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sexta-feira, julho 28, 2023

Notícia interessante sobre tectónica e sismologia portuguesas...

Placas tectónicas a “escamar” podem explicar mistério de terramotos em Portugal

 

Epicentro do terramoto de 1969

 

Investigadores suspeitam que o “descasque” de uma placa tectónica possa ter estado na origem dos terramotos de 1755 e 1969 que fustigaram Lisboa.

Sempre que um terramoto de magnitudes mais significativas acontece (como o que fustigou a Turquia e a Síria, no início de fevereiro), a possibilidade de um evento semelhante acontecer em Portugal é abordada pelos meios de comunicação.

Os especialistas são unânimes nos contributos, devido à sua localização, o país (sobretudo a zona sul) está particularmente exposto a um sismo de grandes dimensões. Já aconteceu no passado, não há motivo para acreditar que não se vai repetir.

Os especialistas têm estado atentos, pelo que já notaram um fenómeno estranho que está a acontecer ao largo da costa portuguesa, mas nas profundezas do oceano Atlântico. Uma placa tectónica está a descascar, criando uma nova “zona de subducção” que um dia pode vir a tornar-se um foco de atividade sísmica e vulcânica.

A descoberta representa a primeira do seu tipo, pelo menos nesta fase de “descasque”, e está a ser apontada como causa provável para o terramoto de 1755 e para outro de dimensões mais pequenas que se registou em 1969.

Apesar das condições favoráveis, os cientistas nunca conseguiram designar uma causa clara para os dois eventos, lembra João Duarte, geólogo da Universidade de Lisboa, citado pela NBC News.

A crosta terrestre é constituída por várias placas tectónicas, ou seja, placas rochosas de forma irregular que chocam, sobem ou deslizam umas por baixo das outras à medida que se movimentam lenta mas continuamente.

Os sismos, assim como as erupções vulcânicas, tendem a agrupar-se nas zonas de subducção, as quais ocorrem ao longo dos limites entre as placas quando uma é empurrada para baixo de outra.

O terramoto de Lisboa, sentido a 1 de novembro de 1755, atingiu grande parte da cidade, provocou um tsunami e causou até 100.000 mortes.

Na altura, os sismógrafos não existiam, mas os cientistas estimam que foi um sismo de magnitude 8,5 a 8,7. Mais de dois séculos depois, a 28 de fevereiro de 1969, um terramoto de magnitude 7,8 atingiu a mesma área.

Para compreender o que poderia ter estado na origem dos sismos, João Duarte e os seus colegas analisaram dados sísmicos recolhidos em 2007 e 2008 a partir de ferramentas colocados no fundo do mar, os quais foram cruzados com dados de outros dois estudos.

Essas pesquisas detetaram uma estranha região densa a 240 quilómetros abaixo do epicentro do sismo de 1969.

O investigador vê nos dados a prova de que é a prova de que a água do mar está lentamente a infiltrar-se na placa tectónica através de uma série de fissuras, enfraquecendo a sua estrutura geral e fazendo com que a parte inferior da placa se afaste do topo.

O processo pode ter começado há cerca de 10 milhões de anos, apontou, acrescentando que a modelagem por computador confirmou o processo como uma possibilidade provável.

“Por vezes, penso no fenómeno como uma zona de subducção embrionária“, disse Duarte. “Ainda não está totalmente madura, mas as condições estão todas lá”.

 

in ZAP

domingo, novembro 01, 2020

O Terramoto que arrasou Lisboa foi há 265 anos

Sismo de Lisboa de 1755
Localização provável do epicentro do terramoto de 1755
Epicentro Região do Banco de Gorringe
36° N 11° O
Magnitude 8,5 - 9,5 (est.) MW
Data 1 de novembro de 1755
Vítimas
as estimativas variam entre os 10.000 e os 90.000 mortos em Lisboa

 

O Sismo de 1755, também conhecido por Terramoto de 1755, ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um tsunami, que se crê tenha atingido a altura de 20 metros, e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais). Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os sismólogos estimam que o sismo de 1755 atingiu magnitudes entre 8,7 a 9,0 na escala de Richter.
O terramoto de Lisboa teve um enorme impacto político e socioeconómico na sociedade portuguesa do século XVIII, dando origem aos primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa área alargada, marcando assim o nascimento da sismologia moderna. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da teodiceia e da filosofia do sublime.

terça-feira, maio 07, 2019

Notícia sobre sismos e subdução em Portugal

(imagem daqui)

Investigadores acreditam ter descoberto fonte de sismos violentos ao largo da costa portuguesa 
Risco sísmico ao largo da costa portuguesa vem de uma zona chamada Planície Abissal da Ferradura.

