quarta-feira, outubro 09, 2013

Karl Schwarzschild nasceu há 140 anos

Karl Schwarzschild (Frankfurt am Main, 9 de outubro de 1873 - Potsdam, 11 de maio de 1916) foi um astrónomo e físico alemão e um dos fundadores da moderna astrofísica.
Karl era o mais velho de 6 irmãos, Alfred Schwarzschild foi um artista, Hermann Schwarzschild foi agricultor, Otto Schwarzschild foi consultor financeiro, Robert Schwarzschild foi um industrial e Klara Schwarzschild casou-se com o astrofísico e meteorologista suíço Robert Emden. O seu pai, Moisés Martin Schwarzschild de quem teria herdado a capacidade de sustentação do trabalho duro, foi ativo na comunidade de negócios da cidade e sua mãe Henrietta Francisca Sabel, uma pessoa vivaz e calorosa de quem teria herdado os traços que formariam sua personalidade. A sua grande família era conhecida por cultivar profundo interesse em arte e cultura. No entanto, Karl tornou-se o primeiro da família a seguir uma carreira na ciência.
Começo
Karl frequentou uma escola judaica até os 11 anos de idade, era uma espécie de criança prodígio, pois o seu talento manifestou-se muito cedo, ao se interessar por astronomia enquanto ainda estudava no Ginásio de Frankfurt, nesta época, economizou todo o dinheiro que podia para comprar os materiais necessários para construir o seu próprio telescópio para estudar os céus. O pai de Karl conheceu, através do interesse em música, o professor J. Epstein que lecionava na Philanthropin Academy e tinha um observatório privado. A partir desta proximidade Karl fez amizade com o seu filho Paul Epstein que era 2 anos mais velho que ele e partilhava dos mesmos interesses astronómicos, Karl aprendeu com ele a usar um telescópio, bem como princípios de matemática avançada.
Aos 16 anos Karl escreveu 2 artigos de sua compreensão e domínio da mecânica celeste com foco nas órbitas de estrelas binárias e teve os seus trabalhos publicados na Sociedade Astronómica em 1890. De 1891 a 1893 Karl estudou na Universidade de Estrasburgo onde se concentrou em astronomia prática e recebeu seu doutoramento na Universidade de Munique em 1896, com uma dissertação sobre a aplicação da teoria de Jules Henri Poincaré da rotação de corpos estelares (estabilidade do sistema solar). O seu orientador foi Hugo Von Seeliger, a quem mencionou diversas vezes ao longo de sua vida.
Início de carreira
Entre 1897 e 1899, Karl foi assistente no Observatório Von Kuffner, no distrito de Ottakring em Viena, na Áustria. Foi contratado para a investigação e medição da magnitude aparente (brilho observado) de estrelas, usando placas fotográficas, realizando um trabalho de investigação em desvios geométricos do sistema óptico a partir do qual produziu uma fórmula para calcular a densidade óptica do material fotográfico. Esta fórmula foi especialmente importante para trabalhar com as medições fotográficas de intensidades fracas distantes (objetos astronómicos). O expoente desta fórmula é conhecido hoje como o Expoente de Schwarzschild.
No verão de 1899, tornou-se professor na Munich University depois de apresentar a sua tese intitulada “Contribuições para o tratado da fotometria de estrelas”, que construiu a partir do trabalho astronómico realizado no Observatório Von Kuffner. Escolhendo 367 estrelas para fazer suas medições, incluindo duas estrelas variáveis, verificou que a gama de variação das magnitudes medida pelos seus métodos fotográficos foi muito maior do que o intervalo de variação de magnitude visual. Percebendo assim, corretamente, que isso se devia às mudanças na temperatura da superfície da estrela variável por meio de seu ciclo.
É interessante notar que em 1900, Karl já havia ponderado sobre a estrutura não-euclideana da geometria espacial e suas ideias foram expostas na reunião da Germany Astronomy Society em Heidelberg. Neste mesmo ano, publicou um artigo em que deu um limite inferior para o raio (mensurável) da curvatura do espaço como 64 anos-luz (supondo um espaço hiperbólico) ou 1600 anos-luz (um espaço elíptico). Ao lidar com a pressão da radiação solar, assumiu que as caudas de cometas consistiam de partículas esféricas que atuam como refletores de luz. Assim, foi capaz de calcular o tamanho destas partículas. Ele soube instintivamente que a pressão da radiação solar tendia de alguma forma a superar a gravidade o que fazia as partículas não dispersarem a luz. Desta forma, permitiu-se deduzir que os diâmetros exatos das partículas variavam entre 0,07 à 1,5 mícrons.
Em 1902, foi nomeado professor na Göttinghen University e também diretor do seu Observatório. Em Göttinghen teve a oportunidade de trabalhar com algumas figuras significativas que habitavam a Universidade, como os matemáticos David Hilbert, Felix Klein e Hermann Minkowski.
Karl estudou os fenómenos astrofísicos associados ao mecanismo de transporte de energias em uma estrela por meio de radiação e produziu um importante papel no equilíbrio radioativo dentro da atmosfera do sol. Inventou um interferómetro com múltiplas fendas e usou-o para medir a separação de sistemas duplos próximos. Durante um eclipse total do sol, em 1905, obteve espectrogramas que lhe forneceram informações sobre a composição química de várias regiões a diferentes altitudes na atmosfera solar. Mais tarde desenhou um espectrógrafo com o objetivo de determinar de uma forma mais rápida e confiável a velocidade radial das estrelas, bem como o seu tipo espectral, temperatura e cor.
Karl introduziu o conceito de equilíbrio radioativo em astrofísica e foi provavelmente o primeiro a compreender como tal processo era importante na transferência de energia em atmosferas estelares. Em 1906, Karl publicou um artigo que mostrava que estrelas já não podiam ser consideradas como um gás mantido por sua própria gravidade, mas que as questões da termodinâmica sobre a transferência de calor devido à radiação e convecção precisava ser tratada com todo o empreendimento matemático. No mesmo ano, publicou o seu trabalho sobre transferência de energia na superfície do sol.
Família
Em 22 de outubro de 1909, casou-se com Else Posenbach, filha de um professor de cirurgia na Göttinghen University. Juntos, tiveram 3 filhos: Agathe Schwarzschild, que se tornaria professora de Literatura, Martin Schwarzschild que seguiria os seus passos se tornando professor de Astrofísica em Princeton e Alfred Schwarzschild.
Trabalho no Observatório de Potsdam
Logo após o seu casamento, no final de 1909, Karl deixou Göttinghen para assumir o cargo de diretor do Observatório de Astrofísica de Potsdam. Este foi o posto mais prestigioso disponível para um astrónomo na Alemanha e ocupou a posição com grande sucesso sendo mencionado por Arthur Eddington: “...Para um homem de seus amplos interesses em todos os ramos da matemática e da física estar nestas imediações deve ter sido muito agradável...”.
Em 1910 teve a oportunidade de estudar fotografias do retorno do cometa Halley, levado por uma expedição de Potsdam para Tenerife.
Em 1913, Karl foi eleito membro da Prussian Academy of Science de Berlim. Durante a sua eleição, ele produziu um memorável discurso que delineou a essência de sua atitude em relação à ciência.
"Matemática, física, química, astronomia, uma marcha em frente. Qualquer que seja a que fique atrás é desenhada depois. Qualquer que seja a que se apressa em frente ajuda as outras. O mais próximo de solidariedade entre astronomia e todo o círculo da ciência exata... a partir deste aspecto que pode contar bem que o meu interesse nunca foi limitado às coisas que estão além da Lua, mas seguiu os tópicos que giram de lá para o nosso conhecimento sublunar; muitas vezes tenho sido infiel para com os céus. Isso é um impulso para o universal, que foi fortalecido involuntariamente pelo meu professor Seeliger, e depois foi ainda mais alimentado por Felix Klein e todo o círculo científico em Göttingen. Lá o lema é que a matemática, a física e a astronomia constituem um conhecimento, que, como a cultura grega, só é compreendida como um todo perfeito".
