sábado, janeiro 31, 2009
Música dos anos 60 para desanuviar
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sexta-feira, janeiro 30, 2009
The Beatles - imagens da sua última actuação ao vivo
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As últimas canções ao vivo dos The Beatles foram há 40 anos
Em Janeiro de 1969, os Beatles iniciaram um projecto cinematográfico que documentaria a realização de sua próxima gravação, originalmente intitulado Get Back. Durante as sessões de gravação, a banda realizou sua última apresentação ao vivo no último andar do edifício da Apple, em Londres, na tarde fria de 30 de Janeiro de 1969. A maior parte da apresentação foi filmada e, posteriormente, incluída no filme Let It Be. A ideia de tocar no telhado do prédio foi de Lennon. O concerto parou a rua inteira do prédio e, rapidamente, o lugar ficou lotado de pessoas; inclusive, os vizinhos da região logo espreitavam das sacadas o concerto. Os Beatles tocaram durante quarenta minutos até a polícia local interferir pedindo que abaixassem o volume dos instrumentos; Mal Evans explicou que não era qualquer pessoa que estava tocando, e sim os Beatles. A apresentação terminou antes do previsto, e tornou-se famosa.
in Wikipédia
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O Domingo Sangrento foi há 37 anos
I can't believe the news today
I can't close my eyes and make it go away.
How long, how long must we sing this song?
How long, how long?
'Cos tonight
We can be as one, tonight.
Broken bottles under children's feet
Bodies strewn across the dead-end street.
But I won't heed the battle call
It puts my back up, puts my back up against the wall.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
Oh, let's go.
And the battle's just begun
There's many lost, but tell me who has won?
The trenches dug within our hearts
And mothers, children, brothers, sisters
Torn apart.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
How long, how long must we sing this song?
How long, how long?
'Cos tonight
We can be as one, tonight.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
Wipe the tears from your eyes
Wipe your tears away.
I'll wipe your tears away.
I'll wipe your tears away.
I'll wipe your bloodshot eyes.
Sunday, bloody Sunday.
Sunday, bloody Sunday.
And it's true we are immune
When fact is fiction and TV reality.
And today the millions cry
We eat and drink while tomorrow they die.
The real battle just begun
To claim the victory Jesus won
On...
Sunday, bloody Sunday
Sunday, bloody Sunday...
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quinta-feira, janeiro 29, 2009
Poema alusivo à época
XIII
Faze que a vida seja o que te nega
A luta é tua - fá-la
Agora, os sonhos em farrapos,
melhor é a luta que pensá-la
Ergue com o vigor do teu pulso;
solda-o em aço
E da tua obra afirma:
- Sou o que faço.
in Sol de Agosto - João José Cochofel
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quarta-feira, janeiro 28, 2009
Que a poesia guie a nossa luta
Renascer
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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terça-feira, janeiro 27, 2009
Poema alusivo à época
13
Veio a noite e tudo ficou enorme.
Veio a noite: mão gigante e silenciosa que passou.
Veio a noite e o povo inteiro dorme.
E o sonho dorme: queimaram-se as asas para voar.
Só o hálito da Mata, as almas penadas do Vale
e os cães nas ruas
soltam um brado de existência.
Veio a noite e tudo ficou igual.
in Terra (Novo Cancioneiro) - Fernando Namora
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O Ano Internacional da Astronomia - comemorações portuguesas
Post estereofónico com o Blog AstroLeiria:
— 300 iniciativas estão já agendadas em todo o País. Funchal vai ter desfile de Carnaval temático
O Ano Internacional de Astronomia começa oficialmente em Portugal no próximo Sábado, mas o envolvimento já é forte. De Norte a Sul do país, na Madeira e nos Açores, está tudo a posto para transformar 2009 num ano inesquecível. No total, estão actualmente agendadas 300 iniciativas, um número que, segundo os responsáveis da Comissão Nacional do AIA2009, vai chegar às mil até ao final do ano. Duas centenas e meia de instituições já se associaram às diferentes actividades, entre escolas, autarquias e centros de ciência.
