quinta-feira, junho 11, 2009

A propósito do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil de amanhã

Denúncia da Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil
Trabalho Infantil: fenómeno tem novas formas em Portugal e inspecção não funciona como deveria
11.06.2009 - 12h05

A fiscalização sobre o trabalho de crianças em Portugal não funciona "tão bem como deveria", principalmente em relação às novas formas de exploração infantil, como é o caso do chamado "trabalho artístico", considera a Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil.

Em declarações à Lusa a propósito do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que se assinala amanhã, a presidente da Confederação (CNASTI), Ana Maria Mesquita, explicou que o número de casos e as condições em que este fenómeno ocorre em Portugal são "substancialmente diferentes" do que acontecia até aos anos de 1990, altura em que ainda correspondia a uma "chaga".

"Não podemos dizer que esse trabalho se extinguiu. Encontramos o trabalho infantil no meio artístico e há também muitas crianças que trabalham na agricultura familiar, mas não pondo em causa a escola. O esforço é maior, mas acho que a escola não sofre com isso", afirmou.

Para esta alteração do fenómeno em Portugal contribuiu o Programa para a Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PETI), um plano governamental iniciado em 1998 e actualmente numa situação "pouco clara em termos de organização".

"Devia ser clarificada, porque o PETI permitiu um trabalho importantíssimo para combater o trabalho infantil e fazer voltar à escola crianças que a tinham abandonado. Há necessidade de se continuar a fazer este trabalho nos próximos anos, mesmo nesta situação de uma nova escolaridade, até ao 12º", defendeu Ana Maria Mesquita.

Segundo a responsável, as mudanças registadas desde há cinco anos, quando o insucesso escolar ainda "causava alguma preocupação, também não devem motivar o abandono da fiscalização".

Embora com pouca frequência, a CNASTI recebe denúncias de situações em que a legislação não é respeitada, como o número de horas de trabalho dos mais novos, e reporta-as de imediato ao Ministério do Trabalho.

Questionada sobre a eficácia da fiscalização no mundo do espectáculo, Ana Maria Mesquita diz que o controlo "não funciona tão bem como deveria" e é por vezes condicionado pela dimensão e pela "grande influência" das empresas que contratam os mais novos.

Ainda assim, a presidente da confederação sublinha que "os pais continuam a ser os grandes educadores" e, por isso, devem estar atentos para evitar que os filhos sejam vítimas de qualquer abuso profissional.

Além disso, é fundamental que meçam as consequências da exposição dos filhos e não esqueçam que o mediatismo não é o mais importante, até porque pode ser muito efémero.

"Ninguém ama mais os filhos do que os pais, mas às vezes estes não pensam em todas as dimensões deste tipo de trabalho, entusiasmam-se com o aparecimento nas revistas e na televisão e é preciso não esquecer a outra vertente, a das consequências que isso pode ter para as crianças quando assim não for", referiu a responsável.

A CNASTI vai assinalar o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil mais tarde, no dia 27, com a organização de uma assembleia de crianças e jovens em Barcelos, onde serão discutidos os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas.


200 milhões de crianças exploradas no mundo

Mais de 200 milhões de crianças continuam a ser forçadas a trabalhar diariamente no Mundo, alerta a Organização Internacional do Trabalho, salientando que "três em cada quatro desses menores estão expostos às piores formas de exploração laboral".

Numa mensagem divulgada no âmbito do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que se assinala amanhã, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que mais de 200 milhões de rapazes e raparigas estejam envolvidos em alguma forma de trabalho.

O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil é sempre assinalado a 12 de Junho. Este ano, as comemorações marcam também a adopção da simbólica Convenção nº 182 da OIT sobre a proibição das piores formas de trabalho infantil.

A OIT destaca que três em cada quatro das crianças e adolescentes que trabalham estão expostas às piores formas de exploração laboral infantil (tráfico humano, conflitos armados, escravatura, exploração sexual e trabalhos de risco, entre outros), actividades que "prejudicam de forma irreversível o seu desenvolvimentos físico, psicológico e emocional".

Segundo a OIT, as comemorações deste ano vão procurar salientar os desafios que ainda restam no combate ao trabalho infantil, sobretudo aquele tipo de trabalho que envolve raparigas, discutir o impacto que a crise económica mundial pode ter no agravamento deste flagelo, bem como enfatizar o papel fundamental da educação na solução do problema.

