quinta-feira, julho 02, 2009

Prisão de Coimbra acolhe Exposição de Astronomia


Informação recebida da organização do Ano Internacional da Astronomia, via Blog De Rerum Natura:

O Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC) acolhe "Da Terra ao Universo" ("From Earth To The Universe" - FETTU), uma exposição fora de comum, que apresenta alguns dos mais belos elementos do nosso Universo.

Encontro invulgar com a ciência promovido pelo Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), "Da Terra ao Universo" não tem lugar marcado. Com o apoio das câmaras municipais e de diversas instituições, mostra, durante todo o ano, de Norte a Sul de Portugal (nas paragens de autocarros, nos jardins, museus, centros comerciais, nas estações de metro, nos parques públicos e desde Maio nas prisões), a estonteante beleza do Universo.

O conjunto de 10 imagens astronómicas de grandes dimensões que compõe a exposição dá a conhecer, entre outros, a Nebulosa da Cabeça de Cavalo, a Galáxia Whirlpool, o relevo da Lua, as protuberâncias solares e o remanescente de Supernova da Vela.

O projecto "From Earth To The Universe" (FETTU) foi apresentado na sede da UNESCO em Paris, em Janeiro passado. Perto de 50 países estão neste momento envolvidos na exposição que pretende, de uma maneira inesperada mas, contudo, acessível, fazer chegar a astronomia ao público em geral.

O Ano Internacional de Astronomia desafiou por outro lado todos os amadores de fotografia a sair para a rua e a "imortalizar" a presença inédita dessas imagens astronómicas no quotidiano das nossas cidades. As mais belas fotografias do certame estão publicadas online (aqui).

O AIA 2009 é coordenado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Agência Nacional Ciência Viva, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Fanhais canta Sophia


Cantata da Paz - Francisco Fanhais

Cantata de paz

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.

PS - a mesma canção, em versão um pouco diferente, com homenagem ao António Aleixo, aqui em filme:

Sophia - 5 anos de saudade

Partiu, faz hoje 5 anos, como uma onda que morre suavemente ao embater na praia, uma das grandes poetisas portuguesas - a que eu mais amo... Porque nunca morrerá nos nossos corações, aqui fica uma sua poesia transformada em canção de protesto pelo ex-padre Francisco Fanhais:

Porque - Francisco Fanhais


Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Por que os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

AQUI POSTO DE COMANDO...



Por não querer aquilo que me é dado
Por não querer nem governo nem estado
Por não ter nada e por tudo querer
Esquadrão da morte faz-me correr

Por não querer aquilo que me é dado
Por não querer nem governo nem estado
Por não ter nada e por tudo querer
Esquadrão da morte faz-me correr

Eles ai ai estão, já lhes sinto o bafo
Dobro uma esquina a ver se me safo
Por aí não que não tem saída
Muito cuidado que arriscas a vida

A noite é dia, e o dia é de noite
Não tenho sítio onde me acoite
Esquadrão da morte avança no escuro
E sigo em frente a sombra do muro
E sigo o cheiro na escuridão
Que me conduz onde está a razão
E sigo o cheiro da escuridão
Que me conduz onde está a razão

Sangue na boca da queda de há pouco
Tento falar só sai um grito rouco
Num beco sujo, num vão de escada
Dois tiros secos e não resta nada

Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão
Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão

Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão
Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão

quarta-feira, julho 01, 2009

Música para conhecedores




Longa se torna a espera - Sétima Legião

E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
O que torna a agua barrenta
E sem perdão me esmaga o peito

E quando se levanta de repente
A névoa que cobre o rio
Que gela tudo de frio
E escurece a corrente

Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

E quando eu apanhar finalmente
O barco para a outra margem
Outra que finde a viagem
Onde se espere por mim

Terei, terei mais uma vez a forca
Para enfrentar tudo de novo
Como a galinha e o ovo
Num repetir de desgraças

Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

PS - para os puristas, a versão (quase) original dos Xutos, de 1996 (a primeira é de 84...):


NOTA: fez ontem 50 anos que morreu o poeta Reinaldo Ferreira, bastante conhecido por algumas letras imortais de canções - recordemos este grande poeta, que morreu tão novo, com uma sua poesia:


