domingo, julho 04, 2010

30 anos do album Ar de rock - IV

É este o único filme que eu encontrei com a música instrumental Harmónica Azul, do álbum Ar de Rock, de Rui Veloso, no YouTube...

sábado, julho 03, 2010

Todas as fusões de Escolas (Mega Agrupamentos) são nulas e ilegais, diz o Conselho de Escolas

A Posição do Conselho de Escolas


Uma tomada de posição do Conselho de Escolas. Para além da ilegalidade, há aqui uma questão de ilegitimidade, e de ofensa institucional que não pode deixar de ser referenciada.



Reunido extraordinariamente em 2 de Julho de 2010 para “Apreciação de projecto de portaria de reorganização da rede escolar”, considerando que:

1. A reorganização da rede escolar já está praticamente concluída na globalidade do País;
2. Que as DRE’s desenvolveram todo o processo ainda muito antes da publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º44/2010, de 14 de Junho;
3. Que todo o processo aconteceu sem que este Conselho fosse obrigatoriamente ouvido, como o determina o ponto 3 do art.º 2º, do Decreto Regulamentar n.º32/2007, de 29 de Março;
4. Os Directores dos Agrupamentos/Escolas não Agrupadas nunca foram considerados parceiros no processo, mas apenas as DRE’s e as Autarquias;
5. Os Conselhos Gerais, tão acarinhados nos documentos oficiais, foram igualmente ignorados no processo,


O Conselho das Escolas manifesta perplexidade pela forma como todo o processo tem decorrido, nomeadamente não ter sido apresentado o referido projecto de Portaria, e considera extemporânea, por inútil, a emissão de qualquer parecer. Pelo que todo o processo deverá ser suspenso porque ferido de ilegalidade.


Decide ainda o Conselho dar imediato conhecimento desta moção à tutela e à comunicação social.

Caparide, 2 de Julho de 2010

in Blog terrear - post de José Matias Alves

Música para acompanhar outra hoje publicada


30 anos do album Ar de rock - III


A rapariguinha do shopping
Bem vestida e petulante
Desce pela escada rolante
Com uma revista de bordados
Com um olhar rutilante
E os sovacos perfumados
Quando esta ao balcão
Muito distante e reservada
Nos lábios um bom baton
Sempre muito bem penteada
Cheia de rímel e crayon
E nas unhas um bom verniz
Vai abanando a anca distraída
Ao ritmo disco dos Bee Gees
You should be dancin'
You should be dancin'
You should be dancin'
You should be dancin'
A rapariguinha do shopping
No banco do autocarro
Faz absorta a sua malha
Torce o nariz delicado
Do suor da populaça
E manifesta o seu enfado
Por não haver primeira classe
Já não conhece ninguém
Do lugar onde cresceu
Agora só anda com gente bem
E vai ao sábado noite à boite
Espampanante e a mascar chiclete
No vigor da juventude
Como uma estrela decadente
Dos bastidores de Hollywood

sexta-feira, julho 02, 2010

3ª Noite dos Morcegos de Pombal



O Grupo Protecção Sicó, irá organizar a 3ª Noite dos Morcegos de Pombal no dia 17 de Julho de 2010.

Nesta saída, que irá decorrer junto ao Rio Arunca, esperamos ver e ouvir algumas das espécies que utilizam a zona do rio como área de alimentação, tentando ao mesmo tempo identificá-las através das suas vocalizações (utilizando para tal um detector de ultra-sons).

A concentração será junto ao Complexo das Piscinas Cobertas Municipais de Pombal, onde será dada uma pequena palestra. As escutas serão efectuadas ao longo do troço de rio situado entre este complexo e o Açude.

Inscrições até dia 15 de Julho de 2010 (inscrições limitadas), através do telefone 236 207 608 ou do e-mail gps.sico@gmail.com.

Os participantes devem levar calçado de campo, merenda e água.

