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quinta-feira, março 24, 2022

O infame Massacre das Fossas Ardeatinas foi há 78 anos

Entrada para as Fossas Ardeatinas
     
Num certo dia, num combate durante a primavera de 1944, uma bomba da resistência italiana matou 33 soldados alemães e, por represália pelos alemães mortos, sob ordem do Führer, os militares alemães teriam que matar dez italianos por cada alemão morto, ou seja, 330 italianos seriam fuzilados como castigo da morte dos 33 soldados mortos. Passado vinte e quatro horas a Gestapo reuniu 335 pessoas para serem executadas, filas para a morte foram formadas e fossas foram abertas para abrigar os corpos, sendo as vitimas maioritariamente italianas, incluindo judeus, crianças e idosos. O massacre ocorreu sob o comando de Erich Priebke. Segundo alguns historiadores, essa foi uma das represálias mais cruéis durante a Guerra. 
    
      

quinta-feira, janeiro 27, 2022

Trajano tornou-se Imperador, sucedendo a Nerva, há 1924 anos

     
Marco Coceio Nerva (em latim: Marcus Cocceius Nerva, 8 de novembro de 30 - 27 de janeiro de 98), foi imperador romano de 96 até à sua morte em 98.
Este reputado senador esteve ao serviço do Império durante os reinados de Nero, Vespasiano, Tito e Domiciano. Com Nero foi membro do séquito imperial e desempenhou um papel de destaque na descoberta de uma conspiração contra o imperador, orquestrada pelo senador Caio Calpúrnio Pisão (65). Foi recompensado com dois consulados, com Vespasiano em 71 e com Domiciano em 90. Sendo este assassinado, a 18 de setembro de 96, o senado ao dia seguinte elegeu e aclamou um de seus membros, Nerva, imperador. Como novo monarca jurou restaurar os direitos que foram abolidos ou simplesmente obviados durante o reinado de Domiciano. Contudo, a sua administração foi pontuada por problemas financeiros e pela sua falta de habilidade para tratar com as tropas. Uma rebelião da guarda pretoriana em 97 quase o forçou a adotar o popular Trajano como herdeiro e sucessor. Nerva faleceu de morte natural a 27 de janeiro de 98. À sua morte foi sucedido pelo seu filho adotivo, Trajano.
Embora se desconheça grande parte da vida de Nerva, é considerado pelos historiadores antigos como um imperador sábio e moderado, interessado no bem-estar económico, procurando reduzir as despesas do governo. Esta opinião foi confirmada pelos historiadores modernos, um dos quais, Edward Gibbon, chama a Nerva e aos seus quatro sucessores, os "cinco bons imperadores". A adoção de Trajano como herdeiro finalizou com a tradição dos anteriores imperadores, que nomeavam algum dos seus parentes como filho adotivo, caso não lhe sucedessem os seus próprios filhos.
    
    
  
     
  
Marco Úlpio Nerva Trajano (em latim: Marcus Ulpius Traianus; 18 de setembro de 53 - 9 de agosto de 117) nasceu em Itálica (atual Santiponce), na Bética, no sul da Hispânia, perto de Híspalis (a atual Sevilha) em 53 d.C. Foi imperador romano de 98 a 117. Durante a sua administração, o Império Romano atingiu a sua maior extensão territorial graças às conquistas de leste. Trajano também é notado pelos seus extensos programas de obras públicas e as políticas sociais implementadas durante o seu reinado.
     
   

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Júlio César atravessou o Rubicão há 2070 anos

  
Rubicão (Rubico, em latim; Rubicone, em italiano) é o antigo nome latino de um riacho no norte da Península Itálica. Na época romana, corria para o Mar Adriático entre Ariminum (atual Rimini) e Cesena. A identidade moderna do rio é discutida, mas alguns o identificam como o rio Pisciatello, na Província de Forlì-Cesena.
O rio ficou conhecido pelo facto de que o direito romano no período da República proibia qualquer general romano de atravessá-lo acompanhado com as suas tropas, retornando de campanhas ao norte de Roma.
Tal medida visava impedir que os generais manobrassem grandes contigentes de tropas no núcleo do Império Romano, evitando riscos à estabilidade do poder central. O curso de água marcava então a divisão entre a província da Gália Cisalpina e o território da cidade de Roma (posteriormente, a província da Itália).
Quando Júlio César atravessou o Rubicão, em 49 a.C., presumivelmente em 10 de janeiro do calendário romano, em perseguição a Pompeu, violou a lei e tornou inevitável o conflito armado. Segundo Suetónio, César teria então proferido a famosa frase Alea jacta est ("A sorte está lançada" ou "Os dados estão lançados"). O mesmo autor também descreve como César parecia indeciso ao se aproximar do rio e atribui a decisão de atravessar a uma aparição sobrenatural.
A frase "atravessar o Rubicão" passou a ser usada para referir-se a qualquer pessoa que tome uma decisão arriscada de maneira irrevogável, sem volta.
  