"O Ano Internacional de Astronomia é para nós o culminar de dois anos e meio de trabalho", sublinha Miguel Avillez, presidente da Sociedade de Portuguesa de Astronomia, que está na base do plano nacional do AIA. Além das actividades globais que vão também ter lugar no território nacional, como as "100 Horas de Astronomia" em Abril, ou a exposição "Da Terra ao Universo", cujos cartazes com imagens astronómicas já podem ser vistos em espaços públicos em Tavira e brevemente no Porto, Viana do Castelo e Coimbra, a comissão científica do Ano Internacional apadrinha uma dezena de projectos.
A "Noite da Astronomia", marcada a 15 de Julho, promete ser o grande evento do ano, com iniciativas em todos os distritos de Portugal. Mas não só. O "E agora sou Galileu" vai recriar ao longo do Ano e em todo o país as observações de uma das figuras que revolucionaram a ciência. O desafio de "Astronomia Artística" desenvolvido na Madeira por Fernanda Freitas visa, por exemplo, promover o diálogo entre a ciência e as artes. "O céu é o mesmo para todos", refere João Fernandes, Presidente da Comissão Nacional AIA2009, justificando a transversalidade das actividades que existem a nível mundial e nacional.
Mas as boas ideias não acabam com o empenho da Comissão. Um desfile de Carnaval, no Funchal, dedicado à Astronomia, um encontro de Astronomia com Gastronomia (Exploratório de Coimbra), um acampamento com as estrelas (Centro de Multimeios - Espinho), Astrofestas (Braga, Constância)... A lista já é longa, mas o objectivo é sempre o mesmo, convidar pequenos e graúdos a olhar por uma luneta e a descobrir o Universo.
"Os astrónomos portugueses têm uma responsabilidade acrescida, frisa Pedro Russo, coordenador internacional do Ano Internacional de Astronomia, "porque existe mais apetência pela ciência astronómica por parte do jovens portugueses do que em média no resto do mundo". O comissário global do AIA mostrou-se bastante satisfeito com o programa português apresentado este fim-de-semana no Centro Multimeios de Espinho, programa que qualificou de "realista".
Pedro Russo não é ó único a representar Portugal no estrangeiro. Projectos nacionais já se exportaram para os quatro cantos do mundo, como aconteceu com o projecto "Alvorada AIA2009", encabeçado por Ricardo Cardoso Reis do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, que promoveu dia 1 de Janeiro observações solares em Portugal, mas também no Nepal, no Iraque e na Indonésia, ou com o "Descobre o teu Céu!", concurso lançado nos cinco continentes pelos Museus da Ciência das Universidades de Lisboa e Coimbra.
"Esperamos deixar frutos", conclui João Fernandes. Para todas as pessoas que procuram dar a conhecer o que se faz em Astronomia no país, o objectivo é o mesmo: que todas as iniciativas criadas e desenvolvidas no âmbito do Ano Internacional de Astronomia possam ter continuidade depois de Dezembro 2009.
