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sábado, março 25, 2023

Notícia sobre tectónica de placas...

Como África está a partir-se a meio - e a criar um novo super oceano

   

 

Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos.

A recente evolução geológica de África motivou um aviso por parte dos especialistas: este continente está a meio de um processo de cisão, o que irá resultar não só na separação de nações inteiras mas também da formação de um superoceano.

O primeiro alerta foi dado em 2009, por cientistas da Universidade de Rochester, no Reino Unido, que num estudo revelaram as mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia.

Recentemente, um novo artigo científico publicado no Geophysical Research Letters, voltou a abordar o tema, argumentando que tudo se deve a uma fenda de 56,32 quilómetros que surgiu no deserto do referido país após um sismo de 2005.

À luz dos dados que constam no artigo, a fenda foi provocada por um processo tectónico em tudo semelhante ao que acontece no fundo do mar e situa-se nos limites de três placas: a da Arábia, Núbia e Somália. Estas estão “lentamente a a afastar-se uma da outra”, avançou Christopher Moore à NBC.

“Durante os últimos 30 anos, a placa da Arábia tem-se afastado da de África, um processo que já criou o Mar Vermelho e o Golfo de Aden entre as duas massas continentais”, especifica o mesmo site. O processo que decorre atualmente vai, eventualmente, “dividir África em duas e criar uma nova bacia oceânica“.

Os cientistas não sabem ao certo quanto tempo vai demorar até que o processo esteja finalizado, mas estimam um intervalo de pelo menos cinco a dez milhões de anos até que um novo oceano se forme e o continente africano se separe. Isto porque a placa da Arábia se afasta de África a um ritmo de 2,54 centímetros por ano, ao passo que as placas africanas se mexem entre 5,08 milímetros e 1,27 centímetros por ano.

Apesar de se tratarem de movimentos quase impercetíveis,os cientistas garantem que estes estão a acontecer. “Podemos ver que uma crosta oceânica se está a formar porque é consideravelmente diferente da crosta continental na sua composição e densidade”, aprofundou Moore.

 

Mas, e depois?

Estas alterações terão obviamente consequências negativas para os países africanos nas proximidades da fenda –  ao mesmo tempo que ali também nascem oportunidades para o resto do mundo. No leque de países afetados destacam-se Ruanda, Uganda, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi e Zâmbia. Para além de todos os aspetos negativos, a alteração drástica na geografia permitiria a estas nações “construir portos que os conectariam ao resto do mundo diretamente” e representariam um conjunto de possibilidades.

Há ainda o caso de países que passariam a pertencer a dois continentes, como é o caso do Quénia, a Tanzânia e a Etiópia.

 

in ZAP

terça-feira, fevereiro 21, 2023

Notícia sobre tectónica de placas e um novo super-continente

Eis Amásia, o supercontinente que vai engolir o Pacífico

  

  

Uma equipa de investigadores usou um supercomputador para calcular o tempo que demorará até o próximo supercontinente da Terra se formar — e descobriu que será o Oceano Pacífico a encolher para formar Amasia.

 O próximo supercontinente da Terra irá formar-se daqui a vários milhões de anos — e possivelmente nascerá da fusão entre a América do Norte e a Ásia. E já tem um nome: Amasia.

Um supercontinente como este, descrito por Chris Hartnady e Paul Hoffman em 1992, só se forma a cada 500 ou 700 milhões de anos.

Investigadores da Curtin University usaram um supercomputador para determinar como é que seria o mundo quando o próximo supercontinente fosse formado. De acordo com os seus cálculos, Amásia nascerá daqui a 200 a 300 milhões de anos.

Nos últimos dois mil milhões de anos, escreve a Interesting Engineering, os continentes da Terra colidiram para formar um supercontinente em várias ocasiões. Os cientistas chamam-lhe de ciclo do supercontinente, que ocorre a cada 600 milhões de anos e reúne todos os continentes do mundo.

A teoria da Pangeia sugere que, no início dos tempos, todos os continentes estavam juntos apenas num só. Eventualmente, começou lentamente a fragmentar-se, dando origem a dois megacontinentes: Gondwana e Laurásia.

A parte correspondente à América do Sul, África, Antártida, Austrália e Índia, denominava-se Gondwana. O resto do continente, onde estava a América do Norte, Europa, Ásia e o Ártico denominava-se Laurásia. A Pangeia era cercada por um único oceano, Pantalassa.

O ciclo de supercontinente em curso significa que, ao longo dos próximos 200-300 milhões de anos, será o Oceano Pacífico (ao contrário do que sugerem teorias anteriores) a encolher, juntando os continentes da América e Ásia para formar Amásia, detalham os cientistas em comunicado.

Por outro lado, é improvável que os oceanos Atlântico e Índico fechem-se na próxima movimentação de placas tectónicas. Os cálculos do supercomputador mostram também que a Austrália deverá colidir com a Ásia antes que ocorra a formação de Amásia.

“A Terra como a conhecemos será drasticamente diferente quando Amásia se formar. Espera-se que o nível do mar seja mais baixo e o vasto interior do supercontinente seja muito árido, com altas temperaturas diárias“, disse o coautor Zheng-Xiang Li.

“Atualmente, a Terra tem sete continentes com ecossistemas e culturas humanas muito diferentes, por isso seria fascinante pensar como o mundo será daqui a 200 a 300 milhões de anos”, acrescentou.

Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista National Science Review.

 

in ZAP

quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Uma erupção do vulcão Mayon matou mais de mil pessoas há 209 anos

Fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.
  
Principais vulcões filipinos
    
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.
   
Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984
        

sexta-feira, janeiro 06, 2023

A teoria da Deriva dos Continentes faz hoje 111 anos

 
Faz hoje, 6 de janeiro, exatamente cento e dez anos que o geofísico alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) apresentou, numa reunião da Associação Geológica Alemã, ocorrida no Museu Senckenberg, em Frankfurt, a sua teoria da deriva continental e a sua ideia da existência em eras geológicas muito recuadas de um supercontinente, a que chamou “pangea” (a partir do grego pan + gea, que significa “toda a terra”) rodeado por um único oceano, designado por "pantalassa" (do grego, pan + talasso, que significa "todos os mares").
 