Haja névoa

Haja névoa!
Dancem os véus na minha alma
(E externos nas luzes próximas,
Que se recusam como estrelas na distância).
Haja névoa!
Paire nela a memória dos maníacos
Sonhando na penumbra dos portais
Assassínios brutais.
Haja, haja névoa!
Aqui e além no mar.
No mar, nos mares, para que todas as viagens,
Para que todos os barcos em todas as paragens,
Na iminência dos naufrágios improváveis
- Improváveis, possíveis -,
Se gastem nos avisos aflitos
Das luzes, dos rádios, dos radares,
Dos gritos
Dos apitos.
Haja, haja névoa...
Desgastem-se os contornos
Das coisas excessivamente conhecidas.
Não haja céu sequer.
Névoa, só névoa!
E eu, nas ruas distorcidas,
Livre e tão leve
Como se fosse eu próprio a névoa
Da noite longa duma existência breve.


domingo, junho 28, 2009

Música que não me sai do ouvido há anos

EZ Special - Daisy


sexta-feira, junho 26, 2009

Dia Mundial de Luta Contra a Droga

Pink - Sober




I don't wanna be the girl who laughs the loudest
Or the girl who never wants to be alone
I don't wanna be that call at four o'clock in the morning
'Cause I'm the only one you know in the world that won't be home

Aahh, the sun is blinding
I stayed up again
Oohh, I am finding
That's not the way I want my story to end

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're my protection
But how do I feel this good sober?

I don't wanna be the girl who has to fill the silence...
The quiet scares me 'cause it screams the truth
Please don't tell me that we had that conversation
When I won't remember, save your breath, 'cause what's the use?

Aahh, the night is calling
And it whispers to me softly, "come and play"
Aahh, I am falling
And if I let myself go, I'm the only one to blame

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're like perfection
But how do I feel this good sober?


Comin' down
Comin' down
Comin' down
Spinnin' round
Spinnin' round
Spinnin' round
Looking for myself... Sober

When it's good, then it's good, it's so good, 'till it goes bad
Till you're trying to find the you that you once had
I have heard myself cry
Never again
Broken down in agony
And just trying to find a friend

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're like perfection
But how do I feel this good sober?


How do I feel this good sober?

In memoriam - Michal Jackson

Morreu o Rei da Música Pop...


Poesia para a ocasião


Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

in Poemas de Deus e do Diabo - José Régio

quinta-feira, junho 25, 2009

A primeira Taça é foi dos estudantes, há 70 anos



A Académica de Coimbra assinala hoje a passagem de 70 anos sobre a conquista da primeira edição da Taça de Portugal de futebol, que subsiste como feito desportivo mais importante da história do clube.

"Esse facto significa o ponto alto da Académica. Não diminui o desempenho dos anos 60 (2.º lugar no campeonato e presença em duas finais da Taça de Portugal), mas esta foi a única Taça que conquistámos", disse à Agência Lusa o vice-presidente da Académica para a Cultura, Gonçalo Reis Torgal, de 78 anos.

Reis Torgal recordou que, com oito anos, acompanhou a final de 25 de Junho de 1939 através de um aparelho de rádio que o pai colocou na varanda de casa, em Souselas, para toda a gente ouvir o relato da vitória da Académica sobre o Benfica, por 4-3, no campo das Salésias, "Depois fui com ele à chegada dos jogadores a Coimbra", disse o dirigente.

As memórias de Reis Torgal não se ficam por aqui: acompanhou ao vivo as outras três finais no Estádio Nacional: em 1951, com a Académica a perder com o Benfica por 1-5; em 1967, derrota da Briosa por 2-3 com o Vitória de Setúbal, após três prolongamentos e em 1969, derrota por 1-2, com o Benfica, também após prolongamento.

"Foi uma odisseia tremenda. Tenho uma imagem muito grande da minha participação activa, como adepto, nestas quatro finais", concluiu Reis Torgal.

