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terça-feira, novembro 10, 2020

Notícia interessante sobre a batalha entre humanos modernos e neandertais

Neandertais e humanos estiveram em guerra durante 100 mil anos (e isso pode ter levado à sua extinção)

 


A extinção dos Neandertais é um dos grandes mistérios da ciência. Agora, uma nova teoria de um paleontólogo diz que a extinção desta espécie foi o resultado da perda de uma guerra de 100 mil anos anos com humanos anatomicamente modernos.

Os Neandertais e os ancestrais dos humanos modernos separaram-se em África há mais de 500 mil anos. A primeira espécie migrou para o Médio Oriente e espalhou-se por grande parte da Europa e da Ásia. Já os humanos anatomicamente modernos deixaram África há cerca de 200 mil anos. Por isso acredita-se que as duas espécies se cruzaram.

Isto pode indicar que as duas espécies viviam em harmonia e até cooperavam. De acordo com a BBC Future, os Neandertais não eram primitivos, pois eram relativamente avançados e tinham uma cultura.

O paleontólogo Nicholas R Longrich refere que “é tentador imagina-los a viver em paz com a natureza e uns com os outros”, mas “os Neandertais eram predadores e territoriais, por isso defendiam o seu território com violência e trabalhavam de forma cooperativa para combater os invasores. Isso significa que a extinção dos Neandertais pode não ter sido fácil.

  

Comportamento Territorial

Defender o próprio território e usar a violência para fazê-lo foi uma característica que todas as espécies herdaram dos seus ancestrais.

Longrich disse à BBC Future que “a agressão cooperativa evoluiu no ancestral comum dos chimpanzés e de nós mesmos há 7 milhões de anos”. Esse impulso é a raiz da violência organizada e da guerra. O especialista refere que “a guerra não é uma invenção moderna, mas uma parte antiga e fundamental de nossa humanidade”.

Os Neandertais eram notavelmente semelhantes aos humanos modernos, pois comportavam-se de forma semelhante. “Se os Neandertais partilhavam tantos dos nossos instintos criativos, também deviam ter muitos dos nossos instintos destrutivos”, refere o especialista.

Neste sentido, quando os ancestrais dos humanos modernos deixaram África e encontraram outras espécies de humanos arcaicos, o conflito e a guerra foram inevitáveis.

Uma análise no registo paleontológico mostra que há evidências de traumas nos ossos do Homo Sapiens e dos Neandertais. De acordo com algumas pesquisas, os homens jovens Neandertais mostravam sinais de ferimentos por traumas. Esses eram provavelmente os guerreiros dos grupos e isso pode indicar que foram feridos ou mortos em confrontos violentos.

As armas primitivas encontradas por arqueólogos em sítios pré-históricos contam também uma história de violência.

Há a possibilidade de os Neandertais e os primeiros humanos se terem envolvido em conflitos, e assim, os Neandertais resistiram às incursões dos humanos modernos nos seus territórios. Longrich afirma que esta situação “levou a uma guerra de 100 mil anos”, por isso, para os investigadores, é fácil perceber que a extinção dos Neandertais não foi rápida.

Os Neandertais eram adversários formidáveis e, por isso, difíceis de combater. Eram caçadores hábeis e tinham armas para resistir aos recém-chegados. Além disso, eram mais atarracados, mais fortes do que os nossos ancestrais, e provavelmente tinham melhor visão noturna, o que poderia tê-los ajudado em conflitos noturnos.

  
Como é que o Homo sapiens venceu?

Segundo o Ancient Origins, a guerra entre as duas espécies fluiu por milhares de anos. A BBC Future relata que “em Israel e na Grécia, o arcaico Homo sapiens ganhou terreno para recuar contra as ofensivas Neandertais”, ainda assim a espécie demorou cerca de 75 mil anos para alcançar a extinção dos Neandertais nos locais que hoje são Israel e Grécia.

É possível que os nossos ancestrais tivessem usado melhores técnicas de caça e tivessem outras vantagens estratégicas. Também os primeiros grupos de caça desta espécie eram provavelmente maiores do que os dos Neandertais, e sobretudo com mais lutadores.

A teoria de que nossos ancestrais acabaram por vencer os Neandertais através de violência, parece apoiar a visão de que estes desapareceram porque foram exterminados pelo Homo sapiens.

No entanto, existem outras teorias para explicar a extinção dos Neandertais, incluindo doenças, falha na adaptação a ambientes em mudança e até mesmo falta de diversidade genética.

 
in ZAP

quarta-feira, novembro 04, 2020

Mais uma notícia sobre os humanos denisovanos

ADN dos misteriosos denisovanos encontrado em caverna tibetana

 


Uma equipa de paleontólogos encontrou ADN denisovano em sedimentos da caverna Baishiya Karst, no planalto tibetano, onde a mandíbula de Xihae, o primeiro fóssil denisovano fora da caverna denisova, foi encontrada.

Os resultados da análise genética mostram que este grupo denisovano está intimamente relacionado com os denisovanos tardios da caverna denisova, indicando que estes hominídeos ocuparam o planalto tibetano por um longo período de tempo e provavelmente adaptaram-se ao ambiente de grande altitude.

Como o primeiro fóssil denisovano encontrado fora da caverna denisova, a mandíbula de Xiahe confirmou que os denisovanos ocuparam o teto do mundo no final do Pleistoceno Médio e eram comuns. No entanto, sem o ADN, os cientistas ficaram a conhecer pouco sobre eles.

As datas precisas mostram que os denisovanos abrigaram-se na caverna entre 100.000 e 60.000 anos atrás, e possivelmente até 45.000 anos atrás, quando os humanos modernos estavam a fluir para o leste da Ásia, escreve a revista Science.

