Jorge Américo Rodrigues de Paiva,
nascido em Cambondo (Angola), a 17 de setembro de 1933, licenciado em
Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra e doutorado em Biologia
pelo Departamento de Recursos Naturais e Medio Ambiente da Universidade
de Vigo (Espanha), aposentado, tendo sido investigador principal no
Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde lecionou
algumas disciplinas, tendo também lecionado, como professor convidado,
na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, nos Departamentos
de Biologia das Universidades de Aveiro e da Madeira, na licenciatura de
Arquitectura Paisagista da Universidade Vasco da Gama de Coimbra, no
Departamento de Engenharia do Ambiente do Instituto Superior de
Tecnologia de Viseu e no Departamento de Recursos Naturais e Medio
Ambiente da Universidade de Vigo (Espanha).
Como
bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC)
trabalhou durante três anos em Londres nos Jardins de Kew e na Secção de
História Natural do Museu Britânico. Como fitotaxonomista tem
percorrido a Europa, particularmente a Península Ibérica, Ilhas
Macaronésicas, África, América do Sul e Ásia, tendo também já visitado a
Austrália.
Pertenceu
à Comissão Editorial e Redatorial da Flora Ibérica (Portugal e Espanha)
e da Flora de Cabo Verde, assim como de algumas revistas científicas.
Tem sido colaborador (estudo de alguns grupos de plantas superiores) de
algumas floras africanas, como a Flora Zambesiaca (Moçambique, Malawi, Zimbabwe, Zambia e Botswana) e a Flora of Tropical East Africa
(Quénia, Tanzania e Uganda). Assim, tem integrado grupos internacionais
de investigadores em estudos e colheitas de material de campo, não só
na Península Ibérica, como também em países africanos (Moçambique,
Quénia, Seychelles, Tanzania, Zimbabwe, Angola, Cabo Verde e S. Tomé e
Príncipe), asiáticos (Timor, Tailandia e Vietname) e americanos (Brasil e
Paraguai).
Dos trabalhos de taxonomia em que colaborou como co-autor, o Catalogue des Plantes Vasculaires du Nord du Maroc (1008 páginas em 2 volumes), foi galardoado pela OPTIMA (Organization for the Phyto-Taxonomic Investigation of the Mediterranean Area) com a Medalha de Prata, como o melhor trabalho sobre Flora Mediterrânica publicado em 2003.
Como
palinologista colaborou com entidades apícolas e com os Serviços de
Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo
sido distinguidos dois dos trabalhos que elaborou em colaboração com o
corpo clínico desta Faculdade com o 1º Prémio da Sociedade Portuguesa de
Patologia Respiratória («Boehringer Ingelheim S.P.P.R., 1979»), pelo
trabalho de colaboração «Pólens e Polinose na Região Centro de Portugal)
e o 1º Prémio Anual SPAIC/UCB-STALLERGENES 1994, pelo trabalho de
colaboração "HLA e Alergia — Aplicação ao estudo da Parietaria
lusitanica ".
Como
ambientalista é muito conhecido pela defesa intransigente do Meio
Ambiente, sendo membro activo de várias Associações e Comissões
nacionais e estrangeiras. A sua actividade em defesa do Meio Ambiente
foi distinguida, em 1993, com o Prémio “Nacional” da Quercus (Associação
Nacional de Conservação da Natureza); em 2005, com o Prémio “Carreira”
da Confederação Nacional das Associações de Defesa do Ambiente; em 2005,
com o Prémio “Amigos do Prosepe” pelo Prosepe (Projecto de
Sensibilização da População Escolar) e em 2001 e 2002, com as menções
honrosas dos respectivos Prémios Nacionais do Ambiente “Fernando
Pereira” conferidas pela Confederação Nacional das Associações de Defesa
do Ambiente.
Publicou
já mais de cinco centenas de trabalhos sobre fitotaxonomia, palinologia
e ambiente, sendo dos mais relevantes, a monografia (Polygalarum
africanarum et madagascaiensum prodromus atque gerontogaei generis
Heterosamara Kuntze, a genere Polygala L. segregati et a nobis denuo
recepti, synopsis monographica in Fontqueria 50: I-VI; 1-346, tab. 1-52; 1998) com 62 novidades fitotaxonómicas e as obras de educação ambiental A Crise Ambiental - Apocalipse ou Advento de uma Nova Idade 1: 1-36; 1998 e 2: 1-187; 2000 e A Relevância do Património Natural,
edição da Câmara de Leiria e Quercus em 2002 destinadas,
fundamentalmente, a apoiar os professores que se preocupam com a
docência da problemática ambiental. Apresentou variadas comunicações e
proferiu diversas conferências em reuniões científicas, congressos,
simpósios ou acções pedagógicas (mais de 1 milhar).
(imagem daqui)
O apanhador de ervas
Não julga: ele conhece, extrai
e depois entrega ao sol o cardo-santo
e a diabelha, o fel-da-terra
e a sempreviva, a erva do amor
e a do homem enforcado.
Seres próximos, opacos, de sua casa,
o campo, por si rebuscados com mão silvestre.
Picado foi pela unhagata e pela silva,
que de si próprias confiaram
o germe sanguinoso e o fluido salutar.
Não julga: constante o eflúvio
do gerânio, do sisudo absinto,
viçoso ou seco. Crê na arruda, nesse acre
odor que perfuma bruxas. Caça por cima
o alecrim, será mais forte dentro
de breves rebentações vernais. Anda
pela vala real, pródiga de bergamotas
brancas, manjeronas, há quarenta anos.
Destila na caldeira de seu avô
plantas aromáticas, medulares:
lume brando, vivaz, de eucalipto, e o suco
perpassando serpentinas de água, vitorioso,
álcool vindo alambique. Leva a merenda,
trinca folhas de menta, tem a elástica
prontidão da vulnerária acorrendo na ferida.
Não julga: notória ternura, a sua, pela cavalinha,
ama aquele verde resplandecente e rápido,
até raízes aproveita para doentes
desenganados; servidor augusto de elixires,
procura, amontoando, a bravia erva da vida.
in Décima Aurora (1982) - António Osório
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