quarta-feira, fevereiro 28, 2018

António Livramento, o melhor jogador de hóquei em patins de sempre, nasceu há 75 anos!

(imagem daqui)
  
António José Parreira do Livramento, mais conhecido como António Livramento (São Manços, 28 de fevereiro de 1943Lisboa, 7 de junho de 1999), foi um jogador de hóquei em patins português, considerado o melhor jogador do Mundo de todos os tempos.
Começou por jogar futebol, a sua paixão de adolescente, no Venda Nova, perto de Benfica. A certa altura, um técnico do Futebol Benfica, Torcato Ferreira, achou que o "miúdo" teria muito jeito para jogar hóquei em patins, e convidou-o a aparecer no rinque do «Fófó». Livramento recusa, mas perante a insistência de Torcato decide experimentar, e a a partir daí o futebol passa para segundo plano.
Em 1959, o Benfica contrata-o, numa operação algo complicada, e aos 16 anos é chamado à selecção de juniores por António Raio. Tem a sua estreia auspiciosa contra a Bélgica, no Campeonato da Europa, marcando três golos na vítória por 5-1. É eleito melhor jogador do torneio, aliado ao troféu de melhor marcador.
Passa para a equipa principal, e em 1961 sagra-se Campeão Europeu, marcando 17 golos, tal como Adrião. No ano seguinte a dupla Livramento/Adrião torna-se imparável e Portugal é Campeão do Mundo.
Um momento ímpar na carreira de António Livramento aconteceu em Maio de 1962. O Mundial de hóquei em patins disputava-se em Santiago do Chile. No jogo entre Portugal e a Argentina, um jogador apanha a bola atrás da baliza, finta toda a equipa adversária e marca golo levando o público ao delírio. Era Livramento, que, emocionado, pede para sair.
Em 1963, torna-se pela segunda vez Campeão da Europa, e em 1965, em mais um triunfo europeu de Portugal, deslumbra, marcando sete dos 17 golos da vitória lusitana sobre a Bélgica. No final dos anos 1960 já não há dúvidas que o futuro do hóquei era ele.
A beleza do seu jogo só é igualada pela eficiência do mesmo. Volta a ser Campeão Nacional e Europeu em 1967, e um ano depois, no Porto, marca 42 golos em nove jogos do Mundial, quase metade dos da selecção das quinas (92). Por três vezes marca dez golos (Japão, Nova Zelândia e Suíça) num só jogo.
As grandes exibições levam-no a sair do Benfica para Itália, para jogar no Hóquei Candi Monza, mas pela primeira vez fica fora da selecção, quando Portugal se sagra novamente, em 1971, Campeão da Europa. Volta a Lisboa no ano seguinte para ser Campeão pelos encarnados, triunfo que repete em 1974, sagrando-se pela segunda vez Campeão Mundial.
Com a sua genialidade e talento junta mais dois títulos europeus ao seu vasto palmarés. Muito supersticioso, quando um jogo lhe corria bem, voltava a equipar-se da mesma maneira, repetindo os mesmos passos no jogo seguinte.
Ingressa depois no clube do Banco Pinto & Sotto Mayor, onde era funcionário, chegando a campeão da II Divisão.
Daí muda-se, em 1977, para o clube do coração, o Sporting, integrando uma equipa de sonho. Conquista tudo o que havia para ganhar, incluindo o título que lhe faltava, a Taça dos Campeões Europeus.
Sob a sua batuta, Portugal volta a sagrar-se Campeão Europeu, num jogo com a Espanha, incendiado nos minutos finais pelas agressões mútuas entre Livramento e um espanhol, que termina com invasão de campo. Após o jogo, declara "é a última vez que jogo pela Selecção. Em tantos anos nunca coisa semelhante me aconteceu. Tive de reagir depois do Ortega me ter agredido, quando vi o osso de fora…a minha saída não afectará Portugal". Fez 209 jogos com a selecção das quinas, marcando 425 golos. Ruma depois ao Amatori Lodi, de Itália, terminando a carreira no Sporting, em 1980.
Depois de abandonar os rinques, inicia o percurso de treinador novamente pleno de êxito, levando em 1981 o Sporting à vitória na Taça das Taças. No ano seguinte conquista o Campeonato Nacional.
Em 1984 conduz o «seu» Sporting a mais dois troféus para as vitrinas de Alvalade (Taça Cers e Taça de Portugal), e ruma de novo a Itália para treinar o Bassano, onde jogam Luís Nunes e Fanã.
Volta a Alvalade, qual pronto-socorro, para reanimar uma equipa moribunda, levando-a ao segundo lugar do Campeonato.
Com o rigor, disciplina e a capacidade de motivar os jogadores implanta um jogo agressivo, ao bom estilo italiano, de procura constante da bola, aliada ao tecnicismo português que torna as suas equipas infalíveis. O seu maior vício era o tabaco, a ponto de, nos estágios da Selecção, dividir o quarto com o massagista para não fumar.
Soma mais três títulos, dois Europeus pela selecção, e um Nacional pelos «leões», e já na década de noventa, em 1993, é Campeão Mundial em Itália, 31 anos depois do último troféu conquistado fora de casa.
Não pára por aí, e como seleccionador sagra-se novamente Campeão da Europa no ano seguinte. Em 1998 é convidado para treinar o FC Porto e na mesma temporada vence o Campeonato, mas perde por penaltis a final da Liga dos Campeões.
A 5 de junho de 1999, o destino coloca-o perante o desafio final, acabando por morrer repentinamente com apenas 55 anos, vítima de uma trombose.
Cristiano Pereira, colega de selecção e seu substituto no lugar de treinador do FC Porto, define o campeão na hora da despedida final: "Ele era o artista".
  

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