 
O seu livro “A Origem dos Continentes e Oceanos” foi publicado em 1915. Mas foi com a terceira edição em 1922, traduzida em várias línguas, que as suas ideias sobre a evolução da crusta continental e oceânica ficaram melhor conhecidas. A sua obra é a rocha fundadora da tectónica de placas, que só viria a ser confirmada e melhor compreendida depois de detetada a expansão do fundo dos oceanos na década de 60.
  
 
O impacto das ideias de Wegener, que se vieram a confirmar experimentalmente cinco décadas após a sua formulação, com a mudança de paradigma que elas produziram, é comparável na Geologia à revolução que a teoria heliocêntrica de Copérnico causou na Astronomia no século XVI.
 
in De Rerum Natura - post de António Piedade

quinta-feira, novembro 03, 2022

Notícia divertida sobre tectónica de placas...

África está a dividir-se em dois continentes (e vai nascer um novo oceano)

   

  

O continente africano vai dividir-se em dois. A Somália, metade da Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e parte de Moçambique irão separar-se para formar um novo continente. Vai acontecer daqui a cinco milhões de anos (tempo relativamente curto, na escala geológica) e já começou.

A comunidade científica acredita que em apenas 5 milhões de anos, África não será um continente, mas dois.

Em 2009, investigadores da Universidade de Rochester, no Reino Unido, revelaram pela primeira vez que mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia, estavam a provocar a divisão do continente.

Segundo a New Scientist, o processo teve início em setembro de 2005, após a erupção do vulcão Dabbahu, que terá aberto uma gigantesca fissura em apenas 5 dias.

A fratura da placa continental africana, dizem os cientistas no estudo então publicado na Geophysical Research Letters, irá dar origem a um novo oceano.

A falha não mais deixou de crescer, e mais de uma dezena de novas falhas apareceram entretanto. Desde então, a teoria de que África se vai dividir em dois continentes ganhou bastante popularidade na comunidade científica, mas nem todos estão de acordo.

As discussões entre os cientistas sobre a forma como o continente africano se está a dividir reavivaram-se em 2019, depois de ter aparecido no Quénia uma gigantesca fissura, que rasgou a meio um vale e cortou uma estrada importante da região do Narok, no oeste do país.

As dimensões da fissura foram na altura estimadas em vários quilómetros de comprimento, cerca de 15 metros de profundidade e mais de 20 de largura.

   

   

Mas, de acordo com dados de GPS mais recentes, apresentados num estudo publicado em 2021 na revista Geology por investigadores da Virginia Tech, nos EUA, a divisão da placa tectónica africana é ainda mais extensa do que se imaginava.

A enorme fissura do Quénia não foi no entanto o primeiro fenómeno deste tipo a manifestar-se no continente africano. Há dezenas ou centenas de pontos fracos ao longo do chamado Grande Vale do Rift, que atravessa o continente desde o Corno de África, na Somália, até Moçambique.

Esta formação, também conhecida como Vale da Grande Fenda, é um complexo de falhas tectónicas criado há cerca de 35 milhões de anos com a separação das placas tectónicas africana e arábica, e estende-se cerca de 5000 km no sentido norte-sul, com largura que varia entre 30 e 100 km e uma profundidade de centenas a milhares de metros.

Segundo o jornal local Daily Nation, o Quénia, atravessado pelo Grande Vale do Rift, está literalmente a partir-se ao meio, e a profunda fissura que se deu a conhecer em março em Narok “é apenas o início“.

A fissura apareceu na zona com menor atividade sísmica do país. Segundo explicou ao jornal catalão La Vanguardia a geóloga Sara Figueras Vila, do Instituto Cartográfico e Geológico da Catalunha, “o último sismo importante nesta região aconteceu em 1928, com uma magnitude de 6.9 na Escala de Richter”.

No fundo do vale encontram-se o vulcão Suswa. Nas proximidades, Monte Longonot. Os dois vulcões poderão ser responsáveis por inúmeras falhas vulcânicas ocultas ao longo do território queniano do Grande Vale do Rift.

“Estas zonas frágeis formam linhas de falha e fissuras que normalmente são preenchidas com cinzas vulcânicas. As fortes chuvas que recentemente assolaram a região poderão ter levado as cinzas, ajudando a descobrir a fissura”, explica ao Daily Nation o geólogo queniano David Adede.

Mas o facto de a região assentar em duas placas tectónicas que estão a divergir lentamente em direções opostas terá consequências inevitáveis.

   

     

Inevitavelmente, um novo continente

Dentro de 10 milhões de anos, quatro países do Corno de África – a Somalia, metade da Etiópia, o Quénia e a Tanzania, além de uma parte de Moçambique, irão inexoravelmente separar-se do resto do continente africano e formar um novo continente.

O processo, estimam os geólogos, estará concluído em cerca de 50 milhões de anos: a chamada “placa Somali” ter-se-á tornado por completo um continente novo, separada da sua irmã maior, a “placa Núbia”, por um oceano novo.

Numa entrevista à NTV Kenya, o sismólogo queniano Silas Simiyu sustenta que a fissura de Narok não é uma falha vulcânica, mas apenas resultado das abundantes chuvas que se registaram na região. “As camadas de terra abateram devido às chuvas e encheram os canais subterrâneos de água”, diz o cientista queniano.

Mas Lucia Perez Diaz, do Grupo de Pesquisa da Dinâmica de Falhas da Universidade de Londres, não tem dúvidas. Em termos práticos, as duas placas do continente africano estão a separar-se, diz a geóloga ao The Conversation.

E as fissuras que apareceram no leste do Grande Vale do Rift são um exemplo de que isso já está a acontecer.

Após um dramático processo, durante uns 50 milhões de anos, teremos então inevitavelmente algo como a Grande Núbia e o Corno de África. Mal podemos esperar.

