quarta-feira, dezembro 23, 2009

Filme apropriado à época natalícia - XVII



Outra versão, muito bem ilustrada:


terça-feira, dezembro 22, 2009

Hoje é dia de recordar José Régio

A aldrabice chamada Magalhães


Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, de autoria do Professor Doutor Carlos Fiolhais, iminente físico da Universidade de Coimbra e um dos melhores divulgadores científicos nacionais da actualidade:

VACUIDADES SOBRE O MAGALHÃES

Há cerca de um ano e porque me foi perguntado respondi, num encontro de inspectores de ensino, que o computador Magalhães não passava de uma manobra de propaganda e de um grande negócio. Todas as revelações feitas nos últimos tempos sobre o negócio têm-me, infelizmente, dado razão.

O ex-ministro Mário Lino, no programa "Quadratura do Círculo" da SIC bem tentou fazer a indefensável defesa do Magalhães para consumo interno, mas agora é a União Europeia que está a esmiuçar o caso por terem sido violadas normas comunitárias.

Foi, por isso, com natural curiosidade que, alertado pelo título "O Magalhães não é apenas um concurso", comecei a ler um artigo de Francisco Jaime Quesado, Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento, publicado no jornal "Público" de 19-12-2009. A minha desilusão foi enorme. O artigo era um emaranhado de lugares comuns, disfarçados em "economês" que, tal como o "eduquês", é declarado inimigo do pensamento claro.

Diz o articulista: "O Magalhães constituiu um passo marcante na afirmação por parte do Governo português de uma aposta estratégica na Educação como o grande driver de mudança colectiva da sociedade e recentragem no valor e competitividade como factores de distinção na economia global. Não tenhamos dúvidas." Eu, se me é permitido, tenho sérias dúvidas; lamento, mas não me convencem nem o "driver" nem a "recentragem"...

E continua: "Na "escola nova" de que o país precisa, [a Educação] tem que se ser capaz de dotar as "novas gerações" com os instrumentos de qualificação estratégica do futuro. Aliar ao domínio por excelência da tecnologia e das línguas a capacidade de, com criatividade e qualificação, conseguir continuar a manter uma "linha comportamental de justiça social e ética moral", como bem expressou recentemente Ralph Darhendorf em Oxford." Ainda se me é permitido, esta ideia da "escola nova" é muito velha e a "qualificação estratégica" é uma expressão não só gasta como vazia. E "conseguir continuar a manter" não passa de um comboio de verbos que, apesar da citação erudita, não leva a frase a estação nenhuma.

O autor, em vez de clarificar, consegue ser ainda mais confuso quando acrescenta: "Na economia global das nações, os "actores do conhecimento" têm que internalizar e desenvolver de forma efectiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efectiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projectos de cariz estratégico estruturante." Registo a duplicação do "efectiva". E a insistência no "estratégico". Mas pergunto: que dicionário será preciso para perceber a frase toda?

Conclui o autor: "Por isso, a oportunidade e a importância do Magalhães. Que, para além dos efeitos ao nível da revolução na utilização das TIC como um instrumento de qualificação pedagógica, teve também o mérito de elevar na escala produtiva empresas portuguesas do sector, aumentando as exportações, consolidando dinâmicas de inovação e reforçando o emprego". Quanto à dita "qualificação pedagógica" nada está provado, pois nada foi até agora adiantado em seu abono. O que parece, outrossim, estar a ser provado é o favorecimento escandaloso de uma certa empresa com prejuízo da concorrência e, pior, dos dinheiros públicos e de todos nós.

Após uma defesa tão confusa do Magalhães, em nome de uma entusiástica fé em "amanhãs que cantam" graças a "novas tecnologias" que tornarão excelente o nosso depauperado ensino, continuo à espera de argumentos pedagógico-científicos que sustentem a distribuição a esmo e a pataco de computadores pelos infantes do 1.º ciclo, em detrimento de outros projectos como, por exemplo, o ensino experimental das ciências no ensino básico. Fala-se muito em avaliação. Não haverá ninguém que avalie a sério o Magalhães?

PS) "Darhendorf" deve ser "Dahrendorf" se é quem eu estou a pensar, mas esse erro é o menos...

José Régio partiu há 40 anos


Testamento do Poeta

Todo esse vosso esforço é vão, amigos:
Não sou dos que se aceita... a não ser mortos.
Demais, já desisti de quaisquer portos;
Não peço a vossa esmola de mendigos.

