(imagem daqui)
António José Parreira do Livramento, mais conhecido como António Livramento (São Manços, 28 de fevereiro de 1943 – Lisboa, 7 de junho de 1999), foi um jogador de hóquei em patins português, considerado o melhor jogador do Mundo de todos os tempos.
Começou por jogar futebol, a sua paixão de adolescente, no Venda Nova,
perto de Benfica. A certa altura, um técnico do Futebol Benfica,
Torcato Ferreira, achou que o "miúdo" teria muito jeito para jogar
hóquei em patins, e convidou-o a aparecer no rinque do «Fófó».
Livramento recusa, mas perante a insistência de Torcato decide
experimentar, e a a partir daí o futebol passa para segundo plano.
Em 1959, o Benfica contrata-o, numa operação algo complicada, e aos 16
anos é chamado à selecção de juniores por António Raio. Tem a sua
estreia auspiciosa contra a Bélgica, no Campeonato da Europa, marcando
três golos na vítória por 5-1. É eleito melhor jogador do torneio,
aliado ao troféu de melhor marcador.
Passa para a equipa principal, e em 1961 sagra-se Campeão Europeu,
marcando 17 golos, tal como Adrião. No ano seguinte a dupla
Livramento/Adrião torna-se imparável e Portugal é Campeão do Mundo.
Um momento ímpar na carreira de António Livramento aconteceu em Maio de
1962. O Mundial de hóquei em patins disputava-se em Santiago do Chile.
No jogo entre Portugal e a Argentina, um jogador apanha a bola atrás
da baliza, finta toda a equipa adversária e marca golo levando o
público ao delírio. Era Livramento, que, emocionado, pede para sair.
Em 1963, torna-se pela segunda vez Campeão da Europa, e em 1965, em
mais um triunfo europeu de Portugal, deslumbra, marcando sete dos 17
golos da vitória lusitana sobre a Bélgica. No final dos anos 1960 já não
há dúvidas que o futuro do hóquei era ele.
A beleza do seu jogo só é igualada pela eficiência do mesmo. Volta a
ser Campeão Nacional e Europeu em 1967, e um ano depois, no Porto, marca
42 golos em nove jogos do Mundial, quase metade dos da selecção das
quinas (92). Por três vezes marca dez golos (Japão, Nova Zelândia e
Suíça) num só jogo.
As grandes exibições levam-no a sair do Benfica para Itália, para jogar
no Hóquei Candi Monza, mas pela primeira vez fica fora da selecção,
quando Portugal se sagra novamente, em 1971, Campeão da Europa. Volta a
Lisboa no ano seguinte para ser Campeão pelos encarnados, triunfo que
repete em 1974, sagrando-se pela segunda vez Campeão Mundial.
Com a sua genialidade e talento junta mais dois títulos europeus ao seu
vasto palmarés. Muito supersticioso, quando um jogo lhe corria bem,
voltava a equipar-se da mesma maneira, repetindo os mesmos passos no
jogo seguinte.
Ingressa depois no clube do Banco Pinto & Sotto Mayor, onde era funcionário, chegando a campeão da II Divisão.
Daí muda-se, em 1977, para o clube do coração, o Sporting, integrando
uma equipa de sonho. Conquista tudo o que havia para ganhar, incluindo o
título que lhe faltava, a Taça dos Campeões Europeus.
Sob a sua batuta, Portugal volta a sagrar-se Campeão Europeu, num jogo
com a Espanha, incendiado nos minutos finais pelas agressões mútuas
entre Livramento e um espanhol, que termina com invasão de campo. Após o
jogo, declara "é a última vez que jogo pela Selecção. Em tantos anos
nunca coisa semelhante me aconteceu. Tive de reagir depois do Ortega me
ter agredido, quando vi o osso de fora…a minha saída não afectará
Portugal". Fez 209 jogos com a selecção das quinas, marcando 425 golos.
Ruma depois ao Amatori Lodi, de Itália, terminando a carreira no
Sporting, em 1980.
Depois de abandonar os rinques, inicia o percurso de treinador
novamente pleno de êxito, levando em 1981 o Sporting à vitória na Taça
das Taças. No ano seguinte conquista o Campeonato Nacional.
Em 1984 conduz o «seu» Sporting a mais dois troféus para as vitrinas de
Alvalade (Taça Cers e Taça de Portugal), e ruma de novo a Itália para
treinar o Bassano, onde jogam Luís Nunes e Fanã.
Volta a Alvalade, qual pronto-socorro, para reanimar uma equipa moribunda, levando-a ao segundo lugar do Campeonato.
Com o rigor, disciplina e a capacidade de motivar os jogadores implanta
um jogo agressivo, ao bom estilo italiano, de procura constante da
bola, aliada ao tecnicismo português que torna as suas equipas
infalíveis. O seu maior vício era o tabaco, a ponto de, nos estágios da
Selecção, dividir o quarto com o massagista para não fumar.
Soma mais três títulos, dois Europeus pela selecção, e um Nacional
pelos «leões», e já na década de noventa, em 1993, é Campeão Mundial em
Itália, 31 anos depois do último troféu conquistado fora de casa.
Não pára por aí, e como seleccionador sagra-se novamente Campeão da
Europa no ano seguinte. Em 1998 é convidado para treinar o FC Porto e na
mesma temporada vence o Campeonato, mas perde por penaltis a final da
Liga dos Campeões.
A 5 de junho de 1999, o destino coloca-o perante o desafio final,
acabando por morrer repentinamente com apenas 55 anos, vítima de uma
trombose.
Cristiano Pereira, colega de selecção e seu substituto no lugar de
treinador do FC Porto, define o campeão na hora da despedida final: "Ele
era o artista".
in Wikipédia
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