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quarta-feira, agosto 21, 2019

Trotsky foi assassinado por um esbirro de Estaline há 79 anos

Leon Trotsky (nascido Lev Davidovich Bronstein; Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e rival de Estaline na tomada do PCUS após a morte de Lenine.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como organizador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Estaline do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia política de Estaline. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.
   
Mesmo sendo freqüentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou a sua identidade ou as suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu, após diversas análises, que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente, tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir  a sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscou, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.
Na tarde do dia 20 de agosto de 1940, o agente estalinista Ramón Mercader saiu de um hotel no centro da capital mexicana e se dirigiu à residência de Trotsky, guardada por uma legião de seguranças. Mercader entrou na casa e se dirigiu ao escritório de Trotsky, onde lhe entregou um documento para ler e, enquanto isso, golpeou-o na cabeça com uma picareta de alpinista.
Segundo o relato de Mercader a seu irmão, Luis, mesmo com a perfuração de sete centímetros na cabeça, Trotsky atirou-lhe objetos e ainda lhe salvou a vida, pedindo aos seguranças que não o matassem enquanto não confessasse o nome do mandante.
Mercader jamais fez essa confissão às autoridades mexicanas. Cumpriu 20 anos de prisão no México e, em 1961 foi condecorado como "herói da URSS" pelo dirigente Nikita Kruchev. Mas o "herói" passou a ser um "peso morto" para o governo soviético e teve sua identidade modificada pelos agentes de Estaline, até mesmo nos livros de registros de Barcelona, cidade onde nasceu. A partir de 1974, tornou-se amigo íntimo de Fidel Castro, de quem ganhou uma residência em Havana, onde morreu quatro anos depois. As suas cinzas foram transportadas em um vôo especial para Moscovo. A sua lápide no cemitério de Kuznetsovo diz: "Ramón Ivanovitch López, herói da União Soviética". (Flavio Campos e Renan Garcia Miranda. A escrita da História. 1ª edição. São Paulo: Escala Educacional, 2005).

quinta-feira, fevereiro 07, 2019

O assassino que Estaline usou para matar Trotsky nasceu há 105 anos

Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramón Mercader, Jacques Monard ou ainda Frank Jacson (Barcelona, 7 de fevereiro de 1914 - Havana, 18 de outubro de 1978) foi um agente no estrangeiro do Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD - futura KGB) da URSS, na época em que Josef Estaline era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. O seu ato mais conhecido foi infiltrar-se na casa de Leon Trotski, no seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte do principal rival de Estaline.
Como um suposto rico comerciante, ele tornara-se amante da trotskista de origem americana Sylvia Agelot, e infiltrara-se na casa onde Trotski morava, cometendo o atentado mortal no final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961 foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país.
  
Vida
Mercader nasceu em Barcelona, mas passou grande parte da sua juventude na França,  com a sua mãe, Eustacia Maria Caridad del Río Hernández, após a separação dos seus pais. O seu avô havia sido governador de Cuba. Ainda jovem abraçou o estalinismo, ajudando organizações estalinistas na Espanha, durante meados dos anos 30. Esteve preso durante algum tempo, devido às suas atividades, mas foi libertado quando a Frente Popular venceu as eleições e assumiu o governo do seu país, em 1936.
Nesta época a sua mãe tornou-se uma agente soviética. Pouco tempo antes de irromper a Guerra Civil Espanhola, Ramón viaja para Moscovo, com o intuito de se treinar nas artes da sabotagem, luta de guerrilhas e assassinato. Foi-lhe dado o nome de código “GNOME” pelos seus superiores.
  
