor mais límpida.

Champô de folhas de nogueira
que desgrisalham (reavivam?)
e servem talvez aos meus bichos-da-seda
(nunca duram muito, os calvos budas).

Quero às plantas urdindo
desprezadas flores nesta cidade
de gente completamente infeliz.
  
  
in O lugar do Amor (1981) - António Osório

O botânico Jorge Paiva faz hoje noventa anos...!

(imagem daqui)

 

Jorge Américo Rodrigues de Paiva, nascido em Cambondo (Angola), a 17 de setembro de 1933, licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra e doutorado em Biologia pelo Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha), aposentado, tendo sido investigador principal no Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde lecionou algumas disciplinas, tendo também lecionado, como professor convidado, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, nos Departamentos de Biologia das Universidades de Aveiro e da Madeira, na licenciatura de Arquitetura Paisagista da Universidade Vasco da Gama de Coimbra, no Departamento de Engenharia do Ambiente do Instituto Superior de Tecnologia de Viseu e no Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha).


Como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) trabalhou durante três anos em Londres nos Jardins de Kew e na Secção de História Natural do Museu Britânico. Como fitotaxonomista tem percorrido a Europa, particularmente a Península Ibérica, Ilhas Macaronésicas, África, América do Sul e Ásia, tendo também já visitado a Austrália.

Pertenceu à Comissão Editorial e Redatorial da Flora Ibérica (Portugal e Espanha) e da Flora de Cabo Verde, assim como de algumas revistas científicas. Tem sido colaborador (estudo de alguns grupos de plantas superiores) de algumas floras africanas, como a Flora Zambesiaca (Moçambique, Malawi, Zimbabwe, Zambia e Botswana) e a Flora of Tropical East Africa (Quénia, Tanzania e Uganda). Assim, tem integrado grupos internacionais de investigadores em estudos e colheitas de material de campo, não só na Península Ibérica, como também em países africanos (Moçambique, Quénia, Seychelles, Tanzania, Zimbabwe, Angola, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe), asiáticos (Timor, Tailandia e Vietname) e americanos (Brasil e Paraguai).

Dos trabalhos de taxonomia em que colaborou como co-autor, o Catalogue des Plantes Vasculaires du Nord du Maroc (1008 páginas em 2 volumes), foi galardoado pela OPTIMA (Organization for the Phyto-Taxonomic Investigation of the Mediterranean Area) com a Medalha de Prata, como o melhor trabalho sobre Flora Mediterrânica publicado em 2003.

Como palinologista colaborou com entidades apícolas e com os Serviços de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo sido distinguidos dois dos trabalhos que elaborou em colaboração com o corpo clínico desta Faculdade com o 1º Prémio da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória («Boehringer Ingelheim S.P.P.R., 1979»), pelo trabalho de colaboração «Pólens e Polinose na Região Centro de Portugal) e o 1º Prémio Anual SPAIC/UCB-STALLERGENES 1994, pelo trabalho de colaboração "HLA e Alergia — Aplicação ao estudo da Parietaria lusitanica ".

Como ambientalista é muito conhecido pela defesa intransigente do Meio Ambiente, sendo membro activo de várias Associações e Comissões nacionais e estrangeiras. A sua atividade em defesa do Meio Ambiente foi distinguida, em 1993, com o Prémio “Nacional” da Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza); em 2005, com o Prémio “Carreira” da Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente; em 2005, com o Prémio “Amigos do Prosepe” pelo Prosepe (Projeto de Sensibilização da População Escolar) e em 2001 e 2002, com as menções honrosas dos respetivos Prémios Nacionais do Ambiente “Fernando Pereira” conferidas pela Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente.
Publicou já mais de cinco centenas de trabalhos sobre fitotaxonomia, palinologia e ambiente, sendo dos mais relevantes, a monografia (Polygalarum africanarum et madagascaiensum prodromus atque gerontogaei generis Heterosamara Kuntze, a genere Polygala L. segregati et a nobis denuo recepti, synopsis monographica in Fontqueria 50: I-VI; 1-346, tab. 1-52; 1998) com 62 novidades fitotaxonómicas e as obras de educação ambiental A Crise Ambiental - Apocalipse ou Advento de uma Nova Idade 1: 1-36; 1998 e 2: 1-187; 2000 e A Relevância do Património Natural, edição da Câmara de Leiria e Quercus em 2002 destinadas, fundamentalmente, a apoiar os professores que se preocupam com a docência da problemática ambiental. Apresentou variadas comunicações e proferiu diversas conferências em reuniões científicas, congressos, simpósios ou ações pedagógicas (mais de 1 milhar).
   

