Mostrar mensagens com a etiqueta comboio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta comboio. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, março 11, 2014

Há 10 anos a Al Qaeda atacou Madrid

(imagem daqui)

Os atentados de quinta-feira, 11 de março de 2004, também conhecidos como 11-M, foram uma série de ataques terroristas cometidos em quatro comboios da rede ferroviária de Madrid, capital da Espanha. A investigação policial e o auto do processo judicial fixaram como indício racional que a autoria dos atentados é de uma célula islamista local que tentava reproduzir as acções da rede terrorista Al Qaeda.
Trata-se do mais grave atentado cometido na Espanha até à atualidade, com 10 explosões quase simultâneas em quatro comboios na hora de pico da manhã (08.00 horas locais). Mais tarde foram detonadas pela polícia duas bombas adicionais que não tinham explodido e foi desativada uma terceira, que permitiu identificar os responsáveis. As bombas estavam no interior de mochilas carregadas com TNT (trinitrotolueno).
Morreram 191 pessoas e mais de 1.700 ficaram feridas. O comando terrorista foi encontrado e cercado pela polícia espanhola poucas semanas depois em Leganés. Os seus membros cometeram suicídio fazendo explodir o apartamento em que se tinham entrincheirado, quando os GEO iniciaram o assalto. Nesta ação morreram todos os membros presentes da célula islamista e um agente do grupo policial.

As explosões ocorreram entre as 07.39 e as 07.42 horas da manhã nas estações madrilenhas de Atocha (3 bombas), El Pozo de Tío Raimundo (2 bombas), Santa Eugenia (1 bomba) e num comboio a caminho de Atocha (4 bombas). As forças de segurança encontraram mais 3 bombas, que segundo o ministro do Interior Ángel Acebes, estariam preparadas para explodir quando chegassem os primeiros socorros às vítimas.

A dificuldade inicial de atribuir a autoria dos atentados provocou aceso debate em Espanha e terá ultimamente contribuído para a mudança de governo. De notar que houve eleições legislativas apenas quatro dias depois da tragédia.
O governo espanhol inicialmente atribuiu o atentado à ETA, argumentando que foi utilizado um explosivo normalmente usado pela ETA e a Guardia Civil já tinha evitado um atentado de grandes proporções em 29 de fevereiro, quando apreendeu 500 kg de explosivos e prendeu dois prováveis membros da ETA.
No entanto a esquerda abertzale, através de Arnaldo Otegi (dirigente do partido político Batasuna, ilegalizado pela sua associação à ETA) recusou qualquer responsabilidade da ETA neste atentado e condenou-o.
Num segundo momento, o governo espanhol admitiu como possível a hipótese de a Al Qaeda estar envolvida. Quatro provas apontaram neste sentido:
  • um grupo próximo da Al Qaeda, as Brigadas de Abu Hafs Al Masri reivindicou o atentado em nome da Al Qaeda.
  • os atentados têm características em comum com outros atentados da Al Qaeda.
  • na tarde do dia 11 de março foi encontrada, na região de Madrid, uma cassete com orações em árabe numa carrinha com detonadores.
  • na noite de 11 de março foi divulgada a suspeita de que um bombista suicida seguia a bordo de um dos comboios.
  • minutos antes das 19.00 horas de 12 de março, num telefonema feito para a redacção do diário GARA, a ETA negou a autoria dos atentados. A frase exacta (em tradução) foi: "A organização ETA não tem nenhuma responsabilidade sobre os atentados de ontem."

segunda-feira, março 11, 2013

Há 9 anos ocorreu o ataque terrrista de 11-M em Madrid

(imagem daqui)

Os atentados de quinta-feira, 11 de março de 2004, também conhecidos como 11-M, foram uma série de ataques terroristas cometidos em quatro comboios da rede ferroviária de Madrid, capital da Espanha. A investigação policial e o auto do processo judicial fixaram como indício racional que a autoria dos atentados é de uma célula islamista local que tentava reproduzir as acções da rede terrorista Al Qaeda.
Trata-se do mais grave atentado cometido na Espanha até à atualidade, com 10 explosões quase simultâneas em quatro comboios na hora de pico da manhã (08.00 horas locais). Mais tarde foram detonadas pela polícia duas bombas adicionais que não tinham explodido e foi desativada uma terceira, que permitiu identificar os responsáveis. As bombas estavam no interior de mochilas carregadas com TNT (trinitrotolueno).
Morreram 191 pessoas e mais de 1.700 ficaram feridas. O comando terrorista foi encontrado e cercado pela polícia espanhola poucas semanas depois em Leganés. Os seus membros cometeram suicídio fazendo explodir o apartamento em que se tinham entrincheirado, quando os GEO iniciaram o assalto. Nesta ação morreram todos os membros presentes da célula islamista e um agente do grupo policial.

