terça-feira, fevereiro 07, 2012

O assassino de Leon Trotsky nasceu há 98 anos

Túmulo de Leon Trótski em Coyoacán, bairro da cidade do México, no jardim da casa onde morou durante seus últimos anos de vida

Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramon Mercader, Jacques Monard ou ainda Frank Jacson (7 de fevereiro de 1914 - 18 de outubro de 1978) foi um agente no exterior do Comissariado do Povo para Assuntos Internos NKVD da URSS, na época que Josef Stalin era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. Seu ato mais conhecido foi se infiltrar na casa de Leon Trotsky, em seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte o principal rival de Stalin.
Como um suposto comerciante rico, ele tornara-se amante da trotskista norteamericana Sylvia Agelot, e infiltrara-se na casa onde Trotski morava (Volkogonov, Trotski, pp. 465), cometendo o atentado ao final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961 foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país.

Vida
Mercader nasceu em Barcelona, mas passou grande parte de sua juventude na França com sua mãe, Eustacia Maria Caridad del Río Hernández, após a separação de seus pais. Seu avô havia sido governador de Cuba. Ainda jovem abraçou o estalinismo, ajudando organizações estalinistas na Espanha durante meados dos anos 30. Esteve preso por algum tempo devido a suas atividades, mas libertado quando a Frente Popular venceu as eleições e assumiu o governo de seu país em 1936.
Nesta época sua mãe se torna uma agente soviética. Pouco tempo antes de irromper a Guerra Civil Espanhola Ramón viaja a Moscovo, com o intuito de treinar as artes da sabotagem, luta de guerrilhas e assassinato. Foi-lhe dado o nome-código “GNOME” por seus superiores.

Assassinato de Trotski
Na primavera de 1939 Stalin afirma ao agente Sudoplotov:
Cquote1.svg A guerra está próxima. O trotskismo tornou-se um cúmplice do Facismo. Devemos dar um profundo golpe na IV internacional. Como? Decapitem-na!    Cquote2.svg
 Arquivos da GPU-NKVD F.31 660, d. 9067,t,1,L.163 – Atuações no exterior. (citado em Volkogonov, D. Trotsky. pp.. 456)

Em outubro de 1939, Mercader entrara no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios. Segundo Volgokanov a operação que levou ao assassinato de Trotski custa cerca de cinco milhões de dólares ao governo estalinista (Volkogonov, Trotski, pg 458).
No dia 24 de maio de 1940, falha um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México. Um segundo plano foi rapidamente engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trotsky, consegue amizade com a secretária de Trotsky, Sylvia Agelof. Encontra-se por duas vezes com Trotsky sob o pretexto de ser um patrocinador canadiano das ideias de Trotsky . Na segunda, em 20 de agosto, no escritório da casa de Trotsky em Coyoacán (próximo da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com um piolet (pequena picareta de alpinismo). Segundo alguns relatos, os seguranças de Trotsky iriam matá-lo, mas Trotsky impediu, gritando “Não o matem! Este homem tem uma história a contar.”
Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar a sua real identidade; não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão, ficando os primeiros cinco anos em solitária (Levine, 1960 pp. 10). Apenas em agosto de 1953 sua verdadeira identidade foi descoberta, mas as suas ligações com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética, quando foram abertos os arquivos da NKVD.

Prisão, fidelidade e reconhecimento
Mesmo sendo frequentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou sua identidade ou suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu após diversas análises que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader solicitou a liberdade condicional, que lhe foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. Após cumprir sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu.
Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscovo, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.

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