O mesmo vos direi, sonhos antigos
De amor! olhos nos meus outrora absortos!
Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,
Que fostes o melhor dos meus pascigos!

E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo e todos vejo reduzidos,
E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!....
Basta-me o gesto de contar um verso.

José Régio

Poema alusivo à época natalícia - VI

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Leonardo Da Vinci, A Anunciação, circa 1474


LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio

Filme apropriado à época natalícia - XVI


segunda-feira, dezembro 21, 2009

Solstício - começa hoje o Inverno


Uma estranha estrutura geológica açoriana

Robô submarino Luso mergulha na zona em 2010
"Ovo estrelado" a sul dos Açores pode ser a cratera de um meteorito

A estrutura geológica (à esquerda) tem dois quilómetros de mar por cima

Parece mesmo um ovo estrelado, com as formas da gema no meio e da clara à volta, pelo que quem a viu pela primeira vez lembrou-se logo de lhe dar esse nome. Só que este é um "ovo estrelado" geológico, uma estrutura bem grande, estampada no fundo do mar, 150 quilómetros a sul dos Açores, que está a causar perplexidade entre os cientistas portugueses - e não só, pois acaba de ser apresentada na reunião anual da União Geofísica Americana, em São Francisco.

A história desta descoberta leva-nos a um cruzeiro científico, no ano passado, realizado pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). Nos trabalhos para reivindicar que a plataforma continental portuguesa se estende para lá das 200 milhas náuticas, dando direito ao país de explorar os recursos no solo e subsolo marinhos, uma das coisas que este grupo técnico-científico fez foram levantamentos da morfologia do fundo do mar (através de uma sonda com múltiplos feixes sonoros).

Com esses dados, construíram-se depois mapas de grande resolução do relevo marinho. Mas só em meados deste ano, depois de Portugal ter entregado em Maio a sua proposta de extensão da plataforma nas Nações Unidas, é que os investigadores da EMEPC foram olhar com outros fins científicos para os dados que recolheram nas campanhas oceanográficas. Foi então que se depararam com o "ovo estrelado", dois quilómetros abaixo da superfície do mar.

As imagens revelavam uma estrutura relativamente circular com seis quilómetros de diâmetro e, no centro, surgia uma elevação, como se fosse a gema, com três quilómetros de diâmetro. A parte da "clara" deste ovo geológico encontra-se 110 metros abaixo do fundo do mar circundante. Já da base da clara até ao topo da gema são cerca de 300 metros.

A hipótese do meteorito...

No início de Outubro último, a equipa da EMEPC regressou ao local para confirmar a descoberta e, se as condições do mar deixassem, mergulhar no local com o robô submarino português, o Luso. O mar não deixou, pelo que o mergulho com este veículo tripulado à distância, a partir do navio, ficou adiado até 2010. Nessa altura, ideia é que o robô traga do "ovo estrelado" pedaços de rochas e amostras de sedimentos, para que possam desvendar-se todos os seus mistérios. E eles são muitos, a começar pela origem.

Existem três possibilidades para a sua formação, diz o engenheiro hidrógrafo e oceanógrafo físico Manuel Pinto de Abreu, o responsável pela EMEPC, que se encontra em São Francisco. Ou é uma cratera formada pelo impacto de um meteorito. Ou um vulcão de lama, formações que, em vez de lava, expelem sedimentos finos carregados de metano, como as que existem no golfo de Cádis. "Ou é uma coisa completamente diferente", resume Pinto de Abreu.

Em relação à hipótese do meteorito, a estrutura apresenta algumas características que se coadunam com a colisão de um corpo cósmico com a Terra: por exemplo, é comum a existência de um empolamento no centro das crateras de impacto. A confirmar-se mesmo como cratera - por exemplo, através da presença de vidros devido a um violento impacto na crosta terrestre -, não deverá ter mais de 17 milhões de anos, uma vez que essa é a idade atribuída ao fundo do mar naquela zona. A camada de sedimentos em cima do cume poderá também dar uma ideia de há quanto tempo ocorreu o impacto.

Encontrar vestígios, em sedimentos na costa, de um tsunami que a queda de um objecto destes no mar teria de causar é outra forma de ajudar a deslindar o mistério.

Para já, a equipa portuguesa está a fazer simulações matemáticas para testar a ideia do impacto. Que tamanho teria de ter o meteorito para causar a cratera e o empolamento central é uma das questões para que procuram resposta.

... e a do vulcão de lama

No entanto, não só as dimensões da gema geológica são muito grandes, como ela tem uma forma muito suave para ter resultado da colisão de um meteorito, por isso há quem não se incline para esta possibilidade e fale de um vulcão de lama.