 

 in ZAP

terça-feira, fevereiro 01, 2022

Há 208 anos, nas Filipinas, uma erupção do Mayon matou mais de mil pessoas

Fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.
  
Principais vulcões filipinos
    
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.
   
Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984
        

quinta-feira, janeiro 06, 2022

A teoria da Deriva dos Continentes faz hoje cento e dez anos!

 
Faz hoje, 6 de janeiro, exactamente cento e dez anos que o geofísico alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) apresentou, numa reunião da Associação Geológica Alemã, ocorrida no Museu Senckenberg, em Frankfurt, a sua teoria da deriva continental e a sua ideia da existência em eras geológicas muito recuadas de um supercontinente, a que chamou “pangea” (a partir do grego pan + gea, que significa “toda a terra”) rodeado por um único oceano, designado por "pantalassa" (do grego, pan + talasso, que significa "todos os mares").
 
 
O seu livro “A Origem dos Continentes e Oceanos” foi publicado em 1915. Mas foi com a terceira edição em 1922, traduzida em várias línguas, que as suas ideias sobre a evolução da crusta continental e oceânica ficaram melhor conhecidas. A sua obra é a rocha fundadora da tectónica de placas, que só viria a ser confirmada e melhor compreendida depois de detectada a expansão do fundo dos oceanos na década de 1960.
  
 
O impacto das ideias de Wegener, que se vieram a confirmar experimentalmente cinco décadas após a sua formulação, com a mudança de paradigma que elas produziram, é comparável na Geologia à revolução que a teoria heliocêntrica de Copérnico causou na Astronomia no século XVI.
 
in De Rerum Natura - post de António Piedade

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Uma erupção do Mayon matou mais de mil pessoas há 207 anos nas Filipinas

Fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.
  
Principais vulcões filipinos
    
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.
   
Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984
     

quarta-feira, novembro 11, 2020

Notícia interessante sobre a formação dos Himalaias...

Os Himalaias não se formaram da forma que os cientistas pensavam

  


O magnetismo das rochas dos Himalaias revela a complexa história tectónica destas montanhas, que têm uma origem diferente daquela que se pensava anteriormente.

Os Himalaias contêm uma estrutura geológica estreita e sinuosa que se estende ao longo da cordilheira. Conhecida como zona de sutura, tem apenas alguns quilómetros de largura e consiste em lascas de diferentes tipos de rochas, todas cortadas por zonas de falhas. Ela marca o limite onde duas placas tectónicas fundiram-se e um antigo oceano desapareceu.

Uma equipa de geólogos viajou até lá para recolher rochas que entraram em erupção como lava há mais de 60 milhões de anos. Ao descodificar os registos magnéticos preservados dentro delas, os cientistas esperavam reconstruir a geografia de antigas massas de terra – e rever a história da criação dos Himalaias.

As placas tectónicas constituem a superfície da Terra e estão constantemente em movimento – à deriva num ritmo impercetivelmente lento de apenas alguns centímetros por ano. As placas oceânicas são mais frias e densas do que o manto abaixo delas, por isso, elas afundam nas zonas de subducção.

Quando toda a placa oceânica desaparece no manto, os continentes de cada lado chocam com força suficiente para erguer grandes cinturões de montanhas, como os Himalaias. Os geólogos geralmente pensavam que os Himalaias formaram-se há 55 milhões de anos numa única colisão continental.

Mas, ao medir o magnetismo das rochas da remota região montanhosa de Ladakh, no noroeste da Índia, uma equipa de investigadores mostrou que a colisão tectónica que formou a maior cordilheira do mundo foi na verdade um processo complexo de vários estágios envolvendo pelo menos duas zonas de subducção.

 

Mensagens magnéticas, preservadas para sempre

O movimento constante do núcleo externo metálico do nosso planeta cria correntes elétricas que, por sua vez, geram o campo magnético da Terra. O campo magnético aponta sempre para o norte ou sul magnético.

Quando a lava entra em erupção e resfria para formar rocha, os minerais magnéticos internos ficam bloqueados na direção do campo magnético daquele local. Portanto, ao medir a magnetização das rochas vulcânicas, os cientistas podem determinar de que latitude elas vieram. Essencialmente, este método permite desbobinar milhões de anos de movimentos das placas tectónicas e criar mapas do mundo em diferentes momentos da história geológica.

Em várias expedições a Ladakh, a equipa de cientistas recolheu centenas de amostras de núcleos de rocha. Essas rochas formaram-se originalmente num vulcão ativo entre 66 e 61 milhões de anos atrás, na época em que começaram os primeiros estágios da colisão.

Os investigadores pretendiam reconstruir onde é que essas rochas se formaram originalmente, antes de serem ensanduichadas entre a Índia e a Eurásia e erguidas no alto dos Himalaias.

Os autores do estudo levaram as amostras para o Laboratório de Paleomagnetismo do MIT e, dentro de uma sala especial que é protegida do campo magnético moderno, aqueceram-nas até aos 680 graus Celsius para remover lentamente a magnetização.

 

Traços magnéticos constroem um mapa

Usando a direção magnética média de todo o conjunto de amostras, os cientistas puderam calcular a sua latitude antiga, à qual se referem como paleolatitude.

O modelo de colisão de estágio único original para os Himalaias prevê que essas rochas teriam-se formado perto da Eurásia, a uma latitude de cerca de 20 graus a norte, mas os dados deste novo estudo mostram que essas rochas não se formaram nos continentes indiano ou euroasiático.

Em vez disso, formaram-se numa cadeia de ilhas vulcânicas, no oceano aberto de Neotethys, a uma latitude de cerca de oito graus a norte, milhares de quilómetros a sul de onde a Eurásia estava localizada na época.

Esta descoberta pode ser explicada apenas se houvesse duas zonas de subducção a puxar a Índia rapidamente para a Eurásia, em vez de apenas uma.

Durante um período geológico conhecido como Paleocénico, a Índia alcançou a cadeia de ilhas vulcânicas e colidiu com ela, raspando as rochas que eventualmente foram recolhidas pelos cientistas. A Índia então continuou em direção a norte antes de chocar com a Eurásia, cerca de 40 a 45 milhões de anos atrás – 10 a 15 milhões de anos depois do que geralmente se pensava.