Para determinar quando é que as pessoas ocuparam a caverna, os investigadores usaram a datação por radiocarbono de fragmentos ósseos recuperados das camadas superiores e a datação ótica de sedimentos recolhidos de todas as camadas dos sedimentos escavados.

E para descobrir quem ocupou a caverna, os cientistas analisaram 35 amostras dos sedimentos, recolhendo 242 amostras de ADN mitocondrial (mtADN) de mamíferos e humanos. Curiosamente, os investigadores detetaram fragmentos humanos que correspondiam ao mtADN associado a denisovanos em quatro camadas diferentes de sedimentos.

Usando ADN sedimentar da caverna, os investigadores encontraram a primeira evidência genética de que os denisovanos viviam fora da caverna denisova.

 

in ZAP

quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Mary Leakey nasceu há 106 anos

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.
Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
  
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

 

terça-feira, fevereiro 06, 2018

Mary Leakey nasceu há 105 anos

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.
Mary Leakey was born Mary Douglas Nicol on 6 February 1913 in London, England to Erskine Edward Nicol and Cecilia Marion (Frere) Nicol. Since Erskine worked as a painter, specializing in watercolor landscapes, the Nicol family would move from place to place, visiting numerous locations in the USA, Italy, and Egypt, where Erskine painted scenes to be sold in England. Erskine Nicol developed an amateur enthusiasm for Egyptology during his travels. Mary Leakey was a direct descendant of antiquarian, John Frere, and cousin to archaeologist, Sheppard Frere, on her mother's side. The Frere family had been active abolitionists in the British colonial empire during the nineteenth century and established several communities for freed slaves. Three of these communities remained in existence as of Mrs. Leakey's 1984 autobiography: Freretown, Kenya, Freretown, South Africa, and Freretown, India. She also was a distant relative of baronet Henry Bartle Frere.
The Nicols spent much of their time in southern France. Mary became fluent in French. She identified more with the adventurous spirit of her father, going for long walks and explorations with him and having long talks. She disliked her governess and had less sympathy for her mother.
In 1925, when Mary was 12, the Nicols stayed at Les Eyzies at a time when Elie Peyrony was excavating one of the caves there. Peyrony did not understand the significance of much of what he found, and was not excavating scientifically during that early stage of archaeology. Mary received permission to go through his dump. It was there that her interest in prehistory was sparked. She started a collection of points, scrapers, and blades from the dump and developed her first system of classification.
That winter, the family moved to Cabrerets, a village of Dordogne, France. There she met Abbé Lemozi, the village priest, who befriended her and became her mentor for a time. The two toured Pech Merle cave to view the prehistoric paintings of bison and horses.
Through Gertrude, Mary met Louis Leakey, who was in need of an illustrator for his book, Adam's Ancestors. While she was doing that work they became romantically attached. They shared common interests and values: a love of freedom and dislike for rules, an egalitarian frame of mind extending even to animals, a desire for adventure, and a passion for archaeology. Louis was still married when he started living with Mary, which caused a scandal that ruined his career at Cambridge University. They were married when Louis' wife Frida divorced him in 1936.
From then until about 1962 Louis and Mary faced trying circumstances together. Early in their relationship he nursed her through double pneumonia. They had three sons: Jonathan in 1940, Richard in 1944, and Philip in 1949. The boys received much of their early childhood care at various anthropological sites. Whenever possible the Leakeys excavated and explored as a family. The boys grew up with the same love of freedom their parents had. Mary would not even allow guests to shoo away the pet hyraxes that helped themselves to food and drink at the dinner table. She smoked very much, first cigarettes and then cigars, and dressed as though on excavation.
Louis was not always faithful to Mary, as he had not been to Frida. In 1960 they agreed that Mary would become director of excavations at Olduvai. From then on she operated more or less independently, taking over the dig. After Louis became known as a womanizer the intimate side of the marriage was effectively over. For example, Louis became briefly involved with Dian Fossey. Meanwhile, Mary's life consisted mainly of her children, her dogs, and her archaeology. Louis died on 1 October 1972 of a heart attack. Mary continued the family's archaeological work.
Mary carried on after Louis, becoming a powerful and respected figure. By then Richard had decided to become a palaeoanthropologist. She helped his career significantly. Her other two sons opted to follow other interests.

Replica of an Parantropus (Australopithecus) boisei skull, discovered by Mary Leakey, in 1959
Mary died on 9 December 1996 at the age of 83, a renowned palaeoanthropologist, who had not only conducted significant research of her own, but had been invaluable to the research careers of her husband Louis Leakey and their sons Richard, Philip and Jonathan.
  
Leakey served her apprenticeship in archaeology under Dorothy Liddell at Hembury in Devon, England, 1930-1934, for whom she also did illustrations. In 1934 she was part of a dig at Swanscombe where she discovered the largest elephant tooth known up to that time in Britain, but needed assistance to identify it.
The years 1935 to 1959, spent at Olduvai Gorge in the Serengeti plains of Northern Tanzania, yielded many stone tools from primitive stone-chopping instruments to multi-purpose hand axes. These finds came from Stone Age cultures dated as far back as 100,000 to two million years ago.
The Leakeys unearthed a Proconsul africanus skull on Rusinga Island, in October 1948.
Their next discovery, in 1959, was a 1.75 million-year-old Australopithecus boisei skull, catalogued as OH 5. They also found a less robust Homo habilis skull and bones of a hand. After reconstructing the hand, it was proven the hand was capable of precise manipulation. Many more remains were found at this site. In 1965 the husband and wife team uncovered a Homo erectus skull, dated at one million years old.
After Mary's husband died, she continued her work at Olduvai and Laetoli. It was here, at the Laetoli site, that she discovered Hominin fossils that were more than 3.75 million-years-old. She also discovered fifteen new species of other animals and one new genus.
From 1976 to 1981 Leakey and her staff worked to uncover the Laetoli hominid footprint trail which was left in volcanic ashes some 3.6 million years ago. The years that followed this discovery were filled with research at Olduvai and Laetoli, the follow-up work to discoveries and preparing publications.
 