I Guerra Mundial
Logo, em 1914, a Europa foi assolada com a eclosão da I Guerra Mundial. Karl ingressou no exército alemão como voluntário, apesar de estar acima dos 40 anos de idade. Atuou em ambas as frentes, oriental e ocidental, chegando à patente de tenente da divisão de artilharia. Serviu na Bélgica notavelmente, onde foi encarregado de uma estação meteorológica local, e na França, onde produziu cálculos da trajetória de mísseis.
Enquanto servia na Rússia, apesar de sofrer de uma doença de pele rara e dolorosa chamado pênfigo, ele conseguiu escrever três trabalhos fundamentais: dois contendo as soluções exatas para as equações de campo de Einstein da Teoria Geral da Relatividade, a nova teoria do espaço-tempo e gravitação, e um sobre a teoria quântica de Planck. Como são bem conhecidos, seus trabalhos sobre a Teoria Geral da Relatividade deram a primeira solução exata para as equações de campo de gravitação no espaço vazio em torno de massas esféricas de Einstein, solução que leva o seu nome, a Métrica de Schwarzschild, que na verdade, envolve uma ligeira modificação da solução original de Einstein. Além disso, Karl foi o primeiro cientista a introduzir o formalismo lagrangiano (Joseph Louis Lagrange, matemático italo-francês) correto do campo eletromagnético. Foi pioneiro no desenvolvimento da teoria de espectros atómicos proposto por Niels-Bohr. Independente de Arnold Sommerfeld (físico alemão que introduziu a constante da estrutura fina), Karl desenvolveu as regras gerais de quantização, definiu a teoria completa do efeito Stark (efeito de um campo elétrico da luz) e iniciou a teoria quântica de espectros moleculares.
Einstein vs. Schwarzschild
Ao receber manuscritos de Karl de 22 de dezembro de 1915, Einstein ficou agradavelmente surpreso ao saber que suas equações de campo de gravitação chegaram a admitir soluções exatas, que apesar de sua complexidade, segundo ele, foram elegantemente demonstradas por Karl em ...”uma forma tão simples...”. Antes disso, o próprio Einstein era capaz apenas de produzir uma solução aproximada, dado o seu famoso trabalho em 1915 sobre o avanço do periélio do Mercúrio. Nesse artigo, Einstein utilizando um sistema de coordenadas retilíneas, afim de aproximar o campo gravitacional em torno de uma massa esfericamente simétrica, estática, não-rotativa e não-carregada (a solução para um objeto de simetria esférica rotativa foi encontrado em 1963 por Roy Patrick Kerr, matemático neozelandês). Karl, em contraste com a abordagem inicial de Einstein, escolheu uma generalização do sistema de coordenadas polares (hoje conhecida como coordenadas de Schwarzschild) e foi assim, capaz de produzir uma solução exata de uma forma mais elegante, de maneira um pouco mais condizente com o esplendor e a subtileza da total natureza não-euclideana da Teoria Geométrica de Einstein. Karl finalizou a carta dizendo "...como você vê, a guerra me tratou gentilmente o suficiente, apesar da artilharia pesada, para permitir-me ficar longe de tudo e aproveitar esta caminhada na terra de suas ideias...".
Em 1916, Einstein escreveu a famosa e exultante carta a Karl a respeito de seu resultado obtido recentemente:
“Li a sua carta com o máximo interesse. Não esperava que podia-se formular a solução exata do problema de maneira tão simples. Gostei muito do seu tratamento matemático sobre o assunto. Na próxima quinta-feira apresentarei o trabalho à Academia com algumas palavras de explicação”.
Outras descobertas
Talvez ainda mais conhecido do que o seu trabalho com as soluções para a Teoria Geral da Relatividade, sejam suas contribuições para o aprofundamento da compreensão sobre o fenómeno dos buracos negros. O que agora é referido como o raio de Schwarzschild descreve quando uma estrela entra em colapso gravitacional diminuindo a um determinado tamanho e seu potencial de atração gravitacional se torna infinito onde nem mesmo um objeto que viaja à velocidade da luz consegue escapar da área denominada horizonte de eventos (raio de ação do buraco negro/raio de Schwarzschild). Outra teoria que leva seu nome é a dos buracos de verme de Schwarzschild que, hipoteticamente, trata-se de um “atalho” no espaço-tempo onde existem duas buracos ligados por um tubo que, se transponível, poderia levar a matéria a outro lugar do espaço, viajando mais rápido que a velocidade da luz, caracterizando uma viagem no tempo.
Uma grande perda para a Ciência
Pouco depois, Karl mandou seus dois últimos trabalhos sobre a Teoria Geral da Relatividade de Einstein e veio a sucumbir à doença de pele contraída anteriormente. A doença pênfigo é um tipo raro de erupção cutânea. Ocorrem erros do sistema imunológico que identificam as células da pele como organismos estranhos e os ataca, causando bolhas dolorosas. Na época de Karl, não havia tratamento médico conhecido ou cura para a doença. Foi libertado do seu dever militar e internado em casa em março de 1916, morreu dois meses depois, em 11 de maio de 1916, com a idade de 42 anos, sendo sepultado no Stadtfriedhof de Göttingen.
Karl morreu no auge de suas conquistas, certamente foi um homem de grandes interesses científicos. Depois de sua morte prematura, seu colega cientista Arthur Stanley Eddington observou, “...a ampla gama de suas contribuições para o conhecimento sugere uma comparação com Poincaré, mas Karl Schwartzschild era duplamente mais prático, ele encantou tanto na concepção de métodos instrumentais como nos triunfos da análise...sua alegria era variar sem restrições sobre os postos do conhecimento, e como um líder da guerrilha, os seus ataques caíram onde menos se espera...”. Além do seu trabalho em Astronomia, que incluiu a mecânica celeste, a fotometria estelar observacional, sistemas ópticos, a astronomia observacional e instrumental, estrutura estelar e estatística, cometas e espectroscopia e a sua excelente contribuição na área da Teoria Geral da Relatividade, também trabalhou em eletrodinâmica e óptica geométrica (enquanto trabalhava na Göttinghen University) e manteve profundo interesse na teoria quântica.
Curiosidades
As características de Karl não eram aquelas que são normalmente associadas aos cientistas de sua nacionalidade. Ele era um alpinista entusiasmado e tinha realizado algumas das subidas mais complicadas dos Alpes. Ele tinha um espírito de aventura e praticava desportos de inverno na Suíça. Um voo de Zeppelin foi sua última grande aventura.
Como a sua morte muito prematura, as honras foram relativamente poucas durante sua vida. Recebeu honras póstumas de um observatório, fundado em 1960, em Tautenburg como Instituto afiliado da Academia Alemã de Ciências. A dedicação descreveu-o como: “...o maior astrónomo alemão dos últimos 100 anos...”. Após a reunificação da Alemanha o Instituto foi refundado em 1992 e renomeado "Observatório Karl Schwarzschild" do estado de Turíngia de Tautenburg, que possui o maior telescópio da Alemanha. A Sociedade Astronómica Alemã estabeleceu um eleitorado especial em sua homenagem em 1959 e uma medalha Karl Schwarzschild de Astronomia. O primeiro destinatário foi seu filho Martin Schwarzschild. O asteroide 837 Schwarzschild, descoberto em 23 de setembro de 1916 pelo astrónomo alemão Max Wolf, foi nomeado em sua homenagem bem como a cratera de Schwarzschild na Lua.

