Mostrar mensagens com a etiqueta De Rerum Natura. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta De Rerum Natura. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, julho 09, 2009

A Ministra da Educação e o facilitismo

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, da pedagoga Helena Damião:

A propósito da publicação dos primeiros resultados dos exames nacionais do Ensino Secundário li hoje coisas extraordinárias que, a esta hora, já devem ser do conhecimento dos leitores.

Uma delas foi o facto de, quando confrontada com as baixas classificações obtidas num dos exames, a Senhora Ministra da Educação ter percebido o que muita gente minimamente atenta ao estado da educação, com destaque para os professores, tem vindo a sugerir: os alunos demonstram progressivamente “menos investimento, menos trabalho e menos estudo”.

É evidente que tal afirmação e tal conjectura são impossíveis de provar de modo inequívoco, pois os exames não têm mantido grande estabilidade de ano para ano, tanto em termos de estrutura como de grau de dificuldade. Porém, ao levantarem uma forte suspeita de existência de um problema, seria razoável que a responsável máxima pela educação nacional dissesse ou pensasse algo do género: “é preciso percebermos o significado deste abaixamento do rendimento escolar. De onde é que ele decorre? Quais são as suas consequências? O que poderemos fazer para o superar?”.

Provavelmente ficaríamos um pouco admirados, pois já nos habituámos a que a Senhora Ministra nos diga estar tudo a correr na perfeição, mas creio que aceitaríamos que, por fim, partilhasse um sentimento aparentemente transversal na nossa sociedade.

Não foi isso, no entanto, que sucedeu. O que sucedeu foi ainda mais extraordinário: a Senhora Ministra afirmou que a responsabilidade pelo abaixamento de resultados académicos dos alunos é da… comunicação social. E porquê? Porque tem dado a ideia de que os exames são fáceis!

É claro que não se esperava que a Senhora Ministra imputasse esta responsabilidade ao seu próprio Ministério, e bem podia tê-lo feito, pois os currículos e os programas têm a sua chancela, os exames e as respectivas grelhas de correcção são construídos lá, isto para não falar das sinuosidades da formação de professores, da impraticabilidade do modelo de avaliação do desempenho docente, do muito polémico estatuto do aluno, da caixa de Pandora que é as "Novas Oportunidades".

Mas sempre podia ter imputado a responsabilidade aos professores (já é comum, ninguém estranharia, a menos que neste momento não seja conveniente); aos pais e encarregados de educação (por eventualmente não cuidarem que seus educandos estudem, mas talvez isso quebrasse a paz instalada); ou aos próprios alunos (pois são eles, afinal, que, como se diz, "constroem a sua própria aprendizagem")…

Não: a Senhora Ministra responsabilizou quem menos se esperava: os jornalistas, que vão dando conta do que acontece, daquilo que as pessoas fazem e dizem. Para mim é impensável a medida que, adoptando uma lógica básica, ela pode querer tomar para que os alunos voltem a ter sucesso...

Ainda mais extraordinário foi o eco ampliado que as palavras da Senhora Ministra tiveram nas de um Secretário de Estado da Educação, que, além desses responsáveis, encontrou outros, a saber: comentadores, partidos, pessoas com encargos políticos e, pasme-se, a Sociedade Portuguesa de Matemática, que tem efectuado um trabalho muito meritório de observação sistemática e atempada dos exames e das condições em que eles decorrem.

Nas palavras da Senhora Ministra e do Senhor Secretário de Estado são estes e não outros os grandes culpados das classificações que os nossos estudantes obtêm. Pois estão, certamente, todos concertados, numa "campanha de facilitismo", "preconceituosa", reveladora de "ignorância", induzindo os alunos e as suas famílias em erro quanto à facilidade dos exames. São estes e não outros os que promovem “um desincentivo ao estudo e ao trabalho”...

quinta-feira, julho 02, 2009

Prisão de Coimbra acolhe Exposição de Astronomia


Informação recebida da organização do Ano Internacional da Astronomia, via Blog De Rerum Natura:

O Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC) acolhe "Da Terra ao Universo" ("From Earth To The Universe" - FETTU), uma exposição fora de comum, que apresenta alguns dos mais belos elementos do nosso Universo.

Encontro invulgar com a ciência promovido pelo Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), "Da Terra ao Universo" não tem lugar marcado. Com o apoio das câmaras municipais e de diversas instituições, mostra, durante todo o ano, de Norte a Sul de Portugal (nas paragens de autocarros, nos jardins, museus, centros comerciais, nas estações de metro, nos parques públicos e desde Maio nas prisões), a estonteante beleza do Universo.

O conjunto de 10 imagens astronómicas de grandes dimensões que compõe a exposição dá a conhecer, entre outros, a Nebulosa da Cabeça de Cavalo, a Galáxia Whirlpool, o relevo da Lua, as protuberâncias solares e o remanescente de Supernova da Vela.