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan
  

domingo, fevereiro 04, 2018

Raymond Dart nasceu há 125 anos

Raymond Dart (Brisbane, Queensland, 4 de fevereiro de 1893 - Joanesburgo, 22 de novembro de 1988) foi um anatomista e antropologista australiano que descreveu, em 1924 uma nova espécie de hominídeo, o Australopithecus africanus, a partir dum crânio fóssil encontrado em Taung na Bechuanalândia (antigo nome do actual Botswana).
Nascido em Toowong, Brisbane, na Austrália, estudou nas universidades de Queensland, Sydney, e na University College de Londres. Em 1922 Dart foi nomeado chefe do novo departamento de anatomia da Universidade de Witwatersrand em Johannesburg, na África do Sul.
Em 1924, um aluno trouxe-lhe o crânio fossilizado de um babuíno descoberto numa pedreira perto da Universidade, em Taung. Isto despertou o interesse de Dart que solicitou que novas descobertas similares lhe fossem trazidas. A primeira a chegar foi o rosto e um maxilar de um crânio fossilizado cravado na rocha. Inicialmente pensou que os ossos pertencessem a um símio mas depois concluiu que os dentes e o maxilar pareciam humanos. Dart demorou 73 dias a remover os ossos incrustados na rocha. Um exame mais minucioso levou-o a concluir que se tratava de um jovem. Dart atribuiu ao fóssil o nome Australopithecus africanus, que significa "macaco do Sul da África" e alcunhou-o de "Rapaz de Taung".
Embora o crânio tivesse o tamanho do de um macaco, Dart estava convencido, pela forma como este assentava sobre a coluna vertebral, que a criatura deveria ter caminhado sobre duas pernas, sendo assim um hominídeo. Portanto, Dart considerou o Australopithecus africanus uma espécie nova e, possivelmente o "elo perdido" da evolução entre os símios e os seres humanos, devido ao pequeno volume do seu crânio, mas com uma dentição relativamente próxima dos humanos e por ter provavelmente uma postura vertical.
Esta revelação foi muito criticada pelos cientistas da época, entre os quais Sir Arthur Keith, que postulava que o “crânio infantil de Taung” não passava do crânio de um pequeno gorila. Como o crânio era realmente dum jovem, havia espaço para várias interpretações e, mais importante, nessa altura não se acreditava que o "berço da humanidade" pudesse estar em África.
As descobertas de Robert Broom em Swartkrans, na década de 30 corroboraram a conclusão de Dart, mas algumas das suas ideias continuam a ser contestadas, nomeadamente a de que os ossos de gazela encontrados junto com o crânio podiam ser instrumentos daquela espécie.
Raymond Dart continuou como director da Escola de Anatomia da Universide de Witwatersrand, até 1958 e, em 1959 escreveu a suas memórias, a que chamou “Aventuras com o Elo Perdido”. O Instituto para o Estudo do Homem em África foi fundado em Witwatersrand para homenageá-lo.
 A Criança de Taung ou Bebé de Taung

sábado, dezembro 19, 2015

Richard Leakey faz hoje 71 anos

Richard Erskine Frere Leakey (born 19 December 1944) is a Kenyan paleoanthropologist, conservationist, and politician. He is second of the three sons of the archaeologists Louis Leakey and Mary Leakey, and is the younger half-brother of Colin Leakey.

terça-feira, novembro 24, 2015

A Lucy foi descoberta há 41 anos

Esqueleto e o modelo de restauração de Lucy exibidos no Museu Nacional de Ciência do Japão

Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.

(...)

O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefatos relacionados à origem dos seres humanos. No mês de Novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruído por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o contrato assinado, cerca de nove anos mais tarde.



NOTA:  o Google Doodle de hoje também celebra a Lucy;

domingo, outubro 18, 2015

Notícia sobre paleoantropologia no Público

Dentes antigos podem remodelar história das primeiras migrações humanas

A colecção de dentes fósseis agora descoberta na China

Os fósseis, encontrados numa gruta chinesa, indicam que os humanos modernos terão chegado à Ásia muito antes de entrarem na Europa.

Esta quarta-feira, uma equipa internacional de cientistas anunciou a descoberta de 47 dentes humanos fósseis, provenientes de uma gruta do Sul da China, com idades compreendidas entre os 80.000 e os 120.000 anos. Os seus resultados foram publicados na revista Nature.

Estes achados, que constituem portanto a prova mais antiga da presença de humanos modernos fora de África, poderão obrigar os especialistas a rescrever a história das primeiras migrações da nossa espécie aquando da sua saída de África. Porquê? Porque sugerem que o Homo sapiens não só entrou na Ásia muito mais cedo do que se pensava, como lá entrou – também ao contrário do que se pensava – muito mais cedo do que na Europa.

Os dentes fósseis, vindos de pelo menos 13 indivíduos, foram encontrados na gruta de Fuyan, no condado de Dao da província chinesa de Hunan. E colocam a nossa espécie no Sul da China 30.000 a 70.000 anos antes do seu aparecimento no Leste do Mediterrâneo ou na Europa.

