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segunda-feira, julho 30, 2018

O Teatro Nacional de São Carlos faz hoje 225 anos!

O Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) é a principal Casa de Ópera de Lisboa, em Portugal. Foi inaugurado a 30 de julho de 1793 pela Rainha D. Maria I para substituir o Teatro Ópera do Tejo, que foi destruído no Terramoto de 1755, segundo projecto do arquitecto José da Costa e Silva. A inauguração ocorreu com a Ópera La Ballerina amante de Domenico Cimarosa. O teatro está localizado no centro histórico de Lisboa, na zona do Chiado. No mesmo largo, em frente ao teatro, nasceu uma das mais importantes figuras da poesia portuguesa, Fernando Pessoa.
  
História
O teatro foi construído em apenas seis meses após desenho do arquitecto José da Costa e Silva, com elementos neoclássicos e rococó. O projeto geral é claramente inspirado pelos grandes teatros como o italiano San Carlo de Nápoles (interior) e La Scala de Milão (fachada e interior).
A construção do teatro, decidida em 1792, num contexto político de hostil posição às ideias iluministas, só se tornou possível justificando-se como fonte de receita para uma obra de caridade - a Casa Pia, fundada em 1780 pelo intendente Pina Manique. Foi, aliás, este, então intendente da Polícia e antigo homem de confiança do primeiro-ministro Sebastião de Carvalho e Melo, quem conseguiu obter da Coroa a permissão. Por detrás da justificação oficial, estavam, porém, os interesses de abertura e modernização da sociedade portuguesa de um grupo de grandes negociantes de Lisboa, entre outros, os contratadores do tabaco, que haviam prosperado na época pombalina. Um deles, Quintela, feito barão em 1805 (mais tarde Conde de Farrobo, e Director do próprio Real Teatro de São Carlos entre 1838 e 1840), que cedeu os terrenos para o edifício em troca da propriedade de um camarote de primeira ordem, com anexos e acesso privado à rua, fronteiro ao camarote lateral, de proscénio, da família real.
Quarenta grandes negociantes de Lisboa, entre os quais a família Quintela, já tinham assumido um papel decisivo na área teatral, na época de D.José, com a criação de uma Sociedade para a Sustentação de Teatros Públicos, autorizada por alvará real de 1771, e de onde resultou o funcionamento de dois teatros públicos, com acesso mediante entradas pagas: o Teatro da Rua dos Condes, dedicado à ópera italiana, onde se celebrizou a Zamperini, e o Teatro do Salitre, para drama e comédia em língua portuguesa.
Em 1755, de acordo com o espírito iluminista ou de "despotismo esclarecido" da época, a própria Coroa fez inaugurar a faustosa "Ópera do Tejo", um teatro de corte, anexo ao antigo Paço da Ribeira, onde só se era admitido por convite. O Teatro de Ópera, que esteve em actividade apenas alguns meses, foi destruído pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. Com a inauguração do Real Teatro de S. Carlos, deixou de ser representada ópera italiana no Teatro da Rua dos Condes.
O teatro foi baptizado com o nome da princesa D. Carlota Joaquina de Bourbon (Infanta de Espanha), que veio a Portugal em 1790 para casar com o futuro rei, o príncipe João Carlos.
A inscrição latina da placa comemorativa, dedica o teatro para a princesa.
No início do século XIX, quando a corte fugiu para o Brasil para escapar às invasões das tropas napoleónicas, um teatro, a exemplo do São Carlos foi construído no Rio de Janeiro Brasil.
Até à queda da Monarquia o Teatro de São Carlos era habitualmente chamado "Teatro Italiano", o que mais se acentuou, na sequência da Reforma Teatral de Garrett (1836), com a inauguração em 1846 do Teatro Nacional e Normal (D. Maria II), o qual, todavia, era exclusivamente destinado ao teatro declamado. No "Teatro Italiano", pelo contrário, só cantavam as companhias italianas, com uso praticamente exclusivo da língua italiana. Não só os compositores portugueses eram obrigados a escrever sobre libretos em italiano ou traduzidos para italiano (como aconteceu com a primeira ópera de cariz nacional estreada no S. Carlos, A Serrana, de Alfredo Keil, 1899), mas também toda a ópera francesa e alemã, incluindo Wagner, foi sempre cantada em italiano até 1908. Assim, e não obstante o "Real Theatro de São Carlos" ser, na época, o teatro oficial por excelência, superando o próprio Teatro D. Maria II, era a língua italiana que nele prevalecia - ao contrário, por exemplo, da prática do Grande Ópera, em Paris, onde só era permitido o uso da língua francesa, mesmo para compositores estrangeiros (o que explica, nomeadamente, a existência de versões originais de Rossini, Donizetti, Verdi ou Wagner sobre libretos em francês, ou elaborados de raiz, ou traduzidos para o efeito). O projecto de um Teatro Nacional de Ópera chegou a ser objecto de um Decreto do Governo de Hintze Ribeiro (1902), prevendo-se que viesse a ser edificado onde hoje se encontra o edifício do Governo Civil, ao lado do S. Carlos. A concretização do projecto - deixada, aliás, pelo Estado à iniciativa privada - não passou do papel.
O largo fronteiro foi recuperado como espaço de passeio e lazer, incluindo uma esplanada que serve o restaurante concessionado pelo Teatro. Ocasionalmente, têm sido transmitidas récitas, em directo, para o Largo ("Teatro ao Largo") através de uma tela gigante e de um sistema de som especialmente montados para o efeito. A época de ópera decorre sensivelmente de novembro a junho, mas há concertos e bailado noutras alturas do ano. Alguns dos espectáculos organizados pelo TNSC são levados à cena no palco do grande auditório do Centro Cultural de Belém.
  
