A
Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o
Irão e o
Iraque entre
1980 e
1988. Foi o resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países. Os Estados Unidos, cujo presidente era
Ronald Reagan, apoiavam o Iraque.
Em
1980, o presidente
Saddam Hussein, do
Iraque, revogou um acordo de
1975, que cedia ao
Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do
canal de Shatt-al-Arab, em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria
curda no Iraque que lutava por independência.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo
islâmico de
Teerão e na anexação do
Cuzistão, a província iraniana mais rica em
petróleo.
Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o
regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de
propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo
iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a
poços de petróleo.
O exército iraquiano envolveu-se numa escaramuça de fronteira numa
região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente
um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A
ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o
território.
Em
1981, somente
Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em
1982,
as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de
Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor
um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas
condições: dentre elas a queda de Hussein). Graças ao contrabando de
armas (escândalo
Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o
Kuwait e outros
Estados do
Golfo Pérsico. Nessa altura, a
Organização das Nações Unidas e alguns
Estados Europeus enviaram vários
navios de guerra para a zona. Em
1985,
aviões iraquianos destruíram uma
central nuclear parcialmente construída em
Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear
Bassorá e
Bagdad.
Entre 1984-1985 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde
predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o
conflito transbordava para o
Golfo Pérsico,
envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e
o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos
dois países.
O esforço de guerra do Iraque era financiado pela
Arábia Saudita, pelos
Estados Unidos e por outros países vizinhos, enquanto o Irão contava com a ajuda da
Síria e da
Líbia, entre outros. A
União Soviética, que vendia mais armas inicialmente para o Iraque, passa a vender mais
equipamento militar para o Irão, conforme cresceu o apoio americano ao
Iraque. Durante todo o conflito o
Brasil foi um dos países ocidentais que vendeu armas para o Iraque em troca de
petróleo. Portugal vendeu armas e outros produtos a ambos os beligerantes.
Mas, em meados da década de 1980, a reputação internacional do Iraque ficou abalada, quando foi acusado de ter utilizado
armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em
1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do
Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de
armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo
Ocidente.
No princípio de
1988, o
Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irã, não. Em Agosto de
1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU,
Perez de Cuéllar,
e a economia caótica do Irão levaram a que o país aceitasse que a
Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O
armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o
acordo de Argel
de 1975, que estabelecia fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as
perdas foram estimadas em cerca de 1,5 milhão de vidas. A guerra
destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em
1989, o
aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de
1990, enquanto o Iraque se preocupava com a
invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.