O problema é que os vulcões de lama encontrados até agora não se formaram em regiões com o contexto geológico em que se localiza o"ovo estrelado". Primeiro, explica Pinto de Abreu, porque a camada de sedimentos dessa área é pouco espessa para fazer a retenção dos fluidos vindos do interior da Terra, como é o caso do gás metano dos vulcões de lama. Segundo, porque naquela região não se conhece a existência de compressão entre placas tectónicas. No golfo de Cádis, é precisamente essa compressão (entre a placa africana com a euroasiática) que força o metano em profundidade a ser expelido para a superfície.

Os vulcões de lama têm despertado muito interesse, pois, por causa do metano, são vistos como uma possível fonte energética alternativa. Se for um vulcão de lama, então o "ovo estrelado" representará uma nova classe destas formações geológicas.

Para adensar mais o enigma, descobriu-se uma outra estrutura geológica, semelhante mas mais pequena, a uns três ou quatro quilómetros de distância: esse ovinho geológico é a elevação que, na imagem aqui publicada, se encontra do lado direito.

A apresentação da descoberta, num poster na maior reunião mundial de investigadores das ciências da Terra, abriu o debate à comunidade científica internacional. Os cientistas portugueses puderam trocar impressões com colegas estrangeiros, e as opiniões dividiram-se entre a cratera de impacto e o vulcão de lama. "Não há nada semelhante conhecido", sublinha Pinto de Abreu.

Notícia sobre filmagem de erupção subaquática

Erupção de vulcão submarino é capturada por submarino-robô

A erupção foi uma das mais profundas já filmadas

Um vídeo filmado por um submarino-robô no fundo do Oceano Pacífico mostra a mais profunda erupção de um vulcão submarino já registada.

As imagens mostram lava explodindo na água no vulcão submarino de West Mata, que fica a uma profundidade de cerca 1.200 metros, localizado cerca de 200 quilómetros ao sudoeste do arquipélago de Samoa.

O robô submarino Jason desceu 1.100 metros para conseguir filmar o vídeo de alta definição.

O submarino ainda encontrou micróbios e uma espécie de camarão vivendo nas águas quentes e ácidas em torno do vulcão.

“É um ambiente extraordinário”, disse Joseph Resing, um oceanógrafo químico da Universidade de Washington e do Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean em Seattle, nos Estados Unidos.

“Você tem lava derretendo a 1.400º C produzindo fluidos acetosos – o dióxido de enxofre deixa esses fluidos com o ph1.4, extremamente ácido, e ainda assim os micróbios e camarões estão florescendo”, disse ele à BBC.

“Os gases magmáticos sustentam e fornecem energia para a vida microbial, e os micróbios fornecem energia para os camarões.”

“A gente vê os animais muito perto do vulcão – a metros.”

Placas tectónicas

Camarões dependem das bactérias que vivem na boca do vulcão

Resing descreveu o comportamento do vulcão na Reunião de Outono da União Geofísica Americana em San Francisco, Estados Unidos, a maior reunião anual de cientistas especializados em geofísica.

O vulcão submarino de West Mata fica localizado bem perto da fossa de Tonga-Kermadec, com 10 mil metros de profundidade. O local é onde a placa tectónica do Pacífico – que inclui a maior parte do solo central deste oceano – entra por baixo da placa tectónica australiana.

É um local chave para a reciclagem de rochas de volta para o centro da Terra e é onde o material derretido pode forçar seu caminho de volta à superfície.

A possível existência da erupção foi identificada pela primeira vez em Novembro de 2008 através de amostras de água colectadas no oceano, que continham níveis anormais de hidrogénio e detritos vulcânicos.

Mas os cientistas só tiveram a noção real da descoberta quando o submarino Jason foi enviado para investigar West Mata.

Jason, que é operado pela Woods Hole Oceonagraphic Institution (WHOI), chegou a três metros de distância do vulcão em erupção.

A câmara de alta definição do submarino capturou bolhas de lava derretida a um metro de distância estourando na água do mar e filmou o vulcão ejectando lava para o mar.

Acredita-se que tenha sido a primeira vez que se observou de tão perto um vulcão expelindo lava no fundo do oceano.

Poema alusivo à época natalícia - V


NATAL

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Filme apropriado à época natalícia - XV


domingo, dezembro 20, 2009

Música de Natal para o novo tipo de famílias que José Sócrates quer consagrar



Sugestões de Prendas de Natal - VII

Vamos desistir de sugerir prendas de Natal depois desta notícia:


E Deus nos ajude...