O projecto "From Earth To The Universe" (FETTU) foi apresentado na sede da UNESCO em Paris, em Janeiro passado. Perto de 50 países estão neste momento envolvidos na exposição que pretende, de uma maneira inesperada mas, contudo, acessível, fazer chegar a astronomia ao público em geral.

O Ano Internacional de Astronomia desafiou por outro lado todos os amadores de fotografia a sair para a rua e a "imortalizar" a presença inédita dessas imagens astronómicas no quotidiano das nossas cidades. As mais belas fotografias do certame estão publicadas online (aqui).

O AIA 2009 é coordenado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Agência Nacional Ciência Viva, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e da Fundação Calouste Gulbenkian.

domingo, junho 07, 2009

Falta de recursos ameaça testemunhos da História da Terra


Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (na foto Museu de Geologia de Barcelona, um exemplo aqui difícil de seguir):

O alerta é do investigador Pedro Callapez e surge na semana em que especialistas portugueses e estrangeiros se reúnem no Museu da Ciência da UC para a primeira conferência internacional realizada em Portugal sobre a gestão de museus de geociências

São testemunhos únicos da história do nosso planeta e estão em risco. A escassez de recursos humanos está a ameaçar as colecções dos museus das Ciências da Terra, adverte o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (UC), Pedro Callapez. O alerta surge nas vésperas da primeira conferência internacional realizada em Portugal sobre a gestão de museus de geociências, que decorre nos dias 5 e 6 de Junho no Museu da Ciência da UC.

Para Pedro Callapez, do Museu Mineralógico da UC, um dos problemas mais graves das geociências é "a inexistência de museus com equipas suficientemente numerosas, capazes de integrar conservadores especializados em Ciências da Terra e de gerarem uma escola para que esse conhecimento e experiências se transmitam à geração seguinte".

De acordo com o mesmo investigador, "as colecções de história natural, e as geológicas em particular têm sofrido vicissitudes várias na sua conservação, por força de conjecturas e jogos de interesse variados, a que não é estranho um certo alheamento da sua importância como repositório do mundo natural". As consequências, sublinha, são "simples": a incúria e os acidentes, fomentados e aliados à inexistência de técnicos especializados, ameaça os testemunhos da história da Terra.

E como se pode fazer frente a esta ameaça? "O futuro estará numa gestão aberta e integrada das geocolecções, reconhecendo a sua importância histórica, científica, didáctica e estética, de forma a que os museus que as integram recorram facilmente à colaboração de técnicos ou especialistas exteriores à unidade, facultando, em troca, portas abertas ao estudo e à divulgação dos seus acervos", avança Pedro Callapez. E em Portugal essa postura é fulcral, na medida em que o país "contém um acervo considerável e uma história notável para contar" na área das geociências, sublinha.

Integrada nas comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra, a conferência internacional "Colecções e Museus de Geociências: Missão e Gestão" é organizada pelo Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência e pelo Museu Mineralógico da UC.

in Blog De Rerum Natura - ler post

quarta-feira, abril 01, 2009

Humor: as mentiras da ciência


Informação recebida do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra:

É possível fazer pipocas com telemóveis? E ir ao Pólo Norte visitar os pinguins? O cientista de serviço no suplemento satírico do jornal Público, David Marçal, vai estar no Museu da Ciência da UC para fazer revelações que podem surpreendê-lo

Promete ser, no mínimo, uma experiência desconcertante: David Marçal, cientista e criativo do suplemento satírico "O Inimigo Público", vai ser o protagonista da próxima sessão do ciclo Ciência em Família do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC). No dia 5 de Abril (domingo) às 11 horas, pequenos e graúdos vão poder descobrir algumas das mais intrigantes mentiras do mundo científico.


Há vídeos do YouTube que parecem não deixar espaço para dúvidas: mas será mesmo possível fazer pipocas apenas com as radiações dos telemóveis? E, se nos apetecer, podemos viajar até ao Pólo Norte para fotografarmos os pinguins? E se não tivermos à mão uma panela, podemos ferver água num mero saco de plástico?

Há coisas que parecem possíveis, mas não são. Outras parecem mentira, mas são perfeitamente reais. E a ciência explica porquê. David Marçal é o detective de serviço no Museu da Ciência da UC e vai ajudar as famílias a explorarem a fronteira entre o possível e o impossível.

David Marçal é licenciado em Química Aplicada e doutorado em Bioquímica Estrutural pela Universidade Nova de Lisboa. Foi jornalista de ciência do jornal Público e é, desde 2003, um dos autores do suplemento humorístico daquele diário, "O Inimigo Público", onde escreve sátiras científicas. Foi ainda autor de textos científicos para crianças na revista Kulto.