“Até agora, a maioria da comunidade científica pensava que o Homo sapiens só passara a estar presente na Ásia há 50.000 anos”, disse Wu Liu, autor principal do estudo, do Instituto de Paleontologia dos Vertebrados e de Paleoantropologia da Academia das Ciências chinesa. Mas os dentes agora descobertos, acrescentou, são cerca de duas vezes mais antigos do que os primeiros vestígios da presença de humanos modernos na Europa.

Segundo a teoria mais aceite, designada Out of Africa em inglês, a nossa espécie surgiu pela primeira vez, em África, há cerca de 200.000 anos, espalhando-se a seguir para outras regiões do mundo. Porém, a datação e os caminhos dessa migração para fora de África têm permanecido incertos.

“Estes resultados sugerem que o Homo sapiens esteve presente na Ásia desde muito antes do que os 50.000 anos apontados pela hipótese Out of Africa”, explicou por seu lado María Martinón-Torres, do University College de Londres (Reino Unido) e co-autora do trabalho.

Para esta cientista, aliás, “é lógico pensar que as dispersões migratórias para leste tenham sido mais fáceis, do ponto de vista ambiental, do que as deslocações para norte, dada a rudeza dos invernos na Europa”. Mas ela vai mais longe: também é possível que a nossa espécie tenha chegado ao Sul da China dezenas de milhares de anos antes de conquistar a Europa simplesmente por não ter conseguido entretanto entrar no continente europeu devido à presença, já enraizada, dos nossos robustos primos neandertais. “Poderá ter sido difícil conquistar territórios que os neandertais já ocupavam há centenas de milhares de anos”, disse María Martinón-Torres.

Aliás, frisou ainda, algumas das migrações para fora de África têm vindo a ser rotuladas de “falsas dispersões”. E por exemplo, certos fósseis provenientes de grutas em Israel indicam que, de facto, há cerca de 90.000 anos, os humanos modernos terão chegado “às portas da Europa sem conseguir lá entrar”, disse ainda a investigadora.

“Esperamos que, graças à nossa descoberta dos fósseis humanos de Dao, as pessoas percebam que o Leste da Ásia é uma das áreas-chave para o estudo das origens e da evolução dos humanos modernos”, declarou Wu Liu.

sábado, setembro 12, 2015

Descoberto mais uma espécie do género Homo fóssil

Bem-vindo, Homo naledi!

O género humano acolheu, nesta quinta-feira, um novo membro, baptizado Homo naledi e cuja descoberta vem complicar ainda mais um pouco a nossa árvore genealógica evolutiva.

Ossos do Homo naledi

Mão do Homo naledi


Maxilar do Homo naledi

Reconstituição da face do Homo naledi


Interior da gruta Dinaledi, onde os fósseis foram encontrados

Uma equipa internacional de cientistas anunciou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, a descoberta de uma nova espécie de humanos antigos numa gruta na África do Sul. Os seus resultados foram publicados em dois artigos separados na revista online de acesso livre eLife.

A nova espécie foi baptizada Homo naledi do nome da gruta, Dinaledi – que, em sotho, uma das 11 línguas oficiais da África do Sul, significa “as estrelas”. Situada a uns 40 quilómetros de Joanesburgo, a gruta faz parte do local arqueológico conhecido como "Berço da Humanidade", que a UNESCO classificou como património mundial devido à riqueza de depósitos com fósseis que alberga nas suas inúmeras grutas.

Os 1.550 fósseis agora analisados, que são sobretudo ossos mas também dentes, foram recolhidos durante duas expedições à gruta, respectivamente em novembro de 2013 e março de 2014. Quatro dezenas de cientistas, liderados por Lee Berger, paleoantropólogo da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, participaram no empreendimento.

Desde 2008 que Berger começou a realizar uma prospecção minuciosa do Berço da Humanidade. E em 2010, já descobrira aliás uma nova espécie de australopiteco, o Australopithecus sediba. Não admira portanto que a actual descoberta tenha agora feito exclamar a Eric Delson, do Museu Americano de História Natural de Nova Iorque, citado pelo New York Times: “Berger does it again!” (algo como “Berger volta a marcar!”)

Os ossos provêm de pelo menos 15 indivíduos e “representam a maior colecção de restos de hominíneos jamais descoberta no continente africano”, lê-se num comunicado da Universidade do Colorado (EUA), que também participou no trabalho.

“Astronautas subterrâneas”
O novo “homem das estrelas” merece duplamente a sua alcunha. É que, para aceder à câmara da gruta onde se encontravam a ossadas fósseis – a “câmara das estrelas” – foi precisa a ajuda de seis autênticas “astronautas subterrâneas”, lê-se ainda no mesmo comunicado. Seis jovens mulheres que desceram pela única via de acesso existente: uma fissura vertical, longa de 12 metros, cuja largura é por vezes da ordem dos 20 centímetros!

“A câmara que contém os fósseis está a uns 30 metros de profundidade e a cerca de 80 metros de distância, em linha recta, da entrada actual mais próxima da câmara”, lê-se num dos artigos publicados na eLife, que descreve a descoberta focando-se no contexto geológico e nas condições de fossilização das ossadas.

“Na gruta, encontrámos adultos e crianças que pertencem ao género Homo, mas que são muito diferentes dos humanos modernos”, disse por seu lado o co-autor Charles Musiba durante a conferência de imprensa que decorreu em Maropeng, o centro oficial de acolhimento dos visitantes ao Berço da Humanidade. “Eram muito pequenos e tinham o cérebro do tamanho do dos chimpanzés.” Outro elemento da equipa, John Hawks, da Universidade do Wisconsin (EUA), acrescentou: “Tinham o cérebro do tamanho de uma laranja e um corpo muito esbelto.” Na idade adulta, mediam em média um metro e meio de altura e pesavam 45 quilos.