As explosões ocorreram entre as 07.39 e as 07.42 horas da manhã nas estações madrilenhas de Atocha (3 bombas), El Pozo de Tío Raimundo (2 bombas), Santa Eugenia (1 bomba) e num comboio a caminho de Atocha (4 bombas). As forças de segurança encontraram mais 3 bombas, que segundo o ministro do Interior Ángel Acebes, estariam preparadas para explodir quando chegassem os primeiros socorros às vítimas.

domingo, setembro 16, 2012

El-Rei D. Pedro V nasceu há 175 anos

D. Pedro V de Portugal (nome completo: Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Victor Francisco de Assis Júlio Amélio de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança; 16 de setembro de 1837 - 11 de novembro de 1861), cognominado O Esperançoso, O Bem-Amado ou O Muito Amado, foi Rei de Portugal de 1853 a 1861. Era o filho mais velho da Rainha D. Maria II e do seu consorte D. Fernando II.

Embora muito jovem aquando a sua ascensão ao trono português, com apenas 16 anos, foi considerado por muitos como um monarca exemplar, que reconciliou o povo com a casa real, após o reinado da sua mãe ter sido fruto de uma guerra civil vencida. D. Fernando II, seu pai, desempenhou um papel fundamental no início do seu reinado, tendo exercido o governo da nação na qualidade de regente do Reino, orientando o jovem rei no que diz respeito às grandes obras públicas efectuadas. D. Pedro é frequentemente descrito como um monarca com valores sociais bem presentes, em parte devida à sua educação, que incluiu trabalho junto das comunidades e um vasto conhecimento do continente europeu.
A 16 de setembro de 1855, completando 18 anos, é aclamado rei, presidindo nesse mesmo ano à inauguração do primeiro telégrafo eléctrico no país e, no ano seguinte (28 de outubro), inaugura o caminho de ferro entre Lisboa a Carregado. É também no seu reinado que se iniciam as primeiras viagens regulares de navio, entre Portugal e Angola.
Dedicou-se com afinco ao governo do País, estudando com minúcia as deliberações governamentais propostas. Criou ainda, o Curso Superior de Letras, em 1859, que subsidiou do seu bolso, com um donativo de 91 contos de réis. Nesse mesmo ano é introduzido o sistema métrico em Portugal.
D. Pedro V foi um defensor acérrimo da abolição da escravatura e data do seu reinado um episódio que atesta a convicção do monarca nessa matéria e que simultaneamente demonstra a fragilidade de Portugal perante as grandes potências europeias: junto à costa de Moçambique é apresado um navio negreiro francês, tendo o seu comandante sido preso. O governo de França, não só exigiu a libertação do navio, bem como uma avultada indemnização ao governo português.
Portugal é, por essa altura, flagelado por duas epidemias, uma de cólera, que grassa de 1853 a 1856, e outra de febre amarela, principalmente em 1856/57. Durante esses anos o monarca, em vez de se refugiar, percorria os hospitais e demorava-se à cabeceira dos doentes, o que lhe trouxe muita popularidade.
Em 1858, D. Pedro V casa-se por procuração com a princesa D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que veio a morrer no ano seguinte, vitíma de difteria.
Sendo a saúde pública uma das suas preocupações, foi juntamente com a sua mulher, a princesa D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen, que Pedro fundou hospitais públicos e instituições de caridade. Aliás, cumprindo os desejos por ela manifestados, o monarca, fundou o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa.
Morreu com apenas 24 anos, em 11 de novembro de 1861, que segundo parecer dos médicos, devido a febre tifóide (enquanto o povo suspeitava de envenenamento e por isso viria a amotinar-se). A sua morte provocou uma enorme tristeza em todos os quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o infante D. Luís, que habitava então no sul de França.
Teve uma notável preparação moral e intelectual. Estudou ciências naturais e filosofia, dominava bem o grego e o latim e chegou a estudar inglês. O seu espírito terá sido influenciado pela convivência que teve com Alexandre Herculano, que foi seu educador.
No dizer dos biógrafos, D. Pedro V: "com um temperamento observador, grave, desde criança [...] mandou pôr à porta do seu palácio uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse falar-lhe com franqueza, queixar-se [...] O povo começava a amar a bondade e a justiça de um rei tão triste [...]".


(imagem daqui)

