Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus
irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava
violoncelo e
piano. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de
William Shakespeare.
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral
de consumo, que a opinião pública recebeu mal, deu-se o motim a que se
chamou a
Janeirinha (em finais de
1867). Também a
19 de Maio de
1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo
Marechal Duque da Saldanha e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de Maio, respondeu o monarca em
29 de Agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder
Sá da Bandeira.
Em Setembro de
1871, subiu ao poder
Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até
1877. Seguiu-se o
Duque de Ávila, que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em
1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas
atacaram
o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este
episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo.
Em
1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.
No seu tempo surgiu a
Questão Coimbrã (
1865-
1866) e ocorreu a iniciativa das
Conferências do Casino (
1871), a que andavam ligados os nomes de
Antero de Quental e
Eça de Queiroz,
os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual
portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de
monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas.
Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos
de
Lisboa e de
Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do
Palácio de Cristal, no
Porto, actualmente designado de
Pavilhão Rosa Mota, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no
Reino de Portugal, e a publicação do primeiro
Código Civil.
D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela
oceanografia.
Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos
científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos
oceanos em busca de espécimes.