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quarta-feira, março 10, 2021

O maior desastre mineiro de sempre na Europa ocorreu há 115 anos

La catastrophe de Courrières illustrée par Le Petit Journal
   
La catastrophe de Courrières est la plus importante catastrophe minière d'Europe. Elle tire son nom de la Compagnie des mines de Courrières qui exploite alors le gisement de charbon du Bassin minier du Nord-Pas-de-Calais dans le Pas-de-Calais. Elle a lieu entre Courrières et Lens, le samedi 10 mars 1906 et a fait officiellement 1.099 morts. Ce gisement fournit alors 7 % de la production nationale de charbon. Un coup de grisou suivi d'un coup de poussière dévaste 110 kilomètres de galeries dans les fosses nos 2 à Billy-Montigny, 3 à Méricourt et 4 - 11 à Sallaumines. Le choc a été si fort que les cages ne peuvent plus circuler dans le puits no 3 et que des débris et des chevaux ont été projetés à une hauteur de dix mètres sur le carreau de la fosse.
Trois jours après l'explosion, les recherches pour retrouver les survivants sont abandonnées et une partie de la mine est condamnée, pour étouffer l'incendie et préserver le gisement. Cette gestion de la crise par la compagnie minière a été particulièrement mal vécue par les mineurs et par leurs familles.
Le 30 mars, soit vingt jours après l'explosion, treize rescapés réussissent à retrouver le puits par leurs propres moyens après avoir erré dans le noir total sur des kilomètres, un quatorzième fut retrouvé quatre jours plus tard. La catastrophe provoque une crise politique et un mouvement social qui débouche sur l'instauration du repos hebdomadaire.
  

quinta-feira, novembro 19, 2020

O acidente na mina de Pike River foi há dez anos

(imagem daqui)

   

O acidente na mina de Pike River ocorreu em 19 de novembro de 2010 em Greymouth, Nova Zelândia. Uma explosão deixou cerca de 29 mineiros presos a pelo menos 1.500 metros da entrada da mina. A jazida situa-se 120 metros abaixo da superfície, e entra-se nela primariamente pela horizontal. Dois mineiros escaparam com ferimentos leves no dia da explosão, ao escalarem um poço de ventilação.

No dia 24 de novembro de 2010, especialistas conseguiram perfurar um pequeno túnel até a galeria. Ao analisarem a qualidade do ar, foi constatada uma quantia excessiva de monóxido de carbono e gás metano, indicando quantidade insuficiente de oxigénio. Estudava-se a possibilidade de os mineiros já estarem mortos devido à intoxicação, quando uma segunda explosão dentro da galeria foi sentida da superfície, acabando com as esperanças das equipes de resgate de salvar os trabalhadores soterrados.
 
 

quarta-feira, outubro 21, 2020

O desastre de Aberfan foi há 54 anos

Mina de carvão de Aberfan em 1964, com o rejeito de minérios na parte superior esquerda. O edifício de tijolos vermelhos na metade esquerda é a Escola Secundária do Condado de Pantglas

    

O desastre de Aberfan foi o colapso catastrófico de uma mina de carvão na vila Galesa de Aberfan, perto de Merthyr Tydfil, que matou 116 crianças e 28 adultos em 21 de outubro de 1966. O colapso foi causado pela acumulação de água nos rejeitos de rocha e de xisto que, de repente, escorregaram montanha abaixo em forma de lama.

Mais de 1,4 milhões de pés cúbicos (40.000 m³) de escombros cobriu parte da aldeia em questão de minutos. As salas de aula da Escola Primária do Condado de Pantglas foram imediatamente inundadas, matando jovens, crianças e professores, pelo impacto ou por asfixia

 

 Colapso

Na manhã de sexta-feira, 21 de outubro de 1966, depois de vários dias de chuva intensa, uma subsidência de aproximadamente 10 a 20 pés (3 a 6 m) ocorreu no flanco superior de mina de carvão de Nº 7. Às 9h15 mais de 150.000 metros cúbicos (5,300,000 cu ft) de água saturado de detritos rompeu e fluiu montanha abaixo em alta velocidade. Estava ensolarado na montanha, mas na aldeia havia muito nevoeiro, com visibilidade de apenas cerca de cinqüenta metros (160 pés). A equipa que trabalhava na montanha viu o início do deslizamento, mas foi incapaz comunicar sobre a iminente tragédia devido roubo do seu cabo de telefone. O oficial de investigação, mais tarde, concluiu que o deslizamento aconteceu tão rápido que um telefonema avisando sobre o deslizamento não teria dado tempo de salvar as vidas. 

 

 Arcos brancos no Cemitério Bryntaf

  

Memorial 

O Jardim Memorial Aberfan no sítio da Escola Primária Pantglas, foi oficialmente inaugurado pela Rainha, em 9 de Maio de 1997.

 

in Wikipédia

NOTA: este é o post 23.000º deste Blog...!

domingo, julho 05, 2020

Cecil Rhodes nasceu há 167 anos

   
Cecil John Rhodes (Bishop's Stortford, Hertfordshire, 5 de julho de 1853 - Muizenberg, 26 de março de 1902) foi um colonizador e homem de negócios britânico. Foi também uma personagem essencial no projecto britânico de construção do caminho de ferro que ligaria o Cairo, no Egipto, ao Cabo, na África do Sul, nunca realizado. É também um dos principais fundadores da companhia De Beers, que na atualidade detém aproximadamente 40% de todo o mercado mundial de diamantes, mas que um dia foi responsável por 90% dele.
Ficou famosa a sua divisa pessoal "So much to do, so little time..." (Tanto para fazer, tão pouco tempo...).
   