“O minúsculo cérebro e a forma do corpo de Homo naledi são mais próximos do grupo pré-humano dos australopitecos do que de nós”, fez notar Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres e autor de um artigo, na mesma revista, que comenta os resultados. “Mas as mãos, os pulsos e os pés são muito semelhantes aos do homem moderno.”

Caley Orr, também da Universidade do Colorado e co-autor do artigo dedicado aos resultados da análise dos fósseis propriamente ditos, esteve a cargo do estudo das mãos e deu mais pormenores: “A mão tem características de tipo humano que lhe permitiam manipular objectos, mas ao mesmo tempo tem os dedos curvos, bem adaptados para trepar às árvores.”

As mãos de Homo naledi “levam a crer que tinha a capacidade de usar ferramentas”, os seus dedos eram muito curvos e, ao mesmo tempo, é “praticamente impossível distinguir os seus pés dos do homem moderno”, acrescentam em comunicado conjunto a Universidade de Witwatersrand, a Sociedade National Geographic (co-financiadora do projecto) e o Ministério sul-africano da Ciência. “Os seus pés e as suas pernas compridas permitem pensar que era capaz de caminhar durante muito tempo.”

Contudo, a posição exacta da nova espécie na árvore genealógica da evolução humana permanece desconhecida, bem como a idade dos fósseis.

“Se estes fósseis datam do fim do Plioceno [há 5,3 a 2,58 milhões de anos] ou do início do Pleistoceno [há entre 2,58 milhões e 700.000 anos], “é possível que esta nova espécie de Homo, primitivo e com um cérebro pequeno, represente uma fase intermédia entre os australopitecos e o Homo erectus”, teorizam os autores.

Mas se forem mais recentes, especulam ainda, talvez este pequeno humano tenha vivido, no Sul de África, na mesma altura em que ali evoluíram espécies humanas com cérebros maiores.

“Isto suscita muitas perguntas”, disse Musiba. “Quantas espécies de humanos havia? Havia linhagens que surgiam e depois desapareciam? Coexistiram com os humanos modernos? Procriaram com eles?”

Rituais funerários?
Mas há mais, como explica ainda o comunicado da Universidade do Colorado: uma das constatações mais surpreendentes dos cientistas foi que os corpos pareciam ter sido depositados intencionalmente na gruta. “Imaginámos vários cenários, incluindo o ataque de um carnívoro desconhecido, uma morte acidental ou até uma armadilha”, explicou Berger. “E chegámos à conclusão de que o cenário mais plausível é que esses corpos tenham sido deliberadamente colocados naquele sítio.”

Se assim for, isso, só por si, fala da humanidade daqueles homens primitivos e põe em causa a ideia geralmente aceite de que só os humanos mais recentes desenvolveram comportamentos ritualizados. Como salientou Stringer, “a prática indicaria um comportamento surpreendentemente complexo para uma espécie humana ‘primitiva’”. A datação dos fósseis poderá fornecer respostas a este enigma.

“A mistura de características do Homo naledi”, acrescenta Stringer, “mostra mais uma vez a complexidade da árvore genealógica humana e a necessidade de realizar pesquisas mais aprofundadas para perceber a história e as derradeiras origens da nossa espécie”.

Seja como for, a câmara das estrelas “ainda não revelou todos os seus secretos”, frisa Berger. “Há potencialmente centenas, se não milhares, de restos fósseis de Homo naledi que ainda estão lá em baixo.”

in Público - ler notícia

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Mary Leakey nasceu há 101 anos

Mary Leakey (6 February 1913 – 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Os Leakey e o Google Doodle de hoje

Google Doodle de 06.02.2013 - 100º aniversário do nascimento de Mary Leakey

Passam hoje, conforme referimos em post anterior, um século desde o nascimento de Mary Leakey, a matriarca da família que tantas descobertas fez na área da Paleoantropologia. Com o marido, Louis Leakey e o filho, Richard Leakey, a quem tive a honra de ver e ouvir numa palestra que realizou em Lisboa nos finais dos anos oitenta, bem como a neta, Louise Leakey, também já a trabalhar na área científica da família, assim como os/as Anjos de Leakey (Jane Goodall, Dian Fossey e Birutė Galdikas) são responsáveis pela mudança como vemos a evolução dos hominídeos - daí acharmos perfeitamente justa esta homenagem...