No entender da OIT, a "abolição efectiva" da exploração laboral das crianças - que "são privadas de direitos básicos, como educação, saúde, lazer e liberdades individuais" - é um "dos maiores e mais urgentes desafios do nosso tempo".

A expansão do acesso ao ensino básico, com muitos países a eliminaram as propinas escolares, a implementação de programas de transferência social e uma maior participação dos Governos, que estão agora a ratificar as convenções da OIT sobre o trabalho infantil, são alguns dos progressos mundiais mencionados pela organização.

Por ocasião desta efeméride, a OIT divulga um novo relatório com o título: "Dar às raparigas uma possibilidade: Enfrentar o trabalho infantil, uma chave para o futuro". O documento refere que a crise económica mundial pode levar mais raparigas a abandonarem a escola para trabalhar.




NOTA: Já trabalhei com o PETI e já tive funções complicadas em turmas de PIEF. Sei a importância do PETI e dos PIEF's (antes de se saber muitas coisas do Processo Casa Pia eu tinha um aluno que conhecia o Doutor Ferrari...). Sei que o PETI, em especial com a Doutora Catalina Pestana, foi muito importante no nosso país, mas, agora que estamos em crise, mais importante é continuar com o trabalho e decidir rapidamente o que fazer com o PETI...

quarta-feira, junho 10, 2009

Para os dias da Poesia

Nestes dias em que se celebra a morte e nascimento dos nossos maiores poetas (os melhores entre nós, puros e solitários, desconcertantes mas autênticos), um poema para celebrar as datas:

À POESIA

Vou de comboio...
Vou
Mecanizado e duro como sou
Neste dia;
– E mesmo assim tu vens, tu me visitas!
Tu ranges nestes ferros e palpitas
Dentro de mim, Poesia!

Vão homens a meu lado distraídos
Da sua condição de almas penadas;
Vão outros à janela, diluídos
Nas paisagens passadas...
E porque hei-de ter eu nos meus sentidos
As tuas formas brancas e aladas?

Os campos, imprecisos, nos meus olhos,
Vão de braços abertos às montanhas;
O mar protesta contra não sei quê;
E eu, movido por ti, por tuas manhas,
A sonhar um painel que se não vê!
Porque me tocas? Porque me destinas
Este cilício vivo de cantar?
Porque hei-de eu padecer e ter matinas
Sem sequer acordar?

Porque há-de a tua voz chamar a estrela
Onde descansa e dorme a minha lira?
Que razão te dei eu
Para que a um gesto teu
A harmonia me fira?

Poeta sou e a ti me escravizei,
Incapaz de fugir ao meu destino.
Mas, se todo me dei,
Porque não há-de haver na tua lei
O lugar do menino
Que a fazer versos e a crescer fiquei?

Tanto me apetecia agora ser
Alguém que não cantasse nem sentisse!
Alguém que visse padecer,
E não visse...
Alguém que fosse pelo dia fora
Neutro como um rapaz
Que come e bebe a cada hora
Sem saber o que faz...

Alguém que não tivesse sentimentos,
Pressentimentos,
E coisas de escrever e de exprimir...
Alguém que se deitasse
No banco mais comprido que vagasse,
E pudesse dormir...

Mas eu sei que não posso.
Sei que sou todo vosso,
Ritmos, imagens, emoções!
Sei que serve quem ama,
E que eu jurei amor à minha dama,
À mágica senhora das paixões.

Musa bela, terrível e sagrada,
Imaculada Deusa do condão:
Aqui vou de longada;
Mas aqui estou, e aqui serás louvada,
Se aqui mesmo me obriga a tua mão!

in Odes (1946), Miguel Torga

Portugal

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar 'sfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

in Mensagem, Fernando Pessoa (1ª Parte: Brasão - Os Campos - O dos Castelos)

Dia de Portugal

Neste dia que é o nosso, recordemos com uma bela voz da Galiza, da nossa nação irmã querida, o poeta que morreu nesta data:

Uxia - Verdes são os campos




Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Os Lusíadas em música

terça-feira, junho 09, 2009

Um novo génio musical português

Às vezes aparece um Carlos Paredes num ignoto país - mas logo dois em tão pouco tempo...!?!



NOTA: o Senhor chama-se Norberto Lobo, o instrumento é a guitarra clássica (vulgo viola) e a música é Mudar de Bina...Para saber mais ler este texto da Ýpsilon do Público.

segunda-feira, junho 08, 2009

Àcerca dos resultados de ontem...