Biografia
Nascido no condado de Hertfordshire,Cecil foi o quinto filho do reverendo Francis William Rodhes (18071878) e da sua segunda mulher, Louisa Peacock Rhodes (18161873). Teve onze irmãos, entre eles duas mulheres.
Criança brilhante mas de frágil saúde, em 1870 Cecil Rhodes tem apenas 17 anos quando, para tratar a sua asma, interrompe os seus estudos em Oxford para ir ter com o seu irmão Herbert no Natal, na África do Sul, onde o clima lhe é favorável.
Com dezanove anos converteu 3000 libras que um tio lhe havia dado, com a ideia de cultivar algodão, em licenças para explorar uma mina de diamantes em Kimberley, na África do Sul, associado a John X Merrimam e C. D. Rudd, que mais tarde o acompanhariam na fundação a De Beers Mining Company.
Em 1872, Cecil sofreu um ataque de coração, mas conseguiu recuperar. Foi então que começou a investigar as possibilidades de descobrir ouro no interior africano. Para isso, os irmãos Rhodes marcharam para norte, chegando a Mafeking. Porém, no ano seguinte, ao anunciar-se que a mina mais rica de Kimberley estava esgotada, Cecil ficou com todas as licenças que lhe ofereceram e ficou rico ao descobrir mais minas de diamantes, as quais deixou aos cuidados do seu sócio, Rudd, pois voltou para Inglaterra, com o objectivo de completar os seus estudos. Para tal inscreveu-se no Oriel College e não voltou a África antes de 1876.
Em abril de 1880, associado a Rudd, fundou a De Beers Mining Company, um investimento de 200 000 libras. Assim, em 1885, já controlava mais de 50% da economia de Kimberley.
Em 1886, ao ser descoberta uma mina de ouro em Joanesburgo, Cecil Rhodes compra grande parte desta.
Relações com a Companhia Britânica da África do Sul
A companhia foi criada por Cecil Rhodes através da fusão da Central Gold Search Association, empresa liderada por Charles Rudd, e da Exploring Company, Ltd, de Arthur Edward Maund.
Os feitos de Rhodes, no período em que atuou na companhia, foram resumidos por Daniel Litvin, que é consultor e escritor inglês, em seu livro: " Empires of Profit:
"Em um período de menos de dez anos, Rhodes e sua companhia tinham invadido ou levado a autoridade imperial britânica a se impor sobre uma região que corresponde à moderna Botswana, Zimbábue, Zâmbia, e Malaui, - uma área com três vezes o tamanho da França."
O trecho acima citado, extraído do livro: "Empires of Profit", sinaliza a atuação conjunta de Cecil Rhodes com a companhia, num longo processo de intervenção britânica na África do Sul, que ocasionou num violento esmagamento dos grupos locais sul-africanos, na perda de milhares de vidas, além da geração de lucros em escala inimaginável.
Rhodes se tornou um personagem emblemático ao se falar do expansionismo e do colonialismo inglês do século XIX, uma de suas frases mais popularizadas foi:
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes". (Cecil Rhodes 1895)
   
Rhodes e o racismo
Rhodes, assim como muitos homens de seu tempo, acreditava nas aplicação social das ideias de Darwin, o chamado darwinismo social. Devido a isso era um profundo defensor da superioridade da raça branca, em relação as demais raças. Em um de seus testamentos, intitulado: "Last Will and Testament", ele escreve:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa hipótese de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."
Talvez essas crenças na superioridade do homem branco, sejam a explicação para as empreitadas violentas, dirigidas por Rhodes, contra os nativos da África do Sul e a vontade que o acompanhou por toda a sua vida de expandir o Império britânico apesar de sua tradição anticolonialista no Congresso de Viena, sendo um dos maiores apologistas do imperialismo anglo-saxónico ao lado de Joseph Chamberlain no final do século XIX.
     
Morte
O local onde ele decidiu que seria enterrado - da mesma forma que um rei africano - foram as colinas de Matobo, onde ele dominou uma rebelião dos matabeles. O funeral de Rhodes ocorreu em 11 de abril de 1902 e ele foi enterrado perto do rei Mzilikazi. Milhares de matabeles vieram ao seu enterro, mesmo tendo sido Rhodes opressor deste povo. A cerimónia foi cristã, apesar disso os chefes guerreiros matabeles pagaram tributos a Rhodes de acordo com as suas crenças animistas locais.
   

quarta-feira, janeiro 15, 2020

Notícia interessante sobre o ródio...

O metal mais caro do mundo já vale cinco vezes mais do que o ouro

O Ródio em três diferentes formas: 1g em pó, 1g em cilindro, 1g soldado refundido (Wikipédia)
 
O preço do ródio, um metal extremamente raro utilizado na indústria auto-motriz, aumentou 31% em 2020, atingindo um novo máximo desde 2008. 
Os números são avançados esta semana pela Bloomberg, que dá conta que este metal do grupo da platina custa já cinco vezes mais do que o ouro.
O preço do ródio, utilizado na construção de catalisadores de automóveis, aumentou 225% num só ano, tendo o seu preço se multiplicado por 12 nos últimos quatro. Este aumento continuado está relacionado com a procura do setor automóvel.
Na passada sexta-feira, o preço do ródio chegou aos 8.000 dólares por onça, segundo a empresa química Johnson Matthey, citados pela Bloomberg. Alguns especialistas não exulem que o metal possa atingir os 10.000 dólares, valore já registado em 2008.
“A maior causa para o aumento registado em janeiro [de 2019] foi a procura na Ásia, que estará também relacionada com os carros. As compras incentivaram mais compras e o efeito foi massivo no mercado não regulamentado, causando uma dinâmica de preços vista, provavelmente, apenas numa década”, explicou Andreas Daniel, corretor da refinaria Heraeus Holding, também citado pela agência.
Investir no ródio é mais difícil do que noutro metais preciosos, uma vez que este não é vendido em bolsa, observa a Russia Today. O mercado deste metal é limitando, sendo a maior parte dos negócios realizada entre fornecedores e indústrias.
O ródio é o metal mais caro do mundo, sendo também extremamente raro: uma tonelada da crosta terrestre contém apenas 0,001 gramas deste metal de transição, caracterizado pelo seu elevado ponto de fusão e excelentes propriedades anti-corrosivas.
As suas propriedades refletivas são utilizadas em artigos como espelhos, refletores e jóias. A África do Sul, Rússia e Canadá são os maiores produtores mundiais de ródio.
 
 
in ZAP

quinta-feira, outubro 03, 2019

A Mina de Sal-Gema de Loulé passa a ser permanentemente visítável...!

Mina de Sal-Gema de Loulé passa a receber visitas turísticas
Por Sul Informação • 3 de outubro de 2019

Os bilhetes de entrada custam entre os 25 euros e os 15 euros



A Mina de Sal-Gema, em Loulé, vai abrir a visitas turísticas, já a partir da próxima segunda-feira, 7 de outubro. 