Esta colisão continental final elevou as ilhas vulcânicas do nível do mar até mais de 4.000 metros até à sua localização atual, formando os Himalaias.

 

in ZAP

terça-feira, setembro 15, 2020

Uma interessante máquina do tempo virtual cartográfica

Mapa interativo permite descobrir onde se localizavam as cidades há milhões de anos
  


   
O paleontólogo californiano Ian Webster criou um mapa interativo que permite que as populações percebam como é que as cidades, onde vivem hoje em dia, se deslocaram ao longo dos últimos 750 milhões de anos através do afastamento das placas tectónicas.
À CNN, Ian Webster diz que “este mapa mostra que o nosso planeta é dinâmico e pode mudar”, explicando que nada daquilo que conhecemos é igual ao que foi no passado, ou ao que será no futuro. “A história da Terra é muito complexa, e a estrutura atual das placas tectónicas e dos continentes é um acidente do tempo. Será muito diferente no futuro”, argumenta.
O mapa online apresenta uma série de ferramentas que facilitam a descoberta de mais detalhes sobre Terra, como por exemplo, perceber onde viveram os primeiros répteis, ou quando nasceu a primeira flor.
Webster construiu o mapa como uma aplicação da web, que é colocada em cima de outro mapa que visualiza modelos geológicos, criados pelo geólogo e paleogeógrafo Christopher Scotese. A parceria dos dois, em diferentes áreas de conhecimento permitiu desenvolver de forma eficaz o mapa.
Os modelos de Scotese mostram o desenvolvimento das placas tectónicas desde há 750 milhões de anos atrás. O site de Webster também utiliza GPlates, um software usado por geólogos para visualizar reconstruções de placas e dados associados ao longo do tempo geológico.
A invenção de Webster permite que os utilizadores indiquem a sua localização e, em seguida, conectem essa localização em modelos de placas tectónicas. Assim os utilizadores podem ver onde é que as suas cidades estavam localizadas há centenas de milhões de anos no super continente Pangeia.
O paleontólogo explica como funciona a sua aplicação: “O meu software geocodifica a localização do utilizador e, em seguida, usa os modelos de Scotese para encontrar a sua cidade no tempo”.
Ao pesquisar um local no mapa, o globo 3D giratório do site vai indicar onde é que esse sítio estava localizado há milhões de anos, mostrando também que espécies de dinossauros viviam nas proximidades da zona.
“O mapa ilustra dados científicos complexos e interessantes, que podem ser usados de forma interativa por professores, ou por qualquer pessoa interessada em história e em ciência”, garante Webster.
O trabalho que desenvolveu tem como objetivo “despertar o fascínio e o respeito dos cientistas que trabalham todos os dias para entender melhor o nosso mundo e o seu passado”, revela, orgulhoso, o paleontólogo americano.
  
in ZAP.pt

sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Notícia sobre a futura Pangeia

Pangeia foi o último supercontinente. Nova Pangeia pode ser o próximo


O nosso planeta já foi a casa de supercontinentes como o Gondwana ou a Pangeia, que se separaram há milhões de anos e formaram os continentes da forma como os conhecemos hoje. No entanto, uma nova investigação sugere que pode voltar a existir um novo supercontinente num futuro distante.
A camada externa da Terra, a crosta sólida sobre a qual andamos, é composta por pedaços quebrados. Cada um desses pedaços – as placas tectónicas – movem-se pelo planeta a velocidades de poucos centímetros por ano.
Esses movimentos lentos fazem com que as placas tectónicas se juntem e se combinem, formando um supercontinente, que permanece junto durante algumas centenas de milhões de anos antes de se voltar a separar. Nesse momento, as placas dispersam-se e afastam-se umas das outras até que se voltam a unir, entre 400 e 600 milhões de anos depois.
O último supercontinente, a Pangeia, formou-se há cerca de 310 milhões de anos e começou a desintegrar-se há cerca de 180 milhões de anos. Agora, uma investigação sugere que o próximo supercontinente irá formar-se daqui a 200 milhões de anos – ou seja, estamos, atualmente, a meio da fase de dispersão do atual ciclo do continente.
Mas a questão que se impõem é: que forma terá este novo supercontinente?
Os especialistas sugerem quatro cenários possíveis para a formação do próximo supercontinente: Nova Pangeia, Pangeia Última, Aurica e Amasia. A forma do próximo supercontinente está dependente e inteiramente ligada à desintegração da Pangeia e da forma como, atualmente, as placas tectónica se movem.
O colapso da Pangeia levou à formação do oceano Atlântico, que ainda hoje continua a expandir-se. Consequentemente, o oceano Pacífico está a ficar cada vez mais estreito.
O Pacífico é o lar de um anel de zonas de subducção ao longo das suas bordas (o “anel de fogo”), onde o solo oceânico é subduzido sob placas continentais. Lá, o antigo leito oceânico é reciclado e pode entrar em plumas vulcânicas.
O Atlântico, em contraste, tem uma grande cadeia oceânica que produz uma nova placa oceânica, mas abriga apenas duas zonas de subducção: o Arco das Pequenas Antilhas, no Caribe, e o Arco Scotia, entre a América do Sul e a Antártida.
 
 
Nova Pangeia
Se assumirmos que as condições atuais vão persistir, isto é, que o Atlântico se vai continuar a expandir e o Pacífico a diminuir, temos um cenário no qual o próximo supercontinente se forma nos antípodas do Pangeia.
Por outras palavras, a América do Sul colidiria com a Antártida e com a Austrália e a América do Norte com a Eurásia, que já estará colada com a África.
Assim, o supercontinente que se formaria seria a Nova Pangeia, que ganhou este nome por ser muito semelhante à Pangeia original.
     