...que foram o princípio de qualquer coisa - e esperemos que o PS (que acho que ainda é o Partido Socialista...) perceba o que o povo disse.

Uma música inesquecível para celebrar o acontecimento:



I can see clearly now, the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day

I think I can make it now, the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is that rainbow I've been praying for
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day

Look all around, there's nothing but blue skies
Look straight ahead, there's nothing but blue skies

I can see clearly now, the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day
It's gonna be a bright (bright), bright (bright), sun shiny day

O Teatro português nasceu há 507 anos


Foi há 507 anos, quando se celebrava o nascimento do príncipe D. João (futuro El-Rei D. João III) que a primeira verdadeira peça de teatro foi representada: o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro.

Gil Vicente, para além de escrever a peça, foi ainda o actor de serviço. Usando os aposentos da Rainha D. Maria, esposa do afortunado El-Rei D. Manuel I, o sucesso foi tal que ainda hoje é recordado...

domingo, junho 07, 2009

Falta de recursos ameaça testemunhos da História da Terra


Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (na foto Museu de Geologia de Barcelona, um exemplo aqui difícil de seguir):

O alerta é do investigador Pedro Callapez e surge na semana em que especialistas portugueses e estrangeiros se reúnem no Museu da Ciência da UC para a primeira conferência internacional realizada em Portugal sobre a gestão de museus de geociências

São testemunhos únicos da história do nosso planeta e estão em risco. A escassez de recursos humanos está a ameaçar as colecções dos museus das Ciências da Terra, adverte o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (UC), Pedro Callapez. O alerta surge nas vésperas da primeira conferência internacional realizada em Portugal sobre a gestão de museus de geociências, que decorre nos dias 5 e 6 de Junho no Museu da Ciência da UC.

Para Pedro Callapez, do Museu Mineralógico da UC, um dos problemas mais graves das geociências é "a inexistência de museus com equipas suficientemente numerosas, capazes de integrar conservadores especializados em Ciências da Terra e de gerarem uma escola para que esse conhecimento e experiências se transmitam à geração seguinte".

De acordo com o mesmo investigador, "as colecções de história natural, e as geológicas em particular têm sofrido vicissitudes várias na sua conservação, por força de conjecturas e jogos de interesse variados, a que não é estranho um certo alheamento da sua importância como repositório do mundo natural". As consequências, sublinha, são "simples": a incúria e os acidentes, fomentados e aliados à inexistência de técnicos especializados, ameaça os testemunhos da história da Terra.

E como se pode fazer frente a esta ameaça? "O futuro estará numa gestão aberta e integrada das geocolecções, reconhecendo a sua importância histórica, científica, didáctica e estética, de forma a que os museus que as integram recorram facilmente à colaboração de técnicos ou especialistas exteriores à unidade, facultando, em troca, portas abertas ao estudo e à divulgação dos seus acervos", avança Pedro Callapez. E em Portugal essa postura é fulcral, na medida em que o país "contém um acervo considerável e uma história notável para contar" na área das geociências, sublinha.

Integrada nas comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra, a conferência internacional "Colecções e Museus de Geociências: Missão e Gestão" é organizada pelo Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência e pelo Museu Mineralógico da UC.

in Blog De Rerum Natura - ler post

sábado, junho 06, 2009

Dia D - 65 anos

Omaha - Desembarque no Dia D

Foi há 65 anos que o III Reich, que Hitler dizia que iria durar mil anos, começou a tremer. Os aliados lançavam-se contra as praias da Normandia para libertar a Europa e preparar o assalto a Berlim, o que conseguiram em menos de um ano.

O Dia D foi um daqueles dias especiais - eu amanhã espero o mesmo da data: que as eleições sejam o começo de algo especial e que se comece rapidamente a varrer a porcaria que assolou o nosso país.

Todos os dias podem ser Dia D - esperemos que o de amanhã seja memorável ... Recordemos apenas que o cabeça de lista do partido do primeiro ministro, nas eleições para o Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra foi o único candidato a receber zero votos - Coimbra ainda dá lições nestas coisas da Democracia...!

Coisas em que pensar antes de votar amanhã

"Fernanda Câncio a Escrever Crónica contra Manuela Moura Guedes" vai a leilão

Valores de licitação podem bater recordes.