A procura pela resolução do enigma da fonte do terramoto de 1755 levou um investigador português a confirmar uma anomalia na crosta terrestre ao largo da costa portuguesa que pode explicar por que ocorrem sismos violentos numa zona aparentemente calma. João Duarte, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que, a confirmar-se, a descoberta muda a perceção sobre o risco sísmico ao largo da costa portuguesa, que vem de uma zona chamada Planície Abissal da Ferradura, situada a 250 quilómetros a sudoeste do cabo de São Vicente.
"É o local de início de um processo de subducção, em que uma placa cai por baixo ou se descasca", conhecida nas margens do Oceano Pacífico e em zonas de grande atividade sísmica, como o Japão, disse o investigador do Departamento de Geologia à agência Lusa. A investigação, divulgada hoje pela revista National Geographic e ainda por publicar como estudo num boletim científico, começou por querer "localizar a fonte do sismo de 1755, que sempre foi um enigma, porque há 250 anos não havia registos". O sismo de 1969 já foi registado por sismógrafos, ocorreu numa zona plana do fundo do mar, longe da falha tectónica, a zona instável onde se unem as placas rochosas da crosta terrestre, que fica no meio do Oceano Atlântico. Com a investigadora Chiara Chiviero, também da Universidade de Lisboa, foram compilados todos os registos sismográficos para a zona da anomalia, incluindo dados recolhidos no fundo do oceano durante 11 meses em 2007, e com o investigador Nicolas Riehl, da Universidade de Mainz, na Alemanha, foi criado um modelo computorizado que confirma a hipótese de subducção. "Não é possível dizer que vai haver mais sismos porque este é um processo absolutamente lento, demora 10 a 20 milhões de anos", afirmou João Duarte, defendendo que com esta hipótese se percebe melhor como é que uma zona aparentemente calma do leito oceânico é capaz de gerar sismos tão fortes como o de 1755, que devastou Lisboa e parte da costa. João Duarte frisou que a descoberta, só por si, nada tem a ver com a capacidade de prever sismos de grande dimensão, que são irregulares e cuja ciclicidade é apenas estatística. A regularidade dos sismos é "um mito urbano", considerou. Considera-se atualmente que um sismo na costa portuguesa na ordem dos 8,5 a 9 graus na escala de Richter, como o de 1755, se repete "entre mil a dois mil anos", mas este número pode não significar nada se os sismos de grande dimensão se sucederem em períodos mais curtos de tempo, como é comum, "não se sabe bem porquê". Além disso, um sismo de magnitude 6, estatisticamente mais frequente, mais perto da costa ou debaixo de uma cidade pode ter efeitos ainda devastadores, indicou. A anomalia da planície da Ferradura pode, ao longo do tempo, vir a significar uma mudança de rumo da deriva dos continentes do planeta, que ciclicamente se afastam e aproximam, criando e fazendo desaparecer oceanos e formando um continente único conhecido como Pangeia, o que se estima já ter acontecido três vezes. Europa e América têm vindo a afastar-se, mas o início de um processo de subducção indica que a placa oceânica se está a afundar sob a placa continental, o que ao longo de milhões de anos poderá significar que os continentes se estão novamente a aproximar, eventualmente fazendo desaparecer o oceano Atlântico.

in CM - ler notícia

quinta-feira, novembro 01, 2018

O Sismo de 1755, que destruiu a cidade de Lisboa, foi há 263 anos

Gravura em cobre de 1755 mostrando Lisboa em chamas e o tsunami varrendo o porto
  
O Sismo de 1755, também conhecido por Terramoto de 1755, ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve. O sismo foi seguido de um maremoto - que se crê tenha atingido a altura de 20 metros - e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais). Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os geólogos modernos estimam que o sismo de 1755 atingiu a magnitude 9,0 na escala de Richter.
O terramoto de Lisboa teve um enorme impacto político e sócio-económico na sociedade portuguesa do século XVIII, dando origem aos primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa área alargada, marcando assim o nascimento da moderna sismologia. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da teodiceia e da filosofia do sublime.
  

domingo, novembro 01, 2015

Há 260 anos um sismo enorme abalou Portugal

Sismo de Lisboa de 1755
Localização provável do epicentro do terramoto de 1755
Epicentro Região do Banco de Gorringe
36° N 11° O
Magnitude 8,5 - 9,5 (est.) MW
Data 1 de novembro de 1755
Vítimas
as estimativas variam entre os 10.000 e os 90.000 mortos em Lisboa
 
O Sismo de 1755, também conhecido por Terramoto de 1755, ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um tsunami, que se crê tenha atingido a altura de 20 metros, e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais). Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os sismólogos estimam que o sismo de 1755 atingiu magnitudes entre 8,7 a 9,0 na escala de Richter.
O terramoto de Lisboa teve um enorme impacto político e socioeconómico na sociedade portuguesa do século XVIII, dando origem aos primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa área alargada, marcando assim o nascimento da sismologia moderna. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da teodiceia e da filosofia do sublime.

sexta-feira, outubro 09, 2015

Está a acabar-se o sossego nas praias portuguesas?