Pangeia Última
No entanto, a expansão do Atlântico pode desacelerar, havendo até a hipótese de o Atlântico começar a fazer o oposto: a retrair-se.
Neste cenário, a América do Norte ligar-se-ia à África, que já estaria junto da Eurásia. Por sua vez, a América do Sul estaria bem próxima da Antártida e existiria um grande oceano no meio do continente. Além disso, este supercontinente seria cercado por um super oceano Pacífico.
  
Aurica
Mas se o Atlântico desenvolver novas zonas de subducção – algo que pode já estar a acontecer – tanto o oceano Pacífico como o próprio Atlântico podem estar condenados a deixar de existir.
Neste cenário, seria aberto um enorme buraco do oeste da Índia até ao Ártico. A Austrália iria para o norte e seria englobada por parte da Ásia, Antártica e Américas. Por fim, a Europa e a Ásia ligar-se-iam ao outro lado do continente americano.

  
Amasia
Esta é a hipótese mais remota, mas existe, dado que muitas placas tectónicas estão a mover-se para norte do planeta graças às anomalias causadas pela Pangeia. Desta forma, todos os continentes se moveriam para o norte, com a exceção da Antártida.

   
Destes quatro cenários, a investigação aponta que o cenário mais provável de acontecer é o da Nova Pangeia, enquanto que os demais só ocorreriam com a influência de uma série de fatores, adianta o The Conversation.

sexta-feira, fevereiro 01, 2019

Há 205 anos uma erupção do vulcão Mayon matou mais de um milhar de pessoas

Fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.

Principais vulcões filipinos
  
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.
  
Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984
  

domingo, abril 08, 2018

Notícia sobre Tectónica de Placas...

África começou a dividir-se em dois continentes


O continente africano vai dividir-se em dois. A Somália, metade da Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e parte de Moçambique irão separar-se para formar um novo continente. Vai acontecer daqui a uns milhões de anos – mas já começou.
As discussões na comunidade científica sobre a forma como o continente africano se está a dividir em dois continentes avivaram-se depois se no dia 19 de março ter aparecido no Quénia uma gigantesca fissura, que rasgou a meio um vale e cortou uma estrada importante da região do Narok, no oeste do país.
A enorme fissura, com vários quilómetros de comprimento, tem cerca de 15 metros de profundidade e mais de 20 de largura, mas não é o primeiro fenómeno deste tipo a manifestar-se no continente africano. Há dezenas ou centenas de pontos fracos ao longo do chamado Grande Vale do Rift, que atravessa o continente desde o Corno de África, na Somália, até Moçambique.
Esta formação, também conhecida como Vale da Grande Fenda, é um complexo de falhas tectônicas criado há cerca de 35 milhões de anos com a separação das placas tectónicas africana e arábica, e estende-se cerca de 5000 km no sentido norte-sul, com largura que varia entre 30 e 100 km e uma profundidade de centenas a milhares de metros.
Segundo o jornal local Daily Nation, o Quénia, atravessado pelo Grande Vale do Rift, está literalmente a partir-se ao meio, e a profunda fissura que se deu a conhecer em março em Narok “é apenas o início“.
A fissura apareceu na zona com menor actividade sísmica do país. Segundo explicou ao jornal catalão La Vanguardia a geóloga Sara Figueras Vila, do Instituto Cartográfico e Geológico da Catalunha, “o último sismo importante nesta região aconteceu em 1928, com uma magnitude de 6.9 na Escala de Richter”.
Desde então, praticamente não houve actividade sísmica na região, assegura a geóloga.
O aparecimento desta fissura sem que tenha ocorrido recentemente nenhum terramoto é um evento inesperado e preocupante. Mas segundo explica ao Daily Nation o geólogo queniano David Adede, o fenómeno poderá ter a ver com actividade tectónica e vulcânica passada na região.
No fundo do vale encontram-se o vulcão Suswa. Nas proximidades, Monte Longonot. Os dosi vulcões poderão ser responsáveis por inúmeras falhas vulcânicas ocultas ao longo do território queniano do Grande Vale do Rift.
“Apesar de esta fissura ter permanecido inactiva no passado recente, do ponto de vista da actividade tectónica, poderá haver movimentos em profundidade que estão a criar pontos frágeis que se estendem até à superfície”, diz Adede.
“Estas zonas frágeis formam linhas de falha e fissuras que normalmente são preenchidas com cinzas vulcânicas. As fortes chuvas que recentemente assolaram a região poderão ter levado as cinzas, ajudando a descobrir a fissura”, explica o geólogo.
Mas o facto de a região assentar em duas placas tectónicas que estão a divergir lentamente em direcções opostas terá consequências inevitáveis.

Inevitavelmente, um novo continente
Dentro de 10 milhões de anos, quatro países do Corno de África – a Somália, metade da Etiópia, o Quénia e a Tanzânia, além de uma parte de Moçambique, irão inexoravelmente separar-se do resto do continente africano e formar um novo continente.
O processo, estimam os geólogos, estará concluído em cerca de 50 milhões de anos: a chamada “placa Somali” ter-se-á tornado por completo um continente novo, separada da sua irmã maior, a “placa Núbia”, por um oceano novo.


Segundo um estudo de 2009, realizado por cientistas da Universidade de Rochester, no Reino Unido, o processo parece ter tido início em 2005, com o aparecimento na Etiópia de uma fissura de mais de 60 quilómetros após a erupção do vulcão Dabbahu. A falha não mais deixou de crescer, e mais de uma dezena de novas falhas apareceram entretanto.
Desde então, a teoria de que África se vai dividir em dois continentes ganhou bastante popularidade na comunidade científica, mas nem todos estão de acordo.
Numa entrevista recente à NTV Kenya, o sismólogo queniano Silas Simiyu sustenta que a fissura de Narok não é uma falha vulcânica, mas apenas resultado das abundantes chuvas que se registaram na região. “As camadas de terra abateram devido às chuvas e encheram os canais subterrâneos de água”, diz o cientista queniano.
Mas Lucia Perez Diaz, do Grupo de Pesquisa da Dinâmica de Falhas da Universidade de Londres, não tem dúvidas. Em termos práticos, as duas placas do continente africano estão a separar-se, diz a geóloga ao The Conversation. E as fissuras recentes que apareceram no leste do Grande Vale do Rift são um exemplo de que isso já está a acontecer.
Após um dramático processo, durante uns 50 milhões de anos, teremos então inevitavelmente algo como a Grande Núbia e o Corno de África. Mal podemos esperar.
 

sexta-feira, outubro 09, 2015

Está a acabar-se o sossego nas praias portuguesas?