terça-feira, setembro 11, 2012

O pior desastre ferroviário ocorrido em Portugal foi há 27 anos

O Desastre Ferroviário de Moimenta - Alcafache ou Desastre Ferroviário de Alcafache foi um acidente de natureza ferroviária, ocorrido na Linha da Beira Alta, em Portugal, a 11 de setembro de 1985. Este acidente foi o pior desastre ferroviário ocorrido neste país.
O acidente deu-se junto ao Apeadeiro de Moimenta-Alcafache, na freguesia de Moimenta de Maceira Dão, no concelho de Mangualde. Este apeadeiro situa-se entre as estações de Nelas e Mangualde, numa zona de via única.
O acidente envolveu duas composições de passageiros, uma efectuando o serviço internacional entre o Porto e Paris, que circulava com 18 minutos de atraso; a outra fazia um serviço de natureza regional, na direcção de Coimbra. A composição regional era composta pela locomotiva número 1439, da Série 1400 dos Caminhos de Ferro Portugueses, e por 6 ou 7 carruagens, construídas pela companhia das Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas; o Sud-Express era formado por uma locomotiva Série 1960, com o número 1961, e por cerca de 12 carruagens. No total, viajavam cerca de 460 passageiros.
O serviço regional, com paragem em todas as estações e apeadeiros, chegou à estação de Mangualde, aonde deveria permanecer até fazer o cruzamento com o Internacional. No entanto, e não obstante o facto de se terem dado ordens para que a prioridade na circulação fosse atribuída ao serviço internacional, o regional continuou viagem, estimando que o atraso na marcha do Internacional fosse suficiente para a chegada à estação de Nelas, aonde, então, se poderia fazer o cruzamento. No entanto, o outro serviço estava circulando com um atraso menor do que o esperado; considerando, erroneamente, que a via estava livre até à estação de Mangualde, também continuou viagem. Após a partida, o chefe da estação de Nelas telefonou para a estação de Moimenta-Alcafache, para avisar da partida do Internacional, sendo, então, informado, que o serviço Regional já se encontrava a caminho. Prevendo que as composições iriam colidir, tentou avisar a guarda-barreira de uma passagem de nível entre ambas as estações, de modo a que esta parasse a composição através da ostentação de uma bandeira ou da colocação de petardos na via; no entanto, esta manobra não foi possível, porque o comboio já ali tinha passado.
Por volta das 18.37 horas, ambas as composições colidiram, encontrando-se a circular a uma velocidade aproximada de 100 quilómetros/hora; o choque destruiu as locomotivas e algumas carruagens em ambas as composições, e provocou vários incêndios devido ao combustível presente nas locomotivas e nos sistemas de aquecimento das carruagens. Devido ao facto dos materiais utilizados nas carruagens não serem à prova de chamas, o fogo propagou-se rapidamente, produzindo grandes quantidades de fumo.
Logo após o acidente, gerou-se o pânico entre os passageiros, que tentaram sair das carruagens. Várias pessoas, entre elas crianças, ficaram presas nos destroços das carruagens, tendo sido socorridos por outros passageiros; outros não conseguiram sair a tempo, tendo morrido nos incêndios ou asfixiadas.

O alerta foi dado por militares da Guarda Nacional Republicana, que se encontravam em operações na Estrada Nacional 234, nas proximidades do local do acidente. Apesar dos serviços de salvamento terem chegado apenas escassos minutos após o acidente, a situação no local era caótica, com incêndios no material circulante e na floresta em redor, vários feridos e passageiros em pânico.
Estima-se que, neste acidente, tenham falecido cerca de 150 pessoas, embora as circunstâncias do acidente, e a falta de controlo sobre o número de passageiros em ambos os serviços, impeçam uma contagem exacta do número de vítimas mortais. A estimativa oficial aponta para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos.
A maior parte dos restos mortais que não foram identificados foram sepultados numa vala comum junto ao local do desastre, aonde também foi erguido um monumento em memória das vítimas e das equipas de salvamento.

Verificou-se que os chefes das estações não comunicaram entre si, e ao posto de comando de Coimbra, como estava regulamentado, a alteração do local de cruzamento de Mangualde para Nelas; tivesse isto sido feito, a discrepância na circulação teria sido notada, e uma das composições teria ficado parada na estação, de modo a se fazer o cruzamento em segurança.
Por outro lado, devido à falta de um equipamento próprio, revelou-se impossível comunicar com os comboios envolvidos; a única forma de avisar os condutores era através da sinalização, e da instalação de petardos na via, o que, neste caso, não se revelou suficiente. Tivesse isto sido realizado, as composições poderiam ter sido paradas nas estações. O sistema de comunicação utilizado na altura naquele troço, denominado Cantonamento Telefónico, dependia do uso de telefones para transmitir informações entre as estações e o centro de comando.
Após o acidente, foram instalados sistemas mais avançados de segurança, sinalização e controlo de tráfego, como o Controlo de Velocidade, permitindo uma maior eficiência e segurança nas operações ferroviárias, e fazendo com que acidentes como este sejam praticamente impossíveis de acontecer; por outro lado, a introdução de sistemas de rádio-solo permitiu uma comunicação directa entre os maquinistas e as centrais de controlo, e foi proibida a utilização de materiais que facilitem a propagação de chamas nos comboios.

sexta-feira, novembro 04, 2011

A Ponte Maria Pia foi inaugurada há 134 anos

A Ponte de D. Maria Pia, também designada por Ponte Maria Pia, é uma infra-estrutura ferroviária sobre o Rio Douro, junto à cidade do Porto, em Portugal.
Esta ponte, de metal, apresenta um tabuleiro com 352 metros de extensão; o arco sob o tabuleiro, de forma biarticulada, tem 160 metros de corda e 42,60 metros de flecha. A altura, a partir do nível das águas, é de 61 metros.
A ponte, assim chamada em honra de Maria Pia de Sabóia, é uma obra de grande beleza arquitectónica, projectada pelo Eng.º Théophile Seyrig e edificada, entre 5 de Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877, pela empresa Eiffel Constructions Métalliques. Foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do rio Douro.
Estiveram em permanência 150 operários a trabalhar, tendo-se utilizado 1.600.000 quilos de ferro. Tendo em consideração as dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, foi o maior vão construído até essa data, aplicando-se métodos revolucionários para a época.
A inauguração deu-se a 4 de Novembro de 1877 por D. Luís I e D. Maria Pia; a cerimónia teve a presença da Banda de Música da Cidade de Espinho.