Comissão Nacional do AIA2009
João Fernandes
Telemóvel: 914 002 960
E-mail: jmfernan@mat.uc.pt
http://www.ideiasconcertadas.pt/images/clientes/AIA2009/foto003_jf_div.jpg
Legenda: João Fernandes, presidente da Comissão Nacional do Ano Internacional de Astronomia (AIA2009)
Logótipo AIA2009 (vertical, cores, JPEG): http://www.astronomy2009.org/static/resources/iya_logo.jpg
Logótipo AIA2009 (vertical, preto & branco, JPEG): http://www.astronomy2009.org/static/resources/iya_logo_final_b&w.jpg
Logótipo AIA2009 (horizontal, cores, JPEG): http://www.astronomy2009.org/static/resources/iya_logo_final_horizontal.jpg
AIA2009 website oficial: http://www.astronomy2009.org
AIA2009 website nacional: http://www.astronomia2009.org
III Encontro “Astronomia e Ciências Espaciais 2009 – Comunicação e Educação
http://www.ideiasconcertadas.pt/images/clientes/AIA2009/dossierpress_encontroespinho.pdf
Contextualização AIA2009:
http://www.ideiasconcertadas.pt/images/clientes/AIA2009/dossierpress_contextualizacao.pdf
Preparação AIA2009:
http://www.ideiasconcertadas.pt/images/clientes/AIA2009/dossierpress_preparacaoaia2009.pdf
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segunda-feira, janeiro 26, 2009
Música para Tio, Primo e... coiso...
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Marcadores: aldrabões, O Tio o Sobrinho e o Outro
domingo, janeiro 25, 2009
A memória dos dias
Uma belíssima música, como já não se faz, para amenizar os tristes tempos em que vivemos...
A memória dos dias - Fausto
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sábado, janeiro 24, 2009
Em nome do tio, do sobrinho e do... outro
A Nau Catrineta (Versão de Lisboa) - Fausto
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Seminário em Lisboa
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA MARINHA/ INETI
(Alfragide)
Terça-Feira, 27 de Janeiro às 14.00 horas
Professor Mário Ruivo
Governação e desenvolvimento sustentável do oceano
Está em curso a ocupação tridimensional dos espaços marítimos. A revolução industrial, na sua dimensão marítima, contribui para o crescimento económico ao mesmo tempo que deixa marcas profundas no estado dos recursos e do meio marinho. O balanço deste processo evidencia uma degradação ambiental grave posta em evidência pelas alterações climáticas, a sobrepesca generalizada, a perda da biodiversidade. Um considerável esforço normativo conduziu à adopção de um regime pautado pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e pela Agenda 21 (Cap. 17). Progressivamente, este regime foi sendo complementado por uma nebulosa legislativa a nível internacional e nacional, fruto de uma abordagem predominantemente fragmentada e sectorial. Face ao estado actual dos recursos e às carências institucionais, buscam-se novas formas de governação responsável que respondam aos requisitos de um desenvolvimento sustentável do Oceano, o que requer uma gestão integrada, interdisciplinar e intersectorial e processos de decisão democráticos, transparentes e participados. Insere-se neste quadro a adopção de uma estratégia nacional para o mar em articulação com a política marítima europeia e com o debate em curso nas Nações Unidas. Cabe à comunidade científica uma crescente responsabilidade neste processo técnico, social e político.
Pedro Ferreira
e-mail: pedro.ferreira@ineti.pt
Telf: 214 705 516
Mário Mil-Homens
e-mail: mario.milhomens@ineti.pt
Telf: 214 705 516
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Actualidade em Andrada e Silva
A ACTUALIDADE DE JOSÉ BONIFÁCIO
Há poucos dias tive a oportunidade de ouvir no Museu da Ciência de Coimbra uma interessantíssima palestra de Martim Ramiro Portugal, Professor de Ciências da Terra, sobre a vida e obra do seu antecessor na Universidade de Coimbra José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o brasileiro descobridor do mineral onde foi encontrado o lítio e pioneiro da metalurgia em Portugal que no Brasil talvez seja mais conhecido como o "patriarca" da independência do Brasil (ver aqui um excelente sítio sobre José Bonifácio).
Com a devida autorização do autor (que agradeço), transcrevo o teor de um dos "slides" que o Professor Martim Portugal apresentou, com frases textuais de José Bonifácio e o respectivo significado na interpretação do palestrante. Conclusão: José Bonifácio permanece bastante moderno. Mudam-se os tempos, mas não se mudam todos os costumes!
