D.
Sancho I de Portugal (
Coimbra,
11 de novembro de
1154 -
Coimbra,
26 de março de
1211), cognominado o
Povoador (pelo estímulo com que apadrinhou o povoamento dos territórios do país - destacando-se a fundação da
cidade da
Guarda, em
1199, e a atribuição de cartas de foral na Beira e em
Trás-os-Montes:
Gouveia (1186),
Covilhã (1186),
Viseu (1187),
Bragança (1187), etc, povoando assim áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da
Flandres e
Borgonha.
Quarto filho do monarca
Afonso Henriques,
foi baptizado com o nome de Martinho, por haver nascido no dia do santo
com o mesmo nome, e não estaria preparado para reinar; no entanto, a
morte do seu irmão mais velho,
D. Henrique,
quando contava apenas três anos de idade, levou à alteração da sua
onomástica para um nome mais hispânico, ficando desde então Sancho
Afonso.
Em
1170, Sancho foi armado cavaleiro pelo seu pai logo após o acidente de D. Afonso Henriques em
Badajoz
e tornou-se seu braço direito, quer do ponto de vista militar, quer do
ponto de vista administrativo. Nestes primeiros tempos de Portugal
enquanto país independente, muitos eram os inimigos da coroa, a começar
pelo reino de
Castela e
Leão que havia controlado Portugal até então. Para além do mais, a
Igreja Católica
demorava em consagrar a independência de Portugal com a sua bênção.
Para compensar estas falhas, Portugal procurou aliados dentro da
Península Ibérica, em particular o reino de
Aragão, um inimigo tradicional de Castela, que se tornou no primeiro país a reconhecer Portugal. O acordo foi firmado
1174 pelo casamento de Sancho, então príncipe herdeiro, com a infanta Dulce Berenguer, irmã mais nova do rei
Afonso II de Aragão.
No ano de
1178, D. Sancho faz uma importante expedição contra
mouros, confrontando-os cerca de
Sevilha e do rio
Guadalquivir, e ganha-lhes a batalha. Com essa acção, expulsa assim a possibilidade deles entrarem em território português.
Com a morte de Afonso Henriques em
1185, Sancho I torna-se no segundo rei de Portugal. Tendo sido coroado na
Sé de
Coimbra, manteve essa cidade como o centro do seu reino. D. Sancho deu por finda as guerras fronteiriças pela posse da
Galiza e dedicou-se a guerrear os
Mouros localizados a Sul. Aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da
terceira cruzada, na primavera de
1189, para conquistar
Silves,
um importante centro administrativo e económico do Sul, com população
estimada em 20.000 pessoas. Sancho ordenou a fortificação da cidade e
construção do castelo que ainda hoje pode ser admirado. A posse de
Silves foi efémera já que em
1190 Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur cercou a cidade de Silves com um exército e com outro atacou
Torres Novas, que apenas conseguiu resistir durante dez dias, devido ao rei de Leão e Castela ameaçar de novo o Norte.
Sancho I dedicou muito do seu esforço governativo à organização
política, administrativa e económica do seu reino. Acumulou um tesouro
real e incentivou a criação de indústrias, bem como a classe média de
comerciantes e mercadores. Sancho I concedeu várias cartas de
foral principalmente na
Beira e em
Trás-os-Montes:
Gouveia (
1186),
Covilhã (
1186),
Viseu (
1187),
Bragança (
1187), etc, criando assim novas cidades, e povoando áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da
Flandres e
Borgonha.
O rei é também lembrado pelo seu gosto pelas artes e literatura, tendo
deixado ele próprio vários volumes com poemas. Neste reinado sabe-se que
alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que um
grupo de juristas conhecia o
Direito que se ministrava na escola de
Bolonha. Em 1192 concedeu ao
mosteiro de Santa Cruz 400 morabitinos para que se mantivessem em
França os monges que lá quisessem estudar.
Embora muito jovem aquando a sua ascensão ao trono português, com
apenas 16 anos, foi considerado por muitos como um monarca exemplar, que
reconciliou o povo com a casa real, após o reinado da sua mãe ter sido
fruto de uma guerra civil vencida.
D. Fernando II, seu pai, desempenhou um papel fundamental no início do seu reinado, tendo exercido o governo da nação na qualidade de
regente
do Reino, orientando o jovem rei no que diz respeito às grandes obras
públicas efectuadas. D. Pedro é frequentemente descrito como um monarca
com valores sociais bem presentes, em parte devida à sua educação, que
incluiu trabalho junto das comunidades e um vasto conhecimento do
continente europeu.
A
16 de Setembro de
1855,
completando 18 anos, é aclamado rei, presidindo nesse mesmo ano à
inauguração do primeiro telégrafo eléctrico no país e, no ano seguinte
(28 de Outubro), inaugura o caminho de ferro entre
Lisboa a
Carregado. É também no seu reinado que se iniciam as primeiras viagens regulares de navio, entre
Portugal e
Angola.
Dedicou-se com afinco ao governo do País, estudando com minúcia as deliberações governamentais propostas. Criou ainda, o
Curso Superior de Letras, em
1859, que subsidiou do seu bolso, com um donativo de 91 contos de réis. Nesse mesmo ano é introduzido o sistema métrico em Portugal.
D. Pedro V foi um defensor acérrimo da
abolição da escravatura
e data do seu reinado um episódio que atesta a convicção do monarca
nessa matéria e que simultaneamente demonstra a fragilidade de Portugal
perante as grandes potências europeias: junto à costa de
Moçambique é apresado um
navio negreiro francês, tendo o seu comandante sido preso. O governo de
França, não só exigiu a libertação do navio, bem como uma avultada indemnização ao governo português.
Portugal é, por essa altura, flagelado por duas epidemias, uma de
cólera, que grassa de
1853 a
1856, e outra de
febre amarela, principalmente em
1856/
57.
Durante esses anos o monarca, em vez de se refugiar, percorria os
hospitais e demorava-se à cabeceira dos doentes, o que lhe trouxe muita
popularidade.
Morreu com apenas 24 anos, em
11 de Novembro de
1861, que segundo parecer dos médicos, devido a
febre tifóide
(enquanto o povo suspeitava de envenenamento e por isso viria a
amotinar-se). A sua morte provocou uma enorme tristeza em todos os
quadrantes da sociedade. Não tendo filhos, foi sucedido pelo irmão, o
infante
D. Luís, que habitava então no sul de França.
No dizer dos biógrafos, D. Pedro V: "com um temperamento
observador, grave, desde criança [...] mandou pôr à porta do seu palácio
uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse
falar-lhe com franqueza, queixar-se [...] O povo começava a amar a
bondade e a justiça de um rei tão triste [...]".