Seguro e logística: 5 espeleos

Data: 17 de Julho de 2010
Local: Rio Arunca (Pombal)
Horários: 20.15 horas (concentração junto ao Complexo das Piscinas Cobertas Municipais)
Organização: Grupo Protecção Sicó
Apoio: Câmara Municipal de Pombal

Fonte: Blog Profundezas...

30 anos do album Ar de rock - II



No domingo fui às Antas
Vim de lá tão triste e tão seco
Entrei no tasco da esquina
E afoguei tudo num caneco
tudo num caneco
tudo num caneco
Depois a segunda-feira já me doía nos ossos
Quando assim penso fico seco
Mandei vir mais uns tremoços
E afoguei tudo num caneco
tudo num caneco
tudo num caneco


Desci Santos e Pousada
Ao cantar a meia-noite
A mulher estava já deitada
Vomitei ao entrar na cama
E ela ficou tão danada
Que agora diz que já não me ama
não me ama
não me ama

quinta-feira, julho 01, 2010

Dia do Canadá

Hoje é o dia em que o Canadá celebra, com um feriado, a sua independência. Recordemo-lo com um post roubado ao Blog Geocrusoe:


Proud to be Canadian - Fier d'être Canadien


Apesar de não haver países perfeitos, há muitas razões para me orgulhar do Canada que me viu nascer e me protegeu desde o início.
Por isso, hoje não poderia deixar de estar com o minha terra e pátria natal e dizer que tenho muito Orgulho em ser Canadiano.

Mamonas Assassinas ao vivo

Amália nasceu (talvez...) há 90 anos

Amália da Piedade Rodrigues OSE OIH (Lisboa, 23 de Julho ou 1 de Julho de 1920Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado, comummente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.




Em defesa da Escola Pública - intervenção de Ana Drago no parlamento

O visível que ninguém vê (ou o elefante a passear na sala)



Do Blog PedroRoloDuarte publicamos, com a devida vénia ao corajoso jornalista, o seguinte post:

Tenho lido diariamente as páginas centrais do Correio da Manhã (tem dias que não é nas centrais, mas anda sempre ali perto). Desde há semanas, aquela dupla-página reproduz integralmente as escutas telefónicas do caso PT/TVI. Metódica e organizadamente. Com os nomes, os casos, as sms, os telefonemas. Tudo preto no branco, sem comentários ou interpretações, apenas factos, reproduções de conversas que foram gravadas - e, portanto, não podem ser desmentidas -, numa soma de episódios que parecem mais italianos do que portugueses, e numa cronologia que não permite duvidar ou negar o que ocorreu. Só não vê quem não quer mesmo ver…

A vantagem deste serviço público do Correio da Manhã é que, liberto dos empecilhos habituais dos legalismos que tantas vezes têm impedido que se faça justiça, permite que cada leitor ajuíze, por si, sobre o que está em causa. Aquelas conversas ocorreram, aquelas sms’s foram trocadas. Podem os Tribunais e os Parlamentos fazerem-se de surdos “em nome da lei” e por obediência ao “regimento”, ao ”regulamento” ou ao tão amado “erro processual”, pode a esgrima dos advogados ser mais ou menos feliz sobre as armadilhas do legislador, mas nada disso apaga evidências e factos.

O que resulta da leitura diária do CM é radicalmente divergente do que sucede na praça pública. Trata-se de um insólito caso de inversão da prova: ainda que aquelas páginas nos demonstrem e provem um dos mais graves atentados à democracia e à liberdade de expressão de que tenho memória no pós-25 de Abril (ok, 1975 à parte…), e que se estende bem para lá da TVI e do casal Moniz/Moura Guedes, e estando o escândalo nas páginas do jornal diário de maior expansão, o que sucede é que a Comissão Parlamentar não consegue concluir nada, os mecanismos da justiça não conseguem e/ou não podem “ouvir”, e os procedimentos legais encarregam-se do resto. Os (outros) jornais também não lêem o Correio da Manhã. O Presidente da Republica persiste em não ler jornais. A “Europa” não conta para este insólito acontecimento.

