Página de Il Milione / As Viagens de Marco Polo
Biografia
A data e o local de nascimento exatos de Marco Polo são desconhecidos, e
as teorias atuais são na sua maioria conjecturais. No entanto, a data
específica mais citada é em algum lugar "em torno de 1254", e é geralmente aceite que Marco Polo nasceu na
República de Veneza. Embora o local de nascimento exato seja desconhecido, a maioria dos biógrafos apontam para a própria
Veneza como cidade natal de Marco Polo. O seu pai, Niccolò, era um mercador que comerciava com o Oriente Médio, tornando-se rico e alcançando grande prestígio. Niccolò e o seu irmão Maffeo partiram numa viagem para comércio antes de Marco nascer. Em 1260, Nicolau e Maffeo estavam residindo em
Constantinopla quando previram uma mudança política; liquidaram os seus ativos em jóias e se mudaram. De acordo com
As Viagens de Marco Polo, eles passaram por grande parte da Ásia, e encontraram-se com
Kublai Khan. Entretanto, a mãe de Marco Polo morreu e ele foi criado por uma tia e um tio.
Marco Polo foi bem educado, aprendendo assuntos mercantis incluindo
moeda estrangeira, avaliação e manutenção de navios de carga, embora tenha aprendido pouco ou nada de
latim.
Em 1269, Nicolau e Maffeo retornaram a Veneza, encontrando Marco pela
primeira vez. Em 1271, Marco Polo (aos dezassete anos de idade), o seu
pai e o seu tio partiram para a Ásia, numa série de aventuras que mais
tarde foram documentados no livro de Marco. Eles regressaram a Veneza em
1295, 24 anos depois, com muitas riquezas e tesouros. Eles tinham
viajado quase 15.000 milhas (24.140 km).
A rota percorrida foi: através da Armênia até o norte da
Turcomânia, e passando por
Casaria e
Sivas, atingiram
Arzingan, de onde se avista o
monte Ararate. Seguiram o curso do
rio Tigre até
Bandas, através de
Mosul, chegando a
Bagdad. Decidiram ir a
Ormuz e seguir de
barco até à longínqua China, porém ao verificarem as embarcações precárias que seguiam pelo
Oceano Índico, decidiram seguir por terra. Rumando norte chegaram a
Khubeis, além o
deserto de Lut. Depois
Damagham, a antiga
Hecantompylos de
Alexandre. Sempre rumo leste, atravessando desertos, rumaram para
Balkh (antiga
Báctria Regia). Por fim partiram para nordeste, através dos passos do
Pamir, finalmente chegando a grande cidade de
Kashgar.
Dirigiram-se à corte do
rei mongol
Kublai Khan, neto do poderoso
Gengis Khan e, a seu serviço, percorreram a
Tartária, a China e a
Indochina. O
imperador permitiu que os Polos voltassem a Veneza, aproveitando o regresso de uma embaixada de Arghun-Khan, que subira ao trono na
Pérsia e solicitava uma princesa da corte chinesa para casar-se. A volta foi via marítima, Kublai-Khan enviou 14
navios e um total de dois mil homens com eles. Como chegaram a
Malaca, em meados de maio de
1291, tiveram que esperar
ventos favoráveis da
monção, que só chegaram em outubro. Estiveram em
Ceilão e de lá bordejando a costa da
Índia
chegaram a Ormuz (Pérsia), após 20 meses da partida. Após entregarem a
princesa, os Polo seguiram por terra até Arménia, passando por
Trebizonda,
Constantinopla e
Negroponte, de onde embarcaram para Veneza.
Lá chegando em
1258, Marco Polo comandou um exército
na
guerra contra
Génova
(na época cidade considera perigosa),
acabando por ser feito prisioneiro. Durante o cativeiro, ditou as suas
aventuras de viagem a um prisioneiro, Rusticiano de
Pisa (
Rustichello da Pisa), que foram traduzidas em
latim, em
1315, pelo
rei Francisco Pipino. Em
1471, depois de traduzidas em várias línguas, foram impressas. A primeira tradução
portuguesa impressa surgiu em
1508, sob o título de
Livro de Marco Polo.
As suas
crónicas
e histórias povoaram imensamente o imaginários de vários povos e
chamavam a atenção pela incrível riqueza de detalhes e emoção produzida
em suas narrativas.
Ainda existem dúvidas quanto a se Marco Polo fez tudo o que alegou ou
se simplesmente narrou histórias que ouviu de outros viajantes. Mas,
quaisquer que tenham sido as fontes de
A Descrição do Mundo, de Marco Polo, os
eruditos reconhecem sua importância.
"Nunca antes ou desde então..." , diz um
historiador, "
...um homem forneceu tão imensa quantidade de novos conhecimentos geográficos ao Ocidente."
O
livro de Marco Polo,
Il Milione ou
As Viagens, é um testemunho da fascinação do homem por viagens, novas paisagens e terras distantes.
Morte
Em 1323, Marco Polo estava acamado devido a doença. Em 8 de janeiro
de 1324, apesar dos esforços dos médicos para tratá-lo, Polo estava no
seu leito de morte. Para escrever e certificar o seu testamento, a sua
família chamou Giovanni Giustiniani, um padre de São Procolo. A sua
mulher, Donata, e suas três filhas foram nomeadas por ele como
co-executoras de seu testamento. A igreja tinha direito por lei a uma
parcela da sua propriedade, mas ele aprovou e ordenou que uma soma
adicional devia ser paga ao convento de San Lorenzo, em Veneza, o lugar
onde ele desejava ser enterrado. Ele também libertou um "
escravo tártaro", que deve tê-lo acompanhado desde a Ásia.
Dividiu o resto do seu património, incluindo várias propriedades,
entre indivíduos, instituições religiosas, e cada guilda e fraternidade a
que pertencia. Também anulou várias dívidas, incluindo 300 liras que uma
sua cunhada lhe devia, e outros do convento de San Giovanni, São Paulo
da Ordem dos Pregadores, e de um clérigo chamado
frade Benvenuto. Ele ordenou que 220
soldos fossem pagos a Giovanni Giustiniani por seu trabalho como notário e por suas orações.
O testamento, que não foi assinado por Marco Polo, mas foi validado
pela então relevante regra "signum manus", pela qual o testador só tinha
que tocar o documento para fazer cumprir a regra de direito,
foi datado de 9 de janeiro de 1324. Devido à lei veneziana afirmando
que o dia termina no pôr do sol, a data exata da morte de Marco Polo não
pode ser determinada, mas foi entre o pôr do sol de 8 e o de 9 de
janeiro de 1324.