São Francisco de Borja por Alonso Cano, Museu de Belas Artes de Sevilha
Francisco de Borja e Aragão (São Francisco de Borja) (Gandia, Valência, Espanha, 28 de outubro de 1510 – Roma,
30 de setembro de 1572) foi Duque de Gândia, bisneto do Papa Alexandre VI e bisneto do rei Fernando II de Aragão, que se fez jesuíta logo após enviuvar. Francisco de Borja foi canonizado em 1671. Exerceu o cargo de Vice-rei da Catalunha.
Desde pequeno era muito piedoso e desejou tornar-se monge, a sua família porém enviou-o para a corte do imperador Carlos V.
Ali se destacaria acompanhando o imperador nas suas campanhas e
casando-se com uma nobre portuguesa: Eleonor de Castro Melo e Menezes,
com a qual teve oito filhos: Carlos, Isabel, João, Álvaro, Fernando,
Afonso, Joana e Dorotéia.
Nobre e considerado "grande de Espanha", em 1539 escoltou o corpo da imperatriz Isabel de Portugal ao seu túmulo em Granada.
Diz-se que, quando viu o efeito da morte sobre o corpo daquela que
tinha sido uma bela imperatriz, decidiu "nunca mais servir a um senhor
que me possa morrer". Ainda jovem foi nomeado vice-rei da Catalunha,
província que administrou com grande eficiência. Quando o seu pai
morreu, recebeu por herança o título de Duque de Gandía, retirou-se
para a sua terra natal e aí levaria, com a sua família, uma vida
entregada puramente à religião.
Em 1546 a sua esposa Eleanor morreu e Francisco decidiu entrar na recentemente fundada Companhia de Jesus.
Ajustou as contas com os seus assuntos mundanos, renunciou aos seus
títulos em favor do seu primogénito, Carlos e, imediatamente, foi-lhe
oferecido o título de cardeal. Recusou, preferindo a vida de um
pregador itinerante. Os seus amigos conseguiram convencê-lo a aceitar o
título para aquilo que a natureza e as circunstâncias o haviam
predestinado: em 1554, converteu-se no Comissário Geral dos Jesuítas na
Espanha, e em 1565, em Superior Geral da Ordem.
in Wikipédia
Meditação do Duque de Gândia sobre a morte de Isabel de Portugal
Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
in Mar Novo (1958) - Sophia de Mello Breyner Andresen
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