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segunda-feira, abril 15, 2024

Mais uma explicação para uma extinção no Câmbrico...

Gás venenoso poderá ter dizimado metade de toda a vida marinha

 

 

Há cerca de 510 milhões de anos, durante a primeira grande extinção da Terra, quase metade de toda a vida marinha pereceu devido a uma combinação letal de baixos níveis de oxigénio e altos níveis de sulfeto de hidrogénio.

Este evento devastador teve lugar após a explosão câmbrica, ocorrida há cerca de 530 milhões de anos, que testemunhou um aumento notável na diversidade da vida marinha, incluindo trilobites, camarões grandes e vermes com espinhos afiados.

Os registos fósseis revelam que, em 20 milhões de anos, 45% das criaturas oceânicas foram extintas.

Originalmente, os cientistas acreditavam que esta grande mortandade teria sido causada por condições anóxicas - escassez de oxigénio - possivelmente desencadeadas por um aumento súbito da decomposição de matéria orgânica proveniente de plantas e animais mortos, esgotando o oxigénio do oceano.

No entanto, um estudo recentemente publicado na revista “Geophysical Research Letters” propõe uma causa diferente: um aumento de sulfeto de hidrogénio, um gás tóxico letal para a vida marinha.

“Este químico é letal para todas as formas de vida marinha”, explica Chao Chang, geoquímico da Universidade do Noroeste, em Xi’an, na China, e coautor do estudo, ao Live Science. “Basicamente, nenhum animal poderia sobreviver num ambiente destes durante muito tempo.

A equipa de investigadores analisou o registo geológico do Cambriano na Plataforma do Yangtze, no sul da China, e identificou as concentrações de molibdénio nos sedimentos, que servem como indicador das condições oceânicas passadas.

Os níveis elevados de molibdénio encontrados nas amostras do período de extinção em massa indicaram a presença de sulfeto de hidrogénio na água. Esta conclusão baseia-se no facto de o molibdénio reagir com o enxofre para formar compostos que se depositam nos sedimentos, particularmente em águas sulfídicas.

A causa da expansão destas águas sulfídicas permanece incerta, mas pode estar ligada ao défice de oxigénio criado pela decomposição da matéria orgânica.

Esta decomposição teria alimentado micróbios, que por sua vez converteram sulfatos naturais presentes na água do mar em sulfeto de hidrogénio, enchendo as águas com este gás tóxico.

Os resultados do estudo, embora baseados em amostras da China, sugerem um impacto global, uma vez que o molibdénio tem um longo tempo de residência no oceano — o que implica que os níveis de isótopos de molibdénio numa área de sedimentos oceânicos podem refletir as condições de todo o oceano.

 

in ZAP

sexta-feira, abril 09, 2010

Notícia no Público

Organismos habitam a base do mar rica em sal

Mediterrâneo revela primeiros animais que vivem sem oxigénio


Nova espécie de Loricifera que vive sem oxigénio

Está provado. Há animais em locais da Terra que vivem sem oxigénio. Cientistas italianos olharam para o fundo do Mediterrâneo e descobriram três espécies que respiram sem a nossa molécula vital.


A descoberta foi publicada na revista de acesso livre BMC Biology. As espécies pertencem a um dos filos do Reino animal menos conhecidos, os Loricifera. São seres que mal atingem um milímetro, têm um corpo mole protegido por uma concha especial e que foram descobertos há poucas décadas.

“É um mistério muito grande como é que estes seres vivem sem oxigénio porque até agora pensávamos que só as bactérias pudessem fazer isto”, disse à BBC News Roberto Donovaro, da Universidade de Ancona, em Itália.

O investigador fez parte de uma equipa que na última década realizou três expedições a L’Atalante, uma região na base do Mediterrâneo que fica a 3,5 quilómetros de profundidade e a 200 quilómetros da costa Oeste da ilha de Creta, na Grécia.

Aqui, a base do mar tem uma concentração de sal tão grande que não há espaço para o oxigénio. A molécula vital é necessária para as mitocôndrias - as baterias das nossas células que transformam os açúcares em moléculas energéticas essenciais para todas as funções.

A equipa retirou as três novas espécies de Loricifera da base salina. Apesar de estarem mortas os cientistas verificaram haver evidências de que os indivíduos tinham estado vivos há pouco tempo, para além disso, a outras profundidades com oxigénio estas espécies não existiam.

Um passado sem O2

Mas a prova definitiva apareceu quando os investigadores incubaram ovos de uma das espécies num ambiente anóxico (sem oxigénio) e a larva eclodiu normalmente. Segundo Donovaro, estas espécies representam “uma adaptação tremenda para animais que evoluírem em condições com oxigénio”.

No entanto há discórdia. Um comentário escrito sobre o artigo publicado na mesma revista, dos autores Marek Mentel, bioquímico da Eslováquia e William Martin, um botânico alemão, defende um passado sem oxigénio.

“A descoberta de vida animal em ambientes sem oxigénio dá o vislumbre do que foi boa parte do passado ecológico da Terra, antes do aumento dos níveis do oxigénio marinho em profundidade e do aparecimento dos primeiros grandes animais no registo fóssil, há cerca de 550-600 milhões de anos”, escrevem os autores.

O oxigénio só existe na atmosfera devido à fotossíntese das plantas e as grandes quantidades com que vivemos apareceram antes do início do Câmbrico, há 542 milhões de anos.