Investigador do Instituto de Medicina Molecular da UC, David Marçal está actualmente a desenvolver um projecto de pós-doutoramento em comunicação e divulgação de ciência com recurso ao teatro e ao humor. É autor do blogue convidado do jornal Público "Contagem Decrescente".

As sessões do ciclo Ciência em Família decorrem das 11.00 às 12.00 horas e destinam-se a crianças e adultos de todas as idades. A participação requer marcação prévia e poderá ser feita através do número de telefone 239 85 43 50. O custo é de apenas 3 euros por pessoa.

Para mais informações poderá aceder ao site do Museu da Ciência ou ainda espreitar algumas das actividades desenvolvidas no Ciência em Família num spot do YouTube.



Adaptado de post do Blog De Rerum Natura

sábado, março 14, 2009

Evolução em 3 tempos


Informação recebida da SetePés sobre exposição e conferências darwinianas:

No âmbito da exposição DARWIN200, patente no CMIA - Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo - de 2 de Março a 18 de Abril, é lançado o Ciclo de Conferências EVOLUÇÃO EM 3 TEMPOS.

3 conferências, 3 tempos para a redescoberta dos mecanismo de evolução.

Programa:

14 de Março, 15h, Quando os domesticadores foram domesticados: 10 mil anos de história em comum entre o Homem e os animais domésticos. Albano Beja-Pereira, CIBIO - Univ. do Porto

21 de Março, 15h. Darwin e Evolução. Jorge Paiva

28 de Março, 15h, Darwin na ciência e na cultura: os primeiros 50 anos em Portugal. Ana Leonor Pereira, CEIS20 - Univ. de Coimbra

A acompanhar a Exposição DARWIN200 foi editado, em exclusivo para o CMIA, um catálogo com textos e ilustrações científicas de autores portugueses.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Palestra em Oeiras - centenário de Darwin

QUEM TEM MEDO DE CHARLES DARWIN?

Post roubado ao Blog De Rerum Natura (clicar para ver melhor)

domingo, fevereiro 01, 2009

David Attenborough e o novo programa da BBC

Darwin na Nature


Amanhã a BBC estreia um especial da Nature Video protagonizado por David Attenborough, que discute os mais recentes desenvolvimentos científicos que não só confirmam a teoria proposta há 150 anos por Darwin como ditaram a sua própria evolução.
British broadcaster Sir David Attenborough presents his views on Charles Darwin, natural selection, and how the Bible has put the natural world in peril in an exclusive interview for Nature Video.

To celebrate Darwin's bicentenary Nature is also providing selected content FREE online, including continuously updated news, research and analysis on Darwin's life, his science and his legacy.

Post de Palmira F. da Silva - Blog De Rerum Natura

domingo, janeiro 11, 2009

Um cartoon do frio norte

Publicamos o seguinte post do Blog De Rerum Natura, de autoria do Doutor Carlos Fiolhais:



Todos estarão lembrados da polémica em torno dos cartoons de Maomé publicados por um jornal dinamarquês. Agora chegou à minha caixa do correio, também do frio Norte da agora tão fria Europa, um cartoon que, embora noutra escala, pode provocar polémica. Não sei mesmo se não será considerado blasfemo por alguns...

Aqui no "De Rerum Natura" gostamos da polémica. Não, não pensem que eu penso que não haja aquecimento global. Já escrevi que há, embora não porque o Al Gore diga que haja. E também não pensem que sou a favor da queima de livros, até porque dirijo uma grande biblioteca e sou absolutamente contra todos os "Fahrenheits 451". Os livros, mesmos os que alguns declaram mentirosos, são para preservar. Sou a favor da liberdade de expressão, incluindo a liberdade de expressão dos cartoonistas.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Feliz Ano de Darwin...!

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais (o cientista que aparecia na rábula da máquina do tempo de abertura do programa de fim de ano dos Gatos Fedorentos, na SIC - ver aqui):



Minha crónica no "Público" de hoje (na imagem Darwin com 31 anos):

Quando há poucos anos se perguntou a um conjunto de professores da Universidade de Coimbra quais foram os dez livros que mais mudaram o mundo, não foi sem surpresa que se apurou em primeiro lugar a “Origem das Espécies” do naturalista inglês Charles Darwin e só depois a Bíblia. Mas, ao querer organizar uma exposição sobre esse “top-ten”, a surpresa foi ainda maior quando se verificou que não havia no rico acervo das bibliotecas da universidade nenhuma primeira edição da obra maior de Darwin, publicada em 1859, ao passo que havia várias centenas de edições, algumas bastante antigas e preciosas, do livro sagrado dos cristãos.

Este facto chegará para mostrar que, se hoje os cientistas são todos darwinistas, há 150 anos, quando foi divulgada a revolucionária teoria de Darwin, não havia entre nós quase ninguém interessado nas ideias do inglês. Graças à sua pródiga confirmação pela observação e pela experiência, a teoria da evolução alcançou desde então uma aceitação que, na sua origem, dificilmente se poderia prever. Hoje, pode dizer-se que não existe nenhuma teoria científica que esteja em competição com o evolucionismo (o criacionismo não é ciência!).