Mary Leakey nasceu há um século


Mary Leakey (6 February 1913 – 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.
Mary Leakey was born Mary Douglas Nicol on 6 February 1913 in London, England to Erskine Edward Nicol and Cecilia Marion (Frere) Nicol. Since Erskine worked as a painter, specializing in watercolor landscapes, the Nicol family would move from place to place, visiting numerous locations in the USA, Italy, and Egypt, where Erskine painted scenes to be sold in England. Erskine Nicol developed an amateur enthusiasm for Egyptology during his travels. Mary Leakey was a direct descendant of antiquarian, John Frere, and cousin to archaeologist, Sheppard Frere, on her mother's side. The Frere family had been active abolitionists in the British colonial empire during the nineteenth century and established several communities for freed slaves. Three of these communities remained in existence as of Mrs. Leakey's 1984 autobiography: Freretown, Kenya, Freretown, South Africa, and Freretown, India. She also was a distant relative of baronet Henry Bartle Frere.
The Nicols spent much of their time in southern France. Mary became fluent in French. She identified more with the adventurous spirit of her father, going for long walks and explorations with him and having long talks. She disliked her governess and had less sympathy for her mother.
In 1925, when Mary was 12, the Nicols stayed at Les Eyzies at a time when Elie Peyrony was excavating one of the caves there. Peyrony did not understand the significance of much of what he found, and was not excavating scientifically during that early stage of archaeology. Mary received permission to go through his dump. It was there that her interest in prehistory was sparked. She started a collection of points, scrapers, and blades from the dump and developed her first system of classification.
That winter, the family moved to Cabrerets, a village of Dordogne, France. There she met Abbé Lemozi, the village priest, who befriended her and became her mentor for a time. The two toured Pech Merle cave to view the prehistoric paintings of bison and horses.
Through Gertrude, Mary met Louis Leakey, who was in need of an illustrator for his book, Adam's Ancestors. While she was doing that work they became romantically attached. They shared common interests and values: a love of freedom and dislike for rules, an egalitarian frame of mind extending even to animals, a desire for adventure, and a passion for archaeology. Louis was still married when he started living with Mary, which caused a scandal that ruined his career at Cambridge University. They were married when Louis' wife Frida divorced him in 1936.
From then until about 1962 Louis and Mary faced trying circumstances together. Early in their relationship he nursed her through double pneumonia. They had three sons: Jonathan in 1940, Richard in 1944, and Philip in 1949. The boys received much of their early childhood care at various anthropological sites. Whenever possible the Leakeys excavated and explored as a family. The boys grew up with the same love of freedom their parents had. Mary would not even allow guests to shoo away the pet hyraxes that helped themselves to food and drink at the dinner table. She smoked very much, first cigarettes and then cigars, and dressed as though on excavation.
Louis was not always faithful to Mary, as he had not been to Frida. In 1960 they agreed that Mary would become director of excavations at Olduvai. From then on she operated more or less independently, taking over the dig. After Louis became known as a womanizer the intimate side of the marriage was effectively over. For example, Louis became briefly involved with Dian Fossey. Meanwhile, Mary's life consisted mainly of her children, her dogs, and her archaeology. Louis died on 1 October 1972 of a heart attack. Mary continued the family's archaeological work.
Mary carried on after Louis, becoming a powerful and respected figure. By then Richard had decided to become a palaeoanthropologist. She helped his career significantly. Her other two sons opted to follow other interests.

Replica of an Parantropus (Australopithecus) boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959

Mary died on 9 December 1996 at the age of 83, a renowned palaeoanthropologist, who had not only conducted significant research of her own, but had been invaluable to the research careers of her husband Louis Leakey and their sons Richard, Philip and Jonathan.

Leakey served her apprenticeship in archaeology under Dorothy Liddell at Hembury in Devon, England, 1930-1934, for whom she also did illustrations. In 1934 she was part of a dig at Swanscombe where she discovered the largest elephant tooth known up to that time in Britain, but needed assistance to identify it.
The years 1935 to 1959, spent at Olduvai Gorge in the Serengeti plains of Northern Tanzania, yielded many stone tools from primitive stone-chopping instruments to multi-purpose hand axes. These finds came from Stone Age cultures dated as far back as 100,000 to two million years ago.
The Leakeys unearthed a Proconsul africanus skull on Rusinga Island, in October 1948.
Their next discovery, in 1959, was a 1.75 million-year-old Australopithecus boisei skull, catalogued as OH 5. They also found a less robust Homo habilis skull and bones of a hand. After reconstructing the hand, it was proven the hand was capable of precise manipulation. Many more remains were found at this site. In 1965 the husband and wife team uncovered a Homo erectus skull, dated at one million years old.
After Mary's husband died, she continued her work at Olduvai and Laetoli. It was here, at the Laetoli site, that she discovered Hominin fossils that were more than 3.75 million-years-old. She also discovered fifteen new species of other animals and one new genus.
From 1976 to 1981 Leakey and her staff worked to uncover the Laetoli hominid footprint trail which was left in volcanic ashes some 3.6 million years ago. The years that followed this discovery were filled with research at Olduvai and Laetoli, the follow-up work to discoveries and preparing publications.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Os hobbits indonésios têm finalmente cara

O homem (na verdade, a mulher) das Flores já tem um rosto

Espécie que viveu até há 12 mil anos, numa ilha da Indonésia, era tão pequena que os cientistas chamaram hobbits aos seus membros. Afinal, as criaturas imaginadas por Tolkien em O Senhor dos Anéis até existiram

Na reconstrução facial do Homo floresiensis, a antropóloga Susan Hayes foi moldando a espessura dos músculos e da gordura sobre o crânio de uma mulher com 18 mil anos

