François Duvalier (Porto Príncipe, 14 de abril de 1907 - Porto Príncipe, 21 de abril de 1971), também conhecido como Papa Doc, foi um político e médico haitiano que serviu como Presidente do Haiti de 1957 a 1971. Ele foi eleito Chefe de Estado da sua nação com uma plataforma populista e de nacionalismo negro. Após deter um golpe militar, em 1958, o seu regime tomou um caráter totalitário e despótico. Entre um dos seus atos mais notórios foi a formação de um esquadrão da morte, conhecido como Tonton Macoute (em crioulo haitiano: Tonton Makout), cujo principal propósito era assassinar opositores do governo de Duvalier. Os Tonton Macoute eram tão eficientes nas suas atividades clandestinas de caçar e matar dissidentes, que a população geral haitiana ficava extremamente receosa de expressar qualquer forma de descontentamento com o governo, mesmo que em privado.
Duvalier buscou consolidar o seu poder ao incorporar elementos da mitologia haitiana no culto à personalidade que foi erguido à sua volta. O seu governo foi marcado por prisões arbitrárias, tortura e morte de opositores, corrupção e nepotismo. No âmbito externo, de início manteve-se alinhado aos Estados Unidos, mas quando o seu regime começou a ficar cada vez mais opressor, os americanos foram lentamente cortando os seus laços com ele. Em 1962, Papa Doc anunciou que seu país rejeitaria qualquer ajuda monetária vinda do governo americano. Ele então se apropriou de toda a ajuda externa que vinha para o Haiti, desviando milhões de dólares para contas pessoais. Com o passar dos anos, o seu regime foi se tornando cada vez mais repressivo. Bens privados eram expropriados pelo governo e toda a oposição era silenciada. Fome e má-nutrição tornaram-se recorrentes. Por causa destas atrocidades, Duvalier era chamado de "Diabo do Haiti".
Durante o seu regime, a economia do Haiti sofreu, enquanto ele acumulava uma enorme fortuna pessoal. A repressão política e a falta de oportunidades fez com que houvesse uma enorme fuga de cérebros do país, com a elite intelectual haitiana fugindo em grande número para o exterior. Ainda assim a sua popularidade permaneceu alta durante boa parte do seu governo, sustentada pela população maioritariamente rural, que dependia de subsídios do governo para se manter relevante economicamente. O seu discurso do nacionalismo negro também ressoava na classe média-baixa.
Antes de se tornar presidente, Duvalier foi um médico com certo prestígio. O seu profissionalismo e conhecimento da área deram-lhe a alcunha de "Papa Doc". Uma vez no poder, foi reeleito, em 1961, numa eleição conturbada, onde ele foi o único candidato nas listas de voto. Em seguida, continuou a consolidar o seu poder até ao ponto em que, em 1964, se proclamou Président à vie ("presidente vitalício") após outra eleição fraudulenta, mantendo-se no poder até à sua morte, em abril de 1971. Ele foi sucedido por seu filho, Jean‑Claude, que foi apelidado de "Baby Doc".