Reis Torgal, após a saída do vice-presidente para o futebol, Jorge Alexandre, ascendeu na hierarquia do clube a vice-presidente efectivo, mas rejeitou qualquer eventual subida a vice-presidente do futebol, continuando com este pelouro da cultura.

Até à final de 1939, a Briosa eliminou o Sporting da Covilhã, o Académico do Porto e o Sporting Clube de Portugal na sua caminhada imparável até à final.

Tibério, José Maria Antunes, Portugal, Faustino, César Machado, Octaviano, Manuel Costa, Arnaldo Carneiro, Alberto Gomes, Nini e Pimenta foram os jogadores que alinharam na altura. O treinador era Albano Paulo e os marcadores foram Pimenta (36), Alberto Gomes (46) e Arnaldo Carneiro (52 e 53).

Música a pedido

EZ-SPECIAL - My Explanation


quarta-feira, junho 24, 2009

Para o meu Pai

E quem é que faz anos hoje...? Neste dia de São João (de quem o meu pai recebeu o segundo nome - e que a minhã mana velha, eu e o meu filhote herdámos também como segundo nome...) uma canção para o meu papá!


Father and Son - Cat Stevens

Its not time to make a change,
Just relax, take it easy.
Youre still young, thats your fault,
Theres so much you have to know.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but Im happy.

I was once like you are now, and I know that its not easy,
To be calm when youve found something going on.
But take your time, think a lot,
Why, think of everything youve got.
For you will still be here tomorrow, but your dreams may not.

How can I try to explain, when I do he turns away again.
Its always been the same, same old story.
From the moment I could talk I was ordered to listen.
Now theres a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.

Its not time to make a change,
Just sit down, take it slowly.
Youre still young, thats your fault,
Theres so much you have to go through.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but I'm happy.

All the times that I cried, keeping all the things I knew inside,
Its hard, but its harder to ignore it.
If they were right, Id agree, but its them you know not me.
Now theres a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.


ADENDA: para o aficionados, o telefilme original:

segunda-feira, junho 22, 2009

Mina de Sal Gema de Loulé palco de programa da RTP

22 Junho 2009 - 00h30
Especial informação: RTP garante segurança do local
Debate em mina

O especial informação de hoje, no horário do ‘Prós e Contras’, é transmitido em directo pela RTP das profundezas de Loulé, tendo como cenário uma mina de sal-gema. Mas há quem questione a segurança do local para a realização do programa, que conta com cem convidados para debater o turismo.

A jornalista Fátima Campos Ferreira diz ao CM que estão garantidas todas as condições. "A RTP trabalhou em parceria com a Câmara de Loulé e com o Governo Civil. As minas têm condições, são prescritas pelo médicos e são muito saudáveis, por isso ali vai ser construído um hotel", explica.

Poesia para preparar os 40 anos da morte de José Régio



Ventura Porfírio, Poeta de Deus e do Diabo, 1958
Câmara Municipal de Portalegre, Casa-Museu José Régio

Daqui a 6 meses muitos irão recordar o grande poeta José Régio, que morreu há quase 40 anos (a 22 de Dezembro de 1969).

Para o recordar, um belíssimo poema, que serve de homenagem a alguns dos nossos leitores que tanto apreciam o Alentejo:

Toada de Portalegre

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
À qual quis como se fora
Feita para eu Morar nela...

Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego.

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De montes e de oliveiras
Ao vento suão queimada
( Lá vem o vento suão!,
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão...)
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Na tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela,
Tinha, então,
Por única diversão,
Uma pequena varanda
Diante de uma janela

Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tosse e gela
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
Derredor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos e sobreiros
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!

Serras deitadas nas nuvens,
Vagas e azuis da distância,
Azuis, cinzentas, lilases,
Já roxas quando mais perto,
Campos verdes e Amarelos,
Salpicados de Oliveiras,
E que o frio, ao vir, despia,
Rasava, unia
Num mesmo ar de deserto
Ou de longínquas geleiras,
Céus que lá em cima, estrelados,
Boiando em lua, ou fechados
Nos seus turbilhões de trevas,
Pareciam engolir-me
Quando, fitando-os suspenso
Daquele silêncio imenso,
Sentia o chão a fugir-me,
- Se abriam diante dela
Daquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Na casa em que morei, velha,
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
À qual quis como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego...