Assassinato de Trotski
Na primavera de 1939 Estaline afirma ao agente Sudoplotov:
Cquote1.svg A guerra está próxima. O trotskismo tornou-se um cúmplice do Fascismo. Devemos dar um profundo golpe na IV internacional. Como? Decapitem-na! Arquivos da GPU-NKVD Cquote2.svg
Em outubro de 1939, Mercader entrara no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios. Segundo Volgokanov a operação que levou ao assassinato de Trotski custou cerca de cinco milhões de dólares ao governo estalinista.
No dia 24 de maio de 1940, falha um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México. Um segundo plano foi rapidamente engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trotsky, consegue amizade com a secretária de Trotsky, Sylvia Agelof.
Encontra-se duas vezes com Trotsky, sob o pretexto de ser um patrocinador canadiano das suas ideias. Na segunda, em 20 de agosto, no escritório da casa de Trotsky, em Coyoacán (próximo da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com um piolet (pequena picareta de alpinismo). Segundo alguns relatos, os seguranças de Trotsky iriam matá-lo, mas Trotsky impediu, gritando “Não o matem! Este homem tem uma história a contar.”
Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar a sua real identidade; não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão, ficando os primeiros cinco anos em solitária. Apenas em agosto de 1953 a sua verdadeira identidade foi descoberta, mas as suas conexões com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética, quando foram abertos os arquivos da NKVD.
  
Mercader descreve as suas ações no seu julgamento no México
Cquote1.svg Coloquei minha capa de chuva na mesa, de uma forma que fosse capaz de remover o piolet que estava dentro do bolso. Eu decidi aproveitar aquela maravilhosa oportunidade que se apresentava. O momento que Trotski começou a ler meu artigo foi quando decidi fazê-lo. Retirei o piolet do bolso do casaco, coloquei-o nas minhas mãos e, com meus olhos fechados, dei-lhe um forte golpe na cabeça. Trotski emitiu um grito que eu nunca esquecerei. Um longo aaaa, interminavelmente longo, eu penso que ainda ecoa em meu cérebro. Trotski pulou em cima de mim como pode e mordeu na minha mão. Olhe, você ainda pode ver as marcas de seus dentes. Eu o empurrei e ele caiu no chão. Então ele levantou-se e cambaleou para fora do escritório. Cquote2.svg
  
Prisão, Fidelidade e Reconhecimento
Mesmo sendo frequentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou a sua identidade ou as suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu, após diversas análises, que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente, tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir a sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética no resto da sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscovo, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.
  

segunda-feira, agosto 17, 2015

O romance O Triunfo dos Porcos foi lançado há 70 anos

Animal Farm (O Triunfo dos Porcos) é um romance alegórico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido, a 17 de agosto de 1945, e nomeado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. A sátira feita pelo livro à União Soviética comunista obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Estaline. A revolta dos animais da Manor Farm contra os humanos é liderada pelos porcos Snowball (Bola-de-Neve) e Napoleon (Napoleão). Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleon é seduzido pelo poder, afasta Snowball e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para o autor, um social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente por muitos anos, a obra é uma sátira à política estalinista que, segundo a sua ótica, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.