A demora com que as ideias de Darwin chegaram até nós é sintomática do nosso atraso científico no século XIX. Apesar de Darwin ter ficado em pouco tempo mundialmente famoso e de ter trocado milhares de cartas com naturalistas de todo o mundo, o único português a corresponder-se com ele foi um jovem de 26 anos, residente nos Açores, completamente isolado dos círculos científicos. Francisco de Arruda Furtado dirigiu-se, em 1881, ao velho sábio do seguinte modo: “Nasci e vivo nestas ilhas vulcânicas onde os factos de distribuição geográfica dos moluscos terrestres são uma interessante prova da teoria a que deu o seu nome mil vezes célebre e respeitado.” Darwin, que tinha visitado os Açores durante a sua viagem à volta do mundo no “Beagle”, respondeu, quase na volta do correio, com palavras gentis e encorajadoras: “Admiro-o por trabalhar nas circunstâncias mais difíceis, nomeadamente pela falta de compreensão dos seus vizinhos”.

É bem conhecida a polémica que as ideias darwinistas logo suscitaram, nomeadamente a forte oposição que teve por parte da Igreja de Inglaterra. A esse confronto não terá sido alheio o progressivo afastamento de Darwin da sua fé da juventude – ele que tinha estudado teologia em Cambridge – para assumir, no fim da vida, quando respondia ao português, uma posição agnóstica. O mecanismo da selecção natural permitia defender a evolução das espécies como um “design” sem “designer” (algo que os criacionistas ainda hoje se recusam a aceitar). O mais perturbador para alguns crentes era a eventual “descendência humana do macaco”, tendo ficado célebre a afirmação de um anti-darwinista segundo a qual “não era verdade mas, se fosse verdade, o melhor era que não se soubesse”.

A oposição com base na Bíblia ao evolucionismo conheceu também alguns episódios curiosos em Portugal. No mesmo ano em que escrevia a Darwin, Furtado publicou em Ponta Delgada um folheto intitulado “O Homem e o Macaco”, em resposta a um padre que tinha pregado nessa cidade: “E ainda há sábios que acreditam que o homem descende do macaco!... Nós somos todos filhos de Nosso Senhor Jesus Cristo!...” O açoriano esclareceu que “não há sábios que acreditam que o homem descende do macaco (...) mas que ambos deveriam ter sido produzidos pela transformação de um animal perdido e mais caracterizado como macaco do que como homem. Eis o que se disse e o que se diz e, se isto não se prova, o contrário também não”.

Hoje, passados 150 anos sobre a “Origem das Espécies” e 200 anos sobre o nascimento de Darwin, a teoria que o tornou famoso está bem e recomenda-se, não só devido à ajuda da paleontologia mas também e principalmente devido à corroboração pela moderna genética. Conforme afirmou o geneticista Theodosius Dobzhansky, “nada na biologia faz sentido a não ser à luz da evolução”. Feliz ano Darwin!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

De Miuzela (Almeida) para o Mundo

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais:


Minha crónica no último número deste ano da "Gazeta de Física":

Eu não sabia onde ficava Miuzela. Desde Agosto passado que já sei: é uma aldeia no interior profundo de Portugal, no concelho de Almeida, distrito da Guarda. Fui lá por ser miuzelense um dos físicos portugueses mais notáveis do século XX, José Pinto Peixoto (1922-1996), professor da Universidade de Lisboa e especialista em geofísica.

Peixoto doutorou-se no MIT (de facto, a defesa da tese foi em Lisboa, mas quase todo o trabalho foi feito no MIT) e trabalhou mais tarde em Princeton. Um dos seus colegas e amigos do MIT foi o físico norte-americano Edward Lorenz (1918-2008), o autor da célebre formulação da teoria do caos segundo a qual o bater das asas de uma borboleta pode originar um tornado no Texas. A tese de Peixoto, Contribuição para o Estudo da Energética da Circulação Geral da Atmosfera, foi submetida no ano de 1958, que foi declarado pelas Nações Unidas "Ano Geofísico Internacional" (passadas cinco décadas, 2008 é o "Ano Internacional da Terra"). O geofísico português foi o autor de um dos primeiros modelos sobre o movimento global da atmosfera, proposto na mesma altura em que no Hawai, sob a direcção de outro norte-americano, Charles Keeling, começavam as observações sistemáticas das emissões de dióxido de carbono que constituem um grande suporte experimental para os conceitos de efeito estufa e de aquecimento global.