El-Rei D. Dinis nasceu há 752 anos

(imagem daqui)

D. Dinis

Dorme na tua glória, grande rei
Poeta!
Não acordes agora.
A hora
Não te merece.
A pátria continua,
Mas não parece
A mesma que te viu a majestade.
Dorme na eternidade
Paciente
De quem num areal
Semeou um futuro Portugal,
Confiado na graça da semente.


in Diário XIV (1987) - Miguel Torga


Música para um triste dia...

(imagem daqui)

COMO DE VÓS...

À memória do Papa Pio XII que quis ouvir, moribundo, o “Allegretto” da Sétima Sinfonia de Beethoven.


Como de Vós, meu Deus, me fio em tudo,
mesmo no mal que consentis que eu faça,
por ser-Vos indiferente, ou não ser mal,
ou ser convosco um bem que eu não conheço,

importa pouco ou nada que em Vós creia,
que Vos invente ou não a fé que eu tenha,
que a própria fé não prove que existis,
ou que existir não seja a Vossa essência.

Não de existir sois feito, e também não
de ser pensado por quem só confia
em quem lhe fale, em quem o escute ou veja.

Humildemente sei que em Vós confio,
e mesmo isto o sei pouco ou quase esqueço,
pois que de Vós, meu Deus, me fio em tudo.

11.10.1958

in Fidelidade (1958) - Jorge de Sena 

O Papa Pio XII morreu há 55 anos

Papa Pio XII (em italiano: Pio XII, em latim: Pius PP. XII; O.P., nascido Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli; Roma, 2 de março de 1876 - Castelgandolfo, 9 de outubro de 1958) foi eleito Papa no dia 2 de março de 1939 até a data da sua morte. Foi o primeiro Papa Romano desde 1724.
Foi o único Papa do século XX a exercer o Magistério Extraordinário da Infalibilidade papal – invocado por Pio IX – quando definiu o dogma da Assunção de Maria em 1950, na sua encíclica Munificentissimus Deus. A sua ação durante a Segunda Guerra Mundial tem sido alvo de debate e polémica devido a sua posição papal de imparcialidade, com relação ao conflito. Ao todo criou 57 cardeais em dois consistórios.