Enredo
Sentindo chegar a sua hora, Major, um velho porco, reúne os animais da fazenda para compartilhar de um sonho: serem governados por eles próprios, os animais, sem a submissão e exploração do homem. Ensinou-lhes uma antiga canção, Bichos da Inglaterra (Beasts of England), que resume a filosofia do animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os demais animais extasiados com as possibilidades.
O velho Major faleceu três dias depois, tomando a frente da luta os astutos e jovens porcos Bola-de-Neve e Napoleão, que passaram a reunir-se clandestinamente, a fim de traçar as estratégias da revolução. Certo dia o Sr. Jones, então proprietário da fazenda, descuidou-se na alimentação dos animais, facto este que se tornou o rastilho da Revolução para os animais.
Sob o comando dos inteligentes e letrados porcos, os animais passaram a chamar a Quinta Manor de Quinta dos Animais, e aprenderam os Sete Mandamentos, que, a princípio, tinham a seguinte forma:
Cquote1.svg 1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
Cquote2.svg
Para os animais menos inteligentes, os porcos resumiram os mandamentos apenas na máxima "Quatro pernas bom, duas pernas ruim" que passou a ser repetido constantemente pelas ovelhas. Após a primeira invasão dos humanos, na tentativa frustrada de retomar a fazenda, Bola-de-Neve luta bravamente, dedica todo o seu tempo ao aprimoramento da fazenda e da qualidade de vida de todos, mas, mesmo assim, Napoleão expulsa-o do território, alegando sérias acusações contra o antigo companheiro. Acusações estas que se prolongam por toda a história, mesmo após o desaparecimento de Bola-de-Neve, na tentativa de encobrir algo ou mesmo ter alguma explicação para os animais para catástrofes, criando-se um mito em torno do porco que, a partir daí, é considerado um traidor.
Napoleão apossa-se da ideia de Bola-de-Neve de construir um moinho de vento para a geração de energia, mesmo havendo feito duras críticas à imaginação do companheiro, e inicia a sua construção. Algum tempo depois, os porcos começam a negociar com os agricultores da região, recusando a existência de uma resolução de não contactar com os humanos, apontando essa ideia como mais uma invenção de Bola-de-Neve. Os porcos passam ainda a viver na antiga casa de Sr. Jones e começam a modificar os mandamentos que estavam na porta do celeiro:
Cquote1.svg 4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.
Cquote2.svg
O hino da Revolução é banido, já que a sociedade ideal descrita, segundo Napoleão já teria sido atingida sob o seu comando. Napoleão é declarado líder por unanimidade. As condições de trabalho se degradam, os animais recebem novo ataque humano e já não se lembram se na época em que estavam submissos ao Sr. Jones era mesmo pior, mas lembravam-se da liberdade proclamada, e eram sempre lembrados por sábios discursos suínos, principalmente os proferidos por Garganta, um porco com especial capacidade persuasiva. Napoleão, os outros porcos e os agricultores da vizinhança celebram, em conjunto, a produtividade da Quinta dos Animais. Os outros animais trabalham arduamente em troca de míseras rações. O que se assiste é um arremedo grotesco da sociedade humana.
O slogan das ovelhas fora modificado ligeiramente, “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”, pois agora os porcos andavam sobre as duas patas traseiras. No final, os animais, ao olhar para dentro de casa, já não conseguem distinguir os porcos dos homens.


The Horn and Hoof Flag described in the book appears to be based on the hammer and sickle, the communist symbol

quinta-feira, agosto 21, 2014

Há 74 anos Trotsky foi assassinado por um esbirro de Estaline

Leon Trotsky (nascido Lev Davidovich Bronstein; Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e rival de Estaline na tomada do PCUS após a morte de Lenine.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como organizador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Estaline do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia política de Estaline. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.


 
Mesmo sendo freqüentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou a sua identidade ou as suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu, após diversas análises, que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente, tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir  a sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscou, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.
Na tarde do dia 20 de agosto de 1940, o agente stalinista Ramón Mercader saiu de um hotel no centro da capital mexicana e se dirigiu à residência de Trotsky, guardada por uma legião de seguranças. Mercader entrou na casa e se dirigiu ao escritório de Trotsky, onde lhe entregou um documento para ler e, enquanto isso, golpeou-o na cabeça com uma picareta de alpinista.
Segundo o relato de Mercader a seu irmão, Luis, mesmo com a perfuração de sete centímetros na cabeça, Trotsky atirou-lhe objetos e ainda lhe salvou a vida, pedindo aos seguranças que não o matassem enquanto não confessasse o nome do mandante.
Mercader jamais fez essa confissão às autoridades mexicanas. Cumpriu 20 anos de prisão no México e, em 1961 foi condecorado como "herói da URSS" pelo dirigente Nikita Kruchev. Mas o "herói" passou a ser um "peso morto" para o governo soviético e teve sua identidade modificada pelos agentes de Estaline, até mesmo nos livros de registros de Barcelona, cidade onde nasceu. A partir de 1974, tornou-se amigo íntimo de Fidel Castro, de quem ganhou uma residência em Havana, onde morreu quatro anos depois. As suas cinzas foram transportadas em um vôo especial para Moscovo. A sua lápide no cemitério de Kuznetsovo diz: "Ramón Ivanovitch López, herói da União Soviética". (Flavio Campos e Renan Garcia Miranda. A escrita da História. 1ª edição. São Paulo: Escala Educacional, 2005).