Todas as escutas que exibem tristemente a verdade são, afinal, “nulas” e servem hoje apenas para que saibamos como o sistema está feito para que não funcione. Ou seja: encarregam-se de fazer com que o elefante que se passeia pela sala não seja afinal visto por alguém.

Se quisermos ir mais fundo, este caso mostra o que mudou dos tempos de “O Independente” aos dias de hoje – há 20 anos, este trabalho do Correio da Manhã já tinha feito cair o Governo, já tinha feito algumas pessoas mudarem de vida, e certamente recentrara o mundo político. Nos dias que correm, não apenas nada acontece como a maioria dos envolvidos continua a passear-se em cima do elefante que todos fazem de conta que não vêem.

Já tinha visto muita coisa nestes 46 anos de vida. Nunca tinha visto o visível tornar-se invisível mesmo estando à vista.

O álbum Mamonas Assassinas foi lançado há 15 anos


Mamonas Assassinas
Mamonas Assassinas, lançado em 1995, foi o único álbum oficial de estúdio lançado pela banda brasileira Mamonas Assassinas.
O álbum vendeu mais de um milhão de cópias, recebendo assim uma certificação de Disco de Diamante, segundo a ABPD.


Ar de Rock - o album mítico de Rui Veloso faz 30 anos!

Faz este mês, em dia para mim incerto, 30 anos que foi lançado o LP Ar de Rock, de Rui Veloso, o putativo (e efectivo...) pai do rock português.

Recordemos e celebremos o momento com as músicas do álbum, a começar por uma das minhas favoritas:



Olhas-me bem romeira
Com esses olhos de malícia
Oh é esse andar romeira
Bem sabes que é uma delí­cia
Pousa esse olhar em mim romeira
Porque já amanhã me vou
Se quiseres pelo fim da feira
Todo o meu sono te dou

Esse teu sorriso tão matreiro
Ai­ quem me dera a mim
Rolar contigo num palheiro

Esse teu seio é um braseiro
Essa boca viva de romã
Teu pescoço teu traseiro
Oh por eles não e amanhã

Pegaste em mim tão brejeira
Lá para trás dos olivais
E por isso teu jeito romeira
Não me fui daqui jamais

Esse teu sorriso tão matreiro
Ai­ quem me dera a mim
Rolar contigo num palheiro



NOTA: iremos publicar, todas de seguida e uma por dia, todas as músicas deste LP que se consiga encontrar na Internet. Para quem não se lembra, elas aqui estão:

1. A Rapariguinha do Shopping (Carlos Tê/Rui Veloso)
2. Ai Quem Me Dera a Mim Rolar Contigo num Palheiro (Carlos Tê/Rui Veloso)
3. Bairro do Oriente (Carlos Tê/Rui Veloso)
4. Afurada (Carlos Tê/Rui Veloso)
5. Chico Fininho (Carlos Tê)
6. Sei de uma Camponesa (Carlos Tê/Rui Veloso)
7. Miúda (Fora de Mim) (António Avelar Pinho/Rui Veloso)
8. Saiu Para a Rua (Carlos Tê/Rui Veloso)
9. No Domingo Fui às Antas (Carlos Tê/Rui Veloso)
10. Harmónica Azul (Rui Veloso)
11. Donzela Diesel (António Avelar Pinho/Rui Veloso)

Canção verde


quarta-feira, junho 30, 2010

"...um fraco rei faz fraca a forte gente"

Hoje, que já passou a febre do Mundial, recomeça a vidinha...

Com as palavras do imortal Camões que, na estância 138 do Canto III d'Os Lusíadas, fala de enganos do passado que o presente teima em repetir, recordemos as personagens que nos tornaram, pleonasticamente, fracos e tristes com o rei que Camões refere no título deste post:



Joaquim Namorado nasceu há 96 anos


Joaquim Namorado (30.06.1914 - 29.12.1986) nasceu em Alter do Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966).

