quarta-feira, março 27, 2024

O pior acidente de aviação de sempre foi há 47 anos...

Monumento no Cemitério Westgaarde, em Amesterdão
        
O desastre aéreo de Tenerife foi um acidente aéreo ocorrido no dia 27 de março de 1977, um domingo, no aeroporto de Los Rodeos (atual aeroporto de Tenerife Norte), localizado na ilha espanhola de Tenerife, Ilhas Canárias.  O acidente, no qual se envolveram dois Boeing 747, um da KLM Royal Dutch Airlines, procedente de Amesterdão e outro da Pan American, procedente de Los Angeles, matou 583 pessoas, sendo o maior desastre aéreo da história. Foi causado por uma combinação de diversos fatores, como meteorologia, erro humano e erro do controle de tráfego aéreo. Este desastre tem sido amplamente utilizado pelas companhias aéreas para treino dos seus funcionários.

A explosão de uma bomba no aeroporto de Gran Canária e a ameaça de uma segunda bomba fez com que a maioria dos aviões com destino à Grã Canária fossem desviadas para Tenerife, entre eles os voos KLM 4 805 e Pan Am 1 736. Em Tenerife, os controladores tiveram que estacionar as aeronaves nas taxiways, bloqueando as mesmas. Enquanto as aeronaves aguardavam em solo a reabertura do aeroporto de Grã Canária, uma densa névoa se formou sobre a pista de Tenerife, já que o aeroporto fica localizado em um planalto e é propenso a nevoeiros, o que reduziu a visibilidade.

Quando o aeroporto da Grã Canária reabriu, os aviões foram autorizados a descolar aos poucos. Mas, como as taxiways estavam bloqueadas, as aeronaves deveriam taxiar até o final da única pista do aeroporto e lá fazer um giro de 180° e descolar. A neblina era tão densa que nenhum avião conseguia estabelecer contacto visual entre si e entre os controladores. Como o aeroporto, naquela época, não tinha radar de solo, os controladores poderiam guiar-se apenas por relatos fornecidos pelos pilotos perante a sua localização.

Logo que o KLM taxiou pela pista e fez o giro, o Pan Am foi autorizado também a taxiar e posicionar-se logo atrás do KLM na espera para a descolagem. Mas, logo após completar o giro, o KLM iniciou a corrida de descolagem, mesmo com o Pan Am ainda taxiando pela pista. Quando o Pan Am avistou as luzes de decolagem do KLM, ele tentou desviar, mas foi tarde demais. O KLM, que tentou descolar mas sofreu um tailstrike e estolou, colidiu com o Pan Am e se despedaçou pela pista.

Como o acidente ocorreu em território espanhol, a Espanha foi responsável por investigar o acidente. O acidente envolveu aviões dos Estados Unidos e dos Países Baixos, que auxiliaram na investigação. O inquérito revelou que a principal causa do acidente foi o capitão do voo da KLM descolar sem autorização dos controladores. A investigação especificou que o capitão não tentou descolar intencionalmente, mas acreditava já ter sido autorizado, devido a confusões na pronúncia do inglês. Os investigadores holandeses acusaram a KLM de fornecer mau treino à sua tripulação, mas voltaram atrás e acusaram o controle de tráfego aéreo pela má compreensão da língua inglesa.

O acidente teve consequências duradouras sobre a indústria, em particular na área da comunicação. A fraseologia padrão da aviação sofreu severas modificações, reduzindo assim a possibilidade de mal-entendidos. Além disso, foi construído o aeroporto de Tenerife Sul, o qual fica ao nível do mar, evitando a formação de nevoeiros.

   
Memorial em Tenerife
    

Jessie J - 36 anos

           
Jessica Ellen Cornish, mais conhecida pelo seu nome artístico de Jessie J (Londres, 27 de março de 1988) é uma cantora e compositora britânica. Antes de alcançar a fama, Jessie já havia ganho notoriedade na indústria da música por escrever canções de sucesso para artistas como Miley Cyrus, Rihanna, Justin Timberlake e Chris Brown, ainda quando era contratada da Sony/ATV Music Publishing. Assinou com a gravadora Island Records, subsidiária da Universal Music Group em 2009, tendo lançado seu álbum de estreia, Who You Are, em fevereiro de 2011. Aclamado pela crítica e pelo público, o álbum atingiu a 2ª posição da UK Albums Chart, do Reino Unido, como a melhor e o Top 10 em diversos países mundialmente, incluindo a Austrália, Suíça, Estados Unidos, Canadá e Irlanda.
  

 


O Grande Sismo do Alasca foi há sessenta anos...

Fourth Avenue in Anchorage, Alaska, looking east from near Barrow Street. The southern edge of one of several landslides in Anchorage, this one covered an area of over a dozen blocks, including 5 blocks along the north side of Fourth Avenue. Most of the area was razed and made an urban renewal district
       