domingo, setembro 11, 2011

O desastre de Alcafache foi há 26 anos

O Desastre Ferroviário de Moimenta - Alcafache ou Desastre Ferroviário de Alcafache foi um acidente de natureza ferroviária, ocorrido na Linha da Beira Alta, em Portugal, a 11 de Setembro de 1985. Este acidente foi o pior desastre ferroviário ocorrido neste país.

(...)
Estima-se que, neste acidente, tenham falecido cerca de 150 pessoas, embora as circunstâncias do acidente, e a falta de controlo sobre o número de passageiros em ambos os serviços, impeçam uma contagem exacta do número de vítimas mortais. A estimativa oficial aponta para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos.
A maior parte dos restos mortais que não foram identificados foram sepultados numa vala comum junto ao local do desastre, aonde também foi erguido um monumento em memória das vítimas e das equipas de salvamento.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Se isto foram os treinos, o TGV será mais um sucesso de Sócrates

 (imagem daqui)

Na maior parte dos países europeus, o uso da ferrovia cresce
Portugal perdeu 43 por cento dos passageiros de comboio em 20 anos

Duas décadas de aposta em auto-estradas e de fechos sucessivos de linhas de comboio fizeram com que Portugal perdesse, durante este período, 99 milhões de passageiros de caminhos-de-ferro.

Dos 231 milhões de viagens de comboio realizadas em 1988, passou-se para 131 milhões em 2009, uma redução de 43 por cento.

Este número ilustra, de forma clara, o que tem sido a evolução do uso da ferrovia em Portugal, em contraponto claro com aquilo que se passa na maior parte dos outros países europeus. E faz com que se questione o impacto das políticas seguidas neste sector no passado e no presente.

Ontem, foi retirado o serviço ferroviário regional em mais 138 quilómetros de vias-férreas, depois de, no ano passado, se terem encerrado 144 quilómetros de linhas (com a promessa de reabilitação que não aconteceu).

Este acto de gestão é defendido como uma forma de reduzir o défice da CP, permitindo à empresa melhor concentrar a sua oferta nos grandes eixos onde o caminho-de-ferro cumpre a sua função de transporte de grandes massas.

No entanto, o que as estatísticas dos últimos 20 anos provam é que sempre que se cortaram linhas férreas, o número de passageiros diminuiu. Em 1990, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, reduziram-se abruptamente 700 quilómetros de vias-férreas, sobretudo em Trás-os-Montes e no Alentejo. O resultado foi que as linhas principais, vendo-se amputadas dos ramais que as alimentavam, ficaram com menos gente.

Mas poder-se-ia ainda argumentar que com os ramais fechados, desapareceram os clientes que só faziam distâncias curtas (nada apropriadas a um sistema pesado como é o ferroviário e, logo, mais adaptados ao autocarro), aumentando o número de passageiros que viajam de comboio em percursos superiores. Errado mais uma vez: a prática demonstra o contrário. O número de passageiros por quilómetro percorrido) era de 6 milhões em 1988, baixou para 5,6 em 1991 e é agora de 3,7 milhões.

Dito de outra maneira, enquanto em 1989 cada português fazia uma média de 22 viagens de comboio por ano (em termos absolutos), hoje só faz dez.

E será que os resultados da CP melhoram, com a redução de linha? Também aqui as tendências pesadas do passado provam exactamente o oposto. E mostram mais: que quem ganha com o negócio são sempre os autocarros e, claro, o transporte individual.

Caso único na Europa

A quota de mercado do caminho-de-ferro no transporte de passageiros afundou-se em cerca de 66 por cento entre 1990 e 2008. Essa quota face à rodovia não passa hoje dos 4,4.

É claro que para isto muito contribuiu a forte aposta na infra-estruturação rodoviária do país. Os números do Portugal do betão e do alcatrão são significativos: o pequeno país periférico tem 20 metros de auto-estrada por Km2 contra 16 metros que é a média europeia. Mas na rede ferroviária só possui 31 metros por Km2 contra 47 metros da média da União Europeia.

Não surpreende, assim, que nos países da Europa Ocidental Portugal seja o único que, em 20 anos, perdeu passageiros na ferrovia. É certo que a França, a Holanda e a Suíça tiveram crescimentos modestos - "só" conseguiram transportar cerca de 30 por cento mais de passageiros -, mas isso resulta de serem mercados maduros onde a tradição de andar de comboio é quase ancestral. A Grã-Bretanha, país que foi o berço do caminho-de-ferro, cresceu 53 por cento em 20 anos, a sua vizinha Irlanda 57 por cento, a Bélgica 55,2 por cento e a Alemanha 83 por cento, em parte graças à aposta em comboios de alta velocidade que são um verdadeiro luxo.