  
Estilo
A fachada apresenta traços neoclássicos que integra perfeitamente o edifício na Lisboa pombalina.
No seu traçado arquitectónico e urbanístico burguês, a sala de espectáculos, é desenhada como um espaço aristocrático, de representação oficial, fortemente hierarquizado nas suas cinco ordens de camarotes com uma tribuna real de rara imponência, porventura sem paralelo em teatros públicos desde o século XVIII, foi ricamente decorado pelo italiano Giovanni Appianni. O teto foi pintado por Manuel da Costa e por Cirilo Wolkmar Machado.
De forma elíptica e concebida de modo a que os pontos focais respectivos, no proscénio e no lugar do Rei, correspondessem também ao ideal de uma acústica perfeita, a sala segue o modelo do teatro italiano, servindo primariamente a fruição do bel canto.
O mais famoso compositor Português da época, Marcos Portugal, tornou-se director musical do São Carlos em 1800 depois de regressar de Itália, e muitas das suas óperas foram estreadas aqui.
Entre 1828 e 1834, o São Carlos foi encerrado devido à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), lutas entre reis D. Miguel I e D. Pedro IV.
É verdadeiramente um palco exemplar, como decorre na descrição de Gustav von Heeringen relativamente à noite de gala por ocasião das núpcias da rainha D. Maria II com D. Fernando de Saxe-Coburgo, em 1836.
Em 1850, a iluminação do interior foi alterado para iluminação a gás, a mais recente tecnologia disponível. A iluminação elétrica foi instalada em 1887.
Conquanto, no essencial, a sala mantenha os traços originais, que fazem dela uma autêntica jóia da arquitectura teatral do barroco tardio, sofreu várias alterações ao longo dos séculos XIX e XX: o proscénio foi encurtado, o fosso da orquestra, alargado e rebaixado. A remodelação de 1940 afectou irremediavelmente os poços acústicos por baixo do palco, que foram removidos, bem como destruiu o labirinto de corredores e escadarias abobadados e decorados com azulejos. Ganhou-se em desafogo e em representatividade dos acessos, mas perdeu-se em qualidade acústica, dada a função de caixa de ressonância do dispositivo originário.
 

quarta-feira, abril 05, 2017

Fragonard nasceu há 285 anos

"A Inspiração" (1769), auto-retrato

Jean Honoré Fragonard (Grasse, 5 de abril de 1732 - Paris, 22 de agosto de 1806) foi um pintor francês, cujo estilo rococó foi distinguido por sua notável facilidade, exuberância e hedonismo. Um dos mais prolíficos artistas ativos nas últimas décadas do Antigo Regime, Fragonard produziu mais de 550 pinturas (sem contar desenhos e águas-fortes), das quais apenas cinco são datadas. Entre suas obras mais populares estão as pinturas de género, que transmitem uma atmosfera de intimidade e erotismo.