Descoberta fractura tectónica em formação perto da costa portuguesa

Nesta imagem, a fractura em formação na margem sudoeste ibérica, ainda incipiente, é representada pelas duas linhas amarelas

Uma equipa internacional liderada por portugueses detectou os primeiros sinais da formação de uma zona de fractura no fundo do Atlântico e propõe uma explicação "infecciosa" para este fenómeno

Após os grandes terramotos de 1755 e 1969 em Portugal, já se suspeitava que algo estivesse a acontecer no fundo do Atlântico, próximo da Península Ibérica. Porém, tudo parecia muito calmo nas margens continentais deste lado do oceano - ao contrário do que acontece, por exemplo, nas margens do Pacífico, onde uma intensa actividade tectónica conduz regularmente a violentos terramotos e erupções vulcânicas.

Mas agora, graças a modernas técnicas de sondagem, João Duarte - actualmente a trabalhar na Universidade de Monash, na Austrália -, colegas daquela universidade e da Universidade de Brest (França), e Pedro Terrinha, Filipe Rosas e António Ribeiro, da Universidade de Lisboa, concluem que afinal essa calma era apenas aparente. Os resultados acabam de ser publicados online na revista Geology.

Através do mapeamento dos fundos atlânticos, estes cientistas descobriram, na margem sudoeste ibérica, as primeiríssimas fases da formação de uma zona de subducção, fenómeno geológico em que uma placa tectónica da Terra mergulha debaixo de outra. Um tal fenómeno de transformação de uma margem tectónica "passiva", onde nada acontece, numa margem onde as placas se deslocam - e que deverá decorrer durante uns 20 milhões de anos -, nunca fora observado até aqui em parte alguma do planeta.

"A técnica de "batimetria multifeixe" deu-nos a morfologia e a forma do fundo do mar com alta resolução e a técnica de "sísmica de reflexão" forneceu-nos perfis da crosta terrestre que nos permitiram mapear as estruturas a três dimensões" do fundo oceânico, disse ao PÚBLICO João Duarte. "Ambas as técnicas se baseiam no princípio do sonar: usam ondas e ecos sonoros para "ver" o fundo do mar e a crosta terrestre." Os dados demoraram anos a serem coligidos: "Mapeámos um conjunto de falhas compressivas interconectadas ao longo de uma extensão de aproximadamente 300 km", acrescenta João Duarte.

A confirmarem-se os resultados, isso significa, antes de mais, que, daqui a uns 220 milhões de anos, o oceano Atlântico poderá vir a desaparecer e as massas continentais da Europa e da América poderão juntar-se num novo supercontinente. Este tipo de "rearranjo" continental já terá acontecido várias vezes ao longo dos mais de quatro mil milhões de anos de história do nosso planeta, com o movimento das placas tectónicas a desmembrar antigos supercontinentes (como a célebre Pangeia, que reunia todos os continentes actuais) e a abrir oceanos entre as várias massas continentais resultantes.

A descoberta também permite elucidar o mistério da formação de margens activas, explica o co-autor Filipe Rosas em comunicado da Universidade de Lisboa. O mistério reside no facto de ser difícil explicar de onde vem a força capaz de romper a crosta oceânica muito resistente das margens passivas, o que é indispensável para dar origem a placas activas.

Uma das hipóteses que foram propostas, já nos anos 1980, em particular pelo geólogo António Ribeiro, co-autor dos actuais resultados, era que, dado que seria mais fácil propagar uma rotura do que a formar de raiz, as novas zonas de subducção se criariam por propagação, por migração - por "infecção" - de zonas de subducção existentes noutros locais. É precisamente esta hipótese que a descoberta vem corroborar.

"A ideia nasceu em terra, quando encontrámos falhas que indicavam que havia coisas a acontecer no fundo do mar", disse-nos por seu lado António Ribeiro. "Algumas das falhas que mapeámos (como a falha Marquês de Pombal) já eram conhecidas", frisa João Duarte, "mas o novo mapa que agora apresentamos permite perceber como elas podem estar a funcionar em conjunto."

No caso da margem sudoeste ibérica, esta nova zona de subducção estaria a propagar-se a partir do Mediterrâneo ocidental. "Existe uma outra zona de subducção, por debaixo de Gibraltar, que faz parte de um sistema de subducções que causaram o fecho do Mediterrâneo (que ainda está a fechar-se, devido à colisão da África com a Eurásia, que formou montanhas como os Alpes)", explica-nos ainda João Duarte. "Em Gibraltar, a subducção está "entalada" entre África e a Península Ibérica, mas ela pode ainda gerar forças na margem oeste portuguesa."

O facto de uma zona de subducção estar a formar-se ao largo de Portugal também tem implicações mais imediatas, concretamente em termos da actividade sísmica futura na região envolvente, que inclui países como Portugal. A confirmação conduziria necessariamente, salienta-se no comunicado, "a uma revisão "em alta" da perigosidade sísmica regional (...), tornando ainda mais urgente uma resposta condizente dos governos em causa na adopção das respectivas medidas de prevenção."

in Público - ler notícia

sábado, fevereiro 01, 2014

Há dois séculos uma erupção do vulcão Mayon matou mais de um milhar de pessoas

Uma velha fotografia das ruínas de Cagsawa com os restos da igreja ainda em pé, destruída em durante a erupção de 1814

O vulcão Mayon é um vulcão nas Filipinas, situado na província de Albay (Bicol). O seu cume com a forma de um cone quase perfeito é considerado como sendo ainda mais belo do que o Monte Fuji, no Japão. Alguns quilómetros a sul do vulcão situa-se a cidade de Legazpi.
O Mayon é classificado por vulcanólogos como um estratovulcão (vulcão composto). O seu cone simétrico foi formado alternadamente por fluxos piroclásticos e escoadas de lava. É o vulcão mais ativo do país, tendo entrado em erupção pelo menos 50 vezes nos últimos 400 anos.
A erupção mais destrutiva do Mayon, alvo de relatos ou registos, ocorreu a 1 de fevereiro de 1814, tendo os fluxos de lava enterrado na cidade de Cagsawa e cerca de 1200 pessoas pereceram, tendo apenas resistido o campanário da igreja.