Início
Pacelli, primogénito de família da nobreza italiana, era neto de Marcantonio Pacelli, que foi subsecretário do Ministério das Finanças Papais e foi secretário do Interior, no pontificado de Pio IX, de 1851 a 1870, e foi o fundador do jornal oficial do Vaticano, L'Osservatore Romano, em 1861. O seu pai, Filippo Pacelli (1837-1916), é advogado da Rota Romana e depois advogado consistorial, mostra-se desfavorável à integração dos Estados Papais no Reino da Itália. A sua mãe, Virgínia Graziozi (1844-1920) vem de uma família distinguida pelos seus serviços prestados à Santa Sé. Finalmente, o seu irmão, Francesco Pacelli, médico e advogado, doutor em direito canónico na Santa Sé, será um dos negociadores dos acordos de Latrão, em 1929.
Eugenio Pacelli foi educado no Liceu Visconti, uma instituição pública. Em 1894 começou a estudar Teologia na Universidade Gregoriana, como pensionista do Colégio Capranica. De 1895 a 1896, faz um ano de filosofia na Universidade La Sapienza de Roma. Em 1899, ingressa no Instituto Apollinare da Pontifícia Universidade Lateranense, onde obteve três licenças, uma de teologia e outro em utroque jure (em "dois direitos", isto é, direito civil e direito canónico). No seminário, por motivos de saúde, é autorizado a pernoitar na casa dos pais. Iniciou os seus trabalhos apostólicos na igreja de Santa Maria Vallicella, integrando um grupo de jovens. Foi ordenado sacerdote a 2 de abril de 1899 pelo bispo Monsenhor Francesco di Paola Cassetta, um amigo da família.

Serviço na Cúria
Depois de dois anos como cura da Chiesa Nuova, onde fora sacristão, em 1901, ingressou na Congregação dos Assuntos Eclesiásticos Extraordinários, responsável pelas relações internacionais do Vaticano, por recomendação do cardeal Vincenzo Vannutelli. Pacelli assistiu ao conclave de agosto de 1903, quando vê um Imperador, Francisco José I da Áustria, opor pela última vez um "veto" à eleição de um cardeal a papa, que seria contra o Cardeal Rampolla.
Em 1904, foi nomeado pelo Cardeal Pietro Gasparri secretário da Comissão para a codificação do direito canónico, tornou-se também "Camareiro" de sua Santidade, sinal de confiança do papa. Publicou um estudo sobre "A Personalidade e territorialidade das leis, especialmente no direito canónico", em seguida, publicou um "Livro Branco" sobre "A separação entre Igreja e Estado na França". Pacelli declina do convite para lecionar em inúmeras cadeiras de Direito Canónico, bem como no "Apollinaire" e na Universidade Católica de Washington. Aceita, no entanto, ensinar na Pontifícia Academia Eclesiástica, sementeira da Cúria Romana. Em 1905, foi promovido a "prelado doméstico" de Sua Santidade.
Foi escolhido pelo papa Leão XIII para apresentar as condolências em nome do Vaticano a Eduardo VII do Reino Unido pela morte da Rainha Vitória. Em 1908 representou o Vaticano no Congresso Eucarístico Internacional em Londres onde esteve com Winston Churchill. Em 1911, representou a Santa Sé nas cerimónias de coroação de George V e foi nomeado Sub-secretário para Assuntos Eclesiásticos Extraordinários; em 1912, foi nomeado Secretário-Adjunto e passou a Secretário em 1 de fevereiro de 1914, sucedendo a Gasparri, que fora nomeado Secretário de Estado.
É mantido neste posto durante todo pontificado de Bento XV, como secretário conclui a concordata com governo da Sérvia quatro dias antes (24 de junho de 1914) do assassinato do Arquiduque da Áustria Francisco Ferdinando em Sarajevo, em seguida assume a missão de promover a política papal durante a Primeira Guerra Mundial, em particular, ela visa dissuadir a Itália para ir à guerra.
Em 1915, viaja para Viena e trabalha em colaboração com Monsenhor Scapinelli di Leguigno, então núncio apostólico em Viena, para convencer o Imperador Francisco José a ser mais paciente nas suas relações com a Itália. Desta forma, a Itália, não faria guerra contra os Impérios Centrais (Áustria-Hungria e Alemanha).

Núncio Apostólico
Foi nomeado Núncio Apostólico na Baviera pelo Papa Bento XV a 20 de abril de 1917,  sendo três dias depois nomeado arcebispo in partibus de Sardes, a sua ordenação ´feita na Capela Sistina, pessoalmente pelo próprio papa, no dia 13 de maio de 1917, data da primeira aparição da Virgem de Fátima, em plena Primeira Guerra Mundial. Começa o trabalho no momento da receção da nota de 1 de agosto de 1917, de Bento XV, trabalhará tendo a paz e o auxílio às vítimas do conflito como principal objetivo, mas só obtém resultados decepcionantes. Esforça-se por conhecer bem a Igreja Católica na Alemanha, visita as dioceses e frequenta os principais eventos católicos como o Katholikentag. Tomou ao seu serviço a alemã irmã Pasqualina, que se tornou a sua governanta até final de sua vida.
Desde 1919, a Nunciatura na Baviera foi reconhecida como competente para toda a Alemanha. Em 23 de junho de 1920 é criada uma nunciatura na Alemanha (República de Weimar) e Pacelli é então acreditado em Berlim, ao mesmo tempo que recebe a Nunciatura da Prússia, tarefa que desempenhou até 1929. Nesta época toma conhecimento das discussões entre o Vaticano e a União Soviética. Em 1926, ordena bispo o jesuíta D'Herbigny, encarregado de constituir um clero na Rússia. As tentativas de negociação do Núncio em Berlim com emissários soviéticos, com a finalidade de garantir condições mínimas de sobrevivência para a Igreja na União Soviética, que tiveram início em 1924, prolongaram-se por mais de três anos e resultaram em insucesso.
Para regularizar as relações da Santa Sé com outros Estados e defender as atividades católicas nestes países, exerce uma atividade diplomática intensa, assistiu e assinou várias concordatas com vários Estados: Letónia em 1922, Baviera em 1924, Polónia em 1925, Roménia em 1927, Prússia em 1929. Tais concordatas permitiam a Igreja Católica organizar grupos de jovens, fazer nomeações eclesiásticas, construir e manter escolas, hospitais e instituições de caridade, ou mesmo realizar serviços religiosos. Também asseguravam que o direito canónico seria reconhecido dentro de algumas áreas (por exemplo, decretos da Igreja na área de nulidade do casamento, etc.).