     

quarta-feira, dezembro 15, 2021

O imperador Nero nasceu há 1984 anos

  
Nero Cláudio César Augusto Germânico (em latim Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus; Anzio, 15 de dezembro de 37 d.C. - Roma, 9 de junho de 68), foi um imperador romano que governou de 13 de outubro de 54 até à sua morte, a 9 de junho de 68.
Nascido com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, pelo pai Cneu Domício Enobarbo, e da família imperial júlio-claudiana através da mãe Agripina, a Jovem, filha de Germânico e neta de César Augusto. Ascendeu ao trono após a morte do seu tio Cláudio, que o nomeara o seu sucessor.
Durante o seu governo, focou-se principalmente na diplomacia e no comércio, e tentou aumentar o capital cultural do império. Ordenou a construção de diversos teatros e promoveu os jogos e provas atléticas. Diplomática e militarmente, o seu reinado caracterizou-se pelo sucesso contra o Império Parta, a repressão da revolta dos britânicos (6061) e uma melhora das relações com Grécia. Em 68 ocorreu um golpe de estado de vários governadores, após o qual, aparentemente, foi forçado a suicidar-se.
O reinado de Nero é associado habitualmente à tirania e à extravagância. É recordado por uma série de execuções sistemáticas, incluindo a da sua própria mãe e do seu meio-irmão Britânico, e sobretudo pela crença generalizada de que, enquanto Roma ardia, estaria a tocar a sua lira, além de ser um implacável perseguidor dos cristãos. Estas opiniões são baseadas primariamente nos escritos dos historiadores Tácito, Suetónio e Dião Cássio. Poucas das fontes antigas que sobreviveram o descrevem dum modo favorável, embora haja algumas que relatam a sua enorme popularidade entre o povo romano, sobretudo no Oriente.
A fiabilidade das fontes que relatam os tirânicos atos de Nero é atualmente controversa. Separar a realidade da ficção, em relação às fontes antigas, pode resultar impossível.
 

domingo, novembro 28, 2021

Bernini morreu há 341 anos

Auto-retrato

   

Gian Lorenzo Bernini ou simplesmente Bernini (Nápoles, 7 de dezembro de 1598 – Roma, 28 de novembro de 1680) foi um eminente artista do barroco italiano, trabalhando principalmente na cidade de Roma. Distinguiu-se como escultor e arquiteto, ainda que tivesse sido pintor, desenhista, cenógrafo e criador de espectáculos de pirotecnia. Como arquiteto e escultor é autor de obras de arte presentes até aos dias atuais em Roma e no Vaticano, como a Praça de São Pedro, a Capela Chigi, O Êxtase de Santa Teresa, Habacuc e o Anjo e inúmeras fontes espalhadas por Roma.

   

Colunata da Praça de São Pedro, em Roma

  

   

 

segunda-feira, novembro 01, 2021

O teto da Capela Sistina foi finalmente mostrado publicamente há 509 anos

   
O Teto da Capela Sistina é um monumental afresco de Miguel Ângelo realizado entre os anos de 1508 e 1512 na Capela Sistina, no Vaticano, como o nome indica.
Na realização desta grandiloquente obra concorreram amor e ódio... Miguel Ângelo teria feito contrariado este trabalho, convencido que era mais um escultor, que um pintor. Encarregado pelo Papa Júlio II, sobrinho do Papa Sisto IV, de pintar o teto da capela, julgou ser um conluio de seus rivais para desviá-lo da obra para a qual havia sido chamado a Roma: o mausoléu do Papa. Mas, dedicou-se a tarefa e fez com tanta mestria que praticamente ofuscou as obras primas de seus antecessores na empresa. Os afrescos no teto da Capela Sistina são, de facto, um dos maiores tesouros artísticos da humanidade. É difícil acreditar que tenha sido obra de um só homem, e que o mesmo ainda encontraria forças para retornar ao local, duas décadas depois, e pintar na parede do altar, sacrificando, inclusive, alguns afrescos de Perugino, o “extraordinário espetáculo” do Juízo Final, entre 1535 e 1541, já sob o pontificado de Paulo III.
A superfície da abóbada foi dividida em áreas concebendo-se arquitetonicamente o trabalho de maneira que resultasse numa articulação do espaço dividido por pilares. Nas áreas triangulares alocou as figuras de profetas e sibilas; nas retangulares, os episódios do Génesis.
 