Não é propriamente o que se chamaria uma mulher bonita, mas as suas feições eram, sem dúvida, distintivas. Palavras da antropóloga australiana Susan Hayes, depois de ter revelado ao mundo como era o rosto de uma mulher que viveu há 18 mil anos na ilha indonésia das Flores, naquela que é a primeira reconstrução facial de uma pessoa desta espécie de humanos.
A história da descoberta desta espécie, com quase uma década, lançou muita confusão na árvore evolutiva humana, já de si complexa. Em Agosto de 2003, uma equipa de cientistas australianos e indonésios encontrou o fóssil de uma mulher, incluindo o crânio, na gruta de Liang Bua. No ano seguinte, na revista Nature, a equipa anunciava a descoberta e defendia tratar-se de uma nova espécie de humanos. E eis que começava a controvérsia: antes de mais, porque até essa altura estávamos convencidos de que há muito mais tempo éramos os únicos humanos que restavam no planeta.
Na viagem evolutiva dos humanos, os neandertais eram até aí considerados os nossos últimos companheiros. Desapareceram há cerca de 28 mil anos, tendo a Península Ibérica como último refúgio, depois de terem vivido por toda a Europa.
Mas o fóssil da mulher com 18 mil anos, o primeiro exemplar descoberto, serviu de referência para identificar a nova espécie. O Homo floresiensis, ou homem das Flores, teria surgido há cerca de 95 mil anos e a sua existência ter-se-ia prolongado até há 12 mil anos, quando desapareceu e, aí sim, nos deixou sozinhos, como espécie humana, na Terra.
Como a mulher já era adulta, isso mostrava que aqueles humanos teriam apenas um metro de altura e 25 quilos. Por serem tão pequenos, os cientistas pensaram nas criaturas minúsculas do mundo imaginado por J. R. R. Tolkien em O Hobbit e na trilogia O Senhor dos Anéis, a ponto de considerarem chamar-lhe Homo hobbitus, em vez de Homo floresiensis.
Além da sua coexistência tardia com a nossa espécie, o Homo sapiens, os hobbits reais das Flores eram polémicos precisamente devido ao crânio muito pequeno. Isso implicava uma capacidade craniana de apenas 380 centímetros cúbicos, idêntica à dos chimpanzés.

Uma aproximação
Seriam então uma espécie nova ou apenas indivíduos doentes da nossa própria espécie? Referindo-se a esta última hipótese, houve cientistas que avançaram que o homem das Flores sofria de microcefalia, uma patologia caracterizada por um crânio e um cérebro muito pequenos e deficiências mentais. Outra hipótese considerava os hobbits como Homo sapiens pigmeus, pois ainda hoje vivem nas Flores populações de baixa estatura.
Mas, para a equipa que escavou e estudou os fósseis do Homo floresiensis, coordenada pelo arqueólogo Mike Morwood, da Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália, uma das provas de que era uma espécie distinta estava na ausência de queixo. Só a nossa espécie tem queixo.
Vários estudos têm reforçado a tese de que o homem das Flores era uma espécie distinta, baseando-se, por exemplo, na comparação da forma do seu cérebro com o de indivíduos microcéfalos e saudáveis da nossa espécie e ainda na análise dos ossos do pulso. O seu lugar na árvore evolutiva e que relação tinha connosco é que continuam por determinar.
Só que, até agora, nunca tínhamos visto uma reconstrução da cara do homem das Flores – ou melhor, da mulher das Flores –, porque só o primeiro exemplar descoberto tem o crânio completo, embora tenham entretanto sido encontrados fragmentos de vários indivíduos.
Especialista em reconstrução facial, Susan Hayes, da Universidade de Wollongong, na Austrália, deu agora um rosto à mulher das Flores, moldando músculos e gordura sobre uma réplica do crânio. Assim, a cara foi ganhando "carne" e o resultado foi divulgado numa conferência de Arqueologia na Universidade de Wollongong, numa altura em que, por todo o mundo, também se tem estreado o filme O Hobbit: Uma Viagem Inesperada.
Maçãs do rosto proeminentes e um nariz largo são algumas surpresas, refere um comunicado da universidade australiana. Perante o resultado, Susan Hayes reconheceu então que a mulher não seria uma beldade. "Não diríamos que era bonita, mas era seguramente distintiva."
Como é que a antropóloga sabia que espessura de tecidos moles pôr no rosto dos hobbits, uma vez que não existem dados específicos para essa população desaparecida? Susan Hayes responde ao PÚBLICO que usou dados existentes para a população mundial com as espessuras médias dos tecidos moles: "São aplicáveis a todas as populações e baseiam-se num grande conjunto de dados, por isso são muito fidedignas. Para o Homo floresiensis, usei um subconjunto destes dados, uma vez que o crânio dela é muito pequeno."
E o que traz de novo a reconstrução do rosto desta mulher? Traz algumas provas sobre a aparência de outros humanos, diz Susan Hayes. "Mas, tal como toda a ciência, os resultados do trabalho baseiam-se no que sabemos hoje sobre o crânio, sobre a sua relação com os tecidos moles e a população em questão. Como todo o meu trabalho, é sempre uma aproximação."
Num comentário ao trabalho, Darren Curnoe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, disse que o rosto é mais moderno do que esperava. "Os ossos parecem-se um pouco como os dos pré-humanos que viveram há dois ou três milhões de anos, mas, com esta reconstrução, vê-se como são surpreendentemente modernos", disse o especialista em evolução humana. "É interessante ver uma nova abordagem baseada na ciência forense, que pode melhorar a compreensão de como era o aspecto do Homo floresiensis. Até agora, vimos interpretações artísticas, muito bonitas, mas esta dá-nos uma visão mais científica e rigorosa do aspecto do hobbit."

in Público - ler notícia

quarta-feira, setembro 19, 2012

Ötzi (a Múmia do Similaun) foi encontrado há 21 anos

Ötzi ou Múmia do Similaun é uma múmia masculina bem conservada com cerca de 5300 anos. A múmia foi encontrada por alpinistas nos Alpes italianos em 1991, em um glaciar dos Alpes de Ötztal perto do monte Similaun, na fronteira da Áustria com a Itália. O apelido Ötzi deriva do nome do vale da descoberta. Ele rivaliza a múmia egípcia "Ginger" no título de mais velha múmia humana conhecida, e oferece uma visão sem precedentes da vida e hábitos dos homens europeus na Idade do Cobre.