Cardeal Secretário de Estado
Exerce a nunciatura na Alemanha até ser criado cardeal em 16 de dezembro de 1929 pelo Pio XI, com o título de Cardeal-presbítero de "São João e São Paulo". Em 8 de fevereiro de 1930 é nomeado Secretário de Estado - por coincidência no mesmo dia que, em 1901, sem ter completado ainda vinte e cinco anos, atravessou pela primeira vez os umbrais da Secretaria de Estado - o cardeal Pacelli recebeu da Bulgária votos especiais, formulados por um idoso monge que invocava para ele a docilidade de David e a sabedoria de Salomão, quem escrevia ao futuro Papa Pio XII era aquele que lhe sucederia com o nome de João XXIII.
Por nove anos foi fiel e principal colaborador de Pio XI, numa época marcada pelo totalitarismo: os fascistas, nazistas e os comunistas soviéticos foram condenados, respectivamente, nas encíclicas Non abbiamo bisogno, Mit Brennender Sorge (Com profunda preocupação) e Divini Redemptoris e pela encíclica Firmissimam constantiam criticou as sangrentas perseguições do laicismo maçônico contra os católicos do México.
Juntamente com os Cardeais alemães Adolf Bertram, Michael von Faulhaber e Karl Joseph Schulte e os dois bispos alemães mais contrários ao regime, Clemens von Gallen e Konrad von Preysing e com a intervenção decidida do Cardeal Pacelli e dos seus auxiliares alemães Mons. Ludwig Kaas e dos jesuítas Robert Leiber e Augustin Bea chegou-se à encíclica Mit brennender Sorge que, ainda em 1937, condenou os erros dos nazis e da sua ideologia racista e pagã.
Em 1935 foi nomeado Cardeal Camerlengo. Promove, ainda, a celebração de concordatas com a Áustria (1933), Alemanha (1933), Iugoslávia (1935) e Portugal (Concordata entre a Santa Sé e Portugal, em 1940). Fez ainda visitas diplomáticas na Europa e América, incluindo uma longa visita aos Estados Unidos em 1936, onde se encontrou com Charles Coughlin e Franklin D. Roosevelt, que enviou interlocutores à Santa Sé em dezembro de 1939, para restabelecer relações diplomáticas que haviam sido rompidas desde 1870, quando o papa havia perdido o poder temporal. Os tratados de Latrão de 1929 foram concluídos antes de Pacelli se tornar Secretário de Estado.
Em abril de 1935, em resposta à nota da Embaixada da Espanha do dia 15 comunicando a proclamação da República naquele país, o Cardeal Secretário de Estado, depois de ouvida a Congregação para os Assuntos Eclesiásticos Extraordinários e obtida a aprovação de Pio XI, emitiu nota diplomática do seguinte teor: A Santa Sé - disse Pacelli - toma em consideração esta comunicação. Ela está disposta a secundar o Governo provisório na obra de manutenção da ordem, confiante de que também o Governo por seu lado respeitará os direitos da Igreja e dos católicos numa nação na qual a quase totalidade da população professa a Religião católica. Esta nota diplomática foi o ato formal de reconhecimento por parte da Santa Sé do Governo provisório da Segunda República espanhola.
Ainda em 1935, a 6 de dezembro, recebe o hábito dominicano, tornando-se membro da Ordem Terceira de São Domingos, em virtude da sua grande «grande admiração pela doutrina e santidade dos exímios doutores da Ordem, Tomás de Aquino e Alberto Magno, tomou para a sua vida dominicana o nome de ambos, querendo ficar-se chamando «Tomás-Alberto».
 
O Arquivo Secreto do Vaticano publicou em 2010 I "flogli di udienza" del cardinale Eugenio Pacelli segretario di Stato. Pacelli, durante o período que vai de 8 de fevereiro de 1930 a 10 de fevereiro de 1939 começou a tomar notas dos encontros com o Papa Pio XI, e depois também daqueles com os diplomatas e eclesiásticos, com uma frequência que se manteve quase quotidiana durante um decénio, até poucas horas antes da morte de Pio XI. Estas anotações foram conservadas pelo autor depois da eleição papal, contendo 2.627 folhas e documentam 1.956 audiências. São apontamentos destinados ao trabalho da Secretaria de Estado e da Cúria Romana e eram até agora uma fonte desconhecida de interesse para a história contemporânea.

Eleição - o conclave
Em 2 de março de 1939, quando já se podia antever a nova conflagração mundial, no dia de seu 63.º aniversário, na terceira votação, Pacelli tornou-se o primeiro Secretário de Estado, desde o Papa Clemente IX em 1667, a ser eleito Papa; escolheu o nome de Pio XII, na continuidade do pontificado precedente, Pacelli foi ainda o primeiro Camerlengo desde Leão XIII em 1878, o primeiro membro da Cúria desde o Papa Gregório XVI (1831), e o primeiro romano desde o Papa Clemente X em 1670 a ser eleito papa.
 