The 1964 Alaskan earthquake, also known as the Great Alaskan Earthquake, the Portage Earthquake and the Good Friday Earthquake, was a megathrust earthquake that began at 5:36 P.M. AST on Good Friday, March 27, 1964. Across south-central Alaska, ground fissures, collapsing structures, and tsunamis resulting from the earthquake caused about 143 deaths.
Lasting nearly three minutes, it was the most powerful recorded earthquake in U.S. and North American history, and the second most powerful ever measured by seismograph. It had a magnitude of 9.2, making it the second largest earthquake in recorded history.
The powerful earthquake produced earthquake liquefaction in the region. Ground fissures and failures caused major structural damage in several communities, much damage to property and several landslides. Anchorage sustained great destruction or damage to many inadequately engineered houses, buildings, and infrastructure (paved streets, sidewalks, water and sewer mains, electrical systems, and other man-made equipment), particularly in the several landslide zones along Knik Arm. Two hundred miles southwest, some areas near Kodiak were permanently raised by 30 feet (9.1 m). Southeast of Anchorage, areas around the head of Turnagain Arm near Girdwood and Portage dropped as much as 8 feet (2.4 m), requiring reconstruction and fill to raise the Seward Highway above the new high tide mark.
In Prince William Sound, Port Valdez suffered a massive underwater landslide, resulting in the deaths of 30 people between the collapse of the Valdez city harbor and docks, and inside the ship that was docked there at the time. Nearby, a 27-foot (8.2 m) tsunami destroyed the village of Chenega, killing 23 of the 68 people who lived there; survivors out-ran the wave, climbing to high ground. Post-quake tsunamis severely affected Whittier, Seward, Kodiak, and other Alaskan communities, as well as people and property in British Columbia, Oregon, and California. Tsunamis also caused damage in Hawaii and Japan. Evidence of motion directly related to the earthquake was reported from all over the earth.
  


      
Geology
At 5:36 p.m. Alaska Standard Time (3:36 a.m. March 28, 1964 UTC), a fault between the Pacific and North American plates ruptured near College Fjord in Prince William Sound. The epicenter of the earthquake was 61.05°N 147.48°W, 12.4 mi (20 km) north of Prince William Sound, 78 miles (125 km) east of Anchorage and 40 miles (64 km) west of Valdez. The focus occurred at a depth of approximately 15.5 mi (25 km). Ocean floor shifts created large tsunamis (up to 220 feet (67 m) in height), which resulted in many of the deaths and much of the property damage. Large rockslides were also caused, resulting in great property damage. Vertical displacement of up to 38 feet (11.5 m) occurred, affecting an area of 100,000 miles² (250,000 km²) within Alaska.
Studies of ground motion have led to a peak ground acceleration estimate of 0.14 - 0.18 g.
The Alaska Earthquake was a subduction zone earthquake (megathrust earthquake), caused by an oceanic plate sinking under a continental plate. The fault responsible was the Aleutian Megathrust, a reverse fault caused by a compressional force. This caused much of the uneven ground which is the result of ground shifted to the opposite elevation.
  
 
Calculated travel time map for the tectonic tsunami produced by the 1964 Prince William Sound earthquake in Alaska
          
Death toll, damage and casualties
Various sources indicate that about 131 people died as a result of the earthquake: nine as a result of earthquake itself, 106 from subsequent tsunamis in Alaska and 16 from tsunamis in Oregon and California. Property damage was estimated at over $310 million ($2.25 billion in current U.S. dollars).
   
Anchorage area
Most damage occurred in Anchorage, 75 mi (120 km) northwest of the epicenter. Anchorage was not hit by tsunamis, but downtown Anchorage was heavily damaged, and parts of the city built on sandy bluffs overlying "Bootlegger Cove clay" near Cook Inlet, most notably the Turnagain neighborhood, suffered landslide damage. The neighborhood lost 75 houses in the landslide, and the destroyed area has since been turned into Earthquake Park. The Government Hill school suffered from the Government Hill landslide leaving it in two jagged, broken pieces. Land overlooking the Ship Creek valley near the Alaska Railroad yards also slid, destroying many acres of buildings and city blocks in downtown Anchorage. Most other areas of the city were only moderately damaged. The 60-foot concrete control tower at Anchorage International Airport was not engineered to withstand earthquake activity and collapsed, killing one employee.
The house at 918 W. 10th Avenue suffered damage peripherally, but one block away the recently completed and still unoccupied Four Seasons Building on Ninth Avenue collapsed completely with one whole wing sticking up out of the rubble like a seesaw.
The hamlets of Girdwood and Portage, located 30 and 40 mi (60 km) southeast of central Anchorage on the Turnagain Arm, were destroyed by subsidence and subsequent tidal action. Girdwood was relocated inland and Portage was abandoned. About 20 miles (32 km) of the Seward Highway sank below the high-water mark of Turnagain Arm; the highway and its bridges were raised and rebuilt in 1964-66.
     

A winter scene of a "Ghost forest" that was killed and preserved by salt water along with ruined buildings at the site of the former town of Portage, 2011
        
Elsewhere in Alaska
Most coastal towns in the Prince William Sound, Kenai Peninsula, and Kodiak Island areas, especially the major ports of Seward, Whittier and Kodiak were heavily damaged by a combination of seismic activity, subsidence, post-quake tsunamis and/or earthquake-caused fires. Valdez was not totally destroyed, but after three years, the town relocated to higher ground 7 km (4 mi) west of its original site. Some Alaska native villages, including Chenega and Afognak, were destroyed or damaged. The earthquake caused the Cold-War era ballistic missile detection radar of Clear Air Force Station to go offline for six minutes, the only unscheduled interruption in its operational history. Near Cordova, the Million Dollar Bridge crossing the Copper River also collapsed. The community of Girdwood was also confined to the southern side of the Seward Highway when water rushed into Turnagain Arm arm and flooded or destroyed any buildings left standing to the north of the highway. Interestingly, only the ground immediately along the highway and that on the north side of the road dropped, prompting geologists to speculate that Girdwood may rest upon an ancient cliff face, now covered by countless thousands of years of sediment and glacial deposits.
   