quinta-feira, agosto 19, 2021

Júlio César, o primeiro Imperador Romano, morreu há 2007 anos

  
Caio Júlio César Otaviano Augusto (em latim Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus; 23 de setembro de 63 a.C. - 19 de agosto de 14 d.C.) foi um patrício e o primeiro imperador romano.
Herdeiro e filho adotivo de Júlio César, chegou ao poder através do segundo triunvirato, formado com Marco António e Lépido. Após a deterioração da relação entre os três homens e a batalha de Áccio, onde Marcos Vipsânio Agripa, seu general e amigo pessoal, derrotou António, Augusto tornou-se o único governante de Roma. Foi o Imperador com maior tempo de mandato de Roma, com 44 anos.
 
Nascido em Roma, com o nome de Caio Octaviano Júlio Turino (Gaius Octavianus Iulius Thurinus), pertencia a uma das famílias mais abastadas da aristocracia romana, tendo parentesco somente e com diversas famílias patrícias, e portanto, nobres. O seu avô tinha sido banqueiro e o pai, Caio Octaviano Turino, em latim: Gaius Octavianus Thurinus, foi edil, pretor e senador em Roma e, mais tarde, procônsul na Macedónia. Átia, sua mãe e sobrinha de Júlio César, casou com o nobre Felipe, senador de certo reconhecimento no senado romano. Apesar do reconhecimento, Felipe era pouco influente e sua família estava fora dos círculos aristocráticos de Roma, e a única hipótese de progressão política era o tio-avô, Júlio César, então o homem mais poderoso de Roma. Este, interessando-se pela carreira do sobrinho-neto, deu-lhe educação aprimorada. Júlio César orgulhava-se do jovem, apresentando-o no Colégio de Pontífices, principal sacerdócio romano, quando tinha apenas 16 anos. Quando César, que adotara Otaviano como filho em testamento, foi assassinado por um grupo de senadores, em 15 de março de 44 a.C., Otaviano estava na Ilíria, servindo no exército. Ao retornar a Itália, foi informado de que era o herdeiro adotivo de César.
Começa então a busca de Otaviano pelo poder. Nessa época, adotou a efige de Filho de Deus (Divi filius, em latim). O termo aparece daí para frente em moedas com a efígie de Otávio (ele queria que o seu pai adoptivo, Júlio César fosse glorificado como um deus e ele próprio fosse considerado uma figura divina). O assassinato de César havia deixado Roma em uma situação caótica. Otaviano decidiu vingar o seu pai adotivo e assegurar a sua própria posição. Otaviano então parte para Roma. Ao chegar em Brundisium (atual Brindisi), a Décima Segunda Legião jura lealdade a Otaviano e, em discurso às tropas, ele declara ser filho adotivo de Júlio César. Em Roma, Marco António, ambicioso companheiro de César, pede o controle das tropas de Otaviano em troca de proteção e privilégios políticos, mas ele recusa. Otaviano reivindicara a sua herança, apesar do perigo que corria, e lutou por ela contra António, que se apropriara do dinheiro e dos papéis de César. Pagou com uma parte da fortuna de sua família, os legados do testamento e presidiu aos jogos em memória de César. Alia-se com Cícero, o qual começa a elogiar Otaviano no senado e atacar Marco António.
Revoltado com a aliança, Marco António acusa publicamente Otaviano de planear o seu assassinato. Otaviano publica então uma resposta ridicularizando a acusação. Otaviano une-se a Bruto dos Júnios contra António, que simplesmente junta todas as tropas que pode e fecha o cerco sobre Décimo Bruto em Modena.
Enquanto Marco António se ocupava com a guerra, Otaviano marcou uma audiência no Templo de Castor. O tribuno Tito Canúcio falou primeiro, atacando Marco António. Logo depois, Otaviano começou seu discurso, que foi muito mal-aceito. Otaviano, que derrotara António em Modena, exige o consulado (a que não tinha direito, dada sua pouca idade). Agripa contornou a situação, mas os senadores romanos deixaram de apoiar Otaviano. Na mesma noite, Otaviano foi obrigado a fugir de Roma.
Temporariamente estabeleceu-se na Sabina, onde reuniu o seu estado-maior e logo depois foi para Arezzo, onde recrutou tropas para invadir Roma pela força das armas.
Otaviano marchou sobre Roma e impôs a própria investidura como cônsul (19 de agosto de 43 a.C.). Fez a Corte sancionar a sua adoção (ver adopção em Roma) por Júlio César, tornando-se Caio Júlio César Otaviano (Gaius Julius Caesar Octavianus) e passou a ser conhecido como Otaviano. António, entrementes, aliara-se ao general Marco Emílio Lépido, governador da Gália.