 

 

"Medalha de Ouro da Cidade" atribuída a Jorge Paiva

   

 
 

Ontem, dia 4 de julho de 2023, feriado municipal em Coimbra, foram homenageados pelo município várias personalidades. A distinção maior, a Medalha de Ouro da Cidade, foi atribuída a Jorge Paiva, docente e investigador aposentado do DCV. O elogio do biólogo coube ao vice-presidente da câmara, Francisco Veiga, também na foto.

 

 in DCV - UC


sábado, setembro 16, 2023

Hoje é o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono...!

O buraco do ozono em setembro de 2006
   
O Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem a camada de ozono é um tratado internacional em que os países signatários comprometem-se a substituir as substâncias que se demonstrar serem responsáveis pela destruição do ozono, a partir de 16 de setembro de 1987, entrando em vigor em 1 de janeiro de 1989. Ele teve adesão de 150 países e foi revisto em 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999. Devido à grande adesão mundial, Kofi Annan disse sobre ele: "Talvez seja o mais bem sucedido acordo internacional de todos os tempos…"
Em comemoração, a ONU declarou a data de 16 de setembro como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono.
   

quinta-feira, agosto 10, 2023

Eugene Odum morreu há vinte e um anos...

   
Foi pioneiro nos trabalhos sobre a ecologia e na disseminação da consciência social sobre os ecossistemas.
Filho do sociólogo Howard W. Odum. Uma de suas principais obras é o clássico Fundamentos da Ecologia (1953).
 
  

quarta-feira, julho 26, 2023

James Lovelock morreu há um ano...


James Ephraim Lovelock
(Hertfordshire, 26 de julho de 1919 – Abbotsbury 26 de julho de 2022) foi um pesquisador independente e ambientalista que viveu na Cornualha (oeste da Inglaterra).

A popular hipótese de Gaia foi articulada por Lovelock com a colaboração de Lynn Margulis, para explicar o comportamento sistémico do planeta Terra.   

    

(...)   

    

A partir dos anos 1960 Lovelock começou a desenvolver uma hipótese científica que veio a ser batizada Hipótese de Gaia, postulando que os organismos vivos modificam seu ambiente inorgânico de maneira favorável à sua sobrevivência, formando juntos um sistema complexo e autorregulado que funciona de maneira semelhante a um único organismo vivo. A hipótese foi duramente criticada no seu aparecimento, mas com o passar do tempo seus elementos mais essenciais foram largamente aceites pela comunidade científica. A hipótese permanece em parte controversa, mas abriu todo um novo campo de estudos interdisciplinares nas Ciências da Terra e contribuiu para a formação de uma visão holística da vida e da evolução no planeta, afastando-se do mecanicismo clássico. A relevante contribuição à ciência dada através desta hipótese lhe valeu a prestigiada Medalha Wollaston da Sociedade Geológica de Londres.

 

in Wikipédia

segunda-feira, julho 10, 2023

Os Serviços Secretos franceses assassinaram o fotógrafo Fernando Pereira e afundaram o Rainbow Warrior há 38 anos...

A drawing of the Rainbow Warrior
   
The sinking of the Rainbow Warrior, codenamed Opération Satanique, was an operation by the "action" branch of the French foreign intelligence services, the Direction Générale de la Sécurité Extérieure (DGSE), carried out on July 10, 1985. It aimed to sink the flagship of the Greenpeace fleet, the Rainbow Warrior in the port of Auckland, New Zealand, to prevent her from interfering in a nuclear test in Moruroa.
Fernando Pereira, a photographer, drowned on the sinking ship. Two French agents were arrested by the New Zealand Police on passport fraud and immigration charges. They were charged with arson, conspiracy to commit arson, willful damage, and murder. As part of a plea bargain, they pleaded guilty to manslaughter and were sentenced to ten years in prison, of which they served just over two.
The scandal resulted in the resignation of the French Defence Minister Charles Hernu.
  
In the 1980s, the Commissariat à l'Énergie Atomique was developing nuclear warheads for the M4 SLBM, which were tested in underground explosions in the French Polynesian atoll of Moruroa.
Greenpeace was opposed to testing and planned to lead yachts to the atoll to protest, including an illegal incursion into French military zones. The Rainbow Warrior had not previously visited New Zealand, but David Lange's New Zealand Labour Party government opposed nuclear weapons development and had banned nuclear-armed or powered ships from New Zealand ports. (As a consequence the United States was in the process of withdrawing from its ANZUS mutual defence treaty obligations.)
The French government decided that in order to stop the planned protest, the Greenpeace flagship would have to be sunk. Operation Satanique would seek to disable the Rainbow Warrior while it was docked, while trying to prevent any casualties. Twenty years after the incident, a report by the then head of French intelligence said that the attack was authorized by French President François Mitterrand.
 