Canada
A 4.5 ft (1.4 m) wave reached Prince Rupert, British Columbia, just south of the Alaska Panhandle, about three hours after the quake. The tsunami then reached Tofino, on the exposed west coast of Vancouver Island, and traveled up a fjord to hit Port Alberni twice, washing away 55 homes and damaging 375 others. The towns of Hot Springs Cove, Zeballos, and Amai also saw damage. The damage in British Columbia was estimated at $10 million Canadian ($65 million in 2006 Canadian dollars, or $56 million in 2006 U.S. dollars).
    
Elsewhere
Twelve people were killed by the tsunami in or near Crescent City, California, while four children were killed on the Oregon coast at Beverly Beach State Park. Other towns along the U.S. Pacific Northwest and Hawaii were damaged. Minor damage to boats reached as far south as Los Angeles.
As the entire planet vibrated as a result of the quake, minor effects were felt worldwide. Several fishing boats were sunk in Louisiana, and water sloshed in wells in Africa.
    
Aftershocks
There were thousands of aftershocks for three weeks, following the main shock. In the first day alone, eleven major aftershocks were recorded with a magnitude greater than 6.2. Nine more occurred over the next three weeks. It was not until more than a year later that the aftershocks were no longer noticed.
       

Sarah Vaughan nasceu há um século...


Sarah Lois Vaughan (Newark, 27 de março de 1924 - Los Angeles, 3 de abril de 1990) foi uma cantora norte-americana de jazz, descrita por Scott Yanow como "uma das vozes mais maravilhosas do século XX".
Apelidada de "Sailor" (pelo seu discurso salgado), "Sassy" e "A Divina", Sarah Vaughan foi vencedora do Grammy e do NEA Jazz Masters, o "mais alta honra no jazz", atribuído pela National Endowment for the Arts, em 1989.
A voz de Vaughan caracterizava-se por sua tonalidade grave, por sua enorme versatilidade e por seu controle do vibrato. Sarah Vaughan foi uma das primeiras vocalistas a incorporar o fraseio do bebop.
        

Biografia
Asbury "Jake" Vaughan, pai de Sarah, era carpinteiro de profissão, bem como pianista e guitarrista amador e a sua mãe, Ada Vaughan, era lavadeira e cantora no coro da igreja.
Jake e Ada mudaram-se para Newark, no estado de Virgínia, durante a Primeira Guerra Mundial. Sarah era a única filha natural do casal, que, na década de 60, adotou Donna, filha de uma mulher que viajou com Sarah.
Numa casa na rua Brunswick, Sarah morou com a sua família durante toda infância. Jake era profundamente religioso e a família, muito ativa na Igreja Batista Novo Monte Sião, na rua Thomas, 186. Aos sete anos de idade Sarah iniciou lições de piano. Era cantora no coro da igreja e, ocasionalmente, tocava em ensaios e serviços.
Sarah desenvolveu cedo um amor pela música popular, ouvindo gravações e rádio. Na década de 30, a cidade de Newark possuía um cenário musical ativo, e Sarah pode frequentemente ver bandas locais ou de turnê, tocando em lugares como a pista de patinagem da rua Montgomery, Montgomery Street Skating Rink. Na juventude, Sarah começa a se aventurar, ilegalmente, em clubes noturnos da cidade, atuando como pianista e, algumas vezes, cantora, em locais notáveis, como o Piccadilly Club e o Aeroporto de Newark.
Inicialmente, Sarah estudava na Escola Secundária do Lado Leste de Newark, mas foi transferida para a Escola Secundária de Artes de Newark, fundada em 1931 como a primeira escola secundária especializada em artes. Porém as suas atuações noturnas começaram a influenciar negativamente as atividades escolares, e, ainda nos primeiros anos, Sarah abandona a escola para se concentrar integralmente na música. Nessa época, ela e os seus amigos já se arriscavam, cruzando o Rio Hudson, em Nova Iorque, para ouvir a grandes bandas no Teatro Apollo.
Em 1944, Sarah gravou o tema famoso de Dizzy Gillespie, "Night in Tunisia", então intitulada "Interlude" e gravou ainda, ao lado do pai do bebop, Lover Man, tornando a gravação um clássico.
 
Início (1942–1943)
Biografias de Sarah frequentemente citam que ela foi imediatamente lançada para o sucesso após a performance vencedora na Noite de Amadores do Teatro Zeus. Na verdade, a história do biógrafo Renee, parece ser um pouco mais complexa. Sarah foi frequentemente acompanhada pelo seu amigo, Doris Robinson, em viagens a Nova Iorque. Em algum momento no outono de 42, quando Sarah tinha 18 anos, ela sugeriu que Doris entrasse no concurso da Noite de Amadores do Teatro Zeus. Sarah tocou piano acompanhando Doris, que ganhou o segundo lugar. Depois, Sarah então decidiu competir novamente, agora como cantora. Sarah cantou "Body and Soul" e ganhou, todavia a data exata da vitória ainda é incerta. O prémio, que Sarah mais tarde recordou a Marian McPartland, foi de 10 dólares e a promessa de uma atuação durante uma semana no Apollo. Após considerável atraso, Sarah foi contratada, pela Apollo, na primavera de 1943, para abrir os espetáculos para Ella Fitzgerald.
Nessa semana de apresentações no Apollo, Sarah foi apresentada a Earl Hines, líder de banda e pianista, embora os detalhes sobre o facto serem contestados. Billy Eckstine, na época cantor na banda de Earl, disse que a recomendou a Earl. Em contrapartida, Earl diz tê-la descoberta sozinho e ofereceu-lhe um emprego. Facto é que, após alguns testes no Apollo, Earl substitui o cantor por Sarah, em 4 de abril de 1943.
 