Nasceu em Grasse, Alpes-Maritimes, na França, filho de um luveiro. Quando enviado para Paris por seu pai, demonstrou ali talento e interesse pela arte, conhecendo François Boucher. Boucher reconheceu os dotes do jovem, mas decidiu não gastar seu tempo no desenvolvimento da formação dele, enviando-o para o ateliê de Jean-Baptiste-Siméon Chardin. Fragonard estudou durante seis meses sob a tutela do grande iluminista e, em seguida, retornou mais preparado para Boucher, cujo estilo ele logo adquiriu, tão completo que o comandante confiou-lhe a execução de réplicas de suas pinturas.
Depois, transferiu-se para Roma (1756), onde se empolgou com a obra de Giovanni Battista Tiepolo. Protegido do abade e amante das artes Richard de Saint-Non, viajaram pela Itália pesquisando as obras dos grandes mestres até que ambos fixaram residência em Paris (1761). A sua consagração veio com a apresentação no Salão de Paris (1765) com o enorme quadro de tema trágico, O sumo sacerdote Coreso sacrificando-se para salvar Calirroé, que foi adquirido pelo rei Luís XV.
Entrou para a a Academia Real (1765) e casou-se (1769) com Marie-Anne Gérard, e novamente viajou para a Itália, onde pintou uma série de desenhos de vistas e paisagens. Regressando a Paris (1773), reduziu a sua pintura a paisagens com pequenas figuras, passando a se dedicar a reprodução de cenas domésticas e sentimentais.
Fragonard foi tão ignorado, que Lübke, na sua História da Arte (1873) omite o seu nome. No entanto, a influência de Fragonard na manipulação de cor local e expressiva não pode ser subestimada. Na última fase de sua vida pintou cenas de amor e da natureza e morreu em Paris, pobre e quase esquecido.

Le verrou, 1780

quinta-feira, dezembro 01, 2016

Falconet nasceu há quatro séculos

Étienne-Maurice Falconet (Paris, 1 de dezembro de 1716 - 4 de janeiro de 1791) é contado entre os principais escultores rococós da França.
Falconet nasceu numa família pobre e primeiro foi aprendiz de carpinteiro, mas algumas de suas figuras de barro, com que ocupava as suas horas de lazer, atraíram a atenção do escultor Jean-Baptiste Lemoyne, que fez dele seu pupilo. Uma de suas primeiras esculturas de sucesso foi a de Milo de Crotona, que garantiu seu ingresso na Academia de Belas Artes de Paris, em 1754.
Ele chamou a atenção do público nos Salões de 1755 e 1757 com os seus mármores L'Amour menaçant e Le Nymphe descendente au bain, que agora estão no Museu do Louvre. Em 1757 Falconet foi nomeado diretor do ateliê de escultura da Manufacture royale de porcelaine de Sèvres, onde ele trouxe nova vida ao fabrico de pequenas esculturas em porcelana que tinham sido uma especialidade na manufatura antecessora de Sèvres, em Vincennes.
A influência do pintor François Boucher e do teatro e ballet são igualmente nítidas em suas formas doces, elegantes e eróticas. Logo no início, Falconet criou um conjunto de mesa em biscuit branco, de meninos ilustrando as artes, destinado a complementar os grandes serviços de jantar. A moda de pequenas esculturas para mesa de jantar se espalhou para a maior parte das manufaturas de porcelana da Europa.
Ele permaneceu nesse posto em Sèvres até que foi convidado para a Rússia por Catarina, a Grande, em setembro de 1766. Em São Petersburgo executou uma estátua colossal de Pedro, o Grande, em bronze, conhecida como o Cavaleiro de Bronze, juntamente com a sua aluna e enteada de Anne-Marie Collot. Em 1788 voltou a Paris e se tornou diretor da Academia. Muitas das obras religiosas de Falconet, encomendadas por igrejas, foram destruídas na Revolução Francesa. Seus trabalhos profanos tiveram melhor sorte.
Ele encontrou tempo para estudar grego e latim, e também escreveu várias brochuras sobre a arte. Denis Diderot confiou-lhe o capítulo sobre "Escultura" na Encyclopédie, publicado separadamente por Falconet em 1768 como Réflexions sur la sculpture. Três anos depois ele publicou Observations sur la statue de Marc-Aurèle, que pode ser interpretado como o programa artístico para a sua estátua de Pedro, o Grande. Os escritos reunidos sobre arte de Falconet, Oeuvres littéraires, veio à luz em seis volumes que foram publicados pela primeira vez em Lausanne, em 1781-1782.