Principais vulcões filipinos
Situa-se entre a Placa Euroasiática e a Placa Filipina, numa fronteira com potencial altamente destrutivo, pois a placa continental, ao ser empurrada por uma placa oceânica, esta última, que é mais densa, é obrigada a descer, o que provoca a formação de magma no plano de Benioff assim gerado.
A sua última erupção foi em 2009.

Fluxos piroclásticos descem através das encostas do vulcão, em 1984

quarta-feira, junho 19, 2013

Mais uma notícia sobre a possível zona de subducção ao largo da costa oeste portuguesa

Descoberta fratura tectónica ao largo da costa
por Filomena Naves - 18.06.2013

Fratura descoberta no fundo oceânico mostra que a zona de fronteira entre o oceano e o continente está a ficar activa.

Até agora era uma suspeita de geólogos portugueses, mas um grupo internacional de investigadores, cujo principal autor foi justamente um português, João Duarte, nesta altura a trabalhar na universidade australiana de Monash, acaba de observar os primeiros sinais de que uma zona de subducção está a formar-se ao largo da costa ocidental de Portugal. No final de contas, essa poderá ser a explicação para a particular violência do sismo que em 1755 arrasou Lisboa.

De forma simples, o que parece estar a acontecer é que, no fundo do Atlântico, ao largo da costa portuguesa, o ponto de contacto (que os geólogos designam como margem), entre o oceano e o continente está a tornar-se activo. E isso significa que está ali a iniciar-se uma nova zona de subdução, em que que a litosfera oceânica mergulha sob a litosfera continental - a litosfera é constituída pela crosta terrestre e a parte superficial do manto terrestre.

Para chegar a esta conclusão, a equipa, que incluiu os portugueses Filipe Rosas, Pedro Terrinha e António Ribeiro, da Universidade de Lisboa, além de investigadores franceses e australianos, fez mapeamento do fundo oceânico naquela zona. E o que verificou foi que uma fractura está ali em formação. O estudo foi publicado este mês na revista Geology.

"O que detetámos foi o início de uma margem ativa que parece ser uma zona de subducção embrionária", afirmou João Duarte, citado num comunicado da Universidade de Monash.

A ideia de que uma zona de subdução poderia estar a nascer ao largo da costa ocidental da Península Ibérica foi publicada pela primeira vez em 1986 pelos geólogos portugueses António Ribeiro e João Cabral. Para ambos essa era a explicação lógica para a ocorrência de um sismo tão violento como o de 1755 nesta região.

Os dados do estudo agora publicado indicam que os dois geólogos portugueses estavam certos, como nota o principal autor, João Duarte: "Actividade sísmica significativa, incluindo o sismo de 1755 que devastou Lisboa, indicavam que poderia haver movimento tectónico convergente na região. Pela primeira vez, conseguimos encontrar provas de que é esse o caso e de que há um mecanismo na sua base".

Segundo os investigadores, esta zona de subducção incipiente poderá indicar que uma nova fase da vida geológica da Terra pode estar a iniciar-se, neste caso com o fechamento do Atlântico e o retorno à junção dos continentes. O processo ainda vai durar mais 220 milhões de anos, mas também fica claro que sismos como o de 1755 vão voltar a acontecer por cá.

in DN - ler notícia

terça-feira, junho 18, 2013

Começou a subdução ao largo da costa portuguesa?!?

Cientistas descobriram fractura tectónica em formação ao largo da costa portuguesa
Ana Gerschenfeld
18.06.2013

Após os grandes terramotos de 1755 e 1969 em Portugal, já se suspeitava que algo estivesse a acontecer no fundo do Atlântico, próximo da Península Ibérica. Agora, cientistas portugueses, australianos e franceses afirmam ter descoberto os primeiros indícios desse fenómeno.

Um "embrião" de placa tectónica foi detectado a sudoeste de Portugal

A descoberta de uma zona de subducção nas suas primeiríssimas fases de formação, ao largo da costa de Portugal, acaba de ser anunciada por um grupo internacional de cientistas liderados por João Duarte, geólogo português a trabalhar na Universidade de Monash, na Austrália.
A confirmar-se que o fenómeno, em que uma placa tectónica da Terra mergulha debaixo de outra, está mesmo a começar a acontecer, como concluem estes cientistas num artigo publicado online pela revista Geology, isso significa que, daqui a uns 200 milhões de anos, o Oceano Atlântico poderá vir a desaparecer e as massas continentais de Europa e América a juntar-se num novo supercontinente.
João Duarte e a sua equipa de Monash, juntamente com Filipe Rosas, Pedro Terrinha e António Ribeiro, da Universidade de Lisboa e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera – e ainda Marc-André Gutcher, da Universidade de Brest (França) – detectaram os primeiros indícios de que a margem Sudoeste Ibérica – uma margem “passiva” do Atlântico, isto é, onde aparentemente nada acontecia –, está na realidade a tornar-se activa, explica em comunicado aquela universidade australiana. A formação da fractura foi detectada através do mapeamento pelos cientistas, ao longo de oito anos, do fundo do oceano nessa zona.
“Detectámos os primórdios da formação de uma margem activa – que é como uma zona de subducção embrionária”, diz João Duarte, citado no mesmo comunicado.
E o investigador salienta que a actividade sísmica significativa patente naquela zona, incluindo o terramoto de 1755 que devastou Lisboa, já fazia pensar que estivesse a produzir-se aí uma convergência tectónica.
A existência desta zona de subducção incipiente ao largo de Portugal poderá indiciar que a geografia dos actuais continentes irá evoluir, ao longo dos próximos 220 milhões de anos, com a Península Ibérica a ser empurrada em direcção aos Estados Unidos. Este tipo de fenómeno já terá acontecido três vezes ao longo de mais de quatro mil milhões de anos de história do nosso planeta, com o movimento das placas tectónicas a partir antigos supercontinentes (como o célebre Pangeia, que reunia todos os continentes actuais) e a abrir oceanos entre as várias massas continentais resultantes.
O processo de formação da nova zona de subducção deverá demorar cerca de 20 milhões de anos, fornecendo aos cientistas uma “oportunidade única” de observar o fenómeno de activação tectónica.
  