Com Earl Hines e Billy Eckstine (1943–1944)
Sarah passou o resto do ano de 43 e parte de 44 em turnê pelo país com a banda de Earl Hines, que tinha Billy Eckstine como barítono. Sarah foi contratada como pianista, supostamente Earl poderia a contratar pelo sindicato dos músicos (Federação Americana de Músicos) ao invés do sindicato dos cantores (Lei americana de diversos artistas), mas após Cliff Smalls ser contratado como trompetista e pianista, o trabalho de Sarah passou a ser somente cantar.
Por isso a banda de Earl Hines é lembrada como uma incubadora do bebop, que incluía o trompetista Dizzy Gillespie, o saxofonista Charlie Parker (tocando o saxofone tenor, não o saxofone alto, pelo qual ficou famoso mais tarde) e o trombonista Bennie Green. Dizzy Gillespie até arranjou um contrato para a banda, mas a união dos músicos vetou uma possível gravação da banda, deixando o seu som e estilo para depois.
Billy Eckstine deixou a banda no fim de 43 para atuar como diretor musical na sua própria big band, formada com Dizzy Gillespie. Charlie Parker também foi logo, e, ao longo dos anos, a banda de Billy Eckstine teve um elenco impressionante de grandes nomes do jazz, entre eles: Miles Davis, Kenny Dorham, Art Blakey, Lucky Thompson, Gene Ammons e Dexter Gordon.
Sarah aceitou o convite de Billy Eckstine para fazer parte da banda em 44, dando a ela oportunidade de desenvolver a sua musicalidade com figuras épicas desta era do jazz. A banda também lhe proporcionou a sua primeira gravação, a 5 de dezembro daquele ano, data em que produziu a música "I'll Wait and Pray" para o selo Deluxe. A música fez o crítico e produtor Leonard Feather convidá-la para quatro músicas a solo pela Continental, naquele mês, apoiada por um septeto que incluía Dizzy Gillespie e Georgie Auld.
O pianista da banda, John Malachi, é citado como quem a apelidou Sassy, dito concordante a sua personalidade. Sarah gostou, e a alcunha, e a sua variante Sass, foi constantemente utilizado entre amigos e, eventualmente, a imprensa. Em cartas, por vezes Sarah assinava Sassie.
Sarah deixou a banda de Billy Eckstine oficialmente no final de 1944 para lançar a sua carreira a solo. Todavia continuou sempre muito próxima de Billy Eckstine, com quem gravou frequentemente ao longo da sua vida.
 
Início da carreira a solo (1945–1948)
Sarah iniciou a sua carreira a solo em 1945 como freelancer em clubes da Rua 52 de Nova Iorque, tais como, Three Deuces, Famous Door, Downbeat, e o Onyx. Sarah também se apresentava na Braddock Grill, vizinha do teatro Apollo. Em 11 de maio de 1945, gravou a música Lover Man para o selo Guild, com um quinteto com Dizzy Gillespie, Charlie Parker, Al Haig no piano, Curly Russell no contrabaixo e Sid Catlett na bateria. Mais tarde naquele mês, ela entrou em estúdio com um entrosamento entre Dizzy e Charlie um pouco diferente, maior, que por fim, gravaram mais 3 faixas.
Após ser convidada pelo violonista Stuff Smith para gravar a música Time and Again em outubro, foi-lhe oferecido um contrato para gravar pelo selo Musicraft, pelo próprio dono, Albert Marx. Porém ela não poderia gravar como música principal pelo selo até 7 de maio de 1946. Neste intervalo, fez diversas gravações para a Crown and Gotham e tocava frequentemente no Cafe Society, um clube com integração racial no centro de Nova Iorque.
Lá, se tornou amiga do trompetista George Treadwell, que também se tornou o seu gerente. Sarah delegou nele muito do trabalho de diretor musical das suas gravações, deixando-a livre para focar-se quase integralmente em cantar. Nos próximos anos George também fez mudanças positivas na aparência dela no palco. Além do guarda-roupa e cabelos melhorados, Sarah ajustou os dentes, tapando uma lacuna desagradável entre os dois dentes da frente.
Muitas das gravações de Sarah para a Musicraft em 1946 tornaram-se bastante conhecidas entre os aficionados de jazz, e críticos, incluindo, "If You Could See Me Now" (letra e arranjo por Tadd Dameron), "Don't Blame Me ", "I've Got a Crush on You", "Everything I Have Is Yours" e "Body and Soul".
Com uma relação profissional sólida, Sarah e George casam a 16 de setembro de 1946.
O sucesso das gravações das suas para a Musicraft continuou até 47 e 48. "Tenderly" se tornou um inesperado hit pop no final de 1947, e "It's Magic" (do filme de Doris Day, Romance on the High Seas), gravada a 27 de dezembro de 1947, encontrou sucesso nas paradas no começo de 48. "Nature Boy", gravada em 8 de abril de 1948, tornou-se um sucesso, paralelamente ao lançamento do famoso Nat King Cole, da mesma música. Por outra proibição de gravação pela união dos músicos, "Nature Boy" foi gravada com um coro a cappella como único acompanhamento, acrescentando um ar etéreo para uma canção com uma letra e melodia vagamente mística.
 