Opus iustitiae pax
 
O Papa e a Guerra
Nomeou seu Secretário de Estado o cardeal Maglione, antigo núncio em Paris. Evitar a guerra a todo custo foi a sua primeira preocupação. Pode-se dizer que Pio XII foi um dos principais protagonistas daqueles dias tão carregados de tragédia, porque procurou, com todas as suas forças, evitar a guerra. Tendo adquirido uma grande experiência diplomática, tem ciência de que o espera um dos mais agitados períodos da história.
Na sua primeira intervenção radiofónica com a mensagem Dum gravissimum, em 3 de março de 1939, manifesta preocupação pelo quanto se temia então: "Nestas ansiosas horas, enquanto muitas dificuldades parecem se opor à realização da verdadeira paz, que é a mais profunda aspiração de todos, levamos nossa suplica a Deus, uma oração especial por todos aqueles que têm a maior honra e o enorme peso de guiar o povo no caminho da prosperidade e do progresso civil." Em maio envia, sem sucesso, aos governos do Reino Unido, França, Polónia, Alemanha e Itália uma proposta para resolver, mediante uma reunião conjunta, os problemas inerentes à comprometida estabilidade política.
Dirigiu por rádio um novo apelo à paz no mundo: Iminente é o perigo, mas ainda é tempo. Nada é perdido com a paz. Tudo pode ser [perdido] com a guerra, era o seu brado naquela mensagem de rádio profética de 24 de agosto de 1939, a uma semana do início do conflito.
Em 20 de outubro de 1939 publica a sua primeira encíclica: Summi Pontificatus, em que exprime a sua angústia pelo sofrimento que cai sobre os indivíduos, famílias e toda a sociedade. Diz que a "hora das trevas" caiu sobre a humanidade, convida a todos a orar "para que a tempestade se acalme e sejam banidos os espíritos de discórdia que levaram a tão sangrento conflito." Recorre com frequência ao meio radiofónico para promover as suas mensagens, o mais moderno de comunicação de massa na época, são perto de duzentas mensagens radiodifundidas e dirigidas ao mundo em várias línguas, além de seus escritos.
Na noite de Natal de 1942, condenou a perseguição judia, na sua famosa alocução de Natal. Igualmente, em 1943 pronunciou um importante discurso aos cardeais, em que reafirmou a sua condenação da política alemã. Como Bispo de Roma entrou em pessoa, em julho e agosto de 1943, nos populosos bairros de São Lourenço e São Giovanni para trazer conforto para as vítimas dos bombardeamentos anglo-americanos.
Quando, em 10 de setembro de 1943 os nazis invadiram Roma, o Papa abriu a Santa Sé aos refugiados, estimando-se que tenha concedido a cidadania do Vaticano a entre 800.000 e 1.500.000 de pessoas, e nos meses em que Roma se encontrava sob ocupação alemã, Pio XII instruiu o clero italiano sobre como salvar vidas usando de todos os meios possíveis. Cento e cinquenta e cinco conventos e mosteiros em Roma deram asilo a aproximadamente cinco mil judeus. Pelo menos três mil encontraram refúgio na residência de verão do pontífice, em Castel Gandolfo. Sessenta judeus viveram por nove meses dentro da Universidade Gregoriana e muitos foram escondidos no subsolo do Pontifício Instituto Bíblico. Seguindo as instruções de Pio XII, muitos padres, monges, freiras, cardeais e bispos italianos empenharam-se para salvar milhares de vidas judias. O cardeal Boetto, de Génova, salvou pelo menos oitocentas vidas. O bispo de Assis escondeu trezentos judeus durante mais de dois anos. O bispo de Campagna e dois seus familiares salvaram outros 961 em Fiume.
Hitler ameaçou sequestrar Pio XII. O general Karl Otto Wolff, das SS, recebeu ordem para ocupar o mais rapidamente possível o Vaticano, garantir a segurança dos arquivos e dos tesouros artísticos, e "transferir" (ou seja, sequestrar) o Papa, juntamente com a Cúria, para que não caíssem nas mãos dos Aliados e exercessem influência política. De acordo com historiadores, Hitler ordenou o sequestro porque ele tinha medo da possibilidade de Pio XII aumentar e agravar as suas críticas à perseguição judia levada a cabo pelos nazis. Ele também tinha medo de que a oposição de Pio XII pudesse inspirar mais resistência e oposição à ocupação alemã na Itália e em outros países católicos. Nessa eventualidade, o Papa disse à Cúria que a sua captura pelos nazis implicaria a sua resignação imediata, abrindo caminho à eleição de um sucessor. Os prelados teriam de se refugiar num país seguro e neutro, provavelmente Portugal, onde iriam restabelecer a liderança da Igreja Católica Romana e eleger um novo Papa.
Como consequência, e apesar do facto de Mussolini e dos fascistas terem cedido à exigência de Hitler de dar início às deportações também na Itália, muitos católicos italianos desobedeceram às ordens alemãs. É sabido que, enquanto cerca de 80% dos judeus europeus encontraram a morte durante a Segunda Guerra Mundial, 80% dos judeus italianos se salvaram.
Em 12 de março de 1944 profere a alocução Nella desolazione, dirigida aos "foragidos da guerra refugiados em Roma e aos habitantes da cidade reunidos na Praça de São Pedro" e em 2 de junho deste mesmo ano em outra alocução: È ormai passato, dirigida aos Cardeais repele mais uma vez a guerra. Em 29 de novembro de 1945 recebe no Vaticano oitenta delegados de campos de concentração alemães que foram pessoalmente manifestar o seu agradecimento pela "generosidade demonstrada pelo Santo Padre para com eles durante o terrível período do nazifacismo".