Agents had boarded and examined the ship while it was open to public viewing. DGSE agent Christine Cabon, posing as environmentalist Frederique Bonlieu, volunteered for the Greenpeace office in Auckland. Cabon secretly monitored communications from the Rainbow Warrior, collected maps, and investigated underwater equipment, in order to provide information crucial to the sinking. After the necessary information had been gathered, two DGSE divers beneath the Rainbow Warrior attached two limpet mines and detonated them 10 minutes apart. The first bomb went off 11:38 P.M., creating a large hole about the size of an average car. Agents intended the first mine to cripple the ship so that everybody would be evacuated safely off when the second mine was detonated. However, the crew did not react to the first explosion as the agents had expected. While the ship was initially evacuated, some of the crew returned to the ship to investigate and film the damage. A Portuguese-Dutch photographer, Fernando Pereira, returned below decks to fetch his camera equipment. At 11:45 P.M., the second bomb went off. Pereira drowned in the rapid flooding that followed, and the other ten crew members were either safely evacuated on the order of Captain Peter Willcox or were thrown into the water by the second explosion. The Rainbow Warrior sank four minutes later.
  
 Fernando Pereira
  
Operation Satanique was a public relations disaster. France, being an ally of New Zealand, initially denied involvement and joined in condemnation of what it termed to be a terrorist act. The French Embassy in Wellington denied involvement, stating that "the French Government does not deal with its opponents in such ways".
After the bombing, the New Zealand Police started one of the country's largest police investigations. Most of the agents escaped New Zealand but two, Captain Dominique Prieur and Commander Alain Mafart – posing as married couple 'Sophie and Alain Turenge' and having Swiss passports – were identified as possible suspects with the help of a Neighborhood Watch group, and were arrested. Both were questioned and investigated, and their true identities were uncovered, along with the French government's responsibility. Both agents pleaded guilty to manslaughter and were sentenced to 10 years imprisonment on November 22, 1985.
France threatened an economic embargo of New Zealand's exports to the European Economic Community if the pair was not released. Such an action would have crippled the New Zealand economy, which was dependent on agricultural exports to Britain.
  
In June 1986, in a political deal with Prime Minister of New Zealand David Lange and presided over by United Nations Secretary-General Javier Pérez de Cuéllar, France agreed to pay NZ$13 million (USD$6.5 million) to New Zealand and apologise, in return for which Alain Mafart and Dominique Prieur would be detained at the French military base on Hao Atoll for three years. However, the two agents had both returned to France by May 1988, after less than two years on the atoll. Mafart returned to Paris on December 14, 1987 for medical treatment, and was apparently freed after treatment. He continued in the French Army and was promoted to colonel in 1993. Prieur returned to France on May 6, 1988 because she was pregnant, her husband having been allowed to join her on the atoll. She, too, was freed and later promoted. The removal of the agents from Hao without subsequent return was ruled to be in violation of the 1986 agreement.
Three other agents, Chief Petty Officer Roland Verge, Petty Officer Bartelo and Petty Officer Gérard Andries, who sailed to New Zealand on the yacht Ouvéa, were arrested by Australian police on Norfolk Island, but released as Australian law did not allow them to be held until the results of forensic tests came back. They were then picked up by the French submarine Rubis, which scuttled the Ouvéa.
A sixth agent, Louis-Pierre Dillais, commander of the operation, was never captured and never faced charges. He acknowledged his involvement in an interview with New Zealand State broadcaster TVNZ in 2005.
A commission of enquiry headed by Bernard Tricot cleared the French government of any involvement, claiming that the arrested agents, who had not yet pleaded guilty, had merely been spying on Greenpeace. When The Times and Le Monde claimed that President Mitterrand had approved the bombing, Defence Minister Charles Hernu resigned and the head of the DGSE, Admiral Pierre Lacoste, was fired. Eventually, Prime Minister Laurent Fabius admitted the bombing had been a French plot: On 22 September 1985, he summoned journalists to his office to read a 200 word statement in which he said: "The truth is cruel," and acknowledged there had been a cover-up, he went on to say that "Agents of the French secret service sank this boat. They were acting on orders."