Descoberta fractura tectónica em formação perto da costa portuguesa

Nesta imagem, a fractura em formação na margem sudoeste ibérica, ainda incipiente, é representada pelas duas linhas amarelas

Uma equipa internacional liderada por portugueses detectou os primeiros sinais da formação de uma zona de fractura no fundo do Atlântico e propõe uma explicação "infecciosa" para este fenómeno

Após os grandes terramotos de 1755 e 1969 em Portugal, já se suspeitava que algo estivesse a acontecer no fundo do Atlântico, próximo da Península Ibérica. Porém, tudo parecia muito calmo nas margens continentais deste lado do oceano - ao contrário do que acontece, por exemplo, nas margens do Pacífico, onde uma intensa actividade tectónica conduz regularmente a violentos terramotos e erupções vulcânicas.

Mas agora, graças a modernas técnicas de sondagem, João Duarte - actualmente a trabalhar na Universidade de Monash, na Austrália -, colegas daquela universidade e da Universidade de Brest (França), e Pedro Terrinha, Filipe Rosas e António Ribeiro, da Universidade de Lisboa, concluem que afinal essa calma era apenas aparente. Os resultados acabam de ser publicados online na revista Geology.

Através do mapeamento dos fundos atlânticos, estes cientistas descobriram, na margem sudoeste ibérica, as primeiríssimas fases da formação de uma zona de subducção, fenómeno geológico em que uma placa tectónica da Terra mergulha debaixo de outra. Um tal fenómeno de transformação de uma margem tectónica "passiva", onde nada acontece, numa margem onde as placas se deslocam - e que deverá decorrer durante uns 20 milhões de anos -, nunca fora observado até aqui em parte alguma do planeta.

"A técnica de "batimetria multifeixe" deu-nos a morfologia e a forma do fundo do mar com alta resolução e a técnica de "sísmica de reflexão" forneceu-nos perfis da crosta terrestre que nos permitiram mapear as estruturas a três dimensões" do fundo oceânico, disse ao PÚBLICO João Duarte. "Ambas as técnicas se baseiam no princípio do sonar: usam ondas e ecos sonoros para "ver" o fundo do mar e a crosta terrestre." Os dados demoraram anos a serem coligidos: "Mapeámos um conjunto de falhas compressivas interconectadas ao longo de uma extensão de aproximadamente 300 km", acrescenta João Duarte.

A confirmarem-se os resultados, isso significa, antes de mais, que, daqui a uns 220 milhões de anos, o oceano Atlântico poderá vir a desaparecer e as massas continentais da Europa e da América poderão juntar-se num novo supercontinente. Este tipo de "rearranjo" continental já terá acontecido várias vezes ao longo dos mais de quatro mil milhões de anos de história do nosso planeta, com o movimento das placas tectónicas a desmembrar antigos supercontinentes (como a célebre Pangeia, que reunia todos os continentes actuais) e a abrir oceanos entre as várias massas continentais resultantes.

A descoberta também permite elucidar o mistério da formação de margens activas, explica o co-autor Filipe Rosas em comunicado da Universidade de Lisboa. O mistério reside no facto de ser difícil explicar de onde vem a força capaz de romper a crosta oceânica muito resistente das margens passivas, o que é indispensável para dar origem a placas activas.

Uma das hipóteses que foram propostas, já nos anos 1980, em particular pelo geólogo António Ribeiro, co-autor dos actuais resultados, era que, dado que seria mais fácil propagar uma rotura do que a formar de raiz, as novas zonas de subducção se criariam por propagação, por migração - por "infecção" - de zonas de subducção existentes noutros locais. É precisamente esta hipótese que a descoberta vem corroborar.

"A ideia nasceu em terra, quando encontrámos falhas que indicavam que havia coisas a acontecer no fundo do mar", disse-nos por seu lado António Ribeiro. "Algumas das falhas que mapeámos (como a falha Marquês de Pombal) já eram conhecidas", frisa João Duarte, "mas o novo mapa que agora apresentamos permite perceber como elas podem estar a funcionar em conjunto."

No caso da margem sudoeste ibérica, esta nova zona de subducção estaria a propagar-se a partir do Mediterrâneo ocidental. "Existe uma outra zona de subducção, por debaixo de Gibraltar, que faz parte de um sistema de subducções que causaram o fecho do Mediterrâneo (que ainda está a fechar-se, devido à colisão da África com a Eurásia, que formou montanhas como os Alpes)", explica-nos ainda João Duarte. "Em Gibraltar, a subducção está "entalada" entre África e a Península Ibérica, mas ela pode ainda gerar forças na margem oeste portuguesa."

O facto de uma zona de subducção estar a formar-se ao largo de Portugal também tem implicações mais imediatas, concretamente em termos da actividade sísmica futura na região envolvente, que inclui países como Portugal. A confirmação conduziria necessariamente, salienta-se no comunicado, "a uma revisão "em alta" da perigosidade sísmica regional (...), tornando ainda mais urgente uma resposta condizente dos governos em causa na adopção das respectivas medidas de prevenção."

in Público - ler notícia