O segundo triunvirato
Otaviano sela a paz com António e Lépido e formaram, no final de 43 a.C. o segundo triunvirato para governar as províncias romanas, que o senado reconheceu (por cinco anos). Seguiu-se a repressão: os trezentos senadores e dois mil cavaleiros, oponentes dos triúnviros, foram proscritos e numerosas propriedades confiscadas. Entre eles, estava o orador Cícero.
Otaviano e Marco António começaram uma campanha contra os líderes do assassinato de César, os republicanos Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, que culminou com o suicídio de ambos em 42 a.C., depois da sua derrota na Macedónia (batalha de Filipos). Para recompensar as legiões, Otávio confiscou as terras de 18 cidades italianas. O descontentamento resultante foi explorado pelos amigos de António. Ajudado por Agripa, grande chefe militar, Otaviano tomou Perugia (40 a.C.) e silenciou os seus adversários.
Aproximadamente no ano 40 a.C., o controle do mundo romano foi dividido entre os triúnviros com os os acordos de Brindisi. Otaviano assumiu a maior parte das províncias ocidentais, Marco António as orientais e Lépido, a África. Marco António e Otávio, que disputavam o controle da Itália, resolveram suas diferenças e, para selar o acordo, no ano 37 a.C., o segundo entregou sua irmã Otávia em matrimónio ao primeiro. Inaugurou-se, então, uma era de paz e em 37 a.C., o triunvirato foi renovado por mais cinco anos. Restava a ameaça de Sexto Pompeu, filho de Cneu Pompeu Magno e o último opositor importante do triunvirato. Com uma esquadra fornecida por António, Otávio derrotou-o em Nauloque, na Sicília (36 a.C.). Pouco depois, sem consultar António, que estava no Oriente lutando contra o Império Parta, Otaviano afasta Lépido do poder, deixando-lhe apenas a dignidade pontifícia.
Finalmente, o triunvirato foi dissolvido quando Marco António devolveu Otávia a Roma e pouco depois desposou Cleópatra, a quem Júlio César tinha nomeado rainha do Egito. Mediante o reconhecimento de Cesarión - Ptolomeu XV - filho de Cleópatra e César, como seu co-dirigente, Marco António, que permanecera no Egito e se instalara como potentado oriental, ameaçou a posição de Otaviano como único sucessor de César e a guerra tornou-se inevitável. Otaviano consolidou a sua situação, pacificou a Ilíria e contribuiu para a prosperidade romana, com o desenvolvimento da agricultura. As campanhas orientais de António serviram de pretexto para que Otávio proclamasse a traição do adversário e sua intenção de formar um reino independente de Roma. Esta declarou guerra ao Egito e Otaviano foi nomeado cônsul para combater António e Cleópatra, cujos exércitos foram vencidos na batalha de Áccio (31 a.C.). Depois da derrota, o território egípcio foi incorporado por Roma. No ano seguinte, Marco António e Cleópatra suicidaram-se e Cesarión foi assassinado. No ano 29 a.C., Otaviano voltou para Roma triunfalmente como senhor único do poder e recebeu, com o nome de Augusto (27 a.C.), os poderes repartidos até então entre os magistrados.