Assim, a partir desse dia, a Mina passará a estar aberta para visitas de segunda a sexta-feira, das 09.00 às 18.00 horas. Os bilhetes de entrada custam entre os 25 euros e os 15 euros.
Após o programa Allgarve (2008 e 2009), a Mina de Sal-Gema de Loulé limitou, nos últimos anos, as suas visitas à vertente académica, abrindo apenas para escolas, universidades e no âmbito do programa Ciência Viva no Verão.
Estando atualmente previsto um projeto de maiores dimensões, para a revitalização deste espaço para fins turísticos, a Mina de Sal-Gema de Loulé volta a abrir as portas para o público em geral.
Todos os interessados poderão, num tour interpretado de duas horas, descobrir o mundo da mina subterrânea de sal-gema com mais de 45 quilómetros de galerias e mergulhar na única mina portuguesa visitável que se localiza abaixo do nível do mar.
Com a sua abertura, todos os visitantes poderão conhecer a história deste espaço, localizado a 230 metros de profundidade, admirar formações geológicas com 230 milhões de anos.
Para esse fim, foi criado um percurso de interpretação com cerca de 1,3 quilómetros dentro da mina onde, com o auxílio de guias especializados, todos os visitantes são convidados a conhecer os processos de mineração antigos e atuais.
Para dar prossecução a esta viagem ao interior da terra, a Tech Salt S.A., concessionária das minas de Sal- Gema de Loulé, estabeleceu uma parceria com a empresa turística Picturesque Journey e, neste percurso, além de dar a descobrir a importância geológica desta mina no contexto da região, serão abordadas as inúmeras aplicações do sal-gema utilizadas pelo homem ao longo da história, até à atualidade.
Para mais informações sobre as visitas, contacte o e-mail turismo@algarverotas.com ou o telemóvel 965 561 166.

sexta-feira, julho 05, 2019

Cecil Rhodes nasceu há 166 anos

Cecil John Rhodes (Bishop's Stortford, Hertfordshire, 5 de julho de 1853 - Muizenberg, 26 de março de 1902) foi um colonizador e homem de negócios britânico. Foi também uma personagem essencial no projecto britânico de construção do caminho de ferro que ligaria o Cairo, no Egipto, ao Cabo, na África do Sul, nunca realizado. É também um dos principais fundadores da companhia De Beers, que na atualidade detém aproximadamente 40% de todo o mercado mundial de diamantes, mas que um dia foi responsável por 90% dele.
Ficou famosa a sua divisa pessoal "So much to do, so little time..." (Tanto para fazer, tão pouco tempo...).
  
Biografia
Nascido no condado de Hertfordshire,Cecil foi o quinto filho do reverendo Francis William Rodhes (18071878) e da sua segunda mulher, Louisa Peacock Rhodes (18161873). Teve onze irmãos, entre eles duas mulheres.
Criança brilhante mas de frágil saúde, em 1870 Cecil Rhodes tem apenas 17 anos quando, para tratar a sua asma, interrompe os seus estudos em Oxford para ir ter com o seu irmão Herbert no Natal, na África do Sul, onde o clima lhe é favorável.
Com dezanove anos converteu 3000 libras que um tio lhe havia dado, com a ideia de cultivar algodão, em licenças para explorar uma mina de diamantes em Kimberley, na África do Sul, associado a John X Merrimam e C. D. Rudd, que mais tarde o acompanhariam na fundação a De Beers Mining Company.
Em 1872, Cecil sofreu um ataque de coração, mas conseguiu recuperar. Foi então que começou a investigar as possibilidades de descobrir ouro no interior africano. Para isso, os irmãos Rhodes marcharam para norte, chegando a Mafeking. Porém, no ano seguinte, ao anunciar-se que a mina mais rica de Kimberley estava esgotada, Cecil ficou com todas as licenças que lhe ofereceram e ficou rico ao descobrir mais minas de diamantes, as quais deixou aos cuidados do seu sócio, Rudd, pois voltou para Inglaterra, com o objectivo de completar os seus estudos. Para tal inscreveu-se no Oriel College e não voltou a África antes de 1876.
Em abril de 1880, associado a Rudd, fundou a De Beers Mining Company, um investimento de 200 000 libras. Assim, em 1885, já controlava mais de 50% da economia de Kimberley.
Em 1886, ao ser descoberta uma mina de ouro em Joanesburgo, Cecil Rhodes compra grande parte desta.
  
Relações com a Companhia Britânica da África do Sul
A companhia foi criada por Cecil Rhodes através da fusão da Central Gold Search Association, empresa liderada por Charles Rudd, e da Exploring Company, Ltd, de Arthur Edward Maund.
Os feitos de Rhodes, no período em que atuou na companhia, foram resumidos por Daniel Litvin, que é consultor e escritor inglês, em seu livro: " Empires of Profit:
"Em um período de menos de dez anos, Rhodes e sua companhia tinham invadido ou levado a autoridade imperial britânica a se impor sobre uma região que corresponde à moderna Botswana, Zimbábue, Zâmbia, e Malaui, - uma área com três vezes o tamanho da França."
O trecho acima citado, extraído do livro: "Empires of Profit", sinaliza a atuação conjunta de Cecil Rhodes com a companhia, num longo processo de intervenção britânica na África do Sul, que ocasionou num violento esmagamento dos grupos locais sul-africanos, na perda de milhares de vidas, além da geração de lucros em escala inimaginável.
Rhodes se tornou um personagem emblemático ao se falar do expansionismo e do colonialismo inglês do século XIX, uma de suas frases mais popularizadas foi:
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes". (Cecil Rhodes 1895)
  
Rhodes e o racismo
Rhodes, assim como muitos homens de seu tempo, acreditava nas aplicação social das ideias de Darwin, o chamado darwinismo social. Devido a isso era um profundo defensor da superioridade da raça branca, em relação as demais raças. Em um de seus testamentos, intitulado: "Last Will and Testament", ele escreve:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa hipótese de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."
Talvez essas crenças na superioridade do homem branco, sejam a explicação para as empreitadas violentas, dirigidas por Rhodes, contra os nativos da África do Sul e a vontade que o acompanhou por toda a sua vida de expandir o Império britânico apesar de sua tradição anticolonialista no Congresso de Viena, sendo um dos maiores apologistas do imperialismo anglo-saxónico ao lado de Joseph Chamberlain no final do século XIX.
 
Morte
O local onde ele decidiu que seria enterrado - da mesma forma que um rei africano - foram as colinas de Matobo, onde ele dominou uma rebelião dos matabeles. O funeral de Rhodes ocorreu em 11 de abril de 1902 e ele foi enterrado perto do rei Mzilikazi. Milhares de matabeles vieram ao seu enterro, mesmo tendo sido Rhodes opressor deste povo. A cerimónia foi cristã, apesar disso os chefes guerreiros matabeles pagaram tributos a Rhodes de acordo com as suas crenças animistas locais.
  

quinta-feira, julho 05, 2018

Cecil Rhodes nasceu há 165 anos

Cecil John Rhodes (Bishop's Stortford, Hertfordshire, 5 de julho de 1853 - Muizenberg, 26 de março de 1902) foi um colonizador e homem de negócios britânico. Foi também uma personagem essencial no projecto britânico de construção do caminho de ferro que ligaria o Cairo, no Egipto, ao Cabo, na África do Sul, nunca realizado. É também um dos principais fundadores da companhia De Beers, que na atualidade detém aproximadamente 40% de todo o mercado mundial de diamantes, mas que um dia foi responsável por 90% dele.
Ficou famosa a sua divisa pessoal "So much to do, so little time..." (Tanto para fazer, tão pouco tempo...).
Biografia
Nascido no condado de Hertfordshire,Cecil foi o quinto filho do reverendo Francis William Rodhes (18071878) e da sua segunda mulher, Louisa Peacock Rhodes (18161873). Teve onze irmãos, entre eles duas mulheres.
Criança brilhante mas de frágil saúde, em 1870 Cecil Rhodes tem apenas 17 anos quando, para tratar a sua asma, interrompe os seus estudos em Oxford para ir ter com o seu irmão Herbert no Natal, na África do Sul, onde o clima lhe é favorável.
Com dezanove anos converteu 3000 libras que um tio lhe havia dado, com a ideia de cultivar algodão, em licenças para explorar uma mina de diamantes em Kimberley, na África do Sul, associado a John X Merrimam e C. D. Rudd, que mais tarde o acompanhariam na fundação a De Beers Mining Company.
Em 1872, Cecil sofreu um ataque de coração, mas conseguiu recuperar. Foi então que começou a investigar as possibilidades de descobrir ouro no interior africano. Para isso, os irmãos Rhodes marcharam para norte, chegando a Mafeking. Porém, no ano seguinte, ao anunciar-se que a mina mais rica de Kimberley estava esgotada, Cecil ficou com todas as licenças que lhe ofereceram e ficou rico ao descobrir mais minas de diamantes, as quais deixou aos cuidados do seu sócio, Rudd, pois voltou para Inglaterra, com o objectivo de completar os seus estudos. Para tal inscreveu-se no Oriel College e não voltou a África antes de 1876.
Em abril de 1880, associado a Rudd, fundou a De Beers Mining Company, um investimento de 200 000 libras. Assim, em 1885, já controlava mais de 50% da economia de Kimberley.
Em 1886, ao ser descoberta uma mina de ouro em Joanesburgo, Cecil Rhodes compra grande parte desta.
Relações com a Companhia Britânica da África do Sul
A companhia foi criada por Cecil Rhodes através da fusão da Central Gold Search Association, empresa liderada por Charles Rudd, e da Exploring Company, Ltd, de Arthur Edward Maund.
Os feitos de Rhodes, no período em que atuou na companhia, foram resumidos por Daniel Litvin, que é consultor e escritor inglês, em seu livro: " Empires of Profit:
"Em um período de menos de dez anos, Rhodes e sua companhia tinham invadido ou levado a autoridade imperial britânica a se impor sobre uma região que corresponde à moderna Botswana, Zimbábue, Zâmbia, e Malaui, - uma área com três vezes o tamanho da França."
O trecho acima citado, extraído do livro: "Empires of Profit", sinaliza a atuação conjunta de Cecil Rhodes com a companhia, num longo processo de intervenção britânica na África do Sul, que ocasionou num violento esmagamento dos grupos locais sul-africanos, na perda de milhares de vidas, além da geração de lucros em escala inimaginável.
Rhodes se tornou um personagem emblemático ao se falar do expansionismo e do colonialismo inglês do século XIX, uma de suas frases mais popularizadas foi:
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes". (Cecil Rhodes 1895)

Rhodes e o racismo
Rhodes, assim como muitos homens de seu tempo, acreditava nas aplicação social das ideias de Darwin, o chamado darwinismo social. Devido a isso era um profundo defensor da superioridade da raça branca, em relação as demais raças. Em um de seus testamentos, intitulado: "Last Will and Testament", ele escreve:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa hipótese de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."
Talvez essas crenças na superioridade do homem branco, sejam a explicação para as empreitadas violentas, dirigidas por Rhodes, contra os nativos da África do Sul e a vontade que o acompanhou por toda a sua vida de expandir o Império britânico apesar de sua tradição anticolonialista no Congresso de Viena, sendo um dos maiores apologistas do imperialismo anglo-saxónico ao lado de Joseph Chamberlain no final do século XIX.
Morte
O local onde ele decidiu que seria enterrado - da mesma forma que um rei africano - foram as colinas de Matobo, onde ele dominou uma rebelião dos matabeles. O funeral de Rhodes ocorreu em 11 de abril de 1902 e ele foi enterrado perto do rei Mzilikazi. Milhares de matabeles vieram ao seu enterro, mesmo tendo sido Rhodes opressor deste povo. A cerimónia foi cristã, apesar disso os chefes guerreiros matabeles pagaram tributos a Rhodes de acordo com as suas crenças animistas locais.

terça-feira, outubro 13, 2015

Notícia sobre a mina de Jales (II)

Consórcio falhou na mina de ouro de Jales mas Estado não resgata concessão
LUÍSA PINTO - 11.10.2015

O ouro continua sem ser explorado em Jales

Consórcio liderado pela Almada Mining, e onde está a empresa estatal EDM, não cumpriu obrigações. Tutela optou por prorrogar contrato em vez de o resgatar.

O período de concessão de prospecção e pesquisa nas minas de ouro Jales/Gralheira, em Vila Pouca de Aguiar, atribuído por três anos ao consórcio Almada Mining/Empresa de Desenvolvimento Mineiro, terminou em julho sem que as obrigações do consórcio tivessem sido integralmente cumpridas. Mesmo assim, ao invés de resgatar a concessão, quer pelo fim do prazo do período experimental, quer por incumprimento das obrigações contratualizadas, a Direcção Geral de Energia e Geologia activou o período de prorrogação previsto no contrato. Com isso, deu mais dois anos, e aceitou o pedido do consórcio para este alienar a outra empresa a sua posição de 85% do capital.

A Almada Mining (AM), detida pela canadiana Petaquilla Gold, tinha na altura da atribuição do contrato, em agosto de 2012, a exploração activa de uma mina de ouro no Panamá, bem como projectos de prospecção e exploração, semelhantes aos de Jales, em Salamanca.

No início de 2013 arrancou com a primeira fase da campanha de sondagens de prospecção (estavam previstos mais de 17 mil metros de perfuração que, após análise, iriam confirmar a viabilidade económica da mina), mas, apurou o PÚBLICO, desde setembro desse ano que não foi feito nenhum trabalho, e não chegaram a ser pagas as sondagens efectuadas (as dívidas a fornecedores, consultou o PÚBLICO nas contas reportadas em 2014, ascendem a 1,6 milhões), nem sequer foram enviadas para análise as sondagens entretanto efectuadas.

Confrontada pelo PÚBLICO, fonte do gabinete do secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, referiu que a estatal EDM, que tem uma posição minoritária de 15% no consórcio, “tem vindo a cumprir escrupulosamente as suas obrigações nos termos do consórcio” e que as reportadas dificuldades económicas da AM, “à qual não é alheia a situação geral internacional do sector mineiro, com a queda generalizada das commodities e dos mercados de capitais”, é que colocaram em risco o cumprimento dos contratos em vigor.

O investimento anunciado na concessão das minas de Jales/Gralheira ascendia a 66 milhões de euros e foi feito numa altura em que a cotação do ouro se situava nos 1600 dólares por onça (isto depois de ter havido um pico, em 2011, que atingiu os 1800 dólares). Actualmente, a cotação ronda os 1100 dólares.

Considerado como como um dos projectos com maior potencial geológico no país, a tutela optou por aceitar o pedido formal do consórcio de fazer a transmissão dos 85% do capital que ainda detém.

Questionada acerca da possibilidade de a EDM ter um papel mais activo no consórcio, nomeadamente através da sua posição no mesmo, a mesma fonte do gabinete do secretário de estado da Energia respondeu que a tutela não entendeu essa solução como viável “dados os montantes de investimento que estão em causa e o risco inerente ao mesmos, tendo aqui presente um princípio de racionalidade económica em face dos recursos financeiros públicos disponíveis”.

Ricardo Oliveira Pinto, vice-presidente da EDM, afirmou que essa não poderia ser, também, a vocação da empresa pública que, enquanto tal, estaria no sector a fazer concorrência às empresas privadas. É, antes, “um garante da estabilidade do projecto”, e um fiel depositário “dos muitos anos de informação que existem relativos à exploração prévia da mina”.

A autorização administrativa para cedência da posição contratual foi dada pelo Estado ao mesmo tempo que entendeu activar a prorrogação do prazo que estava previsto no contrato inicial. Esta opção sobrepôs-se a outra que poderia ter estado em cima da mesa e que, segundo algumas fontes do sector ouvidas pelo PÚBLICO, seria a que mais adequada em termos legais: optar pelo resgate da concessão, e voltar a lançar a concessão no mercado, fomentando a concorrência.

Segunda a tutela, o processo de administrativo de cedência da posição contratual encontra-se ainda “em curso”, depois da empresa inicialmente indicada pela AM não ter garantido os pressupostos financeiros acordados para a transmissão. Actualmente, a EDM e a AM encontram-se “em conversações adiantadas com vários interessados no sentido de garantir a posição da AM e a continuidade do projecto nos moldes previamente acordados”.

Conhecedora da situação de impasse em que se encontra o consórcio, fonte oficial da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar disse ter “esperança” que seja rapidamente resolvido. “O processo não é da responsabilidade da autarquia, no entanto, há a expectativa que venha a resolver-se e que o cronograma dos trabalhos seja retomado”.

in Público - ler notícia

segunda-feira, outubro 12, 2015

Notícia sobre a mina de Jales (I)

Jales já foi chão que deu ouro
LUÍSA PINTO - 11.10.2015

A área de concessão da exploração de ouro em Jales/Gralheira atinge os 1.540 hectares, distribuídos pelas freguesias de Vreira de Jales e Alfarela de Jales. O consórcio Almada Mining/EDM comprometeu-se, em julho de 2012, a provar, ao Estado Português e ao mundo, que era possível, vinte anos depois, voltar a extrair ouro daquelas minas. As sondagens efectuadas durante a prospecção iriam demonstrar, como esperado, que ainda há ouro naquelas aldeias de Vila Pouca de Aguiar, e o período de três anos, estabelecido no contrato de concessão experimental, serviria para isso mesmo: fazer os necessários trabalhos de prospecção e pesquisa para avaliar melhor a viabilidade económica do projecto.

O ciclo económico de vida de uma exploração mineira é muito diferente de todas as outras actividades. Em primeiro lugar, por causa do desconhecimento inicial relativo à existência do minério necessário para uma exploração rentável economicamente. Em segundo, devido ao avultado investimento que é necessário, não só para os estudos de prospecção e de pré-viabilidade, mas também para os trabalhos de construção da própria mina. Em terceiro lugar, pelo facto do minério ser comercializado em bolsa, o que significa que os preços são ditados não pelo produtor, mas sim pelo consumidor.

A fase crítica do projecto mineiro costuma acontecer na procura de financiamento, já depois de identificado o potencial da mina. No caso das minas de Jales, aconteceu bem antes disso, com as perspectivas de entrada na fase industrial (e de construção da mina e a sua exploração, propriamente dita, altura em que costumam entrar no processo as grandes multinacionais) ainda muito longe no horizonte. Mas nas pequenas aldeias do concelho de Vila Pouca de Aguiar são muitos os que ainda acreditam que vão voltar a ver sair dali muitos quilos de ouro. E esta é uma fé interessada, até porque o município conseguiu garantir, como contrapartida, 2,5% dos lucros líquidos na fase de exploração definitiva das minas de Jales/Gralheira.

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segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Mais novidades paleontológicas da Guimarota, em Leiria

Fóssil de cobra portuguesa é dos mais antigos do mundo

Ilustração da cobra portuguesa Portugalophis lignites, com 155 milhões de ano

Fóssil da cobra, que está no Museu Geológico de Lisboa


Foi encontrada numa mina perto de Leiria nos anos 1970. Daí viajou para a Alemanha, onde esteve até regressar a Portugal em 2008. Desde então tem sido estudada pela equipa de um paleontólogo canadiano, que agora a incluiu na lista dos fósseis de cobras mais antigos que se conhecem.

Recorde dos países com as cobras mais antigas da Terra: o primeiro lugar vai para Inglaterra, com 167 milhões de anos; o segundo para Portugal, ex-aequo com os Estados Unidos, com 155 milhões de anos; e o terceiro, com cerca de 140 milhões de anos, vai de novo para Inglaterra. Podem arrumar-se assim os fósseis de quatro cobras revelados na última edição da revista Nature Communications, que de uma assentada fazem recuar os vestígios mais antigos destes em répteis em quase 70 milhões de anos. E os da cobra portuguesa remetem para a história de uma antiga mina de carvão na zona de Leiria, famosa entre os paleontólogos de todo o mundo, e para as preciosidades que os museus têm à espera de serem desvendadas.