O estrelato e os anos com a Columbia (1948–1953)
A união dos músicos quase levou a Musicraft a falência com as suas proibições, e, com o pagamento de royalties atrasados, Sarah usou a oportunidade para assinar com uma gravadora maior, a Columbia. Após as resoluções judiciais, ela continua nas paradas de sucesso, com "Black Coffee", no verão de 49. Na Columbia, até 53, Sarah dedicou-se, quase exclusivamente, a baladas de música pop comerciais, entre as quais grandes sucessos, como: "That Lucky Old Sun", "Make Believe (You Are Glad When You're Sorry)", "I'm Crazy to Love You", "Our Very Own", "I Love the Guy", "Thinking of You" (com o pianista Bud Powell), "I Cried for You", "These Things I Offer You", "Vanity", "I Ran All the Way Home", "Saint or Sinner", "My Tormented Heart" e "Time".
Sarah também era muito apreciada pela crítica. Ganhou o prémio "Nova Estrela" de 47 da revista Esquire, assim como prémios sucessivos da Down Beat, de 47 a 52, e da Metronome, de 48 a 53.
Parte da crítica não gostava de sua forma de cantar, diziam muito "estilizado", refletindo nas calorosas controvérsias sobre quais seriam as novas tendências musicais da época, nos finais dos anos 40. Porém, em geral, a receção da crítica à jovem cantora era positiva.
O sucesso de suas gravações, aliada a boa crítica, levaram-a a inúmeras oportunidades, apresentando-se, quase continuamente, em clubes pelo país no final da década de 40 e início da década 50. No verão de 49, Sarah fez a sua primeira apresentação com a orquestra sinfónica num evento beneficente para a Orquestra da Filadélfia, intitulado, "100 Homens e uma Rapariga". Nessa época, o artista de Chicago, Dave Garroway, inventou um segundo cognome para ela, "A Divina", que a seguiu durante toda a carreira. Uma das suas primeiras aparições televisivas foi no programa de variedades Stars on Parade, de 53-54, da rede de televisão DuMont, onde cantou "My Funny Valentine" e "Linger Awhile".
Com uma melhoria financeira, Sarah e George Treadwell compraram, em 1949, uma casa de 3 andares na avenida 21 Avon de Newark, ocupando o andar superior durante os seus, cada vez mais raros, momentos em casa, estando os pais de Sarah nos andares de baixo. No entanto, as pressões do trabalho e os conflitos de personalidade, levaram o casal a um problemas na relação. George contratou um gerente para as necessidades de Sarah em sua turnê, e abriu um escritório em Manhattan, onde podia apoiar Sarah, trabalhando com clientes.
A relação com a Columbia também piorou por sua insatisfação sobre um material comercial, que teve de fazer, e sucesso medíocre das suas gravações. Um pequeno grupo de artistas, à parte, gravou em 1950 com Miles Davis e Bennie Green, que estão entre os melhores de sua carreira, mas são atípicos nos registos da Columbia.
 
Os anos com a Mercury (1954–1958)
Em 1953, George Treadwell negociou para Sarah um único contrato, com a Mercury Records. Ela deveria gravar material comercial para o selo Mercury e material mais direcionado ao jazz por sua subsidiária EmArcy. Sarah e o produtor Bob Shad formaram um par, e o excelente trabalho dessa relação, rendeu forte sucesso artístico e comercial. A sua sessão de gravação de estreia ocorreu em fevereiro de 1954, e ela permaneceu na gravadora até 1959. Mais tarde, após uma temporada com a Roulette Records (de 1960 à 1963), Sarah voltaria à Mercury, entre 1964 à 1967.
O sucesso comercial na Mercury começou com o hit de 1954, "Make Yourself Comfortable", gravada no outono de 1954, com uma sucessão contínua de hits, incluindo: "How Important Can It Be" (com Count Basie), "Whatever Lola Wants", "The Banana Boat Song", "You Ought to Have A Wife" e "Misty". O pico do seu sucesso comercial foi em 1959, com "Broken Hearted Melody", canção considerada menor por ela , no entanto, esta tornou-se o seu primeiro disco de ouro, e parte habitual do reportório de suas apresentações nos próximos anos.
Em 1957, Sarah reuniu-se com Billy Eckstine para uma série de gravações em dueto, que rendeu o hit, "Passing Strangers".
As gravações comerciais de Sarah foram tratadas por diversos maestros e arranjadores, principalmente Hugo Peretti e Hal Mooney.
A sua carreira em gravações jazz, também procedeu aceleradamente, apoiado por seu trio de trabalho ou por diversas combinações de famosos artistas do jazz. Um de seus próprios álbuns favoritos era um sexteto de 1954 que incluía Clifford Brown.
Na segunda metade da década de 50 ela seguiu uma agenda de turnê que foi quase non-stop, com diversos músicos de jazz famosos.
No verão de 1954, ela foi destaque no primeiro Festival de Jazz de Newport, e apresentou-se em edições posteriores do festival em Newport e Nova Iorque no resto da sua vida. No outono daquele mesmo ano, apresentou-se no Carnegie Hall com a Count Basie Orchestra, num projeto que também incluiu Billie Holiday, Charlie Parker, Lester Young e o Modern Jazz Quartet. Nesta época, Sarah novamente viaja em turnê pela Europa, com bastante sucesso, antes de outra turnê pelos Estados Unidos, agora com um "grande show", uma sucessão de cansativas apresentações de um dia, com celebres artistas, incluindo, Count Basie, George Shearing, Erroll Garner e Jimmy Rushing.
No Festival de Jazz de Nova Iorque de 1955, em Randall's Island, Sarah dividiu o palco com The Dave Brubeck Quartet, Horace Silver, Jimmy Smith, e a orquestra de Johnny Richards.
Mesmo que a relação entre Sarah e George tenha sido bem sucedida até aos anos 50, a relação pessoal finalmente chega a uma rutura, e Sarah pede o divórcio em 1958. Sarah delegou a George todas as questões financeiras, e, apesar de impressionantes números nos relatos de rendimento na década de 50, no acordo do casal George afirma ter restado apenas 16 mil dólares. O casal dividiu igualmente a quantia e os bens, terminando também sua relação de negócios.
  