O primeiro cidadão
Apesar de assumir o poder, Otaviano não aceitou a ditadura. Temendo ser vítima da mesma sorte de Júlio César, abdicou solenemente de todos os poderes extraordinários (exceto o consulado) e propôs um novo regime, de compromisso - o principado - que centralizava o poder em torno de si mas mantinha as formas tradicionais da república romana. Longe de destruir as antigas magistraturas, assumiu-as quase todas e fez-se reeleger cônsul, sem interrupção, até o ano 23 a.C.. Na aparência, não passava, então, de um magistrado como os outros. Era apenas o primeiro, isto é, princeps, em autoridade.
O senado concedeu-lhe muitos títulos e poderes de que já tinham desfrutado diferentes funcionários da república. No ano 36 a.C., recebeu a concessão de inviolabilidade de um tribuno plebeu e, em 30 a.C., recebeu os poderes de um tribuno, com o qual passou a ter o poder de veto e controle sobre as assembleias. O senado também lhe concedeu a máxima autoridade nas províncias.
Em 29 a.C., recebeu o título de imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps senatus. No ano 27 a.C., o senado romano deu a Otaviano o título de augusto - "consagrado" ou "santo" - que mais tarde se converteu em sinónimo de imperador. O título passou desde então a identificar seu próprio nome e como "augusto" tem sido reconhecido pela história. A partir do ano 23 a.C., Augusto renunciou também ao consulado, guardando apenas a qualidade tribunícia, que lhe foi conferida em caráter vitalício. Morto Lépido, tornou-se máximo pontífice, com controle sobre a religião, a pedido do povo. O seu poder era, assim, fundado de certo modo no consentimento geral. Apesar da sua preeminência, como bem o mostram os títulos de príncipe ou primeiro cidadão e imperador, Augusto teve o cuidado de não levar demasiado longe as prebendas da monarquia, porém a sua autoridade era de facto a de um monarca absoluto.
Após a batalha de Filipos, Otaviano conheceu o poeta Virgílio e passou a financiar sua arte. Além de Virgílio, o historiador Tito Lívio, o arquiteto Vitrúvio, os poetas Horácio e Ovídio foram protegidos por Augusto e pelo seu ministro Mecenas. Por isso, no plano cultural o século de Augusto foi muito produtivo e cheio de promessas criadoras, inaugurando uma época clássica para a arte europeia, um classicismo latino que, ainda na Renascença, mil anos depois, estava dando frutos. Augusto fundou bibliotecas públicas; a literatura latina, primitivamente, influenciada pelos gregos, adquiriu independência e se tornou uma das mais brilhantes do mundo ocidental.
Conservador e austero, Augusto fez um governo de ordem e hierarquia. Lutou contra a decadência dos costumes, reorganizou a administração e as forças armadas, tornando-as permanentes e fixando-as nas fronteiras. Como adepto das virtudes romanas em tempos em que era cada vez maior a tolerância, tentou controlar a moral pública mediante a aprovação da lei suntuária e do casamento. Criou organismos governamentais (conselho do príncipe, prefeitos), dividiu Roma em 14 regiões, para facilitar o censo e a cobrança de impostos, reorganizou a administração das províncias, dividindo-as em províncias senatoriais e províncias imperiais, medidas que tiveram como resultado o aumento da centralização. Em Roma e na Itália esforçou-se para fazer reviver as virtudes esquecidas das antigas tradições e religião. Deu privilégios aos pais de família e combateu o celibato. Construiu o fórum de Augusto que leva seu nome e, no campo de Marte, ergueu as primeiras termas, o Panteão de Roma e outros templos. O seu amor pela arquitetura foi revelado pelo seu orgulho em "ter encontrado Roma com tijolos e a ter deixado coberta de mármore". Elevaram-se templos à deusa Roma e a Augusto em todo o império. No âmbito económico, fomentou o desenvolvimento da agricultura na Itália e saneou as finanças do Estado.
Ordenou expedições militares, geralmente bem sucedidas, à Hispania, à Récia, à Panónia, à Germânia (onde, entretanto, seu lugar-tenente Varo foi derrotado), à Arábia, à Arménia, à África. Pacificou a Hispânia e os Alpes, conseguiu a anexação da Galácia e da Judeia e conquistou, graças a Tibério, as terras austríacas do Danúbio, que formaram as províncias de Récia e Vindelícia, mas a sua campanha na Germânia fracassou. Tibério debelou uma insurreição na Ilíria e os germanos, liderados por Armínio, aniquilaram Varo e três legiões, na Batalha da Floresta de Teutoburgo.
Augusto casou três vezes. A sua terceira esposa foi Lívia Drusilla, que já tinha dois filhos, Tibério e Druso, de um matrimónio anterior. Augusto, por sua vez, tinha uma filha, Júlia, também de um matrimónio anterior.
A tentativa de Augusto de conseguir um grande sucessor fracassou, pois o seu sobrinho Marcelo morreu jovem. Agripa, cujo casamento com sua filha Júlia ele tinha forçado, morreu em 12 a.C. Os filhos menores de Agripa morreram em 2 e 4 da era cristã. Druso e Júlia também faleceram. Restava Tibério. Adotando-o, Augusto deu-lhe participação cada dia mais ativa nos negócios do Estado. A partir de 13 d.C., Tibério tinha poderes quase iguais aos do imperador. Quando Augusto morreu, em Nola, na Campânia, em 19 de agosto do ano 14, já era o enteado quem de facto governava Roma.
A obra de Augusto foi imensa, tanto na paz como na guerra. Os quarenta anos do principado de Augusto marcaram uma das épocas mais brilhantes da história romana ("século de Augusto"). O mês Agosto foi baptizado como Augustus em sua homenagem; até então designava-se Sextilis. Após a morte de Augusto, o senado romano decretou a sua divinização, passando a ser adorado como "Divus Augustus" ("Divino Augusto"), e abrindo um precedente em Roma que seria seguido pela maioria dos seus sucessores.
Tanto os escritores antigos como os mais recentes discordam quanto à importância de Augusto. Alguns condenaram a sua cruel luta pelo poder. Outros, dentre os quais se inclui o fiel partidário da república, Públio Cornélio Tácito, reconhecem as suas boas ações como dirigente. Às vezes, os pesquisadores atuais criticam os seus métodos pouco escrupulosos e o seu estilo autoritário, mas normalmente reconhecem suas realizações no estabelecimento de uma administração eficiente e um governo estável, bem como na obtenção de segurança e prosperidade para o Império Romano.
      