in Público - ler notícia

ADENDA: esta hipótese (início de subducção ao largo da costa portuguesa) já tinha sido avançada, há muitos anos, por António Ribeiro; diz-nos um leitor atento que falta salientar o papel de Filipe Rosas, Pedro Terrinha e do filho do geógrafo Orlando Ribeiro (António Ribeiro) no paper publicado na Geology.

domingo, maio 26, 2013

Um sismo profundo (o mais forte do ano), na zona de subducção das Curilhas, ocorreu esta madrugada

Localização do epicentro - fonte USGS

Recebido via e-mail do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera):

No dia 24 de maio de 2013, pelas 05.44 UTC (06.44 horas em Portugal Continental), ocorreu um sismo de grande magnitude (8.3MW) na zona do Mar de Okhotsk, perto das ilhas Curilhas, com uma profundidade focal de cerca de 600 km. Este sismo é o de maior magnitude registado em 2013.

De acordo com o mecanismo focal já calculado pelo USGS, o sismo terá tido origem numa falha normal, a grande profundidade, consequência do movimento de subducção da placa do pacífico sob a placa norte-americana, que neste zona do globo convergem na direção Este-Sudeste - Oeste-Noroeste.

Este sismo foi detectado nas estações da rede sísmica nacional, tendo as primeiras ondas sido registadas às 06:56:08 (hora local) na estação sísmica de Bragança.

Aqui ficam exemplos de registos nas estações de Lamas de Olo, Casmilo/Condeixa, Montargil, Mafra, Vaqueiros, Porto Moniz (Madeira), Porto Santo e Rosais (S.Jorge, Açores):

(clicar para aumentar)

sexta-feira, agosto 17, 2012

Há 13 anos um sismo matou milhares de turcos

1999 İzmit earthquake map.svg
Izmit eart3.jpg
O sismo de İzmit de 1999, também chamado sismo de Kocaeli ou sismo de Gölcük, foi um sismo de magnitude 7,6 ou 7,5 que atingiu o noroeste da Turquia a 17 de agosto de 1999 às 03.02 horas locais. O evento durou 37 segundos, provocou a morte de cerca de 17 000 pessoas (dados oficiais) e deixou cerca de meio milhão de pessoas sem casa. Fontes não oficiais referem um número de vítimas muito superior — 35 ou 45 mil mortos e um número semelhante de feridos. A cidade de İzmit ficou severamente danificada, mas também houve estragos significativos em Istambul, onde se registaram cerca de mil mortos.

Estragos
A estimativa oficial publicada em 19 de outubro de 1999 menciona 17.127 mortos e 43.959 feridos. Os relatórios de setembro de 1999 mostravam que 120 000 casas de construção deficiente tinham sido destruídas a ponto de não serem recuperáveis, 54 000 tinha ficado severamente danificadas, 2 000 colapsaram. Cerca de 600.000 pessoas ficaram sem casa em consequência do terramoto.
Segundo estimativas de 2000 do Observatório de Sismos de Kandilli da Universidade do Bósforo, os danos materiais causados pelo terramoto ascenderam a 16 mil milhões de dólares, muito acima das estimativas oficiais divulgadas um mês depois da tragédia, que apontavam para valores entre 3 e 6,5 mil milhões de dólares.
O terramoto afetou gravemente a área urbana e industrializada com grande densidade populacional de İzmit, provocando estragos em refinarias e fábricas de automóveis, além do quartel-general e arsenal da Marinha da Turquia em Gölcük, o que fez aumentar a gravidade das perdas em vidas e propriedades. Numa refinaria da TÜPRAS (Türkiye Petrol Rafinerileri), o terramoto provocou um incêndio de grandes proporções devido ao colapso de uma torre. A refinaria tinha 700 000 toneladas de petróleo armazenada e forma precisos vários dias para controlar o incêndio. O terramoto também provocou danos consideráveis em Istambul, distante cerca de 70 km do epicentro.
O soldados turcos foram autorizados a ter 45 dias de licença para ajudarem no resgate dos seus familiares. Os corpos forma rapidamente enterrados em valas comuns para evitar o risco de doenças.

Mapa da Placa da Anatólia e as suas principais falhas geológicas

Geologia
O terramoto de İzmit teve um comprimento de rutura de 150 km, estendendo-se desde a cidade de Düzce até ao Mar de Mármara, ao longo do Golfo de İzmit. Os deslocamentos ao longo da rutura chegaram aos 5,7 metros. O sismo provocou um tsunami no mar de Mármara com três metros de altura.
O sismo ocorreu no troço ocidental da Falha Setentrional da Anatólia (NAFZ). A placa da Anatólia, onde se encontra quase todo o território da Turquia, está a ser empurrada para oeste à velocidade de 2 a 2,5 cm por ano, sendo comprimida entre a placa eurasiática a norte e as placas africana e arábica a sul. Os maiores sismos na Turquia são originados na NAFZ ou na Falha Oriental da Anatólia.
A destruição em Istambul deu-se principalmente no distrito de Avcılar, situado na linha de falha que se estende ao longo do Mar de Mármara. Avcılar assenta sobre solos de composição marinha, o que torna a área especialmente vulnerável a sismos.
Passados poucos meses (em 12 de novembro de 1999) ocorreu novo sismo na NAFZ, com epicentro em Düzce, a cerca de 100 km de distância do epicentro deste sismo, com magnitude similar (7,2) e 894 mortos.