Depois da Guerra
Na sua Radiomensagem Ecco alfine de 9 de maio de 1945 Pio XII reafirma o que tanto já vinha repetindo, que "só a paz e a segurança imposta sob justiça podem garantir ao povo um ordenamento público conforme as exigências fundamentais da consciência humana e cristã".
Diante do crescimento do comunismo soviético denuncia a violência exercida contra os povos eslavos na alocução Nell’accogliere, de 5 de junho de 1945 e reage contra a perseguição religiosa é exercida nessas regiões. Na Mensagem Ecce ego declinabo, de 24 de dezembro de 1954, denuncia os males da Guerra Fria e na mensagem natalícia de 1955 Col cuore aperto rejeita mais uma vez de modo expresso a doutrina do comunismo afirmando-a contrária à doutrina cristã e ao direito natural.

Em fins de 1947, a Assembleia Constituinte italiana havia concluído o texto de um nova constituição que entraria em vigor em 1 de janeiro de 1948. Haviam sido convocadas eleições gerais para 18 de abril de 1948, comunistas e socialistas coligaram-se contra a Democracia Cristã, liderada por Alcide De Gasperi. À vista do bloqueio de Berlim naquele ano, a guerra fria entre a URSS e as democracias ocidentais e a perseguição religiosa por trás da "cortina de ferro" levaram Pio XII a declarar que "soara a hora capital da consciência cristã". Em suas palavras "toda a nação estava em plena transmutação dos tempos, que requeria por parte da Cabeça e dos membros da Cristandade, suma vigilância, incansável diligência e uma ação abnegada."
Coerente com o magistério da Igreja que já condenava o marxismo como heresia desde antes do Papa Leão XIII e através da encíclica Rerum Novarum e de outros documentos pontifícios de seus sucessores, naquelas eleições prestou claro apoio a De Gasperi e à Democracia Cristã italiana que, afinal, saiu-se vitoriosa, e proibiu o clero católico de votar no PCI (Partito Communista D'Italia) o que, segundo seus críticos, seria mostra da sua feição conservadora.
Na verdade, Pio XII empenhara-se naquela eleição e com ele toda a Igreja Católica para garantir a vitória da Democracia Cristã na Itália e evitar que sucedesse na nascente democracia italiana o que vinha ocorrendo então, na denominada Cortina de Ferro. Em 1949, ordenou a publicação do Decreto contra o Comunismo, que levou à excomunhão de católicos que defendiam abertamente o comunismo. Também condenou o comunismo em outras ocasiões, como por exemplo na Carta Apostólica Dum maerenti animo - A Igreja perseguida na Europa do Leste (29 de junho de 1956) e na Carta Apostólica "Sacro vergente anno" - Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria (7 de julho de 1952).
 
(...)
 
Segundo o diplomata e historiador judeu Pinchas Lapide, que foi cônsul em Milão, na sua obra "Three Popes and Jews" (Londres, 1967), "Pio XII, a Santa Sé, os núncios do Vaticano e toda a Igreja Católica teriam salvo de 700.000 a 850.000 hebreus da morte certa, no regime nazi."
Em 23 de dezembro de 1940, na revista "Time", Albert Einstein afirmava: "Somente a Igreja ousou opor-se à campanha de Hitler de suprimir a verdade. Nunca tive um interesse especial pela Igreja antes, mas agora sinto um grande afeto e admiração porque somente a Igreja teve a coragem e a força constante de estar da parte da verdade intelectual e da liberdade moral".
Por ocasião de sua morte o mundo prestou-lhe extraordinárias homenagens. Eisenhower, então presidente dos Estados Unidos declarou: "O mundo tornou-se mais pobre depois de sua morte". De sua parte a então ministra do Exterior de Israel e mais tarde primeira-ministra Golda Meir afirmou: "Nós choramos um grande servidor da paz" e, ainda, que na ocasião do "terrível martírio que se abateu sobre nosso povo, a voz do Papa se elevou em favor de suas vítimas." Certo é que o Papa desenvolveu na sombra uma forte campanha de apoio aos judeus, e os seus críticos, todavia, não perdoam o facto de ter mantido silêncio, ao não falar publicamente contra os nazis durante a guerra, por temer represálias nazis contra os católicos e os judeus.
Provas escritas de ordem direta de Pio XII para proteger os judeus foram encontradas no Memorial das Religiosas Agustinas do mosteiro romano "Dei Santissimi Quattro Coronati" onde se lê: "O Santo Padre quer salvar os seus filhos, também os Judeus, e ordena que em todos os Mosteiros se dê hospitalidade a estes perseguidos". A anotação é de novembro de 1943 e inclui a lista de 24 pessoas acolhidas neste Mosteiro como adesão ao desejo do Sumo Pontífice.
A Pave the Way Foundation, uma fundação que se dedica à promoção da paz no mundo por meio do diálogo interreligioso, liderada pelo judeu Gary Lewis Krupp comunicou, em setembro de 2009, ao Papa Bento XVI uma iniciativa que busca dar a Pio XII o título de "Justo entre as Nações" – o que seria equivalente ao reconhecimento que faz a Igreja Católica dos santos - e assim colocar o seu nome no elenco do conhecido jardim dos justos no Yad Vashem de Jerusalém.

terça-feira, outubro 08, 2013

Há 15 anos o mundo soube que José Saramago tinha ganho o Nobel da Literatura

Foi galardoado com o Nobel de Literatura em 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. A 24 de agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 3 de dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem.
O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.
Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.

(...)