domingo, julho 18, 2021

O grande incêndio de Roma deflagrou há 1957 anos

Fire in Rome - Hubert Robert

  
O grande incêndio de Roma teve início na noite do dia 18 de julho de 64 d.C., afetando 10 das 14 zonas da antiga cidade de Roma, três das quais foram completamente destruídas.

O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas. O facto de a maioria dos romanos viverem em ínsulas, edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura de madeira, de três, quatro ou cinco andares, ajudou à propagação do incêndio.

Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias seguidos até que pudesse ser controlado. Mas por pouco tempo, já que houve focos de reacendimento que fizeram o incêndio durar por mais três dias. O antigo Templo de Júpiter Estator e o lar das Virgens Vestais foram destruídos, bem como dois terços da antiga cidade.
 
 
Nero e o incêndio de Roma

Existem várias versões sobre a causa do incêndio. A versão mais contada é a de que os moradores que habitavam as construções de madeira usavam do fogo para se aquecer e se alimentar. E por algum acidente, o fogo se alastrou. Para piorar a situação, ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.

Outra versão famosa, é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio com o propósito de construir um complexo palaciano, já que o senado romano havia indeferido o pedido de desapropriação para a obra. Há ainda a versão, concebida por romancistas cristãos posteriores que, atribuindo ao imperador a condição de demente, pretende que ele provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente, e poder produzir um poema, como Homero ao descrever o incêndio de Tróia.

Segundo algumas fontes, enquanto o fogo consumia a cidade, Nero contemplava o cenário, tocando com sua lira. Esta cena é retratada no romance Quo Vadis.

Há ainda uma versão da história que cita que, no momento do incêndio, Nero estava em outra cidade e, ao saber do ocorrido, retornou a Roma, esforçando-se para socorrer os desabrigados, inclusive mandando abrir os jardins de seu palácio para acolhê-los.

Todavia, o fato de, posteriormente, ter usado seus agentes para adquirir, a preço vil, terrenos nas imediações de seu palácio, com a provável intenção de ampliá-lo, tornou-o suspeito, junto ao povo, de ter responsabilidade no sinistro.

Para Massimo Fini, Nero teria sido caluniado, por historiadores romanos e cristãos, nesse episódio do grande incêndio de Roma.