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

O assassino que Estaline usou para matar Trotsky nasceu há um século

Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramón Mercader, Jacques Monard ou ainda Frank Jacson (Barcelona, 7 de fevereiro de 1914 - Havana, 18 de outubro de 1978) foi um agente no estrangeiro do Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD - futura KGB) da URSS, na época em que Josef Estaline era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. O seu ato mais conhecido foi infiltrar-se na casa de Leon Trotski, no seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte do principal rival de Estaline.
Como um suposto rico comerciante, ele tornara-se amante da trotskista de origem americana Sylvia Agelot, e infiltrara-se na casa onde Trotski morava, cometendo o atentado mortal no final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961 foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país.

Vida
Mercader nasceu em Barcelona, mas passou grande parte da sua juventude na França,  com a sua mãe, Eustacia Maria Caridad del Río Hernández, após a separação dos seus pais. O seu avô havia sido governador de Cuba. Ainda jovem abraçou o estalinismo, ajudando organizações estalinistas na Espanha, durante meados dos anos 30. Esteve preso durante algum tempo, devido às suas atividades, mas foi libertado quando a Frente Popular venceu as eleições e assumiu o governo do seu país, em 1936.
Nesta época a sua mãe tornou-se uma agente soviética. Pouco tempo antes de irromper a Guerra Civil Espanhola, Ramón viaja para Moscovo, com o intuito de se treinar nas artes da sabotagem, luta de guerrilhas e assassinato. Foi-lhe dado o nome de código “GNOME” pelos seus superiores.

Assassinato de Trotski
Na primavera de 1939 Estaline afirma ao agente Sudoplotov:
Cquote1.svg A guerra está próxima. O trotskismo tornou-se um cúmplice do Fascismo. Devemos dar um profundo golpe na IV internacional. Como? Decapitem-na! Arquivos da GPU-NKVD Cquote2.svg
Em outubro de 1939, Mercader entrara no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios. Segundo Volgokanov a operação que levou ao assassinato de Trotski custou cerca de cinco milhões de dólares ao governo estalinista.
No dia 24 de maio de 1940, falha um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México. Um segundo plano foi rapidamente engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trotsky, consegue amizade com a secretária de Trotsky, Sylvia Agelof.
Encontra-se duas vezes com Trotsky, sob o pretexto de ser um patrocinador canadiano das suas ideias. Na segunda, em 20 de agosto, no escritório da casa de Trotsky, em Coyoacán (próximo da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com um piolet (pequena picareta de alpinismo). Segundo alguns relatos, os seguranças de Trotsky iriam matá-lo, mas Trotsky impediu, gritando “Não o matem! Este homem tem uma história a contar.”
Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar a sua real identidade; não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão, ficando os primeiros cinco anos em solitária. Apenas em agosto de 1953 a sua verdadeira identidade foi descoberta, mas as suas conexões com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética, quando foram abertos os arquivos da NKVD.

Mercader descreve as suas ações no seu julgamento no México
Cquote1.svg Coloquei minha capa de chuva na mesa, de uma forma que fosse capaz de remover o piolet que estava dentro do bolso. Eu decidi aproveitar aquela maravilhosa oportunidade que se apresentava. O momento que Trotski começou a ler meu artigo foi quando decidi fazê-lo. Retirei o piolet do bolso do casaco, coloquei-o nas minhas mãos e, com meus olhos fechados, dei-lhe um forte golpe na cabeça. Trotski emitiu um grito que eu nunca esquecerei. Um longo aaaa, interminavelmente longo, eu penso que ainda ecoa em meu cérebro. Trotski pulou em cima de mim como pode e mordeu na minha mão. Olhe, você ainda pode ver as marcas de seus dentes. Eu o empurrei e ele caiu no chão. Então ele se levantou e cambaleou para fora do escritório. Cquote2.svg
 
Prisão, Fidelidade e Reconhecimento
Mesmo sendo frequentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou a sua identidade ou as suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu, após diversas análises, que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente, tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir a sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética no resto da sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscovo, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Trotsky nasceu há 134 anos

Leon Trotsky (nascido Lev Davidovich Bronstein; Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e rival de Estaline na tomada do PCUS após a morte de Lenine.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como organizador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Estaline do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia de Estaline. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.

sexta-feira, novembro 16, 2012

Sobre caridadezinhas, Bancos Alimentares e comentários desbocados - versão soviética de há 90 anos...