Mas o mais curioso é que o único país dos três dígitos é precisamente a Espanha, com um aumento de 157 por cento. Em 20 anos, nuestros hermanos, que apostaram no TGV, passaram de 182 milhões de passageiros dos seus velhos comboios dos anos oitenta (muitos deles, à época, bem piores do que os portugueses) para 467 milhões de clientes da ferrovia. Um aumento que contrasta com o envergonhado decréscimo de passageiros de comboio de 43 por cento no cantinho luso.

O que falhou, então?

A resposta terá que ser dada mais pelo lado da rodovia do que da ferrovia. Entre 1992 e 2008, por cada euro investido no caminho-de-ferro eram aplicados 3,3 euros na rodovia. Durante este período, a Refer investiu 5,9 mil milhões de euros e os contratos da Estradas de Portugal para construção de novas vias rodoviárias atingia 19,8 mil milhões de euros.

E a divergência tem vindo a acentuar-se. Por exemplo, em 1995, enquanto a Refer investia 250 milhões de euros nos carris, a Estradas de Portugal avançava com um pacote de 12 novas concessões (três delas vindas do Governo de Durão Barroso) no valor de 4,5 mil milhões de euros relativos a 2500 quilómetros de estradas.

Álvaro Costa, especialista em Transportes na Faculdade de Engenharia do Porto, diz que os 40 milhões de passageiros perdidos na ferrovia não são mais do que o reflexo da política seguida em Portugal em relação ao investimento público em infra-estruturas de transporte e a sua forma de financiamento.

"Tem-se investido muito na construção de auto-estradas, algumas com índices de utilização muito baixos, mas, como o financiamento está contratualizado com o sector privado, não existe nenhuma vantagem em encerrarem, porque daí não resultaria nenhuma vantagem para o Estado", explica. Já com as linhas de caminho-de-ferro é muito diferente porque o seu encerramento faz o Estado poupar custos e o sector rodoviário ganhar passageiros e aumentar a procura. É por isto que Álvaro Costa entende que o sector privado deveria ter sido mais envolvido na exploração das linhas de caminho-de-ferro. "Se assim fosse, talvez a situação fosse diferente da actual", diz.

Nelson Oliveira, presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-Ferro (que congrega 1100 associados), chama a atenção para o facto de não só se terem perdido passageiros, como os défices da CP e da Refer terem vindo sempre a aumentar.

E questiona se os objectivos comerciais e técnicos estabelecidos pelos decisores nas últimas décadas eram os mais adequados. Por exemplo: "Será que o custo-benefício da modernização da Linha do Sul foi vantajoso para ainda se demorar três horas na ligação mais rápida entre Lisboa e Faro? Será este tempo concorrencial com o transporte individual?"

Mas há mais perguntas: "Apesar dos encerramentos nos últimos 20 anos, melhoraram os resultados? Há mais passageiros? Os prejuízos das empresas são menores? Não. Por isso, o problema tem certamente outras causas. Não são os serviços alegadamente deficitários os culpados".

O também engenheiro com uma pós-gradução em Caminhos-de-Ferro aponta outras causas para este declínio: "Um Estado que não fiscaliza como é prestado o serviço de transportes públicos, uma política que insiste em duplicar auto-estradas em zonas já servidas pelo caminho-de-ferro, uma política que encerra linhas férreas onde alegadamente há pouco tráfego (sem questionar se o serviço comercial prestado é o mais adequado), mas não constrói vias-férreas onde elas são necessárias, como é o caso de Viseu, uma das maiores cidades da Europa que não são servidas pelo comboio".

Nelson Oliveira critica também "o sucessivo espartilhar dos diversos serviços, com uma artificial separação entre longo curso, regionais e suburbanos que torna o comboio pouco atractivo para quem tenha necessidades de usar mais do que um comboio". É por isso, explica, que o encerramento de ramais e diminuição de serviços regionais afasta cada vez mais o público. E conclui: "Os decisores parecem esquecer-se de que estes serviços também alimentam os serviços principais com passageiros. A prosseguir este caminho, mata-se o doente à procura da cura".

sábado, setembro 11, 2010

Desastre de Alcafache - 25 anos

O 11 de Setembro de Alcafache foi há 25 anos

Este foi um dos piores acidentes ferroviários do país

Foi um dos piores acidentes ferroviários do país. "Enviem muitas ambulâncias para a estrada Nelas - Mangualde!" Um pedido insistente, repetido, feito há 25 anos. Ainda hoje não há certeza do número de mortos. Eram outros tempos, em que os emigrantes viajavam de comboio. E com eles muitos turistas, sobretudo jovens de Inter-Rail.