A década de 60
A saída de George da vida de Sarah foi precipitada também pela entrada de Clyde "C.B." Atkins, homem de contexto incerto que ela conheceu em Chicago e com quem se casou a 4 de setembro de 1959. Mesmo Clyde não tendo experiência em gerência de artista ou musical, Sarah desejava uma relação mista (pessoal/profissional) como a que tinha com George. Ela deixou Clyde como seu empresário, embora continuasse sentindo o cheiro dos problemas que teve com George, e, inicialmente, manteve os olhos atentos sobre Clyde. Sarah e Clyde mudaram-se para uma casa em Englewood Cliffs, Nova Jérsia.
Quando o contrato de Sarah com a Mercury Records terminou, no final de 1959, ela imediatamente assinou com a Roulette Records, um pequeno selo de propriedade de Morris Levy, que era um dos responsáveis do clube de jazz nova-iorquino, Birdland, onde ela aparecia frequentemente. O elenco da Roulette, também incluía: Count Basie, Joe Williams, Dinah Washington, Lambert, Hendricks e Ross e Maynard Ferguson.
Sarah começou a gravar para a mesma em abril de 1960, com uma série de discos fortes, organizado e conduzido por um grande grupo: Billy May, Jimmy Jones, Joe Reisman, Quincy Jones, Benny Carter, Lalo Schifrin, e Gerald Wilson.
Surpreendentemente, naquele ano ela também teve algum sucesso nas paradas pop, com "Serenata" pela Roulette e um par de faixas restantes de seu contrato com a Mercury, "Eternally" e "You're My Baby". Nos anos seguintes, fez também um par de álbuns intimistas no padrão jazz (vocal/guitarra/contrabaixo): After Hours, de 1961, com o guitarrista Mundell Lowe, fazendo dupla com o baixista George Duvivier, e Sarah + 2, de 1962, com o guitarrista Barney Kessell e o baixista Joe Comfort.
Sarah não podia ter filhos, então, em 1961, ela e Clyde Atkins adotam uma filha, Debra Lois. No entanto, a relação com Clyde revelou-se difícil e violenta, assim, após uma série de estranhos incidentes, ela pediu o divórcio em novembro de 1963. Para ajudar a resolver os destroços financeiros do casamento, ela contou com dois amigos: um conhecido de infância, o proprietário do clube John "Preacher" Wells, e Clyde "Pumpkin" Golden, Jr. Juntos, concluíram que os gastos com jogos de Clyde Atkins, a colocaram com uma dívida de cerca de 150 mil dólares. A casa em Englewood acabou sendo apreendida pelo serviço de receita do governo dos Estados Unidos, IRS, por falta de pagamento de impostos. Sarah manteve a custódia da filha do casal, e Clyde Golden essencialmente tomou o lugar de Clyde Atkins, como gerente e amante de Sarah pelo resto da década.
Na altura do seu segundo divórcio, também se desentendeu com a Roulette Records. As finanças da Roulette também foram ainda mais enganosas e obscuras que o normal nos negócios da indústria fonográfica, e os artistas das suas gravações, muitas vezes tinham pouco a mostrar para os seus esforços de outros excelentes registos. Quando o seu contrato com a mesma terminou, em 1963, Sarah retornou para os confinamentos mais familiares da Mercury Records. No verão de 1963, Sarah foi para a Dinamarca com o produtor Quincy Jones para gravar quatro dias de apresentações ao vivo com o seu trio, o Sassy Swings the Tivoli, uma excelente amostra do seu show ao vivo deste período. No ano seguinte, ela fez sua primeira aparição na Casa Branca, para o presidente Johnson.
Infelizmente, a gravação no Tivoli seria o mais brilhante momento da sua segunda temporada com a Mercury. Mudanças demográficas e de gostos em 1960 deixaram os artistas de jazz com audiências cada vez menores e material inadequado. Enquanto Sarah manteve um grande e leal número de seguidores, suficiente para manter a sua carreira de cantora, a quantidade e qualidade de sua produção gravada diminuiu, porém mesmo quando a sua voz obscureceu, a sua habilidade não ficou reduzida. Mas, na conclusão dos negócios com a Mercury em 1967, ela ficou sem um contrato para o restante da década.
Em 1969, Sarah terminou o seu relacionamento profissional com Clyde Golden e mudou-se para a Costa Oeste, estabelecendo-se primeiro numa casa perto de Benedict Canyon em Los Angeles e, em seguida, para o que acabaria sendo sua última casa, em Hidden Hills.
 