Uma fotografia da namorada do primeiro-ministro português promete atrair todas as atenções num leilão que terá lugar no final da próxima semana, em Lisboa, à hora do "Jornal Nacional 6.ª Feira" da TVI. A imagem mostra a jornalista Fernanda Câncio sentada à secretária, escrevendo uma crónica em que denuncia a participação da pivot televisiva Manuela Moura Guedes numa 'campanha negra' contra José Sócrates.

«Foi uma fotografia que fiz quando era mais nova, dois meses mais nova para ser exacta, mas não me arrependo minimamente», revelou Câncio, em exclusivo para o Jornal do Fundinho, acrescentando: «O José deu-me todo o apoio, ele sabe que aquela é a minha profissão e ele sabe perfeitamente viver com a liberdade de imprensa... desde que não escrevam mal dele».

Foto de Câncio já está a ser preparada para o leilão [foto E. Calhau]

A fotografia em causa, a preto e branco e intitulada "Fernanda Câncio a Escrever Crónica contra Manuela Moura Guedes", foi tirada por João Marcelino na redacção do Diário de Notícias. No mundo, existem apenas três cópias deste retrato: uma no gabinete de José Sócrates, outra no de Pedro Silva Pereira e uma outra no de Marinho Pinto. Segundo os especialistas, a imagem poderá atingir o mais elevado preço para uma peça do género leiloada em Portugal, estando entre os esperados licitadores Charles Smith, Júlio Monteiro e o seu filho Hugo e um antigo professor de Inglês Técnico do primeiro-ministro.

in Blog Jornal do Fundinho - post de Lucília Gralha

His master's voice...

Educação
Confap quer lançar TV online para pais no próximo ano lectivo
05.06.2009 - 18h26 Lusa

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) prevê lançar um canal televisivo na Internet já no próximo ano lectivo, revelou hoje o presidente da estrutura. "Vamos tentar que a estação funcione já no próximo ano lectivo", disse Albino Almeida.

O dirigente referiu que a "TV Pais" servirá essencialmente para fazer a "capacitação parental" dos encarregados de educação, ou seja, para os ajudar a acompanhar melhor o processo educativo dos seus filhos. "Pessoas com provas dadas na Educação" serão convidadas a animar algumas emissões, segundo o presidente da Confap, que não adiantou nomes.

Para Albino Almeida, será desejável que os pais vejam a emissão de TV online nos computadores dos filhos, em "partilha". A selecção dos conteúdos e a orientação editorial do canal serão da responsabilidade directa da Confap, mas a instalação e manutenção técnica dos equipamentos, a montagem e execução dos programas, bem como a formação dos colaboradores do futuro canal de televisão ficam a cargo do Instituto Superior de Línguas e Administração de Gaia.

Um protocolo alusivo foi assinado sábado entre as duas partes. Na altura, o Instituto Superior de Gaia e a Confap acordaram também parcerias em pós-graduações, acções de formação, qualificação e reciclagem.

in Público - ler notícia

NOTA: o moço de recados da Ministra da Educação, pago a peso de ouro por todos nós, volta a atacar.

O quarto cavaleiro do Apocalipse, o homem que é a voz dócil e domesticada da corrente facilitista da educação, quer agora educar também os pais.

Já estou a ver a coisa, com a ministra a dar ordens ao bichano: "Rebola, cãozinho. Agora dá a patinha... Agora fala em Inglês Técnico. E agora ladra...!".

O humor eleitoral de Antero

manif5a


in anterozóide - cartoon de Antero

Canção para votantes e Homens ou Mulheres com dignidade


Cantiga De Alevantar ("Leva-Leva") - José Mário Branco

Canção para preparar um dia de reflexão



Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Música para entendedores

Men at work - Land down under



Travelling in a fried-out combie
On a hippie trail, head full of zombie
I met a strange lady, she made me nervous
She took me in and gave me breakfast
And she said,

Do you come from a land down under?
Where women glow and men plunder?
Can't you hear, can't you hear the thunder?
You better run, you better take cover.

Buying bread from a man in brussels
He was six foot four and full of muscles
I said, do you speak-a my language?
He just smiled and gave me a vegemite sandwich
And he said,

I come from a land down under
Where beer does flow and men chunder
Can't you hear, can't you hear the thunder?
You better run, you better take cover.