Esperar. Não havia nada a fazer. Apenas esperar e talvez rezar por um milagre que não aconteceu. Na pequena estação de província, em plena linha da Beira Alta, os quatro ferroviários "nem tinham voz para falar". Uma espera ansiosa, um silêncio terrível. E uns minutos depois uma coluna de fumo que se ergue para as bandas de Alcafache. Os comboios tinham batido.

Adão Oliveira Costa era carregador na estação de Nelas e recorda bem esse fim de tarde quente de Setembro de 1985. Estava na gare a arrumar volumes, num tempo em que os comboios transportavam mercadorias a retalho, que recolhiam e deixavam nas estações. A chegada do comboio 315 era pura rotina. O Internacional, que ligava o Porto a Paris, era uma espécie de desdobramento do Sud Expresso, que a CP realizava para responder à forte procura durante o Verão. Eram outros tempos, em que os emigrantes viajavam de comboio. E com eles muitos turistas, sobretudo jovens de Inter-Rail.

O comboio chegou a Nelas e partiu. Tudo normal para o carregador Adão, que não tinha quaisquer responsabilidades na circulação do tráfego. Isso era tarefa do chefe da estação, que acabara de dar a partida ao Internacional. A composição tinha muitas carruagens, ao ponto de a locomotiva ficar lá muito à frente, já quase fora da gare.

Só quando vê o chefe sair, "muito pálido", do seu gabinete, é que o carregador se dá conta que alguma coisa estava mal. "Vem aí o outro comboio", murmura o homem, quase sem fala. Apercebera-se disso quando ligara para a estação seguinte, Alcafache, a "dar horas", isto é, a comunicar que tinha expedido o comboio e o colega lhe respondera que também ele já lhe tinha enviado o regional.

"Nós sabíamos que se um comboio tinha saído de um lado e o outro do outro, alguma coisa tinha de acontecer", conta Adão Oliveira Costa.

Naquele tempo a exploração ferroviária dependia integralmente de meios humanos e não havia forma de comunicar com os maquinistas. O chefe de Nelas ainda telefonou para a única passagem de nível que havia entre a sua estação e Alcafache para que esta fizesse sinal ao comboio para parar, mas já era tarde. O acidente ocorreu em poucos minutos, às 18h37, sem estrondo que se ouvisse. Apenas uma densa coluna de fumo que se avistava ao longe.

O normal seria que o Internacional (311) fosse cruzar em Mangualde com o regional (10320) que vinha em sentido contrário. Mas como o 311 vinha atrasado, este deveria ter esperado em Nelas pelo 10320. Que acontecera, então?

Uma sucessão de erros grosseiros. Uma falha de Coimbra, onde estava instalado o posto de comando que geria a linha da Beira Alta, que se esquecera de avisar o chefe de Nelas da alteração do cruzamento de Mangualde para a sua estação. E uma falha dos dois ferroviários de Nelas e Alcafache, que, na sua rotina, não cumpriram a pesada regulamentação que os obriga a pedir avanço para os comboios.

"Os registos estavam bem feitos", contou ao P2 um dos elementos da comissão de inquérito ao acidente, que pediu para não ser identificado. Cada um pedira autorização ao outro para expedir o comboio e registara-o em conformidade. Só quando foram colocados frente a frente é que reconheceram: "Nós enganámo-nos um ao outro."

João Marques, bombeiro de Canas de Senhorim, tinha 36 anos e estava nesse fim de tarde a apagar um incêndio florestal a seis quilómetros de Alcafache. Também pura rotina, numa região em que nos dias de calor os fogos se multiplicam pelo mato. Por isso, o mais natural era que a coluna de fumo lá para os lados da via férrea fosse mais um incêndio igual aos outros.

O grupo de bombeiros acabou o que estava a fazer e só depois é que seguiu para o local. "Naquele tempo as comunicações rádio não tinham a mesma fiabilidade, havia muitas interferências e ouvia-se mal", conta João Marques, hoje comandante daquela corporação.

"Só o homem que estava na viatura junto ao rádio é que começou a perceber melhor o que estava a acontecer e gritou-nos: "Vamos despachar isto, que há um comboio a arder perto de Alcafache."" E partiram. "Eu não me passava pela cabeça o que iria encontrar. Só imaginava que era um comboio de mercadorias. Mas tivemos logo uma "vacina" que nos preparou para o resto - o cadáver de uma senhora, queimada." E mais à frente os dois comboios - de passageiros - a arder.Os homens ficaram com a tarefa de extinguir o incêndio florestal que tinha deflagrado em ambos os lados da linha e só meia hora depois é que se aproximaram das carruagens. "Nessa altura já tinham saído muitas ambulâncias e a fase do pânico e dos gritos já tinha passado. Mas vi pelas caras dos meus colegas que aquilo era uma situação aterradora, tinham um ar estupefacto e alguns choravam..."

João Marques já viu muita coisa em dezenas de anos de bombeiro, mas estas recordações... Faz uma pausa, baixa a cabeça e quando a levanta tem os olhos húmidos e a voz treme-lhe. Para este bombeiro o 11 de Setembro já há muito era uma data marcante, muito antes de este dia ser conhecido pelo atentado nas torres gémeas.