Renascimento nos anos 70
Sarah conheceu Marshall Fisher após uma apresentação num Casino em Las Vegas em 1970 e ele logo caiu no papel familiar duplo, como amante e gerente de Sarah. Marshall Fisher foi outro homem de origem incerta, sem nenhuma experiência musical ou nos negócios de entretenimento, mas, ao contrário de alguns dos seus companheiros anteriores, ele era um fã genuíno, dedicado a promover a carreira de Sarah.
Os anos setenta também anunciou o renascimento na atividade de gravação de Sarah. Em 1971, Bob Shad, que havia trabalhado com ela como produtor na Mercury Records, convidou-a para gravar para a sua nova gravadora, a Mainstream Records. Ernie Wilkins, veterano da banda de Count Basie, fez o arranjo e conduziu o seu primeiro disco para esta, o A Time In My Life, em novembro de 1971. Em abril de 1972, Sarah gravou uma coleção de baladas escritas, arranjadas e conduzidas por Michel Legrand. Michel Legrand ainda se uniu a Peter Matz, Jack Elliott e Allyn Ferguson para o terceiro disco dela, o Feelin' Good. Sarah ainda gravou o Live in Japan, disco gravado ao vivo em Tóquio com o seu trio, em setembro de 1973.
Durante as suas sessões com Michel Legrand, Bob Shad apresentou, por consideração à Sarah, a canção "Send In The Clowns", de Stephen Sondheim, do musical da Broadway, A Little Night Music. A canção tornar-se-ia a sua assinatura, substituindo "Tenderly", que tinha estado com ela desde o início da sua carreira a solo.
Infelizmente, a sua relação com a Mainstream estragou-se em 1974, supostamente por um conflito precipitado com Marshall Fisher sobre a fotografia de capa do disco, e/ou por royalties não pagos. Isso deixou-a novamente sem um contrato de gravação durante mais de três anos.
Em dezembro de 1974, Sarah fez um show particular para o presidente dos Estados Unidos, Gerald Ford e o presidente francês, Giscard d'Estaing, durante uma conferência na Martinica.
 
Morte 
Em 1989, a saúde de Vaughan começou a declinar. Ela cancelou uma série de compromissos na Europa, em 1989, citando a necessidade de buscar tratamento para a artrite na mão, embora ela foi capaz de completar uma série de performances mais tarde no Japão. Durante uma conjunto de atuações em Nova York, no Blue Note Jazz Club, em 1989, Vaughan recebeu um diagnóstico de cancro de pulmão, estando já demasiado doente para conseguir terminar o dia final do que viria a ser a sua última série de apresentações públicas. Vaughan voltou para a sua casa na Califórnia, para começar a quimioterapia e passou os seus últimos meses alternando estadias no hospital e em casa. Vaughan desistiu ​​da luta e pediu para ser levada para casa, onde morreu na noite de 3 de abril de 1990, enquanto assistia a um filme de televisão, com a sua filha, uma semana depois de seu 66º aniversário. A cerimónia fúnebre de Vaughan foi realizada no Monte Zion Baptist Church, no n.º 208 da Broadway, em Newark, Nova Jérsia, que era a mesma congregação onde ela cresceu. Após a cerimónia, uma carruagem, puxada por cavalos, transportou o seu corpo para o seu lugar de descanso final, no Glendale Cemetery, em Bloomfield, no estado de Nova Jérsia.

 


terça-feira, março 26, 2024

A Venezuela foi atingida por um forte terramoto há 212 anos

Oleo sobre tela «Terremoto de 1812», del pintor venezolano Tito Salas

 

El terremoto de Venezuela de 1812 ocurrió el 26 de marzo de 1812, jueves santo. Fue un terremoto que causó aproximadamente 10.000 a 20.000 muertes en ciudades como Caracas, Barquisimeto, Mérida, El Tocuyo y San Felipe. Tuvo una duración de unos 2 minutos en algunas zonas. Durante esos momentos, los clérigos realistas y frailes predicadores hicieron creer al pueblo que se trataba de un castigo del Cielo (por ser jueves santo), "por la sublevación de los patriotas contra el legítimo soberano, el virtuoso Fernando VII".

Está a regressar o cometa 12P/Pons–Brooks...


12P/Pons–Brooks is a periodic comet with an orbital period of 71 years. Comets with an orbital period of 20–200 years are referred to as Halley-type comets. It is one of the brightest known periodic comets, reaching an absolute visual magnitude of about 5 in its approach to perihelion. Comet Pons-Brooks was definitely discovered at Marseilles Observatory in July 1812 by Jean-Louis Pons, and on its next appearance in 1883 by William Robert Brooks. There are ancient records of comets that are suspected of having been apparitions of 12P/Pons–Brooks.

The next perihelion passage is 21 April 2024, with closest approach to Earth being 1.55 AU (232 million km) on 2 June 2024. The comet is expected to brighten to about apparent magnitude 4.5. The comet nucleus is estimated to be around 30 km in diameter, assuming it was not producing too much dust and gas during the 2020 photometric measurements.

12P/Pons–Brooks is hypothesized to be the parent body of the weak December κ Draconids meteor shower that is active from about 29 November to 13 December.
   

Hoje é dia de recordar Walt Whitman...

 

SAUDAÇÃO A WALT WHITMAN

 
   
Portugal-Infinito, onze de junho de mil novecentos e quinze...
Hé-lá-á-á-á-á-á-á!
    
De aqui, de Portugal, todas as épocas no meu cérebro,
Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo,
Ó sempre moderno e eterno, cantor dos concretos absolutos,
Concubina fogosa do universo disperso,
Grande pederasta roçando-te contra a diversidade das coisas
Sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões,
Cio das passagens, dos encontros casuais, das meras observações,
Meu entusiasta pelo conteúdo de tudo,
Meu grande herói entrando pela Morte dentro aos pinotes,
E aos urros, e aos guinchos, e aos berros saudando Deus!
   