Na escola primária de Miuzela, num dia muito quente, falei para as pessoas da terra sobre o aquecimento global, para o que me preparei com base no manual de Peixoto e Oort "The Physics of Climate", publicado em 1992 pelo American Institute of Physics, e dos seus artigos de divulgação na Scientific American e na Recherche. Se o famoso Professor fosse vivo (faleceu inesperadamente um ano antes do tratado de Quioto) seria hoje famosíssimo pois os média não cessariam de lhe fazer perguntas sobre o aquecimento global. E ele haveria de responder a tudo, sempre rigoroso e, ao mesmo tempo, sempre bem disposto, pois não há um princípio de incerteza que limite o humor quando se é exacto. O seu rigor alicerçava-se na sua sólida formação matemática, uma vez que se tinha licenciado nessa disciplina antes de se formar em geofísica. Ele sabia que sem matemática não pode haver física e, por isso, não pode haver geofísica. Nas suas palavras: A matemática está para a física assim como a gramática está para a literatura. A gramática ensina a expressar bem as ideias, se as houver! Não cria literatura.

Lembro-me bem da primeira vez que o vi, num seminário em Coimbra sobre termodinâmica, de ter sorrido com uma das suas extraordinárias frases: A senhora da limpeza desentropiou-me o gabinete todo. A linguagem do Prof. Peixoto, nas aulas ou fora delas, podia ser bastante colorida, como mostra o exemplo que dava da produção de entropia por humanos: Meus meninos, como fazem para se livrarem da vossa entropia? Sim, puxam o autoclismo. Tal como o seu contemporâneo Feynman (que, como ele, esteve no MIT e em Princeton) Peixoto era um físico divertido e algumas das suas tiradas bem podem ser equiparadas às do físico novaiorquino. Como disse Lorentz, onde estivesse o Peixoto, o ambiente mudava. Uma alteração climática local, portanto.

A Associação Casa de Cultura Prof. Dr. José Pinto Peixoto, sediada em Miuzela, distribuiu no dia em que lá fui prémios aos melhores alunos do ensino primário local. Essas distinções servem para lembrar que o seu patrono era filho de professores primários e estudou em Lisboa no Instituto do Professorado Primário. Mas essa associação tem também um prémio nacional para o melhor aluno do secundário, que tem sido ganho por alunos de vintes. Se graças ao Prof. Peixoto Miuzela já estava no mapa da ciência mundial, com estes prémios está hoje no mapa da educação nacional.

domingo, dezembro 28, 2008

Humor natalício seródio

Humor - Os 12 dias do aquecimento global





Vídeo dos "Minnesotans for Global Warming" - via Blog De Rerum Natura

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Galileu na primeira pessoa

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post:


Informação recebida da Didáctica:


Título: Chamo-me Galileu Galilei
Autor: Guilherme de Almeida
Formato 15 x 21,5 cm
64 páginas
ISBN 978-972-650-820-5. Totalmente a cores.
Ilustrações de Jorge Miguel
Didáctica Editora, Lisboa.

Este livro conta, na primeira pessoa, a vida e a obra do grande Galileu Galilei. Utiliza uma linguagem acessível, adequada aos jovens, mas os seus conteúdos, serão igualmente úteis a estudantes e também a pessoas crescidas. Totalmente ilustrado a cores.

Natural de Pisa, na Itália, Galileu Galilei (1564-1642) foi o pioneiro do método científico moderno. Fez avançar a Física, as ciências dos materiais e a Astronomia. Os seus trabalhos inspiraram Isaac Newton.

Galileu aperfeiçoou o telescópio e as suas observações iniciaram a queda da antiga concepção geocêntrica do Universo. As descobertas que fez com o telescópio revolucionaram a maneira como se passou a ver o Universo e o lugar do Homem no Universo. Contribuiu decisivamente para a aceitação gradual do modelo heliocêntrico de Copérnico e para o nascimento de uma nova Física. Tudo isto representou um enorme avanço, continuado por Kepler, Newton e outros.

Muitas das conclusões de Galileu desagradaram à Igreja Católica, então muito poderosa, que entendeu que as suas descobertas contrariavam a interpretação literal da Bíblia (que então se fazia). Por isso foi advertido pela Inquisição, em 1616, e condenado, em 1633. No entanto, pela intervenção do Papa João Paulo II, mesma Igreja acabou por lhe dar razão, em 1992. A História reconheceu-o como o pai da ciência moderna.

Comemoram-se (em 2009) 400 anos sobre o início das observações astronómicas com telescópios, feitas por Galileu Galilei, em 1609. Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou o ano 2009 como Ano Internacional da Astronomia (AIA2009).

O AIA2009 é um acontecimento a nível mundial em que Portugal também participa, sob a coordenação da Sociedade Portuguesa de Astronomia. Esta comemoração tem por objectivo ajudar as pessoas a redescobrir o seu lugar no Universo através da observação astronómica. E também estimular o interesse e a divulgação da astronomia e da ciência em geral, especialmente entre os jovens. Mais informação em http://www.astronomia2009.org.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Os ossos da evolução

Informação recebida da Câmara Municipal de Oeiras (clicar na imagem para ler aumentar) - via Blog De Rerum Natura

sábado, novembro 29, 2008

Origem da Vida - apresentação de livro


Informação recebida da Escolar Editora:
“Origem da Vida: Recentes Contribuições para um Modelo Científico”, de Ilda Dias e Hernâni Maia, Escolar Editora, Lisboa, 2008.