Os cristãos e o incêndio de Roma

Não se sabe ao certo o momento e as razões que levaram os cristãos a serem acusados de responsáveis pelo incêndio. Historiadores cristãos e também romanos (como Tácito e Suetónio, cujas obras denotam acentuada antipatia pelo imperador) sustentam que se tratou de uma manobra de Nero, para desviar as suspeitas de sua pessoa. Uma vez que a tese de "incêndio criminoso" se disseminara, era necessário encontrar os culpados, e os cristãos podem ter-se tornado "bodes expiatórios" ideais, pelo fato de serem mal vistos em Roma. De facto, Suetónio relata que as crenças cristãs eram tidas, na época, como "'superstição nova e maléfica'" enquanto Tácito, embora acusando Nero de ter injustamente culpado os cristãos, declara-se convencido de que eles mereciam as mais severas punições porque cometiam "infâmias" e eram "inimigos do género humano".

Hoje a Igreja Católica celebra a memória desses "Santos Protomártires" todos anos no dia 30 de junho. E entre os mais ilustres estavam São Pedro que foi crucificado no Circo de Nero, actual Basílica de São Pedro, e São Paulo que foi decapitado junto à estrada de Roma para Óstia.

  
     

quarta-feira, junho 09, 2021

Nero morreu há 1953 anos

   
Nero Cláudio César Augusto Germânico (em latim Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus; Anzio, 15 de dezembro de 37 d.C. - Roma, 9 de junho de 68), foi um imperador romano que governou de 13 de outubro de 54 até à sua morte, a 9 de junho de 68.
Nascido com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, pelo pai Cneu Domício Enobarbo, e da família imperial júlio-claudiana através da mãe Agripina, a Jovem, filha de Germânico e neta de César Augusto. Ascendeu ao trono após a morte do seu tio Cláudio, que o nomeara o seu sucessor.
Durante o seu governo, focou-se principalmente na diplomacia e no comércio, e tentou aumentar o capital cultural do império. Ordenou a construção de diversos teatros e promoveu os jogos e provas atléticas. Diplomática e militarmente, o seu reinado caracterizou-se pelo sucesso contra o Império Parta, a repressão da revolta dos britânicos (6061) e uma melhora das relações com Grécia. Em 68 ocorreu um golpe de estado de vários governadores, após o qual, aparentemente, foi forçado a suicidar-se.
O reinado de Nero é associado habitualmente à tirania e à extravagância. É recordado por uma série de execuções sistemáticas, incluindo a da sua própria mãe e do seu meio-irmão Britânico, e sobretudo pela crença generalizada de que, enquanto Roma ardia, estaria a tocar a sua lira, além de ser um implacável perseguidor dos cristãos. Estas opiniões são baseadas primariamente nos escritos dos historiadores Tácito, Suetónio e Dião Cássio. Poucas das fontes antigas que sobreviveram o descrevem dum modo favorável, embora haja algumas que relatam a sua enorme popularidade entre o povo romano, sobretudo no Oriente.
A fiabilidade das fontes que relatam os tirânicos atos de Nero é atualmente controversa. Separar a realidade da ficção, em relação às fontes antigas, pode resultar impossível.
    
(...)
   
No fim de 67 ou princípios de 68, Caio Júlio Víndice, governador da Gália Lugdunense, rebelou-se contra a política fiscal de Nero. O imperador enviou Lúcio Vergínio Rufo, governador da Germânia Superior, a sufocar a revolta e Víndice, com o objetivo de angariar aliados, pediu apoio a Galba, governador da Hispânia Tarraconense. Vergínio Rufo, porém, derrotou Víndice e este suicidou-se, enquanto Galba, por sua vez, acabou sendo declarado inimigo público.
Nero recuperara o controle militar do império, mas isto foi utilizado contra si pelos seus inimigos em Roma. Em junho de 68, o Senado votou que Galba fosse proclamado Imperador e declarou Nero inimigo público, utilizando para isso a Guarda Pretoriana, que fora subornada, e ao seu Prefeito Ninfídio Sabino, que ambicionava tornar-se imperador.
Segundo Suetónio, Nero fugiu de Roma através da Via Salária. Contudo, apesar de ter fugido, Nero preparou-se para se suicidar com ajuda do seu secretário Epafrodito, que o apunhalou quando um soldado romano se aproximava. Segundo Dião Cássio, as últimas palavras de Nero demonstraram o seu amor pelas artes.
Com a sua morte desapareceu a dinastia júlio-claudiana e o império foi submergida numa série de guerras civis conhecidas como o ano dos quatro imperadores.
  