Lying in a den in bombay
With a slack jaw, and not much to say
I said to the man, are you trying to tempt me
Because I come from the land of plenty?
And he said,

Oh! Do you come from a land down under? (oh yeah yeah)
Where women glow and men plunder?
Can't you hear, can't you hear the thunder?
You better run, you better take cover.

Eleições...

Amanhã é dia de pôr a cruzinha no papelinho e dar uma lição a quem nos tramou durante quatro anos.

Amanhã é dia de votar num partido qualquer, de preferência daqueles que elegem deputados, lembrando que há um que mentiu, humilhou, espoliou, enganou durante demasiado tempo, comandado por um chico-esperto qualquer.

Como geólogo e professor não posso esquecer o que uma certa corja fez durante uma legislatura à Escola Pública e à Geologia. Não posso esquecer o enxovalho do ICN(B), do INETI, do ex-IGM. Terei de recordar os insultos feitos aos professores, as mentiras sobre a nossa Escola, os maus tratos, os colegas mortos em serviço, os erros, o facilitismo.

Amanhã irei votar com um sorriso - sei que uma simples cruz irá derrotar as pseudo-sondagens, os jornalistas amordaçados, os capachos do costume e as nuvens negras que povoaram o nosso país demasiado tempo.

Faça sol ou faça chuva, digam o que disserem, lá estarei para a resposta por que ansiava há muito - ALDRABÕES NUNCA MAIS...!

NUNCA...!

Este é o tempo

Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.

in Mar Novo (1958) - Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, junho 05, 2009

Dia do Ambiente

Do Blog Profundezas... publicamos o seguinte post:



Como se pode comprar ou vender o firmamento, ou ainda o calor da terra? Tal ideia é-nos desconhecida. Se não somos donos da frescura do ar nem do fulgor das águas, como poderão vocês comprá-los?

Cada parcela desta terra é sagrada para o meu povo.
Cada brilhante mata de pinheiros, cada grão de areia nas praias, cada gota de orvalho nos escuros bosques, cada outeiro e até o zumbido de cada insecto é sagrado para a memória e para o Passado do meu povo. A seiva que circula nas veias das árvores leva consigo a memória dos Peles Vermelhas.

Os mortos do homem branco esquecem-se do seu país de origem quando empreendem as suas viagens no meio das estrelas; ao contrário os nossos mortos nunca podem esquecer-se desta bondosa terra, pois ela é a mãe dos Peles Vermelhas.

Somos parte da terra e do mesmo modo ela é parte de nós próprios.
As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os húmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencemos à mesma família.
Por tudo isto, quando o Grande Chefe de Washington nos envia a mensagem de que quer comprar as nossas terras, está a pedir-nos demasiado. Também o Grande Chefe nos diz que nos reservará um lugar em que todos possamos viver confortavelmente uns com os outros. Ele se converterá, então, em nosso pai e nós em seus filhos. Por esta razão consideraremos a sua oferta de comprar as nossas terras. Isto não é fácil, já que esta terra é sagrada para nós.

A água cristalina que corre nos rios e ribeiros não é somente água: representa também o sangue dos nossos antepassados.
Se lhes vendermos a terra, deverão recordar-se que ela é sagrada e, ao mesmo tempo ensinar, aos vossos filhos que ela é sagrada e que cada reflexo nas claras águas dos lagos conta acontecimentos e memórias das vidas das nossas gentes.
O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.
Os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede; são sulcados pelas nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se lhes vendermos a nossa terra, deverão recordar-se e ensinar aos vossos filhos que os rios são vossos irmãos e também o são deles, e que, portanto, devem tratá-los com a mesma doçura com que se trata um irmão.

Sabemos que o Homem Branco não compreende o nosso modo de vida. Ele não sabe distinguir um pedaço de terra de outro, porque ele é um estranho que chega de noite e tira da terra o que necessita.

A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga e, uma vez conquistada, ele segue o seu caminho, deixando atrás de si a sepultura dos seus pais, sem se importar com isso!

Rouba a terra aos seus filhos: também não se importa! Tanto a sepultura dos seus pais como o património dos seus filhos são esquecidos. Trata a sua Mãe, a Terra, e o seu irmão, o Firmamento, como objectos que se compram, se exploram e se vendem como ovelhas ou contas coloridas. O seu apetite devorará a terra deixando atrás de si só o deserto.

Não sei mas a nossa maneira de viver é diferente da vossa. Só de ver as vossas cidades entristecem-se os olhos do Pele Vermelha. Mas talvez seja porque o Pele Vermelha é um selvagem e não compreende nada.