Das teorias criacionistas da Antiguidade e do evolucionismo pós-renascentista do século XIX às explorações interplanetárias e cósmicas do século XXI. Publicada no limiar do "Ano de Darwin", em que se celebram os 200 anos do nascimento do cientista a quem se deve a primeira proposta de uma origem química para a Vida, e também no limiar do "Ano Internacional da Astronomia", a ciência a que se devem as mais recentes contribuições para a consolidação de um modelo científico para a origem da Vida, esta obra prefigura-se como um contributo para as celebrações que terão lugar no ano de 2009, que se aproxima.


Apresentação em Coimbra: Dezembro 4 (18.00 horas), Museu de Ciência (Laboratorio Chimico) da Universidade de Coimbra (UC), Largo Marquês de Pombal, Coimbra. Apresentação por Doutor Sebastião Formosinho, professor catedrático do Departamento de Química da UC, e Doutor Milton Costa, professor catedrático do Departamento de Bioquímica da UC.

Via Blog De Rerum Natura

Museu da Ciência da Universidade de Coimbra faz dois anos


Recebemos esta informação do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra faz dois anos no próximo dia 5 de Dezembro. O Museu estará em festa todo o dia, funcionando em regime de entrada livre.

Foram dois anos muito activos e recheados de iniciativas. O reconhecimento nacional e internacional desta actividade e da qualidade do projecto desenvolvido surgiu através de prémios como o Micheletti Award 2008 para o melhor a mais inovador museu europeu de ciência, técnica e indústria. Mas, a nossa satisfação provém, em primeiro lugar, do acolhimento fantástico que o Museu tem recebido das cerca de 40 000 pessoas que já nos visitaram.

O trabalho desenvolvido no Museu é o produto de um grande número de pessoas, que está muito para lá da pequena equipa, que diariamente trabalha para prestar um melhor serviço de divulgação da ciência. Tratam-se dos colaboradores e amigos do Museu que, com enorme disponibilidade e entusiasmo têm ajudado, de forma decisiva, a construir este projecto e a dar-lhe qualidade.

É com eles que gostaríamos de comemorar este segundo aniversário.

Haverá uma confraternização a partir das 17.00 horas, onde estarão presentes o Sr. Reitor da Universidade de Coimbra, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Coimbra e o Sr. Presidente do Conselho Directivo da FCTUC, membros do Conselho de Administração da Fundação Museu da Ciência.

Post via Blog De Rerum Natura


segunda-feira, novembro 24, 2008

Semana da Ciência e da Tecnologia


Que ciência se faz em Portugal?
Quem são os nossos cientistas?
Como trabalham?
O que investigam?
Que resultados obtêm?

Todos os anos, em Novembro, durante a Semana da Ciência e da Tecnologia, instituições científicas, universidades, escolas, associações e museus abrem as portas para que estas e outras perguntas possam ser respondidas, dando a conhecer as actividades que desenvolvem, através de um contacto directo com o público.

Tal facto deve-se à passagem de mais um aniversário do nascimento do cientista, pedagogo, divulgador científico e poeta Rómulo de Carvalho, por vezes mais conhecido pelo seu pseudónimo de poeta - o imortal António Gedeão...

Este Blog junta-se ao evento participando nele através da seguinte actividade:


Tertúlia On-Line de Comemoração da Semana da Ciência e Tecnologia e do aniversário do nascimento de Rómulo de Carvalho, com publicação de poemas, músicas, filmes e textos sobre António Gedeão e Rómulo de Carvalho.

Blogues participantes
Estamos ainda à espera de novas adesões a esta Tertúlia...

Mais informações: Ciência Viva

Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho abre em Coimbra

Post roubado ao Blog De Rerum Natura:


Informação fornecida pela Reitoria da Universidade de Coimbra (na imagem, auto-retrato de António Gedeão, pseudónimo artístico de Rómulo de Carvalho):

O Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho é um novo Centro Ciência Viva que vai funcionar na Universidade de Coimbra (no rés-do-chão do edifício do Departamento de Física) com características de centro de recursos para o ensino e aprendizagem das ciências e difusão da cultura científica. Incorpora a actual Biblioteca Rómulo de Carvalho, do Departamento de Física daquela Universidade, com uma forte componente multimédia em todas as áreas da ciência, e o portal na Internet “Mocho” (http://www.mocho.pt) . O Centro Rómulo de Carvalho dará apoio, como moderno centro de recursos, à rede de centros Ciência Viva do país, às escolas de vários níveis e ao público em geral. Os objectivos do Centro são, como os dos outros centros, contribuir para o alargamento da cultura científica e tecnológica nacional, incluindo em particular a atracção de mais jovens para a ciência e a tecnologia.

