Nascido em
Lisboa, foi o segundo filho de
João Lopes Soares, sacerdote e pedagogo, ministro na
I República e combatente do
Salazarismo, e de Elisa Nobre Baptista. Co-fundador do
Partido Socialista de
Portugal, a
19 de Abril de
1973, Mário Soares foi um dos mais famosos resistentes ao
Estado Novo, pelo que foi preso doze vezes (num total de cerca de três anos de cadeia) e deportado sem julgamento para a
ilha de São Tomé, em
1968, até se exilar em
França, em
1970.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na
Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, em
1951, e em
Direito, na
Faculdade de Direito da mesma universidade, em
1957. Foi nos tempos de estudante que, com apoio do pai, iniciou o seu percurso político — pertenceu ao MUNAF -
Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista, em Maio de
1943, integrou a Comissão Central do MUD -
Movimento de Unidade Democrática, sob a presidência de
Mário de Azevedo Gomes, em
1946, foi fundador o MUD Juvenil e membro da primeira Comissão Central, no mesmo ano. Em
1949 foi secretário da Comissão Central da candidatura do General
Norton de Matos à Presidência da República, em
1955 integrou o
Directório Democrático-Social, dirigido por
António Sérgio,
Jaime Cortesão e
Azevedo Gomes e, em
1958, pertenceu à comissão da candidatura do General
Humberto Delgado à
Presidência da República.
Foi professor do Ensino Secundário Particular e chegou a dirigir o
Colégio Moderno,
propriedade da família. Como advogado defensor de presos políticos,
participou em numerosos julgamentos, realizados no Tribunal Plenário e
no Tribunal Militar Especial. Representou a família de
Humberto Delgado na investigação do seu alegado assassinato. Ainda na década de
1950 foi membro da
Resistência Republicana e Socialista, foi redactor e signatário do Programa para a Democratização da República em
1961, candidato a deputado pela Oposição Democrática, em
1965, e pela
CEUD, em
1969.
Aquando do seu exílio em
França, em
1970, foi
chargé de cours nas universidades de Paris VIII (
Vincennes) e Paris IV (
Sorbonne), e igualmente professor associado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha, em
Rennes, que lhe atribuiu o grau de Doutor
Honoris Causa.
Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Maio de
1974 a Março de
1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
- Deputado ao Parlamento Europeu entre 1999 e 2004. Foi candidato a presidente do parlamento, mas perdeu a eleição para Nicole Fontaine, a quem não teve problema em chamar «dona de casa» (no sentido pejorativo do termo).
Foi, em
2005, aos oitenta anos, o segundo candidato - após
Jerónimo de Sousa pelo
PCP - a assumir a candidatura à Presidência da República (o que seria um inédito terceiro mandato) após algumas crispações no
PS, principalmente com o seu amigo de longa data
Manuel Alegre. Na eleição, a
22 de Fevereiro de
2006, obteve apenas o terceiro lugar, com 14% dos votos.
Em
2007 foi nomeado presidente da Comissão de Liberdade Religiosa. Preside ao Júri do Prémio Félix Houphouët-Boigny, da
UNESCO, desde
2010, e ao Comité Promotor do Contrato Mundial da Água, desde Janeiro de
1998. É patrono do International Ocean Institute, desde
2009.
Publicou os livros
Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga (
1950),
A Justificação Jurídica da Restauração e a Teoria da Origem Popular do Poder (
1956),
Escritos Políticos (
1959),
Le Portugal Baillonné (
1973),
Portugal Amordaçado (
1974),
Entre Militantes PS (
1975),
Escritos do Exílio (
1975),
Portugal's Sttrugle for Liberty,
A Europa Connosco (
1976),
Crise e Clarificação (
1977),
O Futuro Será o Socialismo Democrático (
1979), entre outros.