Em setembro de 1997, a agência publicitária sueca, Jerry Bergström AB, de Estocolmo, contratada pelo ICEP (órgão estatal português para a promoção do comércio e turismo nacional), organizou uma visita de José Saramago a Estocolmo, incluindo um seminário na Hedengrens, a principal cadeia de livrarias sueca, um discurso na Universidade de Estocolmo e várias entrevistas a jornais, revistas e rádios suecas. Nesses mesmos dias, a televisão estatal sueca produziu um programa especial dedicado ao escritor.
Em outubro do mesmo ano, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt tem neste ano Portugal como país em destaque, estando José Saramago neste local, em 8 de outubro de 1998, quando recebe a informação de ter ganho o prémio, que, em 7 de dezembro de 1998, Saramago recebe em Estocolmo.
Segundo o Diário de Notícias, o director da empresa sueca Jerry Bergström AB afirmou: "Portugal nunca tinha tido um Prémio Nobel da literatura e uma parte da nossa missão consistia em mudar essa situação".
Comentando esta atribuição, Sture Allén, então secretário da Academia Sueca, negou que a decisão tenha sido afectada por "campanhas publicitárias, comentários de académicos ou escritores, ou qualquer outro tipo de pressão".
Contradizendo Allén, Knut Ahnlund e Lars Gyllensten, membros da academia afirmaram que seria ridículo afirmar que os membros da academia sejam "imunes a agências publicitárias". Ahnlund foi crítico da atribuição do prémio Nobel a Saramago, que segundo ele foi o culminar de uma campanha profissional de relações públicas.


Química

Sublimemos, amor. Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.

 

in Os Poemas Possíveis (1982 - 2ª edição) - José Saramago

Hoje é o dia de aniversário de dois membros da banda Ramones..

John William Cummings (Long Island, Nova Iorque, 8 de outubro de 1948 - Los Angeles, Califórnia, 15 de setembro de 2004), mais conhecido como Johnny Ramone, foi o guitarrista da banda de punk rock Ramones. Como o vocalista Joey Ramone, ele permaneceu membro da banda até o fim.
Quando criança tocava em uma banda chamada Tangerine Puppets. Depois ficou conhecido como "o gordo". Johnny era conhecido pela sua personalidade volúvel e controladora, postura anti-social, e extrema rigidez na gerência interna dos Ramones. O documentário End of the Century: The Story of the Ramones traz relatos de antigos amigos, e do próprio Johnny sobre a sua postura nada amigável durante a juventude. Era o empresário interno dos Ramones, criando e impondo regras a serem seguidas com o intuito do bom funcionamento e manutenção da banda.
Em 15 de setembro de 2004, ele morreu em Los Angeles, depois de 5 anos a lutar contra um cancro da próstata, com apenas 55 anos. Encontra-se sepultado no Hollywood Forever Cemetery, Hollywood, Condado de Los Angeles, Califórnia nos Estados Unidos.
Em 2003, a revista Time colocou-o na lista dos "10 Melhores Tocadores de Guitarra Elétrica". No mesmo ano, a 27 de agosto de 2003, a revista Rolling Stone colocou-o em 16ºlugar na lista dos "100 melhores guitarristas de todos os tempos", mas, em 2011, a Rolling Stone modificou a lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos, tendo passado para o 28º lugar de melhor guitarrista de sempre.


C. J. Ramone é o pseudónimo de Christopher Joseph Ward (Queens, New York, 8 de outubro de 1965), é um músico norte-americano, conhecido como baixista da banda de punk rock Ramones, na qual entrou em substituição de Dee Dee Ramone após a gravação de Brain Drain (1989) e onde ficou até o fim da banda, em 1996. Assim como seu antecessor Dee Dee, CJ também atuou como vocalista em algumas músicas, vindo a gravar Strengh to Endure, Cretin Family e Main Man dentre outras, além de bradar One, two, three, four! em shows da banda para introduzir as músicas. Além disso, ficou responsável por cantar todas as músicas que o seu antecessor fazia.
Mesmo em projetos posteriores, como as bandas Los Gusaños e Bad Chopper (tocando guitarra e cantando), Cristopher ainda continuou sendo chamado por fãs e crítica de CJ Ramone. Cristopher era guitarrista antes e depois de entrar nos Ramones e foi escolhido para entrar no quarteto nova-iorquino pela sua autenticidade, não imitando Dee Dee Ramone nas roupas e no corte de cabelo.
CJ Ramone foi casado com a sobrinha de Marky Ramone, Chelsea, de quem teve dois filhos, Liam (1998) e Liliana (2001). Em 1999, foi diagnosticado autismo ao seu filho Liam, o que levou Chistopher a participar da campanha a favor da luta contra o autismo, em 2009. Ele chegou a receber um convite para tocar com os Metallica mas teve que recusar, devido à doença do filho.
Hoje, Christopher é casado com Denise Barton Ward.



NOTA: passam hoje 65 anos do nascimento de Johnny Ramone (e CJ Ramone faz hoje 47 anos)...

Música atual para geopedrados...


Ho Hey

I've been trying to do it right
I've been living a lonely life
I've been sleepin here instead
I've been sleepin in my bed
Sleepin in my bed

So show me family
All the blood that I will bleed
I don't know where I belong
I don't know where I went wrong
But I can write a song

I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
I belong with you, you belong with me
You're my sweet

I don't think you're right for him
Think of what it might have been if we
Took a bus to chinatown
I'd be standin on canal and bowery
And she'd be standin next to me

I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart

Love we need it now
Let's hope for some
Cause oh, we're bleedin out

I belong with you, you belong with me
You're my sweetheart
I belong with you, you belong with me
You're my sweet

I belong with you, you belong with me
You're my sweet

NOTA: queremos dedicar esta música ao Doutor Jorge Dinis, que, tanto quanto sabemos, continua a lutar pela vida, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, depois do acidente que sofreu - as nossas preces e o nosso coração estão com ele e com a sua família, em particular a esposa e o filho mais novo, bem como os seus colegas da Universidade de Coimbra e os seus verdadeiros amigos...