Nas horas seguintes ao acidente tratou-se de evacuar os feridos para Mangualde, Nelas, Viseu. "Até que o nosso comandante, Américo Borges, nos disse que já estava tudo feito pelos vivos." A tarefa seguinte era remover os destroços.

O comandante estava nesse dia na central de comunicações dos bombeiros de Canas. O médico Américo Borges passava sempre por ali, quando saía do consultório, para se inteirar dos incêndios florestais do momento. Foi então que ouviu um alerta enviado por uma ambulância de Aguiar da Beira que, por acaso, passara no local no momento do choque: "Enviem muitas ambulâncias para a estrada Nelas-Mangualde!" Um pedido insistente, repetido, sem dar hipóteses de diálogo, pois na rádio só podia falar um de cada vez. "Pensei num acidente com autocarro. Nunca me lembrei que poderia ser um comboio", conta Américo Borges. Até que a mesma ambulância faz novo pedido: "Enviem autotanques que as carruagens estão a arder."

O comandante percebeu então que era um acidente ferroviário e partiu para o local para coordenar o socorro. Sem farda, sem botas, calçado com uns sapatos de corda. "Vi corpos completamente carbonizados, as carruagens a arder, as locomotivas descarriladas", conta. Curiosamente, a primeira carruagem do Internacional não ardeu, apesar de as três seguintes terem ficado calcinadas. Na primeira, uma carruagem-couchete onde as pessoas viajavam deitadas, Américo Borges só contou quatro dos 10 compartimentos. Os restantes tinham ficado completamente espalmados.

Foi nesta carruagem que se procedeu ao salvamento de uma senhora que tinha ficado encarcerada. "Com o embate, o corpo ficou protegido pelo colchão. Os outros ocupantes do compartimento morreram, mas esta senhora conseguimos tirá-la pela janela. Que coragem! Dizia-nos: "Tenham calma, tirem-me quando puderem.""

O operacional conta que algumas carruagens não arderam logo e que houve pessoas que morreram queimadas porque voltaram para dentro para recuperar os seus haveres, tendo sido apanhadas pelo deflagrar das chamas. E fala na solidariedade dos bombeiros, que chegaram a ser várias centenas no local, pois acorreram inúmeras corporações. "Dois dias antes tinham morrido em Armamar 14 bombeiros e eu acho que isso criou um reforço ainda maior ao lema Vida por Vida que explicou actos de heroicidade que ali foram cometidos", diz. "A GNR portou-se exemplarmente, porque abriu rapidamente um caminho de evacuação para os feridos. Naquela altura o IP5 estava construído, mas não tinha sido aberto ao tráfego e foi por lá que se chegou mais rapidamente ao hospital de Viseu."

O número indeterminado de mortos deste acidente tem contribuído para o tornar mais lendário. Américo Borges diz que ele próprio contou 58 corpos, embora estime as vítimas mortais à volta de uma centena. E explica, com uma fria precisão científica, o desaparecimento dos outros: "Com a carbonização dos corpos e a quantidade de água que foi introduzida nas carruagens, as cinzas ficaram solubilizadas." Isto é, desapareceram, varridas pela água. De resto, a temperatura do incêndio ultrapassou os mil graus. Já o inquérito da CP refere 49 mortos, sendo esse o número oficial divulgado pela transportadora, que ainda não tornou público o relatório do acidente. A mesma fonte da comissão de inquérito não enjeita que tenha havido mais, mas explica que foi esse o número apurado pelos serviços jurídicos da empresa e com o qual se trabalhou nos tribunais.

Há 25 anos, as técnicas forenses não estavam tão desenvolvidas, houve cadáveres não reclamados e estão enterradas no cemitério de Mangualde urnas com pedaços de corpos que foram retirados dos destroços.

Dentro do comboio

Duarte Correia embarcara no comboio em Nelas e iniciava ali uma viagem de 30 horas até à Alemanha, onde trabalhava. Esperava-o uma noite e um dia de viagem até Paris e mais uma noite de comboio até Dortmund. Mas mal teve tempo de se sentar na carruagem de 2ª classe, porque minutos depois sentiu um "estrondo, um vulcão". "A carruagem parece que saltou para o ar e depois caiu e começou a arder."

A viagem deste emigrante terminara ali, subitamente, entre gritos e pedidos de socorro. "Como o corredor da carruagem ficou para baixo e o compartimento para cima, eu consegui sair pela janela e ajudei um casal que estava comigo lá dentro. Depois ainda entrei num corredor e vinha um homem a fugir todo queimado. Fui a mais carruagens, mas já não consegui salvar mais ninguém."

O homem que viu a arder na carruagem chama-se Carlos Ramos e sobreviveu ao acidente após muito sofrimento, que incluiu internamento durante três anos e 31 operações cirúrgicas. Ia sair do país pela primeira vez, com um contrato de trabalho para a Suíça, onde hoje vive e de onde falou ao P2 pelo telefone. Apanhara o comboio em Santa Comba Dão e também a sua viagem durou pouco. O Internacional só deveria voltar a parar em Nelas, mas poucos sabem que fez uma paragem não oficial em Carregal do Sal, uns escassos segundos, os suficientes para a mulher do ajudante de maquinista lhe estender um embrulho com a refeição dessa noite, que ele não comeu, porque nenhuma das tripulações das locomotivas sobreviveu ao embate.