Ora agora,
Que havia o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Que havia o vento suão
De se lembrar de fazer?

Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Que havia o vento suão
De fazer,
Senão trazer
Àquela
Minha
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
O documento maior
De que Deus
É protector
Dos seus
Que mais faz sofrer?

Lá num craveiro, que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus...,
E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...

Como é que o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Me trouxe a mim que, dizia,
Em Portalegre sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Me trouxe a mim essa esmola,
Esse pedido de paz
Dum Deus que fere ... e consola
Com o próprio mal que faz?

Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
Me davam então tal vida
Em Portalegre; cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Me davam então tal vida

- Não vivida!, sim morrida
No tédio e no desespero,
No espanto e na solidão,
Que a corda dos derradeiros
Desejos dos desgraçados
Por noites do tal suão
Já varias vezes tentara
Meus dedos verdes suados...

Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela!

Lá no craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Nasceu essa acaciazinha
Que depois foi transplantada
E cresceu; dom do meu Deus!,
Aos pés lá da estranha casa
Do largo do cemitério,
Frente aos ciprestes que em frente
Mostram os céus,
Como dedos apontados
De gigantes enterrados...
Quem desespera dos homens,
Se a alma lhe não secou,
A tudo transfere a esperança
Que a humanidade frustrou:
E é capaz de amar as plantas,
De esperar nos animais,
De humanizar coisas brutas,
E ter criancices tais,
Tais e tantas!,
Que será bom ter pudor
De as contar seja a quem for!

O amor, a amizade, e quantos
Mais sonhos de oiro eu sonhara,
Bens deste mundo!, que o mundo
Me levara,
De tal maneira me tinham,
Ao fugir-me,
Deixando só, nulo, vácuos,
A mim que tanto esperava
Ser fiel,
E forte,
E firme,
Que não era mais que morte
A vida que então vivia,
Auto-cadáver...

E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casa que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.

Vento suão!, obrigado...
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado
Sem eu sonhar, me chegara!

E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.

domingo, junho 21, 2009

Solstício de Verão - música oficial

Eu gosto é do Verão - Fúria do Açúcar


sábado, junho 20, 2009

Música para um dia de Orgulho...


Aventura Homossexual com o General Custer - Xutos & Pontapés

Poesia para entendedores

XIII


Es verdad que sólo en Australia

Hay cocodrilos voluptuosos?


Cómo se reparten el sol

En el naranjo las naranjas?


Venía de una boca amarga

La dentadura de la sal?


Es verdad que vuela de noche

Sobre mi patria un cóndor negro?


in
Libro de Las Preguntas - Pablo Neruda


NOTA: Para os que não percebem bem o castelhano, a tradução:

É verdade que só na Austrália
há crocodilos voluptuosos?

Como é que as laranjas distribuem
o sol na laranjeira?

Vinha duma boca amarga
a dentadura do sal?

É verdade que sobre a minha pátria
voa de noite um condor negro?

sexta-feira, junho 19, 2009

John Wayne

Faz hoje 30 anos que morreu John Wayne...

Billy Idol - John Wayne

quinta-feira, junho 18, 2009

Observação Astronómica na Barosa (Leiria) - 19 de Junho

Do Blog AstroLeiria publicamos o seguinte post:


Vai realizar-se amanhã (19.06.2009 - 6ª-feira) uma Observação Astronómica na Barosa, junto à Escola do 1º Ciclo (ver mapa interactivo no fundo deste post), decorrendo entre as 21.00 e as 24.00 horas ou enquanto houver clientes.

A entrada é livre, podendo cada um trazer o seu material de observação, comida e vontade de aprender...!


Ver mapa maior

quarta-feira, junho 17, 2009

Stravinski nasceu há 127 anos


Hoje o Google inicia-se com a imagem anterior (mais um Google Doodle...), em homenagem ao compositor russo Igor Stravinski.

Recordemos a data com um pequeno filme sobre uma reconstituição da coreografia original para a dança feita com base na peça musical A Sagração da Primavera: