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quinta-feira, abril 21, 2022

Papa Doc, o infame ditador que exauriu o Haiti, morreu há cinquenta e um anos

  
François Duvalier, conhecido como Papa Doc (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971, Haiti) foi médico, etnólogo e ex-ditador do Haiti. Foi eleito presidente daquele país em 1957 e, apesar de ataques sucessivos de grupos políticos internos, consolidou um regime centralizador e autoritário, com o aval do governo norte-americano. Manteve o poder com o apoio de uma guarda civil que lhe era leal, conhecida como tontons macoutes (vulgo os bichos-papões, em português).
Antes de chegar à presidência, em 1957, era tido na política como um sujeito passivo e brando, a tal ponto que os que lhe apelidaram de Papa Doc o fizeram porque notaram o quanto ele era afetivo ao cuidar de pacientes camponeses (como um papá doutor). Mas logo que assumiu o poder, para a surpresa de todos, logo se transformou num vingativo ditador e massacrou aqueles que poderiam tirá-lo de alguma forma de poder. A oposição que sobrou era nitidamente controlada por Papa Doc.
Os editores dos principais jornais e donos de emissoras de rádio daquele país foram presos tão logo que Papa Doc assumiu o poder. Em dois anos de governo, conseguiu castrar completamente qualquer foco de oposição ou resistência provenientes da polícia e do exército, criando o seu próprio exército, a sua guarda pretoriana.
Deu ordens para a produção regular de panfletos informativos, onde, entre outras informações, se designava por Deus.
Criou também uma taxa obrigatória para a população para a construção da Duvalierville, a cidade de Duvalier, altamente ostentatória. O dinheiro desta taxa foi irrisoriamente aplicado na construção daquela cidade, indo parar mesmo nos cofres de Duvalier.
Expulsou todos os Bispos e outros representantes católicos do País, colocando em seus lugares aliados de seu governo, o que acabou gerando conflitos com o Vaticano. As grandes propriedades de terra foram expropriadas por Doc e grande parte serviu para a construção de academias de Tontons Macoutes.
No final de seu governo, o Haiti era a nação mais pobre das Américas, o índice de analfabetismo estava entre os primeiros e a saúde pública estava em estado caótico.
Ao morrer (em 1971) foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, que recebeu a alcunha de Baby Doc.
   

quinta-feira, abril 14, 2022

O ditador François Duvalier, dito o Papa Doc, nasceu há 115 anos

François Duvalier (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971), também conhecido como Papa Doc, foi um político e médico haitiano que serviu como Presidente do Haiti de 1957 a 1971. Ele foi eleito Chefe de Estado da sua nação com uma plataforma populista e de nacionalismo negro. Após deter um golpe militar em 1958, o seu regime tomou um caráter totalitário e despótico. Entre um dos seus atos mais notórios foi a formação de um esquadrão da morte, conhecido como Tonton Macoute (em crioulo haitiano: Tonton Makout), cujo principal propósito era assassinar opositores do governo de Duvalier; os Tonton Macoute eram tão eficientes nas suas atividades clandestinas de caçar e matar dissidentes, que a população geral haitiana ficava extremamente receosa de expressar qualquer forma de descontentamento com o governo, mesmo que em privado.

Duvalier buscou consolidar o seu poder ao incorporar elementos da mitologia haitiana no culto à personalidade que foi erguido à sua volta. O seu governo foi marcado por prisões arbitrárias, tortura e morte de opositores, corrupção e nepotismo. No âmbito externo, de início manteve-se alinhado aos Estados Unidos, mas quando o seu regime começou a ficar cada vez mais opressor, os americanos foram lentamente cortando os seus laços com ele. Em 1962, Papa Doc anunciou que seu país rejeitaria qualquer ajuda monetária vinda do governo americano. Ele então se apropriou de toda a ajuda externa que vinha para o Haiti, desviando milhões de dólares para contas pessoais. Com o passar dos anos, o seu regime foi se tornando cada vez mais repressivo. Bens privados eram expropriados pelo governo e toda a oposição era silenciada. Fome e má-nutrição tornaram-se recorrentes. Por causa destas atrocidades, Duvalier era chamado de "Diabo do Haiti".

Durante o seu regime, a economia do Haiti sofreu, enquanto ele acumulava uma enorme fortuna pessoal. A repressão política e a falta de oportunidades fez com que houvesse uma enorme fuga de cérebros do país, com a elite intelectual haitiana fugindo em grande número para o exterior. Ainda assim a sua popularidade permaneceu alta durante boa parte do seu governo, sustentada pela população maioritariamente rural, que dependia de subsídios do governo para se manter relevante economicamente. O seu discurso do nacionalismo negro também ressoava na classe média-baixa.

Antes de se tornar presidente, Duvalier foi um médico com certo prestígio. O seu profissionalismo e conhecimento da área deram-lhe a alcunha de "Papa Doc". Uma vez no poder, foi reeleito, em 1961, numa eleição conturbada, onde ele foi o único candidato nas listas de voto. Em seguida, continuou a consolidar o seu poder até ao ponto em que, em 1964, se proclamou Président à vie ("presidente vitalício") após outra eleição fraudulenta, mantendo-se no poder até á sua morte, em abril de 1971. Ele foi sucedido por seu filho, Jean‑Claude, que foi apelidado de "Baby Doc".
  
(imagem daqui)
 

quarta-feira, janeiro 12, 2022

Port-au-Prince, a capital do Haiti, foi arrasada por um terramoto há doze anos...

Porto Príncipe: uma das áreas atingidas pelo sismo de 11 de janeiro de 2010
  
Epicentro 18° 27' 25,2" N 72° 31' 58,8" O
Hipocentro 10 km
Magnitude 7,0 MW
Data 12 de janeiro de 2010
Zonas atingidas Haiti República Dominicana  Cuba  Jamaica  Bahamas
Vítimas100.000 - 316.000 mortos, 350. 000 feridos, mais de 1,5 milhão de afetados e 4 mil amputações
  
O sismo do Haiti de 2010 foi um terramoto catastrófico que teve o seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 km da capital haitiana, Porto Príncipe (Port-au-Prince), foi registado às 16h53m10s da hora local (21h53m10s UTC), na terça-feira, 12 de janeiro de 2010. O abalo alcançou a magnitude 7,0 Mw e ocorreu a uma profundidade de 10 km. O Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma série de pelo menos 33 réplicas sismológicas, 14 das quais eram de magnitude 5,0Mw a 5,9Mw. O Comité Internacional da Cruz Vermelha estima que cerca de três milhões de pessoas foram afetadas pelo sismo; o Ministro do Interior do Haiti, Paul Antoine Bien-Aimé, antecipou em 15 de janeiro que o desastre teria tido como consequência a morte de 100.000 a 200.000 pessoas.
O terramoto causou grandes danos a Port-au-Prince, Jacmel e outros locais da região. Milhares de edifícios, incluindo os elementos mais significativos do património da capital, como o Palácio Presidencial, o edifício do Parlamento, a Catedral de Notre-Dame de Port-au-Prince, a principal prisão do país e todos os hospitais, foram destruídas ou gravemente danificadas. A Organização das Nações Unidas informou que a sede da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH), localizada na capital, desabou e que um grande número de funcionários da ONU havia desaparecido. A morte do Chefe da Missão, Hédi Annabi, foi confirmada a 13 de janeiro pelo presidente René Préval.
Muitos países responderam aos apelos pela ajuda humanitária, prometendo fundos, expedições de resgate, equipes médicas e engenheiros. Sistemas de comunicação, transportes aéreos, terrestres e aquáticos, hospitais, e redes elétricas foram danificados pelo sismo, o que dificultou a ajuda nos resgates e de suporte; confusões sobre o comando das operações, o congestionamento do tráfego aéreo, e problemas com a priorização de voos dificultou ainda mais os trabalhos de socorro. As morgues de Port-au-Prince foram rapidamente esmagadas; o governo haitiano anunciou em 21 de janeiro que cerca de 80 mil corpos foram enterrados em valas comuns. Com a diminuição dos resgates, as assistências médicas e sanitárias tornaram-se prioritárias. Os atrasos na distribuição de ajuda levaram a apelos raivosos de trabalhadores humanitários e sobreviventes, e alguns furtos e violências esporádicos foram observados.
   
Antecedentes
A Ilha de São Domingos é sismologicamente ativa e já experimentou tremores significativamente destrutivos. Ocorreu um terramoto em 1751, quando a ilha ainda estava sob domínio francês, e outro em 1770. De acordo com o historiador francês Moreau de Saint-Méry (1750–1819), "apenas um edifício de alvenaria não desabou" em Port-au-Prince após o sismo de 18 de outubro de 1751, porém "a cidade inteira desmoronou" durante o terramoto de 3 de junho de 1770. Um outro abalo atingiu a cidade de Cap-Haïtien e outras cidades na parte norte do Haiti e da República Dominicana, destruídas a 7 de maio de 1842. Em 1946, um sismo de magnitude 8,0 Mw atingiu a República Dominicana e também atingiu o Haiti, produzindo uma tsunami que matou  1.790 pessoas e feriu muitas outras.
Num estudo de risco de terramoto, em 1992, feito por C. DeMets e M. Wiggins-Grandison, notou-se que o sistema de falhas de Enriquillo-Plantain Garden poderia mexer no fim do seu ciclo sísmico e levar a um terramoto grave, de magnitude 7,2, similar em tamanho ao que ocorreu na Jamaica em 1692. Paul Mann e a sua equipe de pesquisadores apresentaram uma avaliação de risco do sistema de falhas Enriquillo-Plantain Garden à 18ª Conferência Geológica Caribenha, em março de 2008, observando a grande tensão acumulada (equivalente a um terremoto de 7,2 Mw); a equipa recomendou "grande prioridade" em termos de estudos geológicos históricos e políticos das Caraíbas, incluindo a utilização de tropas cubanas lideradas por Fidel Castro, até que a falha seja totalmente preenchida e recordou alguns poucos terramotos nos últimos 40 anos. Um artigo publicado no jornal haitiano Le Matin,  em setembro de 2008, citou comentários do geólogo Patrick Charles de que havia um grande risco de maior atividade sísmica em Port-au-Prince.
O Haiti é o país mais pobre da América. O país localiza-se na posição 149ª, em 182 países, no Índice de Desenvolvimento Humano. Há uma preocupação sobre a capacidade dos serviços de emergência para lidar com uma catástrofe de grandes proporções, e o país é considerado "economicamente vulnerável" pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Além disso, a nação foi atingida por vários furacões, causando inundações e danos generalizados, mais recentemente em 2008 com a Tempestade tropical Fay e o Furacão Gustav, induzindo o jornalista do Miami Herald Leonard Pitts, Jr. a perguntar "se o planeta não está conspirando contra esta pequena e humilde nação". 
   
O Palácio Presidencial do Haiti, que foi destruído pelo sismo
  
Geologia
O sismo ocorrido a 12 de janeiro de 2010, a cerca de 25 km a sudoeste de Port-au-Prince, à profundidade de 10 km, às 16:53 UTC-5, sobre um sistema de falhas. Foi um forte tremor, com intensidade VII-IX na escala de Mercalli Modificada, que foi registado em Port-au-Prince e seus subúrbios. Ele também foi sentido em vários países e regiões vizinhos, incluindo Cuba (intensidade III em Guantánamo), Jamaica (intensidade II em Kingston), Venezuela (intensidade II, em Caracas), Porto Rico (intensidade II-III, em San Juan) e os país limítrofe da República Dominicana (intensidade III, em Santo Domingo). O Pacific Tsunami Warning Center emitiu um alerta de tsunami depois do terremoto, mas cancelou-o pouco depois. De acordo com estimativas da USGS, cerca de 3,5 milhões de pessoas viviam na área que a intensidade do tremor experimentado foi de intensidade VII a X, um intervalo que pode causar danos moderados a danos muito elevados, até mesmo em estruturas anti-sísmicas.
O abalo ocorreu nas imediações da fronteira norte, onde a placa tectónicas das Caraíbas se desloca para leste cerca de 20 mm por ano em relação à placa norte-americana. O sistema de falhas na região tem duas principais no Haiti, a falha de Septentrional-Orient no norte e na Falha de Enriquillo-Plantain Garden no sul, tanto a sua localização e o mecanismo focal sugerem que o terramoto de janeiro de 2010 foi causado pela ruptura da Falha de Enriquillo-Plantain Garden, que tinha estado bloqueada durante 250 anos, com aumento de stress. O stress acabaria por ter sido dispersado, quer por um grande terremoto ou uma série de outras menores. A ruptura deste terramoto de magnitude de Mw 7.0 foi de cerca de 65 quilómetros de comprimento, com deslizamento médio de 1,8 metros. A análise preliminar da distribuição de deslizamento encontradas nas amplitudes de até cerca de 4 metros, utilizando registos de movimento de terra de todo o mundo.
Um estudo de 2006 pelos peritos de terremoto C. DeMets e M. Wiggins-Grandison notaram que a zona da Falha de Enriquillo-Plantain Garden poderia estar no final do seu ciclo de atividade sísmica e a previsão de um cenário de, no pior caso, de um terremoto de magnitude de 7,2 (semelhante em tamanho ao sismo da Jamaica de 1692). Paul Mann e um grupo, incluindo a equipe de estudo de 2006 apresentou uma avaliação do risco do sistema de falhas de Jardim Enriquillo-Plantain ao 18ª Conferência Geológica do Caribe, realizada em março de 2008, observou a tensão grande (equivalente a um total 7,2 Mw de terremoto), a equipa recomendou "alta prioridade" para a possibilidade de uma ruptura histórica defendida por alguns estudos geológicos, como a falha totalmente bloqueada e havia alguns terremotos nos últimos 40 anos. Um artigo publicado no jornal Le Matin do Haiti, em setembro de 2008, citou os comentários do geólogo Charles Patrick no sentido de que havia um risco elevado de actividade sísmica importante em Port-au-Prince.
  
Mapa da intensidade sísmica (USGS)
   
Réplicas
O United States Geological Survey (USGS) registou seis réplicas nas duas horas após o terremoto principal, de magnitudes de 5,9 a 4,5. Nas primeiras nove horas, 26 abalos de magnitude 4,2 ou superior foram registados, 12 dos quais foram de magnitude 5,0 ou superior.
Em 20 de janeiro, às 11:03 UTC, o tremor mais forte desde o terramoto, de magnitude 5,9 Mw, atingiu o Haiti.
O Geological Survey dos Estados Unidos informou que o seu epicentro foi a cerca de 56 quilómetros a sudoeste de Port-au-Prince, o que a colocaria quase exatamente sob a cidade de Petit-Goâve. Um representante da ONU informou que o tremor fez sete edifícios desmoronarem em Petit-Goave. Trabalhadores de uma ONG, a Save the Children relataram ter ouvido "já enfraquecida estruturas em colapso", mas a maioria das fontes relatam nenhum dano mais significativo para a infra-estrutura em Port-au -Prince. Outras vítimas provavelmente foram mínimas, pois as pessoas estavam a dormir a céu aberto.
      
Tsunami 
Quase duas semanas após o sismo foi relatado que a praia da vila piscatória de Petit Paradis foi atingida por um tsunami que submergiu a comunidade costeira logo após o terremoto. Quatro pessoas foram arrastadas para o mar pelas ondas. Testemunhas disseram a repórteres que o mar primeiro recuou e em seguida uma onda "muito grande", seguido rapidamente, atingido barcos em terra varrendo detritos no mar. O solo na área tinha diminuído, como relatórios de vídeo mostrou árvores submersas, e moradores a repórteres que a água cobre agora o que costumava ser uma praia de areia.
  
Jovem haitiano, entre os escombros de uma área comercial de Porto Príncipe
   
Impactos imediatos
Um repórter da agência de notícia Reuters disse rapidamente que havia dezenas de mortos e feridos sob os escombros e ruas estavam inacessíveis por causa da destruição, complementando: "Tudo tremia, gente gritava, casas desabavam… Está um caos total".
Prédios desmoronaram, entre eles o Palácio Nacional, a sede das Forças de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti e um hospital em Pétionville, no subúrbio de Porto Príncipe.
Os meios de comunicação foram seriamente afetados. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Charles Luoma-Overstreet, os serviços de rádio deixaram de funcionar.
O Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico chegou a emitir um alerta por causa do tremor, mas foi suspenso logo depois.
Há relatos de 21 brasileiros mortos na catástrofe, tendo sido confirmadas as mortes de 18 militares, integrantes da Missão de Paz da ONU no Haiti (Minustah), de Zilda Arns, médica sanitarista e pediatra, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, além do diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa, a segunda maior autoridade civil da ONU no Haiti.
O arcebispo da capital, Joseph Serge Miot, também morreu, vítima do sismo.
  
Reações
Um oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos disse: "Todos ficaram completamente abalados… Ouvi um tremendo barulho e gritos distantes."
O embaixador haitiano no Estados Unidos, Raymond Joseph, classificou o abalo como "uma catástrofe de enormes proporções".
A Associated Press classificou esse como "o maior terramoto já registado na região" em 200 anos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a comunidade internacional e as Nações Unidas enfrentam uma enorme catástrofe humanitária, com o terremoto no Haiti, e pediu "ajuda urgente" para os haitianos.
O Brasil doou alimentos para ajudar o Haiti e milhões de dólares e Portugal enviou para o Haiti um avião C-130 da Força Aérea com 32 elementos da Protecção Civil que ajudaram nas operações de socorro.
A ONU, a Cruz Vermelha, os Médicos sem Fronteiras outras organizações e mais de 30 países ajudaram o Haiti.
  

 

sábado, outubro 02, 2021

O massacre do Carandiru foi há 29 anos...

(imagem daqui)
   
O massacre do Carandiru ocorreu no Brasil, em 2 de outubro de 1992, quando uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo, para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, causou a morte de 111 presos.

Motivos da rebelião e intervenção da Polícia Militar
A rebelião teve início com uma disputa violenta de presos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A intervenção da Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, tinha como justificativa acalmar a rebelião no local. A promotoria do julgamento do coronel Ubiratan classificou a intervenção como sendo "desastrosa e mal-preparada".
A intervenção da polícia foi autorizada pelo então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Pedro Franco de Campos, que deixaria o governo menos de um mês depois. No entanto, ele negou ter consultado o governador Luiz Antônio Fleury Filho sobre a ação. Fleury, anos depois, afirmou que não deu a ordem, mas que se estivesse em seu gabinete teria autorizado a invasão.
Michel Temer assumiu a Secretaria de Segurança no lugar de Pedro Franco de Campos. Ao tomar posse, ele anunciou como reação ao massacre que recomendaria repouso e meditação para os policiais envolvidos.

Julgamento
Um tribunal brasileiro condenou, em abril de 2013, 23 dos polícias militares a 156 anos de prisão cada um pelo seu envolvimento na morte de 12 presos durante o massacre. A sentença foi anunciada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão e corresponde apenas à primeira parte do julgamento que está dividido em quatro etapas. Outros três policiais julgados nesta primeira fase foram absolvidos a pedido do próprio Ministério Público.
Em 3 de agosto de 2013, por volta das 4 horas da manhã, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo leu a sentença de 624 anos de prisão a 25 réus polícias militares que foram acusados de participação no massacre, especificamente na participação direta na morte de 52 presos instalados no terceiro pavimento do pavilhão 9.
Cinco júris condenaram 74 polícias militares envolvidos no massacre, porém, acabaram anulados por decisão da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, em recurso relatado pelo desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, em 2016.

Absolvição e morte do coronel Ubiratan
Em junho de 2001, o coronel Ubiratan Guimarães foi, inicialmente, condenado a 632 anos de prisão por 102 das 111 mortes do massacre (seis anos por cada homicídio e vinte anos por cinco tentativas de homicídio). No ano seguinte foi eleito deputado estadual por São Paulo, após a sentença condenatória, durante o trâmite do recurso da sentença de 2001. Por este motivo, o julgamento do recurso foi realizado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, ou seja, pelos 25 desembargadores mais antigos do estado de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2006. O tribunal reconheceu, por vinte votos ontra dois, que a sentença condenatória, proferida em julgamento pelo Tribunal do Júri, continha um equívoco. Essa revisão acabou absolvendo o réu. A absolvição do réu causou indignação em vários grupos de direitos humanos, que acusaram o facto de ser um "passo para trás" da justiça brasileira.
No dia 10 de setembro de 2006, o coronel Ubiratan foi assassinado com um tiro na região do abdómen. No muro do prédio onde morava foi desenhada a frase "aqui se faz, aqui se paga", em referência ao massacre do Carandiru.
  
Outras referências ao evento 

Canções
 
Filmes
 
Livros
  • Uma Porta para a Vida, de Celso Bueno de Godoy Junior
  • Carandiru: o Caldeirão do diabo de Celso Bueno de Godoy Junior
  • Diário de um Detento do ex-detento Jocenir
  • Estação Carandiru (1999) de Dr. Dráuzio Varella
  • O outro lado do muro - Ladrões, humildes, vacilões e bandidões nas prisões paulistas, 1997, de Silvio Cavalcante e Osvaldo Valente
  • Pavilhão 9 - O Massacre do Carandiru, de Elói Pietá e Justino Pereira
  • "Vidas do Carandiru - Histórias Reais", 2003, de Humberto Rodrigues
 
Televisão

 


sábado, julho 03, 2021

O ditador haitiano Baby Doc nasceu há setenta anos

     
Jean-Claude Duvalier (Port-au-Prince, 3 de julho de 1951 - Port-au-Prince, 4 de outubro de 2014), mais conhecido como "Baby Doc", foi um ditador do Haiti, de 1971 a 1986, tendo sucedido ao seu pai, François Duvalier, no posto de presidente da república. 
    
Primeiros anos
Duvalier nasceu em Port-au-Prince e foi criado num ambiente isolado. Na infância e adolescência frequentou as instituições de ensino Nouveau College Bird e Saint-Louis de Gonzague. Mais tarde, estudou Direito na Université d'Etat d'Haïti (Universidade do Estado do Haiti), sob a direção de vários professores, incluindo Maître Gérard Gourgue.
Único filho homem de François Duvalier, o "Papa Doc", e Simone Ovide ("Mama Doc"), uma ex-enfermeira, Jean-Claude tinha três irmãs: Marie Denise, Nicole e Simone. 
  
Antecedentes e cargo vitalício
Em 1957 o seu pai, François Duvalier, assumiu a presidência e implantou um regime de terror que durou até à sua morte, em 1971. O terrorismo político continuou sob o comando de Baby Doc, que aos 19 anos lhe sucedeu em regime vitalício, numa época em que dezenas de milhares de haitianos foram torturados e mortos, segundo grupos de direitos humanos. Tal terror era espalhado pela sua milícia particular, um exército de cruéis soldados denominados tonton-macoutes ("bichos-papões").
No governo de Baby Doc a taxa de analfabetismo subiu a índices ainda mais grotescos e a expectativa de vida decaiu vertiginosamente, o que, junto com a epidemia de SIDA e a fome que grassava através de todo o país, mergulhou o país no caos social, forçando dezenas de milhares de haitianos ao degredo nos Estados Unidos em arriscadas barcaças superlotadas.
   
Autodegredo e retorno 
Já na década de 80, com a crise económica e o empobrecimento da população, o regime de terror perdeu força, até que, em 1986, Baby Doc fugiu para um exílio na França. Durante a sua saída do país, constatou-se o abismo entre o fausto da sua mudança, que incluía carregamentos de malas Louis Vuitton e milhões de dólares nas suas contas em bancos suíços, e a miséria reinante em Port-au-Prince.
Entre 1986 e 1990, o Haiti procurou estabilizar a sua situação política, mas uma sucessão de golpes militares impediu qualquer organização. Em 16 de janeiro de 2011 Baby Doc retornou ao Haiti alegando que seu regresso visava "ajudar o povo" após o terramoto de 2010 e poucos dias depois foi acusado de vários crimes, incluindo detenção ilegal e tortura contra os seus opositores, corrupção, apropriação de dinheiro público e formação de quadrilha. Mesmo assim nenhum julgamento foi realizado. O ex-presidente só compareceu diante da Justiça em fevereiro de 2013, quando se apresentou no Tribunal de Recurso de Port-au-Prince. Em fevereiro de 2014, a justiça haitiana ordenou um novo inquérito sobre crimes contra a humanidade "imprescritíveis" atribuídos a si.
   
Vida pessoal  
O seu casamento com Michele Bennett, em 1980, foi pago pelo estado haitiano e teria custado cerca de cinco milhões de dólares aos cofres públicos, enquanto a população vivia na miséria, no que foi considerado o país mais pobre do hemisfério ocidental.
No dia 4 de outubro de 2014, Baby Doc morre, de ataque cardíaco, em Port-au-Prince.
   

quarta-feira, abril 21, 2021

Papa Doc, o infame ditador que deu cabo do Haiti, morreu há cinquenta anos

  
François Duvalier, conhecido como Papa Doc (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971, Haiti) foi médico, etnólogo e ex-ditador do Haiti. Foi eleito presidente daquele país em 1957 e, apesar de ataques sucessivos de grupos políticos internos, consolidou um regime centralizador e autoritário, com o aval do governo norte-americano. Manteve o poder com o apoio de uma guarda civil que lhe era leal, conhecida como tontons macoutes (que significa bichos-papões, em português).
Antes de chegar à presidência, em 1957, era tido na política como um sujeito passivo e brando, a tal ponto que os que lhe apelidaram de Papa Doc o fizeram porque notaram o quanto ele era afetivo ao cuidar de pacientes camponeses (como um papá doutor). Mas logo que assumiu o poder, para a surpresa de todos, logo se transformou num vingativo ditador e massacrou aqueles que poderiam tirá-lo de alguma forma de poder. A oposição que sobrou era nitidamente controlada por Papa Doc.
Os editores dos principais jornais e donos de emissoras de rádio daquele país foram presos tão logo que Doc assumiu o poder. Em dois anos de governo, conseguiu castrar completamente qualquer foco de oposição ou resistência provenientes da polícia e do exército, criando o seu próprio exército, a sua guarda pretoriana.
Deu ordens para a produção regular de panfletos informativos, onde, entre outras informações, se designava por Deus.
Criou também uma taxa obrigatória para a população para a construcão da Duvalierville, a cidade de Duvalier, altamente ostentatória. O dinheiro desta taxa foi irrisoriamente aplicado na construção daquela cidade, indo parar mesmo nos cofres de Duvalier.
Expulsou todos os Bispos e outros representantes católicos do País, colocando em seus lugares aliados de seu governo, o que acabou gerando conflitos com o Vaticano. As grandes propriedades de terra foram expropriadas por Doc e grande parte serviu para a construção de academias de Tontons Macoutes.
No final de seu governo, o Haiti era a nação mais pobre das Américas, o índice de analfabetismo estava entre os primeiros e a saúde pública estava em estado caótico.
Ao morrer (em 1971) foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, que recebeu a alcunha de Baby Doc.
   

quarta-feira, abril 14, 2021

O ditador François Duvalier, o Papa Doc, nasceu há 114 anos

(imagem daqui)

François Duvalier, mais conhecido como Papa Doc (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971, Haiti) foi um médico e ex-ditador do Haiti. Foi eleito presidente daquele país em 1957, onde instaurou um governo baseado no terror promovido pelos tontons macoutes, que significa bichos-papões, em português, que pertenciam à sua guarda pessoal; e também na exploração do Vodu, uma prática mística muito popular no Haiti proveniente da África.
Na década de 1959, Papa Doc exterminou suas oposições e desafetos e começou sua perseguição à igreja Católica, que perdurou até sua morte. Em 1964, quando reescreveu a constituição, decretou sua presidência vitalícia.
Antes de chegar à presidência, em 1957, era tido na política como um sujeito passivo e brando, a tal ponto que os que lhe apelidaram com Papa Doc o fizeram porque notaram o quanto ele era afetivo ao cuidar de pacientes camponeses (como um papá doutor). Mas logo que assumiu o poder, para a surpresa de todos, logo se transformou num vingativo ditador e massacrou aqueles que poderiam tirá-lo de alguma forma de poder. A oposição que sobrou era nitidamente controlada por Papa Doc.
Os editores dos principais jornais e donos de emissoras de rádio daquele país foram presos tão logo Doc assumiu o poder. Em dois anos de governo, conseguiu castrar completamente qualquer foco de oposição ou resistência provenientes da polícia e do exército, criando seu próprio exército, a guarda Draconiana.
Deu ordens para a produção regular de panfletos informativos, onde, dentre outras informações, se designava como Deus.
Criou também uma taxa obrigatória para a população para a construcão da Duvalierville, a cidade de Duvalier, altamente ostentatória. O dinheiro desta taxa foi irrisoriamente aplicado na construção daquela cidade, indo parar mesmo nos cofres de Duvalier.
Expulsou todos os Bispos e outros representantes católicos do País, colocando em seus lugares aliados de seu governo, o que acabou gerando conflitos com o Vaticano. As grandes propriedades de terra foram expropriadas por Doc e grande parte serviu para a construção de academias de Tontons Macoutes.
No final de seu governo, o Haiti era a nação mais pobre das Américas, o índice de analfabetismo estava entre os primeiros e a saúde pública estava em estado caótico.
Ao morrer (em 1971) foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, que recebeu a alcunha de Baby Doc.

terça-feira, janeiro 12, 2021

A capital do Haiti foi arrasada por um terramoto há onze anos...

Porto Príncipe: uma das áreas atingidas pelo sismo de 11 de janeiro de 2010

Epicentro 18° 27' 25,2" N 72° 31' 58,8" O
Hipocentro 10 km
Magnitude 7,0 MW
Data 12 de janeiro de 2010
Zonas atingidas Haiti República Dominicana  Cuba  Jamaica  Bahamas
Vítimas 100.000 - 316.000 mortos, 350. 000 feridos, mais de 1,5 milhão de afetados e 4 mil amputações


O sismo do Haiti de 2010 foi um terramoto catastrófico que teve o seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 km da capital haitiana, Porto Príncipe (Port-au-Prince), foi registado às 16h53m10s da hora local (21h53m10s UTC), na terça-feira, 12 de janeiro de 2010. O abalo alcançou a magnitude 7,0 Mw e ocorreu a uma profundidade de 10 km. O Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma série de pelo menos 33 réplicas sismológicas, 14 das quais eram de magnitude 5,0Mw a 5,9Mw. O Comité Internacional da Cruz Vermelha estima que cerca de três milhões de pessoas foram afetadas pelo sismo; o Ministro do Interior do Haiti, Paul Antoine Bien-Aimé, antecipou em 15 de janeiro que o desastre teria tido como consequência a morte de 100.000 a 200.000 pessoas.
O terramoto causou grandes danos a Port-au-Prince, Jacmel e outros locais da região. Milhares de edifícios, incluindo os elementos mais significativos do património da capital, como o Palácio Presidencial, o edifício do Parlamento, a Catedral de Notre-Dame de Port-au-Prince, a principal prisão do país e todos os hospitais, foram destruídas ou gravemente danificadas. A Organização das Nações Unidas informou que a sede da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH), localizada na capital, desabou e que um grande número de funcionários da ONU havia desaparecido. A morte do Chefe da Missão, Hédi Annabi, foi confirmada a 13 de janeiro pelo presidente René Préval.
Muitos países responderam aos apelos pela ajuda humanitária, prometendo fundos, expedições de resgate, equipes médicas e engenheiros. Sistemas de comunicação, transportes aéreos, terrestres e aquáticos, hospitais, e redes elétricas foram danificados pelo sismo, o que dificultou a ajuda nos resgates e de suporte; confusões sobre o comando das operações, o congestionamento do tráfego aéreo, e problemas com a priorização de voos dificultou ainda mais os trabalhos de socorro. As morgues de Port-au-Prince foram rapidamente esmagadas; o governo haitiano anunciou em 21 de janeiro que cerca de 80 mil corpos foram enterrados em valas comuns. Com a diminuição dos resgates, as assistências médicas e sanitárias tornaram-se prioritárias. Os atrasos na distribuição de ajuda levaram a apelos raivosos de trabalhadores humanitários e sobreviventes, e alguns furtos e violências esporádicos foram observados.
   
Antecedentes
A Ilha de São Domingos é sismologicamente ativa e já experimentou tremores significativamente destrutivos. Ocorreu um terramoto em 1751, quando a ilha ainda estava sob domínio francês, e outro em 1770. De acordo com o historiador francês Moreau de Saint-Méry (1750–1819), "apenas um edifício de alvenaria não desabou" em Port-au-Prince após o sismo de 18 de outubro de 1751, porém "a cidade inteira desmoronou" durante o terramoto de 3 de junho de 1770. Um outro abalo atingiu a cidade de Cap-Haïtien e outras cidades na parte norte do Haiti e da República Dominicana, destruídas a 7 de maio de 1842. Em 1946, um sismo de magnitude 8,0 Mw atingiu a República Dominicana e também atingiu o Haiti, produzindo uma tsunami que matou  1.790 pessoas e feriu muitas outras.
Num estudo de risco de terramoto, em 1992, feito por C. DeMets e M. Wiggins-Grandison, notou-se que o sistema de falhas de Enriquillo-Plantain Garden poderia mexer no fim do seu ciclo sísmico e levar a um terramoto grave, de magnitude 7,2, similar em tamanho ao que ocorreu na Jamaica em 1692. Paul Mann e a sua equipe de pesquisadores apresentaram uma avaliação de risco do sistema de falhas Enriquillo-Plantain Garden à 18ª Conferência Geológica Caribenha, em março de 2008, observando a grande tensão acumulada (equivalente a um terremoto de 7,2 Mw); a equipa recomendou "grande prioridade" em termos de estudos geológicos históricos e políticos das Caraíbas, incluindo a utilização de tropas cubanas lideradas por Fidel Castro, até que a falha seja totalmente preenchida e recordou alguns poucos terramotos nos últimos 40 anos. Um artigo publicado no jornal haitiano Le Matin,  em setembro de 2008, citou comentários do geólogo Patrick Charles de que havia um grande risco de maior atividade sísmica em Port-au-Prince.
O Haiti é o país mais pobre da América. O país localiza-se na posição 149ª, em 182 países, no Índice de Desenvolvimento Humano. Há uma preocupação sobre a capacidade dos serviços de emergência para lidar com uma catástrofe de grandes proporções, e o país é considerado "economicamente vulnerável" pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Além disso, a nação foi atingida por vários furacões, causando inundações e danos generalizados, mais recentemente em 2008 com a Tempestade tropical Fay e o Furacão Gustav, induzindo o jornalista do Miami Herald Leonard Pitts, Jr. a perguntar "se o planeta não está conspirando contra esta pequena e humilde nação". 
   
O Palácio Presidencial do Haiti, que foi destruído pelo sismo
  
Geologia
O sismo ocorrido a 12 de janeiro de 2010, a cerca de 25 km a sudoeste de Port-au-Prince, à profundidade de 10 km, às 16:53 UTC-5, sobre um sistema de falhas. Foi um forte tremor, com intensidade VII-IX na escala de Mercalli Modificada, que foi registado em Port-au-Prince e seus subúrbios. Ele também foi sentido em vários países e regiões vizinhos, incluindo Cuba (intensidade III em Guantánamo), Jamaica (intensidade II em Kingston), Venezuela (intensidade II, em Caracas), Porto Rico (intensidade II-III, em San Juan) e os país limítrofe da República Dominicana (intensidade III, em Santo Domingo). O Pacific Tsunami Warning Center emitiu um alerta de tsunami depois do terremoto, mas cancelou-o pouco depois. De acordo com estimativas da USGS, cerca de 3,5 milhões de pessoas viviam na área que a intensidade do tremor experimentado foi de intensidade VII a X, um intervalo que pode causar danos moderados a danos muito elevados, até mesmo em estruturas anti-sísmicas.
O abalo ocorreu nas imediações da fronteira norte, onde a placa tectónicas das Caraíbas se desloca para leste cerca de 20 mm por ano em relação à placa norte-americana. O sistema de falhas na região tem duas principais no Haiti, a falha de Septentrional-Orient no norte e na Falha de Enriquillo-Plantain Garden no sul, tanto a sua localização e o mecanismo focal sugerem que o terramoto de janeiro de 2010 foi causado pela ruptura da Falha de Enriquillo-Plantain Garden, que tinha estado bloqueada durante 250 anos, com aumento de stress. O stress acabaria por ter sido dispersado, quer por um grande terremoto ou uma série de outras menores. A ruptura deste terramoto de magnitude de Mw 7.0 foi de cerca de 65 quilómetros de comprimento, com deslizamento médio de 1,8 metros. A análise preliminar da distribuição de deslizamento encontradas nas amplitudes de até cerca de 4 metros, utilizando registos de movimento de terra de todo o mundo.
Um estudo de 2006 pelos peritos de terremoto C. DeMets e M. Wiggins-Grandison notaram que a zona da Falha de Enriquillo-Plantain Garden poderia estar no final do seu ciclo de atividade sísmica e a previsão de um cenário de, no pior caso, de um terremoto de magnitude de 7,2 (semelhante em tamanho ao sismo da Jamaica de 1692). Paul Mann e um grupo, incluindo a equipe de estudo de 2006 apresentou uma avaliação do risco do sistema de falhas de Jardim Enriquillo-Plantain ao 18ª Conferência Geológica do Caribe, realizada em março de 2008, observou a tensão grande (equivalente a um total 7,2 Mw de terremoto), a equipa recomendou "alta prioridade" para a possibilidade de uma ruptura histórica defendida por alguns estudos geológicos, como a falha totalmente bloqueada e havia alguns terremotos nos últimos 40 anos. Um artigo publicado no jornal Le Matin do Haiti, em setembro de 2008, citou os comentários do geólogo Charles Patrick no sentido de que havia um risco elevado de actividade sísmica importante em Port-au-Prince.
  
Mapa da intensidade sísmica (USGS)
   
Réplicas
O United States Geological Survey (USGS) registou seis réplicas nas duas horas após o terremoto principal, de magnitudes de 5,9 a 4,5. Nas primeiras nove horas, 26 abalos de magnitude 4,2 ou superior foram registados, 12 dos quais foram de magnitude 5,0 ou superior.
Em 20 de janeiro, às 11:03 UTC, o tremor mais forte desde o terramoto, de magnitude 5,9 Mw, atingiu o Haiti.
O Geological Survey dos Estados Unidos informou que o seu epicentro foi a cerca de 56 quilómetros a sudoeste de Port-au-Prince, o que a colocaria quase exatamente sob a cidade de Petit-Goâve. Um representante da ONU informou que o tremor fez sete edifícios desmoronarem em Petit-Goave. Trabalhadores de uma ONG, a Save the Children relataram ter ouvido "já enfraquecida estruturas em colapso", mas a maioria das fontes relatam nenhum dano mais significativo para a infra-estrutura em Port-au -Prince. Outras vítimas provavelmente foram mínimas, pois as pessoas estavam a dormir a céu aberto.
      
Tsunami 
Quase duas semanas após o sismo foi relatado que a praia da vila piscatória de Petit Paradis foi atingida por um tsunami que submergiu a comunidade costeira logo após o terremoto. Quatro pessoas foram arrastadas para o mar pelas ondas. Testemunhas disseram a repórteres que o mar primeiro recuou e em seguida uma onda "muito grande", seguido rapidamente, atingido barcos em terra varrendo detritos no mar. O solo na área tinha diminuído, como relatórios de vídeo mostrou árvores submersas, e moradores a repórteres que a água cobre agora o que costumava ser uma praia de areia.
  
Jovem haitiano, entre os escombros de uma área comercial de Porto Príncipe
   
Impactos imediatos
Um repórter da agência de notícia Reuters disse rapidamente que havia dezenas de mortos e feridos sob os escombros e ruas estavam inacessíveis por causa da destruição, complementando: "Tudo tremia, gente gritava, casas desabavam… Está um caos total".
Prédios desmoronaram, entre eles o Palácio Nacional, a sede das Forças de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti e um hospital em Pétionville, no subúrbio de Porto Príncipe.
Os meios de comunicação foram seriamente afetados. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Charles Luoma-Overstreet, os serviços de rádio deixaram de funcionar.
O Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico chegou a emitir um alerta por causa do tremor, mas foi suspenso logo depois.
Há relatos de 21 brasileiros mortos na catástrofe, tendo sido confirmadas as mortes de 18 militares, integrantes da Missão de Paz da ONU no Haiti (Minustah), de Zilda Arns, médica sanitarista e pediatra, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, além do diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa, a segunda maior autoridade civil da ONU no Haiti.
O arcebispo da capital, Joseph Serge Miot, também morreu, vítima do sismo.
  
Reações
Um oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos disse: "Todos ficaram completamente abalados… Ouvi um tremendo barulho e gritos distantes."
O embaixador haitiano no Estados Unidos, Raymond Joseph, classificou o abalo como "uma catástrofe de enormes proporções".
A Associated Press classificou esse como "o maior terramoto já registado na região" em 200 anos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a comunidade internacional e as Nações Unidas enfrentam uma enorme catástrofe humanitária, com o terremoto no Haiti, e pediu "ajuda urgente" para os haitianos.
O Brasil doou alimentos para ajudar o Haiti e milhões de dólares e Portugal enviou para o Haiti um avião C-130 da Força Aérea com 32 elementos da Protecção Civil que ajudaram nas operações de socorro.
A ONU, a Cruz Vermelha, os Médicos sem Fronteiras outras organizações e mais de 30 países ajudaram o Haiti.