O nome Rómulo de Carvalho justifica-se plenamente: Rómulo de Carvalho (1906-1997) foi professor de Ciências Físico-Químicas (para muita gente mais conhecido por António Gedeão, o poeta de “Pedra Filosofal” e de outros grandes poemas de inspiração científica) e é um símbolo da cultura científica em Portugal. Além de professor de ciências e de poeta, juntando na mesma pessoa de forma única duas sensibilidades que parecem distintas, foi também um notável divulgador científico e um historiador da ciência, da pedagogia e, em geral, da cultura portuguesa. A sua ligação a Coimbra é bem conhecida pois foi nessa cidade que ensinou durante alguns anos, que iniciou a sua carreira literária nos anos 50 e que estudou as colecções de instrumentos históricos da Universidade.

A abertura pública do Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho terá lugar no dia 24 de Novembro, nas instalações do Centro, no Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (na Rua Larga, em Coimbra) e acontecerá em plena Semana Nacional da Ciência e Tecnologia. Recorde-se que o dia 24 de Novembro, o aniversário de Rómulo de Carvalho, é o Dia Nacional da Cultura Científica. A sessão, que tem início às 17h30, terá a presença do Reitor da Universidade de Coimbra.

O Centro conta actualmente com cerca de 3000 livros e milhares de revistas na área da ciência, cultura e sociedade (em parte resultado de generosas doações), dez modernos computadores que permitem acesso a uma colecção de centenas de CDs e DVDs com software e filmes. Existe um sistema de empréstimo a distância, que permitirá o acesso aos livros e filmes de divulgação da ciência a sítios mais periféricos do nosso país. Além do acesso local no próprio Centro, serão progressivamente proporcionados, via Internet, a Portugal e não só, numerosos recursos digitais, que permitirão uma melhor compreensão da ciência pelo público. Um dos responsáveis pelo novo Centro, Carlos Fiolhais, declarou: “O nome de Rómulo de Carvalho é para nós muito inspirador e vamos procurar seguir o seu exemplo. Vamos mostrar que os jovens que descobrem a ciência estão com isso a descobrir o mundo.”

O novo Centro, além do apoio da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica e do programa POCI 2010, já beneficiou de apoios da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Fundação Calouste Gulbenkian, do Ministério da Educação, da Porto Editora e das Publicações Gradiva.

Contactos:

Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho
Dto. de Física da Universidade de Coimbra
Rua Larga, 3004-516 Coimbra, PORTUGAL

Telef: 351-239410694, Fax: 351-239829158

Email: rc@teor.fis.uc.pt
Internet: www.rc.mocho.pt

domingo, novembro 02, 2008

Notícias de Saturno

Publicamos aqui mais um notável post do Blog De Rerum Natura, da Doutora Palmira F. da Silva:




Ontem a sonda Cassini começou a enviar dados de uma nova missão a Encelado, uma das luas mais interiores de Saturno. A lua de diâmetro 500 Km tem o albedo mais alto de qualquer corpo do sistema solar reflectindo quase toda a radiação incidente pelo que antes das missões da Cassini se pensava que a sua temperatura de superfície fosse por volta de -200 °C. Numa destas missões, a sonda mergulhou através de uma das plumas de gelo no Pólo Sul da pequena lua para recolher dados das partículas constituintes. De facto, uma das características mais intrigantes de Encelado é o criovulcanismo que ejecta jactos e plumas gelados que se pensa terem origem em bolsas de água líquida próximas da superfície. Apenas uma pequena parte destes jactos consegue fugir à gravidade de Encelado engrossando o anel E, um dos quatro na órbita de Saturno que não são visíveis da Terra. As restantes partículas são devolvidas a Encelado sendo as responsáveis pelo brilho do pólo sul desta lua.

A nova missão pretende fotografar o misterioso Pólo Sul da lua e recolher dados de temperatura que ajudem a desvendar os seus segredos, nomeadamente ajudem a explicar como a pequena lua consegue disparar estes jactos de gelo no espaço e se existe de facto água líquida debaixo da superfície.

As missões anteriores, nomeadamente as de Março e Agosto deste ano, tinham fornecido dados discordantes e a missão actual pretende esclarecer se esta discrepância é intrínseca ou se os dados menos precisos de Março são também menos exactos. No entanto, ambas as missões indicam temperaturas próximas de -100 ºC o que confirma que Encelado é aquecido por um mecanismo interno, quiçá o mesmo mecanismo de marés que aquece Io, a lua de Júpiter.