Não existe um lugar tranquilo nas cidades do Homem Branco, não há sítio onde escutar como desabrocham as folhas das árvores na Primavera ou como esvoaçam os insectos.

Mas talvez isto seja porque sou um selvagem que não compreende nada. Basta o ruído para insultar os nossos ouvidos.
Depois de tudo, para que serve a vida se o homem não puder escutar o grito solitário do noitibó nem as discussões nocturnas das rãs nas margens de um charco? Sou Pele Vermelha e nada entendo.

Nós preferimos o suave sussurrar do vento sobre a superfície dum charco, assim como o cheiro deste mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros.
O ar tem um valor inestimável para o Pele Vermelha, uma vez que todos os seres partilham um mesmo alento - O animal, a árvore, o homem, todos respiramos o mesmo ar.

O Homem Branco não parece estar consciente do ar que respira; como um moribundo que agoniza durante muitos dias e é insensível ao mau cheiro. Mas se lhes vendermos as nossas terras, deverão recordar-se que o ar é, para nós, inestimável, que partilha o seu espírito com a vida que mantém. O vento, que deu aos nossos avós o primeiro sopro de vida, também recebe os seus últimos. E, se lhes vendermos as nossas terras, deverão conservá-las como coisa à parte e sagrada, como um lugar onde até o Homem Branco poderá saborear o vento perfumado pelas flores das pradarias.

Por tudo isso, consideraremos a vossa oferta de comprar as nossas terras. Se decidirmos aceitá-la, eu porei uma condição: o Homem
Branco deverá tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outro modo de vida. Tenho visto milhares de bisontes apodrecendo nas pradarias, mortos a tiro pelo Homem Branco, da janela de um comboio em andamento.

Sou um selvagem e não compreendo como é que uma máquina fumegante pode ser mais importante que um bisonte que nós só matamos para sobreviver.

Que seria dos homens sem os animais? Se todos fossem exterminados, o homem também morreria de uma grande solidão espiritual. Porque o que suceder aos animais também sucederá aos homens. Tudo está ligado.

Devem ensinar aos vossos filhos que o solo que pisam, são as cinzas dos nossos avós. Ensinem aos vossos filhos que a terra está enriquecida com as vidas dos nossos semelhantes, para que saibam respeitá-la. Ensinem aos vossos filhos aquilo que nós temos ensinado aos nossos, que a terra é nossa Mãe. Tudo quanto acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, cospem em si próprios.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos. Tudo está ligado. Tudo o que acontece à terra acontecerá aos filhos da terra. O homem não teceu a rede da vida, ele é só um dos seus fios. Aquilo que ele fizer à rede da vida ele o faz a si próprio.
Nem mesmo o Homem Branco, cujo Deus passeia e fala com ele de amigo para amigo, fica isento do destino comum. POR FIM TALVEZ SEJAMOS IRMÃOS.
Veremos isso. Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra um dia: o nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar nesta altura que Ele vos pertence, do mesmo modo como desejam que as nossas terras vos pertençam; Porém não é assim. Ele é o Deus dos homens e a sua compaixão reparte-se por igual entre o Pele Vermelha e o Homem Branco. Esta terra tem um valor inestimável para Ele, e, se a estragarmos, isso provocará a ira do Criador. Também os Brancos acabarão um dia, talvez antes das demais tribos. Contaminem os vossos leitos e uma noite morrerão afogados nos vossos próprios detritos.

Contudo caminharão para a vossa destruição cheios de glória, inspirados pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e que, por algum desígnio especial, vos deu o domínio sobre ela e sobre os
Peles Vermelhas.

Esse destino é um mistério para nós, pois não percebemos porque se exterminam os bisontes, se domam os cavalos selvagens, se saturam os mais escondidos recantos dos bosques com a respiração de tantos homens e se mancha a paisagem das exuberantes colinas com os fios do telégrafo. Onde se encontra o matagal? Destruído! Onde está a águia? Desapareceu!”





Declaração do Chefe Índio Seattle
O texto que se segue foi divulgado pelas Nações Unidas em 1976, quando das comemorações do Dia Mundial do Ambiente. Em 1854, Washington fez uma oferta de compra de uma grande extensão de terras índias, prometendo criar uma "reserva" para o povo indígena. Eis a resposta do Chefe Seattle, aqui publicada na sua totalidade.