Escritos sobre as Ciências Naturais de José Bonifácio de Andrada e Silva (entre parêntesis interpretação de Martim Portugal passados dois séculos):
1- "A falsa ideia que o povo tem da Ciência"
(Preconceitos sobre a dificuldade)
2- "O ódio que o clero supersticioso lhes tem."
(Prevalecimento de rotinas e velhos conceitos)
3- "O encasquetamento do direito civil e canónico, que dão pão."
(Privilégios das profissões mais rendosas)
4- "A nímia estimação que faz a capital dos estudos frívolos da poesia e retórica."
(A cultura está nas literaturas e nas ciências sociais – conceito antigo)
5- "A seita exclusiva do purismo."
(Preconceitos que prejudicam o saber fazer)
6- "A falta de museus, gabinetes de física e laboratórios."
(A falta de equipamentos e laboratórios)
7- "A negligência dos grandes para este tipo de basófia"
(O não reconhecimento da importância da Ciência e Tecnologia)
8- "A falta de meios dos literatos, para longas observações e experiências custosas".
(A inexistência de condições para investigação porfiada e bem sustentada)
9- "A falta de patriotismo etc, tudo o que pode trazer utilidade à nação".
(Não reconhecimento do valor estratégico da Ciência e Tecnologia).
10- "O modo pouco adulador do filósofo".
(O carácter austero e a expressão dos trabalhos de Ciência e Tecnologia em linguagem sóbria).
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quinta-feira, janeiro 22, 2009
Uma das minhas músicas favoritas para animar a malta
O Primeiro Dia - Sérgio Godinho
A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
Postado por Fernando Martins às 21:11 0 bocas
Marcadores: anos 70, música, Sérgio Godinho
Descoberta das Profundezas '09
Este evento visa divulgar as diferentes vertentes científicas e exploratórias das profundezas, contando com diversos cientistas e espeleólogos.
As conferências terão lugar no anfiteatro do Departamento de Biologia da Universidade, às sextas-feiras, conforme o calendário apresentado, com início marcado para as 21h30.
Para maior comodidade, a inscrição, ainda que gratuita, é obrigatória e deverá ser efectuada através do email: conferencias2009@neua.org, por forma a garantir lugares sentados para todos os participantes.
Mais informações podem ser encontradas online no site do núcleo (www.neua.org).
Esperamos que as temáticas abordadas sejam do vosso interesse. Esta é também uma excelente oportunidade para se conversar sobre Espeleologia, promover o intercâmbio de experiências e a confraternização entre espeleólogos, curiosos e interessados.
Postado por Fernando Martins às 21:07 0 bocas
Marcadores: Aveiro, espeleologia
terça-feira, janeiro 20, 2009
Na América
NOTA: Como curiosidade, para verem uma versão desta canção de homenagem aos Xutos, pelos seus 15 anos, com o João Aguardela (anteontem falecido...) e muitas outras caras conhecidas, basta clicar AQUI.
Postado por Fernando Martins às 17:12 0 bocas
Marcadores: Barack Obama, João Aguardela, N'Ámérica, USA, Xutos e Pontapés, Yes we can
Hoje eles podem...!
Há 44 anos Irving Wallace escreveu o romance The Man, onde se punha essa intrigante e provocante (para a época) hipótese - e um dos Kennedy (mais exactamente o candidato presidencial Robert F. Kennedy) sugeriu profeticamente em 1968, pouco antes de ser assassinado, também a possibilidade de um negro ser presidente nos 40 anos seguintes.
Hoje a ficção é real - hoje eles podem! E se eles podem, sonhar é possível para todos - hoje é o dia da esperança tornada realidade. E isso, num momento tão difícil como o é actualmente nas Escolas portuguesas, é uma lufada de ar fresco para quem já quase não consegue respirar.
Yes, we can!
O Corvo
O CORVO
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio Dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demónio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
Edgar Allan Poe - tradução de Fernando Pessoa
Postado por Fernando Martins às 15:25 0 bocas
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