Os nossos leitores interessados em saber as surpresas que Encelado reserva podem seguir a missão no blog da equipa Cassini Enceladus ou apreciar as fotos incríveis disponíveis na Big Picture.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Nery Delgado (1835-1908) - Geólogo do Reino

Do Blog De Rerum Natura transcrevemos a seguinte notícia:


Do Museu Geológico, na Rua da Academia das Ciências, em Lisboa, recebemos a seguinte informação relativa a uma exposição em memória de Nery Delgado, "Nery Delgado, Geólogo do Reino", que está patente nesse museu (na imagem, a Carta Geológica de Nery Delgado e Carlos Ribeiro de 1876):

Em 3 de Agosto de 1908, morreu, aos 73 anos, o General Joaquim Filipe Nery da Encarnação Delgado, insigne geólogo e director da Comissão do Serviço Geológico que, com Carlos Ribeiro, foi um dos pioneiros da Geologia portuguesa.

A sua notável obra abrange os domínios da Estratigrafia e da Paleontologia do Paleozóico Inferior, da Cartografia geológica, da Arqueologia e da Geologia Aplicada, deixando em toda ela a sua marca de rigor, probidade e qualidade científica excepcional, que a fazem, ainda hoje, indispensável à investigação do nosso território.

Com Carlos Ribeiro, foi co-autor das 1.ª e 2.ª edições (1876, 1878) da Carta Geológica de Portugal à escala 1: 500 000 e, posteriormente, com Paul Choffat, da sua 3.ª edição (1899).

Celebrar neste ano de 2008 o Centenário da sua morte, evocando a sua vida e a importância da obra, que se conserva actual, procurando divulgá-la publicamente, não é mais que uma justíssima homenagem a um insigne geólogo e fundador desta Casa e a quem o País tanto deve.

A Exposição visa:
  • dar a conhecer a vida e a obra de Nery Delgado, nos planos pessoal e institucional, contribuindo, assim, para uma melhor compreensão de aspectos da história da Ciência portuguesa, da segunda metade século XIX;
  • divulgar as colecções de fósseis, despojos humanos, artefactos pré-históricos, mapas, manuscritos e instrumentos científicos, associados à actividade científica de Nery Delgado;
  • divulgar e realçar a importância e riqueza do património existente, cuja relevância científica e histórica ultrapassa a sua época, e, por isso, deve ser preservado.

Museu Geológico, R. Academia das Ciências 19-2º, Lisboa
A Exposição, coordenada por Ana Carneiro e Miguel Ramalho, estará patente ao público, de 1 de Outubro de 2008 a 31 de Março de 2009
Horário: 3ª a Sábado, das 10.00 às 17.00 horas
Metro: Chiado

terça-feira, setembro 30, 2008

Mais um Blog censurado

Vivemos muitos anos em auto-censura - e ainda hoje a praticamos, por imposição sócio-cultural, de moto próprio ou porque simplesmente queremos sobreviver nesta selva que é o mundo moderno.

Os jornalistas também o fazem: porque uma mão lava a outra (veja-se o caso das casinhas da Câmara de Lisboa alugadas a gente importante do jornalismo e afins - ler isto ou isto), porque um tipo tem de comer e ter o chefe (ou o amigo do chefe) contente sempre ajuda. Nesta cultura da cunha, do favorzinho, dos amigos do amigo, da ajuda ao colega da rua ou da associação dos aventais, a coisa vai-se fazendo.

É por isso que não é nada estranho quando se descobre que o estado português, através da sua Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), tente controlar o que ainda não controla: as vozes livres da Blogosfera. Se o próprio primeiro-ministro o tentou (veja-se o caso já encerrado do processo contra o autor do Blog Do Portugal Profundo) porque não os senhores da ERC (ler texto sobre o assunto ali e aqui) a tentarem mais do mesmo?

É por isso que hoje, ao ir ler um Blog de Ciência de que gosto muito, o De Rerum Natura, pese embora o facto de discordar de alguns posts e algumas opções editoriais e escolhas, fiquei surpreendido com o que me apareceu:


Alguém me sabe dizer o que se passa? Estará tudo doido? Este Blog é feito por cientistas responsáveis e cultos e, se ele viola as condições do Blogger, que é da Google, então a blogosfera toda está em risco...

ADENDA: O Blog está novamente a funcionar - conseguiram resolver o seu problema rapidamente, como se diz neste seu post:

Os nossos leitores terão certamente reparado que o De Rerum Natura esteve inacessível durante umas horas. O mal-entendido na base do problema foi rapidamente resolvido e todos nós agradecemos a resposta célere do Blogger.

Agradecemos igualmente aos muitos leitores que nos escreveram a consideração que manifestaram pelo nosso trabalho. Obrigado a todos! Depois desta breve interrupção, iremos continuar a «discutir o empreendimento humano da descoberta do mundo, que é a ciência, e as profundas implicações que essa descoberta tem para a nossa vida no mundo».