Descoberta
Ötzi foi encontrado por dois turistas alemães, Helmut e Erika Simon, em 19 de setembro de 1991. Eles primeiro pensaram que se tratasse de um cadáver moderno, como diversos outros que são frequentemente encontrados na região. O corpo foi confiscado pelas autoridades austríacas e levado para Innsbruck, onde sua verdadeira idade foi finalmente estabelecida. Pesquisas posteriores revelaram que o corpo fora encontrado a poucos metros da fronteira, ainda em território italiano, estando exposto no Museu de Arqueologia do Tirol do Sul, Bolzano, Itália.

Análise científica
O corpo foi extensamente examinado, medido, radiografado e datado. Os tecidos e o conteúdo dos intestinos foram examinados ao microscópio, assim como o pólen encontrado nos seus artefactos.
Quando morreu, Ötzi tinha entre 30 e 45 anos e aproximadamente 165 cm de altura. A análise do pólen e da poeira e a composição isotópica do esmalte de seus dentes indica que ela passou sua infância perto da atual aldeia de Feldthurns, ao norte de Bolzano, mas que mais tarde viveu em vales a cerca de 50 km a norte.
Ele tinha 57 tatuagens, algumas das quais eram localizadas em (ou perto de) pontos que coincidem com os atuais pontos de acupunctura, que podem ter sido feitas para tratar os sintomas de doenças de que Ötzi parece ter sofrido, como parasitas digestivos e artrose. Alguns cientistas acreditam que esses pontos indiquem uma primitiva forma de acupunctura.
Suas roupas, incluindo uma capa de grama entrelaçada e casaco e calçados de couro, eram bastante sofisticadas. Os sapatos eram largos e à prova d'água, aparentemente feitos para caminhar na neve; as solas eram feitas de pele de urso, a parte superior de couro de veado e uma rede feita de cascas de árvores. Tufos de erva macia envolviam o pé dentro do sapato, servindo de isolante térmico.
Outros artefactos encontrados junto de Ötzi foram um machado de cobre com cabo de teixo, uma faca de sílex e cabo de freixo, uma aljava cheia de flechas e um arco de teixo, inacabado, que era mais comprido do que o Ötzi.
Entre os objetos de Ötzi havia duas espécies de cogumelos, uma das quais (fungo de bétula) é conhecida pelas suas propriedades antibacterianas, e parece ter sido usada para fins medicinais. O outro cogumelo era um tipo de fungo que arde facilmente, incluído partes do que parece ter sido um kit para começar fogo. O kit continha restos de mais de doze plantas diferentes, além de pirite para a produzir fogo.

Análise genética
Um grupo de cientistas sequenciou o genoma de Ötzi e este foi publicado em 28 de fevereiro de 2012. Um estudo do cromossoma Y de Ötzi colocou-o num grupo que hoje domina no Sul da Córsega.
Já a análise do DNA mitocondrial mostrou que Ötzi pertence ao sub-ramo K1, mas não pode ser colocado em nenhum dos três modernos grupos deste sub-ramo (K1a, K1b ou K1c). O novo sub-ramo foi provisoriamente apelidado de K1ö por causa de Ötzi.
Uma observação genérica do seu DNA relaciona-o com Europeus do Sul, particularmente com populações isoladas geograficamente da Sardenha e Córsega.
A análise do DNA que ele tinha um elevado risco de sofrer de aterosclerose, intolerância à lactose e a presença no DNA da sequência de Borrelia burgdorferi, torna-o o mais antigo humano a sofrer da doença de Lyme (vulgarmente conhecida como febre da carraça).
Um estudo de 2012 do paleoantropólogo John Hawks sugeriu que Ötzi tinha mais material genético de Neanderthal do que os Europeus modernos.

Réplica da roupa de Ötzi, Naturhistorisches Museum - Viena

Causa da morte
Em 2007 cientistas revelaram que o Ötzi morreu de um ferimento no ombro provocado por uma flecha.
Uma equipe de pesquisadores italianos e suíços usou a tecnologia de raio-X para comprovar que a causa da morte foi uma lesão sofrida numa artéria próxima do ombro e provocada pela ponta de flecha que permanece até hoje cravada nas costas. Os mesmos cientistas concluíram que a morte de Ötzi foi imediata.
Os resultados mais recentes da pesquisa apareceram em linha no Journal of Archaeological Science e foram publicados pela National Geographic.
Análises dos intestinos de Ötzi mostraram duas refeições, uma de carne de bode da montanha, a segunda de carne de veado, ambas consumidas com alguns cereais. Pólen na segunda refeição mostra que esta foi consumida em uma floresta de coníferas a meia-altitude.
Primeiramente supôs-se que fosse um pastor levando o seu rebanho para as montanhas e que foi surpreendido por uma tempestade de neve. Dada a sua relativa velhice, não teria resistido ao esforço e morrido.
No entanto, a análise de DNA revelou traços de sangue de quatro outros indivíduos nos seus equipamentos: um na sua faca, dois na mesma flecha e o último no seu casaco. Em julho de 2001, dez anos após a descoberta do corpo, uma tomografia axial computorizada revelou que Ötzi tinha o que parecia ser uma ponta de flecha no seu ombro, mais precisamente na omoplata, combinando com um pequeno furo no seu casaco. O cabo da flecha havia sido removido. Ele também tinha um profundo ferimento na palma da mão direita, que atingiu a carne, tendões e o osso.
A partir de tais evidências e de exames das armas, o biólogo molecular Thomas Loy, da Universidade de Queensland, acredita que Ötzi e um ou dois companheiros fossem caçadores que participaram de uma luta contra um grupo rival. Em um certo momento, ele pode ter carregado (ou ter sido carregado por) um companheiro. Enfraquecido pela perda de sangue, Ötzi aparentemente largou os seus equipamentos contra uma rocha, deitou-se e expirou.