sábado, outubro 20, 2012

O ditador-filósofo da Líbia foi assassinado há um ano

Muammar Abu Minyar al-Gaddafi (Sirte, 7 de junho de 1942 - Sirte, 20 de outubro de 2011) foi um militar, político, ideólogo e ditador líbio, sendo o de facto chefe de estado do seu país entre 1969 e 2011.
Gaddafi chegou ao poder em 1969, sem derramar sangue, por meio de um golpe de estado e assumiu a função formal de Chefe da Nação até 1977, quando renunciou o comando do chamado Conselho do Comando Revolucionário da Líbia e alegou apenas ser uma figura simbólica do governo. Seus críticos dizem que ele agia como um autocrata ou um demagogo, apesar do antigo governo líbio dizer que ele não detinha qualquer poder e o próprio Gaddafi tentava passar a imagem de um estadista-filósofo. Após Gaddafi renunciar o cargo, ele ficou conhecido como o "Irmão Líder e Chefe da Grande Revolução de Jamahiriya Popular Socialista da Líbia" ou "líder Fraternal e chefe da revolução"; em 2008, durante um encontro de líderes africanos, alguns destes o chamaram de "Rei dos Reis".
Depois de chegar ao poder em 1969, ele aboliu a Constituição Líbia de 1951 e estabeleceu políticas alinhadas com sua ideologia chamada de "Terceira Teoria Internacional" que foram publicadas em seu trabalho intitulado Livro Verde. Depois de estabelecer a jamahiriya ("estado de massas") em 1977, ele assumiu uma figura simbólica e representativa no governo, apesar de que, de facto, o poder político total estava concentrado em sua pessoa, recaindo sobre ele a responsabilidade de fazer as políticas de Estado. Durante seu governo, a Líbia experimentou alguns períodos de forte crescimento econômico, por muito abalado pelas sanções impostas por países ocidentais contra seu governo. Devido as enormes rendas provenientes do petróleo, Gaddafi pode sustentar vários programas sociais que acabaram por dar a Líbia o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente africano, além de aumentar a participação das mulheres na vida pública e de dar mais direitos aos negros. Durante seu governo, a Líbia teve a menor dívida pública do mundo. Apesar dos crescimentos economicos e dos avanços nas áreas sociais, os criticos do seu regime alegavam que Gaddafi concentrava boa parte das riquesas do seu país em sua própria mão, tendo uma fortuna pessoal estimada em 20 bilhões de dólares, enquanto boa parte da população do país vivia na pobreza. Muitos dos negócios e empresas líbias estavam supostamente sobre controle direto de Gaddafi e de membros de sua família. Na década de 1980, ele participou de vários conflitos armados e assumidamente adquiriu armas químicas. Em resposta, a comunidade internacional lançou várias sanções contra a Líbia.
Seis dias após a captura de Saddam Hussein por tropas americanas em 2003, Gaddafi anunciou que seu Estado estava abrindo mão de todos os programas de construção de armas de destruição em massa e convidou inspetores internacionais para que verificassem que ele estava comprometido com isso. Em resposta, o governo Bush removeu a Líbia da lista de países que apoiavam o terrorismo. Logo em seguida, a ONU retirou as sanções impostas contra o país.
Em fevereiro de 2011, frente a protestos pedindo sua derrocada do poder, Gaddafi respondeu aos manifestantes com violência, porém as manifestações contrárias ao seu governo se intensificaram. Então eclodiu no país uma violenta guerra civil, colocando em confronto forças leais e contrárias ao regime. Durante este conflito, Gaddafi foi acusado de cometer vários crimes contra a humanidade e um mandado de prisão foi expedido contra ele pela Corte Penal Internacional. Em agosto de 2011, tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT) atacaram e conquistaram a capital Trípoli colocando assim Gaddafi e seu governo em fuga.

(...)

Em 20 de outubro de 2011, após a queda de Sirte, o último grande reduto das forças de Gaddafi, o Conselho Nacional de Transição informou oficialmente à Al Jazeera que Gaddafi havia sido capturado. De acordo com algumas fontes, Gaddafi teria sido ferido nas pernas ou levado dois tiros no peito. Segundo as primeiras informações, ele teria morrido em consequência desses ferimentos. Imagens de um vídeo amador mostram o corpo ensanguentado de Gaddafi, ainda vivo, sendo carregado como um troféu em Sirte.
O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, Mahmoud Jibril, confirmou a morte do ex-líder Muammar Kadhafi, durante os confrontos pela tomada da cidade de Sirte. "Esperávamos havia muito tempo por este momento. Muammar Kadhafi foi morto", afirmou à Associated Press. Segundo Jibril, a autópsia determinou que o líder deposto foi morto por um ferimento de bala na cabeça, após sua captura. Jibril afirmou, durante entrevista coletiva, que Gaddafi estava em boa saúde e armado, quando foi encontrado. Enquanto era levado até um camião, levou um tiro no braço ou na mão direita. Posteriormente, levou um tiro na cabeça sob circunstâncias não claras.

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