Carlos Ramos viajava também sentado na 2ª classe e no momento do embate vinha à janela a conversar com uma senhora que ia para Madrid. "Andei aos trambolhões dentro da carruagem e quando aquilo parou eu estava bem e saí. Mas ouvi gritos lá dentro e voltei a entrar. Ainda tirei uma senhora e uma moça e voltei para tirar uma criança de cinco ou seis anos. Senti que estava a queimar-me todo, que também lá iria ficar e... tive que sair e a menina ficou por lá..." A voz embarga-se e murmura: "Que Deus me perdoe."

Ferido em estado grave, acabaria por ser evacuado do hospital de Viseu no dia seguinte, à boleia do helicóptero do Presidente da República, que ali fora visitar as vítimas. "O general Ramalho Eanes salvou-me a vida", conta.

Os dois passageiros - Duarte Correia e Carlos Ramos - vão estar hoje numa cerimónia que assinala a efeméride, junto ao monumento erguido no local do acidente, e na qual irão participar outros sobreviventes, familiares, autarcas, deputados da Assembleia da República e, sobretudo, muitos bombeiros que ficaram marcados por aquele dia.

"Isto é uma coisa que não se esquece, que a gente via na televisão e pensa que é lá longe. Se fosse hoje, havia lá psicólogos e tudo, mas há 25 anos..."

Diogo Lopes, o adjunto do comando dos Bombeiros de Mangualde, tinha na altura 38 anos e preparava-se para, findo o dia de trabalho às 19h, partir para os incêndios das matas. "Tocou o alarme e disseram-nos que era um acidente na linha em Alcafache. Pensámos que era na passagem de nível e mentalizei-me que iria ver alguém aos bocados. Quando nos aproximámos, vi o fogo e pensei que era mais um incêndio florestal. Mas não, era um comboio a arder!"Diogo Lopes conduzia a primeira ambulância de Mangualde a ocorrer ao sinistro, mas nem chegou lá perto, porque havia pessoas que tinham feito chegar os feridos à estrada. "Levei logo uma senhora que tinha um buraco enorme no corpo devido à queimadura e que só gritava para que lhe encontrassem o seu netinho..."

Ao chegar ao hospital de Mangualde, nem parou, tal era a confusão que ali havia e seguiu directamente para Viseu, onde ainda voltou mais duas vezes nessa noite para transportar feridos.

"À terceira ainda dei sangue. Deram-me uma sandes e foi com essa sandes que andei alimentado durante dois dias. Até que num momento encostei-me um bocado para descansar e acordei numa maca. Tinha estado à beira da exaustão."

Durante dois dias os bombeiros removeram destroços, deparando-se a todo o momento com pedaços de corpos. De vez em quando havia reacendimentos devido ao calor e ao combustível derramado. Um cenário dantesco. Um cheiro a corpos queimados que fez com que, durante dois anos, Diogo Lopes fosse incapaz de comer carne assada às refeições.

Quando refere o apoio psicológico tão em moda hoje nos acidentes, não desdenha. Diz que é importante, que muitos bombeiros tiveram dificuldades no sono, que não é fácil esquecer os braços e pernas espalhados pelas carruagens, as pessoas que se viam a arder através dos vidros, os corpos pendurados nas janelas.

Houve heróis, diz. Um passageiro que ajudou a tirar seis pessoas e regressou a uma carruagem em chamas para retirar uma criança e já de lá não saiu. E reconhece, tal como Américo Borges, que teve o seu 11 de Setembro muito antes de 2001.

quarta-feira, abril 07, 2010

Comboios e Dinossáurios


No trilho dos Dinossáurios – Castelo Branco

Os dinossáurios invadem o Geopark: Esqueletos, crânios de dinossauros, ovos, ninhos e ovos com embriões, garras e dentes vão invadir o Geopark Naturtejo, numa actividade que esta instituição promove em Castelo Branco e que é a maior exposição itinerante de Dinossáurios do Mundo.

A exposição decorre de 27 de Março a 30 de Outubro de 2010, estando aberta todos os dias entre as 10.00 e as 19.00 horas.

A CP tem um pacote especial para os fins-de-semana que inclui o transporte de comboio, o transfer entre a estação de Castelo Branco e o Centro de Exposições do Nercab e ainda a visita à exposição, à venda nas bilheteiras do serviço Longo Curso e Regional.

Este pacote é válido também durante a semana para grupos.

Consulte os horários dos comboios com transfer - AQUI.

Para pedidos de informação e preços envie um e-mail para gruposlbrj@cp.pt ou contacte através dos telefones 249 132 752 ou 919 558 443.

Para mais informações sobre a exposição sugere-se ainda a consulta ao site oficial.