L'Amour menaçant, Museu do Louvre

quarta-feira, novembro 18, 2015

O Aleijadinho morreu há 201 anos

António Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, circa 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita cerca de quarenta anos depois da sua morte. A sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito a sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações, que hoje existem associadas ao seu nome, foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda a sua obra, entre talha, projetos arquitetónicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado ao Barroco e ao Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase em consenso como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do Barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.

Anjo com o cálice da Paixão, na Via Sacra de Congonhas


terça-feira, novembro 18, 2014

O Aleijadinho morreu há dois séculos...

Suposto retrato póstumo de Aleijadinho realizado por Euclásio Ventura no século XIX - abaixo, a sua assinatura

Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, circa 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita somente cerca de quarenta anos depois de sua morte. A sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações que hoje existem associadas ao seu nome foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetónicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que têm as suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado com o Barroco e Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase em consenso como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do Barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.

Cristo flagelado, Santuário de Congonhas

segunda-feira, novembro 18, 2013

O Aleijadinho morreu há 199 anos

Retrato póstumo do Aleijadinho, realizado por Euclásio Ventura e, em baixo, a sua assinatura

Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, circa 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita cerca de quarenta anos depois da sua morte. A sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito, a sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações que hoje existem associadas ao seu nome, foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda a sua obra, entre talha, projetos arquitetónicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado com o Barroco e o Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase em consenso como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do barroco no continente americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.

Cena do carregamento da cruz, na Via Sacra de Congonhas

quarta-feira, setembro 25, 2013

Jean-Philippe Rameau nasceu há 331 anos

Jean-Philippe Rameau (Dijon, 25 de setembro de 1682 - Paris, 12 de setembro de 1764), foi um dos maiores compositores do período Barroco-Rococó. Na França, porém, é tido com a maior expressão do Classicismo musical.
Filho de organista na catedral de Dijon, seguiu a carreira do pai, na qual se distinguiu desde cedo, trabalhando em várias catedrais. Não foi apenas um dos compositores franceses mais importantes do século XVIII, como também influenciou a teoria musical. O seu estilo de composição lírica pôs fim ao reinado póstumo de Jean-Baptiste Lully, cujo modelo dominara a França por meio século.
Até 1722 Rameau compusera apenas poucas e curtas peças para teclado e obras sacras, mas a publicação do seu tratado sobre harmonia naquele ano marcou o começo de um período muito produtivo, conhecendo a fama. As suas Pièces de Clavecin foram publicadas em 1724, seguidas por um novo livro de teoria, em 1726, e de obras para teclado e cantatas, em 1729. Somente aos cinquenta anos ingressou no terreno da música cénica, compondo a sua primeira ópera, Hippolyte et Aricie, um grande sucesso que lhe valeu a posição de principal criador de óperas francês do seu tempo. Escreveu várias óperas em vários géneros, sempre acolhidas com entusiasmo, e mesmo desencadeando grandes polémicas pela sua ousadia, inventividade e pelas novidades que introduziu. A sua música caracteriza-se por um dinamismo que contrasta com o estilo mais estático de Lully.
Era também professor de cravo, bastante na moda em Paris na sua época. A técnica do dedilhado dos instrumentos de teclado deve muito a Rameau. Foi "Compositor da Câmara do Rei", sendo agraciado poucos meses antes de morrer com o título de Cavaleiro. O seu funeral foi cercado de pompa, recebendo também homenagens em muitas cidades como um compositor excepcional que orgulhava a nação.


terça-feira, julho 30, 2013

O Teatro Nacional de São Carlos faz hoje 220 anos!

O Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) é a principal Casa de Ópera de Lisboa, em Portugal. Foi inaugurado em 30 de julho de 1793 pela Rainha D. Maria I para substituir o Teatro Ópera do Tejo, que foi destruído no Terramoto de 1755, segundo projecto do arquitecto José da Costa e Silva. A inauguração ocorreu com a Ópera La Ballerina amante de Domenico Cimarosa. O teatro está localizado no centro histórico de Lisboa, na zona do Chiado. No mesmo largo, em frente ao teatro, nasceu uma das mais importantes figuras da poesia portuguesa, Fernando Pessoa.

História
O teatro foi construído em apenas seis meses após desenho do arquitecto José da Costa e Silva, com elementos neoclássicos e rococó. O projeto geral é claramente inspirado pelos grandes teatros como o italiano San Carlo de Nápoles (interior) e La Scala de Milão (fachada e interior).
A construção do teatro, decidida em 1792, num contexto político de hostil posição às ideias iluministas, só se tornou possível justificando-se como fonte de receita para uma obra de caridade - a Casa Pia, fundada em 1780 pelo intendente Pina Manique. Foi, aliás, este, então intendente da Polícia e antigo homem de confiança do primeiro-ministro Sebastião de Carvalho e Melo, quem conseguiu obter da Coroa a permissão. Por detrás da justificação oficial, estavam, porém, os interesses de abertura e modernização da sociedade portuguesa de um grupo de grandes negociantes de Lisboa, entre outros, os contratadores do tabaco, que haviam prosperado na época pombalina. Um deles, Quintela, feito barão em 1805 (mais tarde Conde de Farrobo, e Director do próprio Real Teatro de São Carlos entre 1838 e 1840), que cedeu os terrenos para o edifício em troca da propriedade de um camarote de primeira ordem, com anexos e acesso privado à rua, fronteiro ao camarote lateral, de proscénio, da família real.
Quarenta grandes negociantes de Lisboa, entre os quais a família Quintela, já tinham assumido um papel decisivo na área teatral, na época de D.José, com a criação de uma Sociedade para a Sustentação de Teatros Públicos, autorizada por alvará real de 1771, e de onde resultou o funcionamento de dois teatros públicos, com acesso mediante entradas pagas: o Teatro da Rua dos Condes, dedicado à ópera italiana, onde se celebrizou a Zamperini, e o Teatro do Salitre, para drama e comédia em língua portuguesa.
Em 1755, de acordo com o espírito iluminista ou de "despotismo esclarecido" da época, a própria Coroa fez inaugurar a faustosa "Ópera do Tejo", um teatro de corte, anexo ao antigo Paço da Ribeira, onde só se era admitido por convite. O Teatro de Ópera, que esteve em actividade apenas alguns meses, foi destruído pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. Com a inauguração do Real Teatro de S. Carlos, deixou de ser representada ópera italiana no Teatro da Rua dos Condes.
O teatro foi baptizado com o nome da princesa D. Carlota Joaquina de Bourbon (Infanta de Espanha), que veio a Portugal em 1790 para casar com o futuro rei, o príncipe João Carlos.
A inscrição latina da placa comemorativa, dedica o teatro para a princesa.
No início do século XIX, quando a corte fugiu para o Brasil para escapar às invasões das tropas napoleónicas, um teatro, a exemplo do São Carlos foi construído no Rio de Janeiro Brasil.
Até à queda da Monarquia o Teatro de São Carlos era habitualmente chamado "Teatro Italiano", o que mais se acentuou, na sequência da Reforma Teatral de Garrett (1836), com a inauguração em 1846 do Teatro Nacional e Normal (D. Maria II), o qual, todavia, era exclusivamente destinado ao teatro declamado. No "Teatro Italiano", pelo contrário, só cantavam as companhias italianas, com uso praticamente exclusivo da língua italiana. Não só os compositores portugueses eram obrigados a escrever sobre libretos em italiano ou traduzidos para italiano (como aconteceu com a primeira ópera de cariz nacional estreada no S. Carlos, A Serrana, de Alfredo Keil, 1899), mas também toda a ópera francesa e alemã, incluindo Wagner, foi sempre cantada em italiano até 1908. Assim, e não obstante o "Real Theatro de São Carlos" ser, na época, o teatro oficial por excelência, superando o próprio Teatro D. Maria II, era a língua italiana que nele prevalecia - ao contrário, por exemplo, da prática do Grande Ópera, em Paris, onde só era permitido o uso da língua francesa, mesmo para compositores estrangeiros (o que explica, nomeadamente, a existência de versões originais de Rossini, Donizetti, Verdi ou Wagner sobre libretos em francês, ou elaborados de raiz, ou traduzidos para o efeito). O projecto de um Teatro Nacional de Ópera chegou a ser objecto de um Decreto do Governo de Hintze Ribeiro (1902), prevendo-se que viesse a ser edificado onde hoje se encontra o edifício do Governo Civil, ao lado do S. Carlos. A concretização do projecto - deixada, aliás, pelo Estado à iniciativa privada - não passou do papel.
O largo fronteiro foi recuperado como espaço de passeio e lazer, incluindo uma esplanada que serve o restaurante concessionado pelo Teatro. Ocasionalmente, têm sido transmitidas récitas, em directo, para o Largo ("Teatro ao Largo") através de uma tela gigante e de um sistema de som especialmente montados para o efeito. A época de ópera decorre sensivelmente de novembro a junho, mas há concertos e bailado noutras alturas do ano. Alguns dos espectáculos organizados pelo TNSC são levados à cena no palco do grande auditório do Centro Cultural de Belém.