Um passado que não passa

Cartaz sobre a fome, 1921

No dia 16 de novembro de 1922, há precisamente 90 anos, o velho paquete alemão Preussen partia de Petrogrado rumo a Stettin, na Alemanha. Transportava deportados. Ficou na história como “o navio dos filósofos”.
O regime bolchevique estava cada vez mais preocupado com a intelligentsia não alinhada com o regime. O início do século XX fora um período de grande renovação intelectual e espiritual na Rússia. Forças criativas libertaram-se, promovendo o pensamento filosófico que, à maneira russa, surgia intimamente ligado a uma intensificação da consciência religiosa e a propósitos de reforma social.
Nada havia, portanto, de reaccionário nesses movimentos, apesar do apelo à alma russa e aos valores pátrios. Muitos dos seus cultores abandonaram posições mais radicais, abraçando aqueles valores. Do marxismo para o idealismo, do esteticismo para o misticismo, do ateísmo para Cristo, do positivismo para a metafísica, do materialismo para a filosofia cristã, queriam sobretudo mudar sem perder as raízes russas.

N. A. Berdyaev (1874-1948)

O nome mais conhecido era o do filósofo Berdyaev. Mas muitos outros contribuíram então para a revitalização do pensamento russo. Esses homens e mulheres, ávidos de mudança, acompanharam com esperança a revolução de 1905, desiludiram-se com a efémera democratização, iludiram-se com a revolução de Fevereiro mas não deram qualquer crédito à revolução de Outubro. Afinal, os bolcheviques negavam todos os seus valores.
Estes reformadores não quiseram acompanhar a aristocracia e os generais brancos que emigraram. O seu propósito foi o de ficar na Rússia. Em 1918, Berdyaev criou a Academia Livre da Cultura Espiritual. Semyon Frank, Ivanov e Stepun continuavam a ensinar na Universidade de Moscovo. Em 1919, renasceu a Sociedade Filosófica de S. Petersburgo. Lossky e Radov lançaram uma revista filosófica. Assistiu-se, então, a algo de extraordinário. Advogados e comerciantes, operários e marinheiros, encontravam-se, não nas manifestações, mas em pequenas salas onde se lia poesia e se refletia sobre o futuro da Rússia. Falava-se sobre Deus e sobre a alma russa, pensava-se uma democracia verdadeiramente russa, onde as forças espirituais prevalecessem sobre o materialismo.
Algo de extraordinário, com efeito. Estava-se a construir uma nova “obshchestvennost”, ou seja, uma esfera pública não dominada pelas autoridades. Algo de impensável, que assustou profundamente Lenine e o Politburo. Para estes, era claro que, para construir a sociedade socialista, o espaço público tinha de ser uniforme. Por outras palavras, apenas devia existir uma “obshchestvennost” soviética. O que obrigava a dissolver todas as organizações independentes e “afastar”, seja o que for que isso signifique, todo o pensamento não alinhado. Chama-se a isto totalitarismo.
A intenção era destruir a intelligentsia russa e construir uma nova e exclusiva intelligentsia soviética. Nenhuma independência de pensamento seria permitida. Essa foi a primeira prioridade, depois de vencida a guerra civil. Assim se vê a força das ideias.
É interessante analisar como nasce e se desenvolve a ideia de que o Estado soviético se tinha de desembaraçar dos divergentes. Um dos casos mais interessantes é o de Yekaterina Kuskova. Não era uma grande intelectual, mas alguém com ideias muito firmes sobre as mudanças necessárias, o que fez com que nunca abraçasse o marxismo, mas defendesse profundas reformas sociais.