Visitemos já o local onde se descobriram os fósseis da cobra portuguesa: a antiga mina da Guimarota. Há décadas que é referida em artigos de paleontologia por todo o lado, principalmente porque lá se encontraram fósseis de mamíferos primitivos, do período do Jurássico Superior, com cerca de 150 milhões de anos. Nesses tempos, os mamíferos eram muito pequenos, do tamanho de ratinhos e, os maiores, de ouriços.

Os primeiros mamíferos da Terra tinham aparecido muito antes, há cerca de 230 milhões de anos, tal como os dinossauros. Mas os mamíferos da Guimarota ajudaram a completar uma parte dessa história, mostrando como eram os mamíferos primitivos. A Guimarota forneceu, por exemplo, o primeiro esqueleto de um mamífero do Jurássico, descoberto em 1976: o Henkelotherium guimarotae, que vivia nos ramos das árvores e comia insectos.

Até 1961, extraiu-se lenhite (um carvão) desta mina, altura em que encerrou por falência. Por acaso, dois anos antes, um paleontólogo alemão da Universidade Livre de Berlim (Walter Kühne, acompanhado por um estudante de geologia) veio a Portugal em prospecção paleontológica, à procura de mamíferos em jazidas de dinossauros. Foi então que ouviu falar da última mina que ainda explorava os sedimentos jurássicos da Bacia Lusitânica, e onde talvez houvesse os fósseis que tanto desejava encontrar.

A Bacia Lusitânica formou-se há aproximadamente 150 milhões de anos, quando as massas continentais da Europa e da América do Norte se começaram a afastar e, no meio delas, ia nascendo o Atlântico Norte. A Bacia Lusitânica criou-se na faixa Oeste da Península Ibérica, compreendida entre o Norte de Aveiro e a Península de Setúbal. Eram águas pouco profundas e o Atlântico Norte no Jurássico Superior não era propriamente a vastidão de hoje.

A zona da mina da Guimarota era então um pântano. Num ambiente subtropical, a vegetação exuberante. Havia coníferas, cicas, fetos.

Nas primeiras visitas à mina, Walter Kühne detectou a presença de conchas de amêijoas, fragmentos de tartarugas, escamas de peixes e, a certa altura, o estudante de geologia apanhou um bocado de carvão com um fóssil incrustado e perguntou-lhe: “Professor, isto é aquilo que estamos à procura?” Era o crânio de um mamífero primitivo.

Logo em 1960, Walter Kühne veio para a primeira campanha de escavação e os trabalhos científicos prosseguiram nos dois anos seguintes, apesar de a mina já não ser explorada. Durante a década de 1960, os cientistas foram recolhendo mais material, mas só dos escombros. No entanto, por causa da importância dos fósseis encontrados, a mina foi reaberta entre 1973 e 1982 só para os cientistas. Estava submersa, como agora, e o Estado alemão pagou a operação de reabertura e as escavações.

Fósseis, não só de mamíferos, mas também de crocodilos, peixes, anfíbios, lagartos, dinossauros, pterossauros ou aves primitivas foram sendo levados para a Alemanha. Durante mais de 30 anos, uma única preparadora dedicou-se a tempo inteiro a removê-los do carvão e a deixá-los em condições de serem estudados - o que foi sendo feito por mais de duas dezenas de investigadores alemães ao longo destes anos, que resultaram em mais de cem artigos científicos.

Embora tenham sido os mamíferos a tornar a mina mundialmente conhecida, permitindo a descrição de cerca de uma dezena de mamíferos novos para a ciência, as novidades estenderam-se a crocodilos, peixes, anfíbios ou lagartos. E, agora, às cobras.

Eis a Portugalophis lignites
No artigo na Nature Communications, a equipa de Michael Caldwell, da Universidade de Alberta, no Canadá, classifica os fósseis da cobra da Guimarota como uma espécie e, mais ainda, um género novos para a ciência. O nome: Portugalophis lignites. O género Portugalophis significa “cobra de Portugal”, uma vez que ophis é “cobra” em grego, e lignites vem da palavra lignumem latim, remetendo para a mina de lenhite da Guimarota.

Era a maior das quatro cobras descritas, estimando-se que tivesse 1,2 metros de comprimento e, segundo a agência Reuters, pode ter incluído na dieta os minúsculos mamíferos primitivos do Jurássico, bem como pequenos dinossauros, lagartos, aves ou rãs. Numa ilustração divulgada pela equipa, surge representada em cima de um gingko, árvores do Jurássico que ainda existem hoje e que fizeram parte da paisagem da Bacia Lusitânica.

Contemporânea da cobra de Portugal com os seus 155 milhões de anos é a Diablophis gilmorei, também nova para a ciência, encontrada em depósitos fluviais, afastados da costa, no Colorado, Estados Unidos. Mais nova evolutivamente do que a cobra portuguesa e a norte-americana é a Parviraptor estesi, descoberta numa zona de arribas em Inglaterra e que tem os já mencionados 140 milhões de anos. De comprimento teria 60 centímetros.

A decana das cobras é, no entanto, a Eophis underwoodi: com 167 milhões de anos, estava nos sedimentos de uma pedreira perto de Oxford, Inglaterra, e o seu corpo teria à volta de 25 centímetros. Comeria peixes pequeninos, girinos e insectos.

Tirando a norte-americana Diablophis gilmorei, que vivia numa zona continental interior, todas as outras cobras tinham como habitat zonas costeiras pantanosas, como a Bacia Lusitânica por onde se passeava a Portugalophis lignites.

As quatro cobras - três novas para a ciência e a quarta, a Parviraptor estesi, uma reclassificação - são todas mais antigas do que os fósseis identificados até agora. Antes, só tínhamos fósseis de cobras com cerca de 100 milhões de anos, na transição do Cretácico Inferior para o Superior. Embora fragmentados, esses registos revelavam animais bastante diversos uns dos outros, indicando ter havido um caminho evolutivo já percorrido, e habitavam ecossistemas distintos em vários locais, como África e América do Norte e do Sul.

Mas as grandes questões na paleontologia das cobras mantinham-se em aberto. Pelos fósseis anteriores, via-se que a ordem dos escamados (Squamata), onde se incluem as cobras e os lagartos, se diversificou há mais de 100 milhões de anos, para ir dando origem a novas espécies. As cobras terão evoluído a partir dos lagartos. Mas exactamente quando, onde e como ocorreu essa diversificação dentro da ordem dos escamados eram questões em aberto.

O recuo do registo geológico em quase 70 milhões de anos, até aos 167 milhões de anos, graças às descobertas agora relatadas, aproxima os cientistas da origem das primeiras cobras. E mostra também que o aparecimento súbito de fósseis de cobras com 100 milhões de anos só reflecte uma lacuna nos registos e não a existência de uma explosão das espécies de cobras primitivas nessa altura, refere um comunicado da Universidade de Alberta. Assim, entre os 167 e os 100 milhões de anos, as cobras foram evoluindo em direcção a um corpo alongado e membros bastante reduzidos, como se pode observar nos fósseis de cobras com 100 milhões de anos da Cisjordânia, Líbano e Argentina. Embora pequenos, ainda tinham membros traseiros.

Para descrever as quatro cobras, a equipa não tinha esqueletos inteiros, mas, sendo elas tão velhas, pensa que todas conservavam ainda os membros tanto traseiros como dianteiros. O que não quer dizer que andassem: “É provável que deslizassem, embora os membros também possam ter sido usados para agarrar”, diz Michael Caldwell à Reuters.

Quando é que terão então aparecido as primeiras cobras? “É muito claro que as [quatro] cobras mais antigas não são as primeiras, por isso devem ter aparecido há muito mais de 167 milhões de anos”, responde-nos Michael Caldwell. “Diria que as primeiras cobras têm mais de 200 milhões de anos.”

Regresso a Lisboa
Perguntámos ainda ao paleontólogo canadiano como soube dos fósseis da cobra portuguesa? Conta então que esses exemplares faziam parte dos materiais levados para a Alemanha, na década de 1970, e que tinham sido erradamente classificados como lagartos. “Alguns materiais dos lagartos foram descritos por Annette Richter e Susan Evan na década de 1990, mas mantiveram-se em Berlim.” Em 2008, Michael Caldwell, contactou Miguel Ramalho, director do Museu Geológico, em Lisboa, para saber se os fósseis tinham entretanto voltado a Portugal. Não tinham.

Miguel Ramalho já andava há alguns anos a tentar que os fósseis da Guimarota viessem para o país de origem, como aliás tinha ficado acordado - os primeiros chegaram em 2007, incluindo os dos preciosos mamíferos primitivos. “Estão-se a descobrir coisas novas a partir de colecções antigas guardadas aqui no museu. Todos os anos, temos cerca de 50 investigadores nacionais e estrangeiros a estudar materiais”, frisa Miguel Ramalho.

Quanto aos fósseis de “lagarto”, Michael Caldwell também contribuiu para a sua devolução a Portugal e agora estão no Museu Geológico. Primeiro, localizou-os no laboratório de Annette Richter, em Berlim, e em seguida Miguel Ramalho pediu o seu regresso. “Eu e o meu colega Randy Nydam trouxemo-los para Lisboa em 2008. Estudámos os materiais aí, pedimo-los emprestados em 2012 e escrevemos o artigo”, diz o paleontólogo, que já os devolveu outra vez. “Desde então, tenho ido várias a Lisboa para ver os materiais.”

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quinta-feira, outubro 17, 2013

Arqueologia e tafonomia numa estranha notícia sobre seres humanos, incêndios e um sismo

Como quatro cérebros cozidos há 4000 anos chegaram até nós

Um dos cérebros fossilizados com 4000 anos

Cérebros encontrados na escavação

Um dos esqueletos encontrados na escavação

Casa onde se descobriram os cérebros

Condições únicas de mumificação permitiram a preservação de quatro cérebros humanos na região da Anatólia, na Turquia.

Nos últimos oito anos, escavações – que antecederam a exploração de carvão que a empresa Seyitömer Lignite quer fazer no monte Seyitömer Höyük, na região de Kütahya, na Turquia – puseram a descoberto cinco milénios de história da humanidade, cerca de 17 mil artefactos e, agora, quatro cérebros humanos cozidos. O estudo destes cérebros cozidos e bem conservados foi publicado online na revista Homo – Journal of Comparative Human Biology.
O monte, de 23,5 metros de altura, que corresponde a uma zona de habitação ancestral com 150 metros quadrado, mostra sinais de um sismo ocorrido na Idade do Bronze, que terá levado à queda de casas e consequente incêndio, deixando subterradas e carbonizadas pelo menos seis pessoas. Os seus esqueletos foram encontrados no interior de uma casa, rodeados por outros objectos também carbonizados. Mas o que mais impressionou os cientistas foram os cérebros dentro de quatro dos crânios, com 4.000 anos.
Noticiada pela revista britânica Newscientist, esta foi uma descoberta extremamente rara porque os tecidos do cérebro são os que se decompõem mais rapidamente após a morte. A mumificação natural, responsável pela fraca deterioração dos tecidos dos cadáveres, ocorre em condições específicas, como temperaturas muito baixas (como nos glaciares), ambiente seco (como no deserto) e condições ácidas ou com baixa concentração de oxigénio (como nas turfeiras).
Para a conservação destes cérebros contribuíram vários factores. Logo após a morte dos indivíduos, o incêndio e as altas temperaturas originadas fizeram com que os cérebros fossem cozidos nos próprios fluídos cerebrais. Para além disso, o incêndio consumiu todo o oxigénio e a humidade presente no espaço, criando mais uma condição para a conservação dos cérebros.
Depois de subterrados, contaram com o próprio solo para manterem a integridade. O boro (elemento químico) é um repelente natural de insectos e bactérias e era utilizado nas mumificações no Egipto. O potássio, magnésio e alumínio, elementos químicos responsáveis por tornarem o solo alcalino (pH alto), promovem a saponificação, formação da “cera dos cadáveres” que preservou o formato dos tecidos cerebrais.
No cérebro em melhor estado de preservação, que será exposto num museu, a equipa de cientistas, liderada por Meriç Altinöz, do Departamento de Biologia Molecular e Genética da Universidade de Halic, na Turquia, já fez uma tomografia axial computorizada (TAC). Neste exame, identificaram-se todas as regiões cerebrais. Pela observação directa detectaram-se também algumas perturbações nos lobos frontais desse cérebro.
  