Adaptado de Projecto Vercial


Caridade

As senhoras da sociedade
deram um baile a rigor
para vestir a pobreza
e a pobreza horas a fio
cortou, coseu, enfeitou
os vestidos deslumbrantes
que a caridade exibiu.
Depois das contas bem feitas
bem tiradas as despesas
arranjou um namorado
a mais nova das Fonsecas;
esteve bem a viscondessa,
veio o nome e o retrato
da comissão nos jornais,
e o Doutor, o Menezes,
o senhor desembargador,
estiveram muito engraçados,
dançaram o tiro-liro
já meio-tombados...
Parece que ainda sobrou
algum dinheiro para chita
para vestir a pobreza
numa festa comovente
com discursos de homenagem
e uma missa...
a que assistiu toda a gente

Joaquim Namorado

terça-feira, junho 29, 2010

O Principezinho no Google de hoje


Hoje o Google Doodle, como se impunha, recorda o imortal autor d'O Principezinho, o francês Antoine de Saint-Exupéry. Uma excelente ideia...!

Mais um Centro Ciência Viva com muita geologia



Um novo Centro Ciência Viva para a divulgação da ciência e da tecnologia abre as suas portas no Lousal, na próxima quarta-feira, dia 30 de Junho, às 11.00 horas, sendo inaugurado pelo Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Doutor José Mariano Gago.



A Mina de Ciência - Centro Ciência Viva do Lousal está instalada num edifício antigamente associado à actividade mineira onde funcionavam o Gabinete de Geologia, o Armazém do Óleo, a Casa do Ponto, a Casa das Lanternas, a Casa dos Equipamentos de Trabalho e o Balneário.

O edifício sofreu algumas adaptações para funcionar como espaço de divulgação da cultura científica e tecnológica, dispondo actualmente de áreas expositivas, módulos interactivos, uma gruta virtual, um laboratório onde será possível realizar diversas actividades experimentais, cybercafé, auditório, espaços recreativos e miradouro.

A Geologia, a Química, a Física, a Biologia e as Ciências do Virtual serão as principais áreas do conhecimento que os visitantes poderão explorar ao longo de um percurso que inclui a descida a uma mina virtual, com recurso à tecnologia de visualização imersiva em 3D.

Outras actividades complementam a oferta deste Centro Ciência Viva, nomeadamente os jogos educativos "Quem tem olhos P´rós Minerais" e "Ciência Viva On the Rocks", dedicados ao fascinante mundo dos minerais. Em todas elas será privilegiado o enquadramento social e patrimonial desta antiga aldeia mineira.

A Mina de Ciência - Centro Ciência Viva do Lousal é uma iniciativa conjunta da Ciência Viva com a Fundação Fréderic Vélge e a Câmara Municipal de Grândola em parceria com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. Será o 20.º Centro a integrar a Rede que a Ciência Viva tem vindo a criar em todo o País.

Venham visitar este novo Centro Ciência Viva!


Mais informações em:

http://www.lousal.cienciaviva.pt


NOTA: para quem quer visitar, vindo de Lisboa pela A2, é ir à saída Beja/Ferreira, seguir na direcção Ourique/Faro e, 9 kms depois, virar à direita na indicação "Arqueologia industrial - Lousal". Vindos do Algarve, é tomar a A2-Norte até à saída de Aljustrel; aí vai-se em direcção a Santiago/Sines; depois segue-se, à direita, a indicação “Mimosa”; cerca de 10 kms depois, virar à esquerda na indicação “Arqueologia Industrial - Lousal”.

Antoine de Saint Exupery nasceu há 110 anos

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry (29 de Junho de 1900, Lyon - 31 de Julho de 1944, Mar Mediterrâneo) foi um escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial, terceiro filho do conde Jean Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe.

E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira.
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm armas e caçam. É muito incómodo! Mas criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um menino inteiramente igual a cem mil outros menino . E eu não preciso de ti. E tu também não necessitas de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua ideia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também se parecem . E por isso eu que me aborreço. Mas se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me fugir. O teu chamar-me-à para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa nenhuma. Compram tudo pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso rituais.
- Que é um ritual? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não ganhas nada.
- Eu ganho, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

in O Principezinho - Antoine de Saint Exupery

segunda-feira, junho 28, 2010