Yekaterina Kuskova (1869-1958)

A fome que ameaçou os campos russos e que em 1921 chegou às portas de Moscovo, levou-a a criar, conjuntamente com outros intelectuais não bolcheviques, o Comité Russo de Ajuda aos Famintos. Por outras palavras, Yekaterina Kuskova criou um Banco Alimentar naquelas paragens. Dada a situação desesperada, a liderança bolchevique não se opôs, mas manteve a vigilância com a maior das desconfianças. Qualquer russo que pudesse ganhar notoriedade por ajudar a resolver problemas que o Estado, por si, não poderia solucionar, transformava-se numa ameaça para a autoridade do Estado e dos seus líderes. Lenine teve de se impor perante os outros membros do Politburo, afirmando mesmo a um deles, o Comissário da Saúde, Nikolai Semashko: “- Não sejas caprichoso, meu caro. Não fiques invejoso da Kuskova. A directiva do Politburo é: tornar a Kuskova completamente inofensiva. (…) vigia essa gente rigorosamente.”
É muito interessante ver de que modo Lenine se queria servir da iniciativa daquelas pessoas de boa vontade. Kuskova pensava que, dada a situação, a ajuda só poderia vir de fora. E que, para as potências ocidentais ajudarem a Rússia, cujo regime há tão pouco tempo tentaram derrubar, esse auxílio só poderia ser obtido se fosse solicitado, não pelo governo mas pela sociedade civil. Lenine, pelos vistos, concordava com ela. Assim, serviu-se desta organização para garantir a intervenção da American Relief Administration, de Herbert Hoover. Mal o conseguiu, mandou prender todos os dirigentes do Comité Russo de Ajuda aos Famintos.

Cartaz saudando a acção da American Relief Administration, 1922

Lenine tinha menos receio dos americanos que tinham prestado auxílio por toda a Europa de leste e que, por exemplo, tinham intervindo na Hungria, enviando alimentos, mas colaborando activamente na queda do soviete de Bela Kun. Os russos de boa vontade faziam-lhe mais medo: corriam o risco de provar que as pessoas podiam, movidas por puro altruísmo e desejo de melhorar a sorte dos desprovidos, fazer muito melhor do que o Estado. Afinal, não seria essa a forma mais radical de demonstrar a falência dos princípios que inspiravam o novo regime?
Yekaterina Kuskova e os seus companheiros foram exilados para longe de Moscovo. Depois, a sanha persecutória voltou a manifestar-se através do inefável Comissário da Saúde: Nikolai Semashko descobriu que havia médicos que se queriam organizar autonomamente. Ora, era evidente que no Estado soviético só se poderia praticar medicina soviética, fosse lá isso o que fosse. Propôs ao Politburo a “remoção” (estes eufemismos são fantásticos) dos médicos dissidentes. Lenine pediu a intervenção de Estaline, que aproveitou para propor um alargamento da “remoção” a todos os dissidentes. O Politburo, onde ainda estavam Kamenev, Rykov e Molotov, aprovou a medida. Entusiasticamente. É bom recordar que também votou a favor um certo Trotsky cujos seguidores continuam a ter uma congénita repulsa por pessoas que fazem bem aos outros sem estarem enquadradas nas organizações que consideram aceitáveis. Os hábitos disfarçam-se, mas nunca se perdem.
Entrou então em ação a OGPU de Dzerzinski, que, pressuroso, apresentou de imediato um relatório intitulado “Dos Grupos Anti-Soviéticos entre a Intelligentsia”. Aí se começou o labor de identificação dos intelectuais a remover. Lá estavam Yekaterina Kuskova, Berdyaev, Stepun e muitos outros. Meses depois, deixariam a Rússia para não mais voltar. Alguns seguiriam no Preussen. Em 16 de novembro de 1922. Há precisamente noventa anos, uma história para os nossos dias.
in Malomil - post de José Luís Moura Jacinto

terça-feira, agosto 21, 2012

O longo braço de Estaline assassinou Trótski há 72 anos

Leon Trótski (Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, fundador do Exército Vermelho e rival de Estaline na tomada do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) após a morte de Lenine.
Seu nome em ucraniano pode ser transliterado como Lev Davidóvitch Trótskii; todavia, o seu verdadeiro sobrenome era Bronstein. Pelo calendário juliano, utilizado nos países de tradição ortodoxa, nasceu em 26 de outubro de 1879.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como criador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Estaline do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, agente da polícia de Estaline. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.
 

sexta-feira, agosto 17, 2012

O romance O Triunfo dos Porcos foi lançado há 67 anos

Animal Farm (O Triunfo dos Porcos) é um romance alegórico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido em 17 de agosto de 1945 e apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. A sátira feita pelo livro à União Soviética comunista obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Estaline. A revolta dos animais da Manor Farm contra os humanos é liderada pelos porcos Snowball (Bola-de-Neve) e Napoleon (Napoleão). Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleon é seduzido pelo poder, afasta Snowball e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para o autor, um social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente por muitos anos, a obra é uma sátira à política estalinista que, segundo sua ótica, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.