Para uma história das doenças neurológicas
Noutros dois cérebros foram sujeitos à observação microscópica de “fatias” dos seus tecidos e à análise dos componentes biológicos (como gorduras) ou de elementos químicos (também analisados no solo do local), comparando-os com os de outros cérebros mumificados e com cérebros actuais.
Vários metais pesados (como mercúrio e alumínio) foram encontrados tanto no cérebro como nos ossos e dentes, e também no solo, mostrando que, para além da contaminação que possa ter existido devido aos cadáveres estarem subterrados, houve incorporação desses elementos durante a vida dos indivíduos, sinal de uma actividade profissional que implicava, por exemplo, a exploração mineira e a exposição aos elementos presentes nos solos daquela região.
Salvo temporariamente da exploração mineira, espera-se que este local arqueológico, escavado pela equipa de Nejat Bilgen, do Departamento de Arqueologia da Universidade Dumlupinar, também na Turquia, traga contributos para a história da região da Anatólia. E não só.
“Os cérebros de Seyitömer contribuíram com mais informação sobre novas formas de tafonomia (estudo de organismos em decomposição ao longo do tempo e como fossilizaram) nos tecidos humanos”, conclui a equipa de Meriç Altinöz, no artigo científico. Num comentário à descoberta na revista Newscientist, Frank Rühli, da Universidade de Zurique (na Suíça), que não fez parte do estudo, destacou, por sua vez, como é importante verificar se nos crânios encontrados em escavações arqueológicas ainda restaram tecidos cerebrais. “Se quisermos saber mais sobre a história das doenças neurológicas, temos de ter tecidos como estes”, acrescentou.


domingo, julho 28, 2013

A Mina de Sal Gema de Loulé em programa televisivo

Economia Verde - episódio 90

As pedras de sal que, em Loulé, são um empecilho para uma equipa de exploração mineira, são bem-vindas para o chef Leonel Pereira, do restaurante São Gabriel.

O Economia Verde é programa de TV que resulta de uma parceria entre a SIC Notícias, o Green Savers e os Green Project Awards.


NOTA: os nossos parabéns ao amigo, colega de Coimbra e engenheiro geólogo Alexandre Andrade, por mais esta iniciativa...

sexta-feira, julho 05, 2013

Cecil Rhodes nasceu há 160 anos

Cecil John Rhodes (Bishop's Stortford, Hertfordshire, 5 de julho de 1853 - Muizenberg, 26 de março de 1902) foi um colonizador e homem de negócios britânico. Foi também uma personagem essencial no projecto britânico de construção do caminho de ferro que ligaria o Cairo, no Egipto, ao Cabo, na África do Sul, nunca realizado. É também um dos principais fundadores da companhia De Beers, que na atualidade detém aproximadamente 40% de todo o mercado mundial de diamantes, mas que um dia foi responsável por 90% dele.
Ficou famosa a sua divisa pessoal "So much to do, so little time..." (Tanto para fazer, tão pouco tempo...).

Biografia
Nascido no condado de Hertfordshire,Cecil foi o quinto filho do reverendo Francis William Rodhes (18071878) e da sua segunda mulher, Louisa Peacock Rhodes (18161873). Teve onze irmãos, entre eles duas mulheres.
Criança brilhante mas de frágil saúde, em 1870 Cecil Rhodes tem apenas 17 anos quando, para tratar a sua asma, interrompe os seus estudos em Oxford para ir ter com o seu irmão Herbert no Natal, na África do Sul, onde o clima lhe é favorável.
Com dezanove anos converteu 3000 libras que um tio lhe havia dado, com a ideia de cultivar algodão, em licenças para explorar uma mina de diamantes em Kimberley, na África do Sul, associado a John X Merrimam e C. D. Rudd, que mais tarde o acompanhariam na fundação a De Beers Mining Company.
Em 1872, Cecil sofreu um ataque de coração, mas conseguiu recuperar. Foi então que começou a investigar as possibilidades de descobrir ouro no interior africano. Para isso, os irmãos Rhodes marcharam para norte, chegando a Mafeking. Porém, no ano seguinte, ao anunciar-se que a mina mais rica de Kimberley estava esgotada, Cecil ficou com todas as licenças que lhe ofereceram e ficou rico ao descobrir mais minas de diamantes, as quais deixou aos cuidados do seu sócio, Rudd, pois voltou para Inglaterra, com o objectivo de completar os seus estudos. Para tal inscreveu-se no Oriel College e não voltou a África antes de 1876.
Em abril de 1880, associado a Rudd, fundou a De Beers Mining Company, um investimento de 200 000 libras. Assim, em 1885, já controlava mais de 50% da economia de Kimberley.
Em 1886, ao ser descoberta uma mina de ouro em Joanesburgo, Cecil Rhodes compra grande parte desta.

Relações com a Companhia Britânica da África do Sul
A companhia foi criada por Cecil Rhodes através da fusão da Central Gold Search Association, empresa liderada por Charles Rudd, e da Exploring Company, Ltd, de Arthur Edward Maund.
Os feitos de Rhodes, no período em que atuou na companhia, foram resumidos por Daniel Litvin, que é consultor e escritor inglês, em seu livro: " Empires of Profit:
"Em um período de menos de dez anos, Rhodes e sua companhia tinham invadido ou levado a autoridade imperial britânica a se impor sobre uma região que corresponde à moderna Botswana, Zimbábue, Zâmbia, e Malaui, - uma área com três vezes o tamanho da França."
O trecho acima citado, extraído do livro: "Empires of Profit", sinaliza a atuação conjunta de Cecil Rhodes com a companhia, num longo processo de intervenção britânica na África do Sul, que ocasionou num violento esmagamento dos grupos locais sul-africanos, na perda de milhares de vidas, além da geração de lucros em escala inimaginável.
Rhodes se tornou um personagem emblemático ao se falar do expansionismo e do colonialismo inglês do século XIX, uma de suas frases mais popularizadas foi:
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes". (Cecil Rhodes 1895)

Rhodes e o racismo
Rhodes, assim como muitos homens de seu tempo, acreditava nas aplicação social das ideias de Darwin, o chamado darwinismo social. Devido a isso era um profundo defensor da superioridade da raça branca, em relação as demais raças. Em um de seus testamentos, intitulado: "Last Will and Testament", ele escreve:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa hipótese de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."
Talvez essas crenças na superioridade do homem branco, sejam a explicação para as empreitadas violentas, dirigidas por Rhodes, contra os nativos da África do Sul e a vontade que o acompanhou por toda a sua vida de expandir o Império britânico apesar de sua tradição anticolonialista no Congresso de Viena, sendo um dos maiores apologistas do imperialismo anglo-saxónico ao lado de Joseph Chamberlain no final do século XIX.

Morte
O local onde ele decidiu que seria enterrado - da mesma forma que um rei africano - foram as colinas de Matobo, onde ele dominou uma rebelião dos matabeles. O funeral de Rhodes ocorreu em 11 de abril de 1902 e ele foi enterrado perto do rei Mzilikazi. Milhares de matabeles vieram ao seu enterro, mesmo tendo sido Rhodes opressor deste povo. A cerimónia foi cristã, apesar disso os chefes guerreiros matabeles pagaram tributos a Rhodes de acordo com as suas crenças animistas locais.