Cantor da fraternidade feroz e terna com tudo,
Grande democrata epidérmico, contíguo a tudo em corpo e alma,
Carnaval de todas as ações, bacanal de todos os propósitos
Irmão gémeo de todos os arrancos,
Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquinas,
Homero do insaisissable do flutuante carnal,
Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor,
Milton-Shelley do horizonte da Eletricidade futura!
Incubo de todos os gestos,
Espasmo p’ra dentro de todos os objetos de fora
Souteneur de todo o Universo,
Rameira de todos os sistemas solares, paneleiro de Deus!
   
Eu, de monóculo e casaco exageradamente cintado,
Não sou indigno de ti, bem o sabes, Walt,
Não sou indigno de ti, basta saudar-te para o não ser...
Eu tão contíguo à inércia, tão facilmente cheio de tédio,
Sou dos teus, tu bem sabes, e compreendo-te e amo-te,
E embora te não conhecesse, nascido pelo ano em que morrias,
Sei que me amaste também, que me conheceste, e estou contente.
Sei que me conheceste, que me contemplaste e me explicaste,
Sei que é isso que eu sou, quer em Brooklyn Ferry dez anos antes de eu nascer,
Quer pela rua do Ouro acima pensando em tudo que não é a rua do Ouro,
E conforme tu sentiste tudo, sinto tudo, e cá estamos de mãos dadas,
De mãos dadas, Walt, de mãos dadas, dançando o universo na alma.
   
Quantas vezes eu beijo o teu retrato.
Lá onde estás agora (não sei onde é mas é Deus)
Sentes isto, sei que o sentes, e os meus beijos são mais quentes (em gente)
  
E tu assim é que os queres, meu velho, e agradeces de lá,
Sei-o bem, qualquer coisa mo diz, um agrado no meu espírito,
Uma ereção abstrata e indireta no fundo da minha alma.
   
Nada do engageant em ti, mas ciclópico e musculoso,
Mas perante o universo a tua atitude era de mulher,
E cada erva, cada pedra, cada homem era para ti o Universo.
    
Meu velho Walt, meu grande Camarada, evoé!
Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade,
Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos,
Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário:
De dentro para fora... Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma —
Essa vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo —
Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro,
Poeta sensacionista,
Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor,
Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso!
    
Nunca posso ler os teus versos a fio... Há ali sentir de mais...
Atravesso os teus versos como a uma multidão aos encontrões a mim,
E cheira-me a suor, a óleos, a atividade humana e mecânica
Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo,
Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos,
Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural,
Ou de cabeça p’ra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento,
No teto natural da tua inspiração de tropel,
No centro do teto da tua intensidade inacessível.
  
Abram-me todas as portas!
Por força que hei-de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há-de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
   
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui p’ra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!
   
Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir...
É comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Prá frente!
Meto esporas!
Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto,
Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus,
Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa,
Conforme me der na gana... Ninguém tem nada com isso...
Loucura furiosa! Vontade de ganir, de saltar,
De urrar, zurrar, dar pulos, pinotes, gritos com o corpo,
De me cramponner às rodas dos veículos e meter por baixo,
De me meter adiante do giro do chicote que vai bater,
De me (...)
De ser a cadela de todos os cães e eles não bastam,
De ser o volante de todas as máquinas e a velocidade tem limite,
De ser o esmagado, o deixado, o deslocado, o acabado,
E tudo para te cantar, para te saudar e (...)
Dança comigo, Walt, lá do outro mundo esta fúria,
Salta comigo neste batuque que esbarra com os astros,
Cai comigo sem forças no chão,
Esbarra comigo tonto nas paredes,
Parte-te e esfrangalha-te comigo
E (...)
Em tudo, por tudo, à roda de tudo, sem tudo,
Raiva abstracta do corpo fazendo maelstroms na alma...
  
Arre! Vamos lá prá frente!
Se o próprio Deus impede, vamos lá prá frente... Não faz diferença...
Vamos lá prá frente
Vamos lá prá frente sem ser para parte nenhuma...
Infinito! Universo! Meta sem meta! Que importa?
Pum! pum! pum! pum! pum!
Agora, sim, partamos, vá lá prá frente, pum!
Pum
Pum
  
Heia...heia...heia...heia...heia...
Desencadeio-me como uma trovoada
Em pulos da alma a ti,
Com bandas militares à frente [...] a saudar-te...
Com um [...] contigo e uma fúria de berros e saltos
Estardalhaço a gritar-te
E dou-te todos os vivas a mim e a ti e a Deus
E o universo anda à roda de nós como um carrocel com música dentro dos nossos crânios,
E tendo luzes essenciais na minha epiderme anterior
Eu, louco de [...] sibilar ébrio de máquinas,
Tu célebre, tu temerário, tu o Walt — e o [...],
Tu a [sensualidade porto?]
Eu a sensualidade com [...]
Tu a inteligência (...)

 


Álvaro de Campos

Pacal II, rei da mítica cidade de Palenque, nasceu há 1421 anos

   
K'inich J'anaab Pakal (26 de março de 603 - 31 de agosto de 683 - 80 anos) também conhecido como Pacal II ou Pacal, o Grande foi o governante do estado maia de B'aakal cuja sede era a cidade de Palenque. Pacal II é o mais conhecido dos senhores de Palenque por causa do desenvolvimento e sofisticação que B'aakal atingiu durante o seu governo, bem como pelo seu túmulo, considerada um dos achados arqueológicos mais importantes da Mesoamérica.
Pacal era filho de K'an Mo' Hix e Sak K'uk', filha de Janaab' Pakal. Teve, com sua esposa Tz'akb'u Ajaw, três filhos e, possivelmente, uma filha.
   
Templo da Inscrições - Túmulo de Pacal II
   
 Desenho na lápide do túmulo de Pacal II