Versão da bandeira do Animalismo, n'O Triunfo dos Porcos

terça-feira, fevereiro 07, 2012

O assassino de Leon Trotsky nasceu há 98 anos

Túmulo de Leon Trótski em Coyoacán, bairro da cidade do México, no jardim da casa onde morou durante seus últimos anos de vida

Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramon Mercader, Jacques Monard ou ainda Frank Jacson (7 de fevereiro de 1914 - 18 de outubro de 1978) foi um agente no exterior do Comissariado do Povo para Assuntos Internos NKVD da URSS, na época que Josef Stalin era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. Seu ato mais conhecido foi se infiltrar na casa de Leon Trotsky, em seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte o principal rival de Stalin.
Como um suposto comerciante rico, ele tornara-se amante da trotskista norteamericana Sylvia Agelot, e infiltrara-se na casa onde Trotski morava (Volkogonov, Trotski, pp. 465), cometendo o atentado ao final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961 foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país.

Vida
Mercader nasceu em Barcelona, mas passou grande parte de sua juventude na França com sua mãe, Eustacia Maria Caridad del Río Hernández, após a separação de seus pais. Seu avô havia sido governador de Cuba. Ainda jovem abraçou o estalinismo, ajudando organizações estalinistas na Espanha durante meados dos anos 30. Esteve preso por algum tempo devido a suas atividades, mas libertado quando a Frente Popular venceu as eleições e assumiu o governo de seu país em 1936.
Nesta época sua mãe se torna uma agente soviética. Pouco tempo antes de irromper a Guerra Civil Espanhola Ramón viaja a Moscovo, com o intuito de treinar as artes da sabotagem, luta de guerrilhas e assassinato. Foi-lhe dado o nome-código “GNOME” por seus superiores.

Assassinato de Trotski
Na primavera de 1939 Stalin afirma ao agente Sudoplotov:
Cquote1.svg A guerra está próxima. O trotskismo tornou-se um cúmplice do Facismo. Devemos dar um profundo golpe na IV internacional. Como? Decapitem-na!    Cquote2.svg
 Arquivos da GPU-NKVD F.31 660, d. 9067,t,1,L.163 – Atuações no exterior. (citado em Volkogonov, D. Trotsky. pp.. 456)

Em outubro de 1939, Mercader entrara no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios. Segundo Volgokanov a operação que levou ao assassinato de Trotski custa cerca de cinco milhões de dólares ao governo estalinista (Volkogonov, Trotski, pg 458).
No dia 24 de maio de 1940, falha um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México. Um segundo plano foi rapidamente engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trotsky, consegue amizade com a secretária de Trotsky, Sylvia Agelof. Encontra-se por duas vezes com Trotsky sob o pretexto de ser um patrocinador canadiano das ideias de Trotsky . Na segunda, em 20 de agosto, no escritório da casa de Trotsky em Coyoacán (próximo da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com um piolet (pequena picareta de alpinismo). Segundo alguns relatos, os seguranças de Trotsky iriam matá-lo, mas Trotsky impediu, gritando “Não o matem! Este homem tem uma história a contar.”
Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar a sua real identidade; não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão, ficando os primeiros cinco anos em solitária (Levine, 1960 pp. 10). Apenas em agosto de 1953 sua verdadeira identidade foi descoberta, mas as suas ligações com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética, quando foram abertos os arquivos da NKVD.

Prisão, fidelidade e reconhecimento
Mesmo sendo frequentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou sua identidade ou suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu após diversas análises que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou a liberdade condicional, que lhe foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscovo, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.