Estilo
A fachada apresenta traços neoclássicos que integra perfeitamente o edifício na Lisboa pombalina.
No seu traçado arquitectónico e urbanístico burguês, a sala de espectáculos, é desenhada como um espaço aristocrático, de representação oficial, fortemente hierarquizado nas suas cinco ordens de camarotes com uma tribuna real de rara imponência, porventura sem paralelo em teatros públicos desde o século XVIII, foi ricamente decorado pelo italiano Giovanni Appianni. O teto foi pintado por Manuel da Costa e por Cirilo Wolkmar Machado.
De forma elíptica e concebida de modo a que os pontos focais respectivos, no proscénio e no lugar do Rei, correspondessem também ao ideal de uma acústica perfeita, a sala segue o modelo do teatro italiano, servindo primariamente a fruição do bel canto.
O mais famoso compositor Português da época, Marcos Portugal, tornou-se director musical do São Carlos em 1800 depois de regressar de Itália, e muitas das suas óperas foram estreadas aqui.
Entre 1828 e 1834, o São Carlos foi encerrado devido à Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), lutas entre reis D. Miguel I e D. Pedro IV.
É verdadeiramente um palco exemplar, como decorre na descrição de Gustav von Heeringen relativamente à noite de gala por ocasião das núpcias da rainha D. Maria II com D. Fernando de Saxe-Coburgo, em 1836.
Em 1850, a iluminação do interior foi alterado para iluminação a gás, a mais recente tecnologia disponível. A iluminação elétrica foi instalada em 1887.
Conquanto, no essencial, a sala mantenha os traços originais, que fazem dela uma autêntica jóia da arquitectura teatral do barroco tardio, sofreu várias alterações ao longo dos séculos XIX e XX: o proscénio foi encurtado, o fosso da orquestra, alargado e rebaixado. A remodelação de 1940 afectou irremediavelmente os poços acústicos por baixo do palco, que foram removidos, bem como destruiu o labirinto de corredores e escadarias abobadados e decorados com azulejos. Ganhou-se em desafogo e em representatividade dos acessos, mas perdeu-se em qualidade acústica, dada a função de caixa de ressonância do dispositivo originário.

sexta-feira, novembro 18, 2011

O escultor, entalhador e arquiteto Aleijadinho morreu há 197 anos

Cristo no Horto das Oliveiras, na Via Sacra de Congonhas

António Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, c. 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita somente cerca de quarenta anos depois de sua morte. Sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações que hoje existem associadas ao seu nome foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que contém suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado com o Barroco e Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase em consenso como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do Barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.