  

terça-feira, abril 06, 2021

Rafael morreu há 501 anos

Rafael Sanzio, Autorretrato


Rafael Sanzio (em italianoRaffaello SanzioUrbino6 de abril de 1483 - Roma6 de abril de 1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Também é conhecido por Raffaello Sanzio, Raffaello Santi, Raffaello de Urbino ou Rafael Sanzio de Urbino. Juntamente com Miguel Ângelo e Leonardo Da Vinci forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.
Urbino era então capital do ducado do mesmo nome e seu pai, Giovanni Santi, pintor de poucos méritos mas homem culto e bem relacionado na corte do duque Federico da Montefeltro. Transmitiu ao filho, de precoce talento, o amor pela pintura e as primeiras lições do ofício. O duque, personificação do ideal renascentista do príncipe culto, encorajara todas as formas artísticas e transformara Urbino em centro cultural, a que foram atraídos homens como Donato BramantePiero della Francesca e Leone Battista Alberti.
    
     

quarta-feira, março 24, 2021

O Massacre das Fossas Ardeatinas foi há 77 anos

Entrada para as Fossas Ardeatinas
     
Num certo dia, num combate durante a primavera de 1944, uma bomba da resistência italiana matou 33 soldados alemães e, por represália pelos alemães mortos, sob ordem do Führer, os militares alemães teriam que matar dez italianos por cada alemão morto, ou seja, 330 italianos seriam fuzilados como castigo da morte dos 33 soldados mortos. Passado vinte e quatro horas a Gestapo reuniu 335 pessoas para serem executadas, filas para a morte foram formadas e fossas foram abertas para abrigar os corpos, sendo as vitimas maioritariamente italianas, incluindo judeus, crianças e idosos. Todo esse massacre, acontecendo sob o comando de Erich Priebke. Segundo alguns historiadores, essa foi uma das represálias mais cruéis durante a Guerra.
  
    

quarta-feira, janeiro 27, 2021

Trajano tornou-se Imperador, sucedendo a Nerva, há 1923 anos

   
Marco Coceio Nerva (em latim: Marcus Cocceius Nerva, 8 de novembro de 30 - 27 de janeiro de 98), foi imperador romano de 96 até à sua morte em 98.
Este reputado senador esteve ao serviço do Império durante os reinados de Nero, Vespasiano, Tito e Domiciano. Com Nero foi membro do séquito imperial e desempenhou um papel de destaque na descoberta de uma conspiração contra o imperador, orquestrada pelo senador Caio Calpúrnio Pisão (65). Foi recompensado com dois consulados, com Vespasiano em 71 e com Domiciano em 90. Sendo este assassinado, a 18 de setembro de 96, o senado ao dia seguinte elegeu e aclamou um de seus membros, Nerva, imperador. Como novo monarca jurou restaurar os direitos que foram abolidos ou simplesmente obviados durante o reinado de Domiciano. Contudo, a sua administração foi pontuada por problemas financeiros e pela sua falta de habilidade para tratar com as tropas. Uma rebelião da guarda pretoriana em 97 quase o forçou a adotar o popular Trajano como herdeiro e sucessor. Nerva faleceu de morte natural a 27 de janeiro de 98. À sua morte foi sucedido pelo seu filho adotivo, Trajano.
Embora se desconheça grande parte da vida de Nerva, é considerado pelos historiadores antigos como um imperador sábio e moderado, interessado no bem-estar económico, procurando reduzir as despesas do governo. Esta opinião foi confirmada pelos historiadores modernos, um dos quais, Edward Gibbon, chama a Nerva e aos seus quatro sucessores, os "cinco bons imperadores". A adoção de Trajano como herdeiro finalizou com a tradição dos anteriores imperadores, que nomeavam algum dos seus parentes como filho adotivo, caso não lhe sucedessem os seus próprios filhos.
  
  
  
   
  
Marco Úlpio Nerva Trajano (em latim: Marcus Ulpius Traianus; 18 de setembro de 53 - 9 de agosto de 117) nasceu em Itálica (atual Santiponce), na Bética, no sul da Hispânia, perto de Híspalis (a atual Sevilha) em 53 d.C. Foi imperador romano de 98 a 117. Durante a sua administração, o Império Romano atingiu a sua maior extensão territorial graças às conquistas de leste. Trajano também é notado pelos seus extensos programas de obras públicas e as políticas sociais implementadas durante o seu reinado.