Poema alusivo à época natalícia - IV


HINO DE AMOR

Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.

Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!

Assim foi indo
E foi seguindo.
De tal maneira,
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!


João de Deus

Filme apropriado à época natalícia - XIV




NOTA: para os puristas, a versão original, de John Lennon:


sábado, dezembro 19, 2009

Poema alusivo à época natalícia - III


A abstracção não precisa de mãe nem pai


A abstracção não precisa de mãe nem pai
nem tão pouco de tão tolo infante

mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal
com restos de Beira Alta

ano após ano via surgir figura nova nesse
presépio de vaca burro banda de música

ribeiro com patos farrapos de algodão muito
musgo percorrido por ovelhas e pastores

multidão de gente judaizante estremenha pela
mão de meu pai descendo de montes contando

moedas azenhas movendo água levada pela estrela
de Belém

um galo bate as asas um frade está de acordo
com a nossa circuncisão galinhas debicam milho

de mistura com um porco a que minha avó juntava
sempre um gato para dar sorte era preto

assim íamos todos naquela figuração animada
até ao dia de Reis aí estão

um de joelhos outro em pé
e o rei preto vinha sentado no

camelo. Era o mais bonito.

depois eram filhoses o acordar de prenda no
sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia de feira

e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que
tinha um cavalo debaixo do quarto

subindo de vales descendo de montes
acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos

e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de
minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.


in Actus Tragicus - João Miguel Fernandes Jorge

Vitorino Nemésio nasceu há 108 anos

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.




Uma Poesia sua para celebrar a data:

Quando Toda és Terra a Terra

Marga, teu busto tufa,
Dois gomos e véus de ilhal
Palpitam palmo de gente
Nesse tefe-tefe igual
E há qualquer coisa de ardente
Que se endireita e que rufa
Nem tambor a general.

Marga, teu peitinho estringes,
Toca a quebrados na praça
De armas que empunham rapazes
De guarda a uma egípcia esfinge,
E um vento de guerra passa
E o pau da bandeira ringe
Antes de fazer as pazes.

Marga, que deusa de guerra,
A Miosótis se interpôs
Quando toda és terra a terra
Cálice de rododendro
Zango nunca em ti se pôs
Em estames senão tremendo...

Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"

O pintor José Dias Coelho morreu há 48 anos

A 19 de Dezembro de 1961 a PIDE assassinou a tiro, em pleno dia, numa rua de Lisboa, o pintor José Dias Coelho. Depois o nosso Zeca Afonso quis recordar este senhor, numa belíssima canção que em seguida iremos recordar e que admiravelmente a Censura deixou passar...


A Morte saiu à Rua

Naquele lugar sem nome p'ra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.

Zeca Afonso (Letra e Música), Eu Vou Ser Como a Toupeira, 1972

Filme apropriado à época natalícia - XIII


sexta-feira, dezembro 18, 2009

Actividade ambiental para crianças em Leiria

Lixo Velho/Brinquedo Novo

O Centro de Interpretação Ambiental de Leiria irá realizar, nos dias 28, 29 e 30 de Dezembro de 2009, das 09.30 às 12.00 e das 14.30 às 17.00 horas uma actividade intitulada: Lixo Velho/Brinquedo Novo, em que os participantes, com idades compreendidas entre os 8 e os poderão, nesta actividade, fazer os seus próprios brinquedos utilizando para isso objectos usados.

As actividades que as crianças poderão fazer serão:
  • Lixo Velho/Brinquedo Novo
  • Pequenos artistas…..grandes reutilizadores
  • Origami e teabag folding

Os objectivos desta actividade são:
  • Reconhecer materiais e objectos que possam ser reutilizados, em forma de brinquedo;
  • Estimular a criatividade e a procura de soluções alternativas, de forma a desincentivar o consumo excessivos de bens não essenciais;
  • Fomentar o gosto pelas diversas artes, em especial pela pintura;
  • Introduzir os participantes na arte milenar das dobragens de papel.

Associando-se ao evento, este Blog disponibiliza os seguintes documentos:

Nota: inscrições (gratuitas...!) até ao dia 22 de Dezembro - cada atelier terá um mínimo de 6 e um máximo de 10 crianças...


Centro de Interpretação Ambiental
Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos
Câmara Municipal de Leiria
Telefone: 244 845 651 - Extensão: 694
Fax: 244 839 556
tfontes@cm-leiria.pt