Biografia
Mesmo depois de formar-se em
Teologia, ele permaneceu fiel à sua
ideologia patriótica e conservadora. Porém, após a subida dos
nazis ao poder, em
1933,
Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou num conflito
crescente com o novo governo. Inicialmente, ele concordava com o
antagonismo dos Nazis ao Comunismo e à
República de Weimar, mas ficou alarmado com a tentativa de Hitler em dominar a
Igreja Evangélica (Luterana ou Reformada) impondo-lhe o movimento
neopagão dos "Cristãos Germânicos" da
Igreja do Reich e de seu bispo
Ludwig Müller. Sendo ele
nacionalista e não estando inteiramente livre de
preconceitos anti-semitas,
Niemöller protesta decididamente contra a aplicação do "parágrafo
ariano" na Igreja e a falsificação da doutrina bíblica pelos
cristãos alemães de ideologia nazista. Para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, ele criou no outono de 1933, com
Dietrich Bonhöffer, a
Pfarrernotbund ("Liga Pastoral de Emergência") para apoiar os pastores não-arianos ou casados com não-arianas, que foi transformada na
Bekennende Kirche (
Igreja Engajada) em
1934. A Igreja Engajada recusou obediência à direção oficial da Igreja Evangélica, tornando-se um importante centro de
resistência alemã protestante ao regime nazi.
Em 1934, Niemöller acreditava ainda que poderia discutir com os novos
donos do poder. Numa recepção na Chancelaria em Berlim, ele contestou
Hitler, que queria eximir a Igreja de toda responsabilidade pelas questões "terrenas" do povo alemão:
"Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei a
sua mão fortemente e disse: 'Sr. Chanceler, o senhor disse que devemos
deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso
povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente'.
Então, ele puxou a sua mão, dirigindo-se ao próximo e não disse mais
nenhuma palavra."
Perseguição nazi
A partir deste incidente, Niemöller fica cada vez mais na mira do regime. É observado pela
Gestapo
e proibido de fazer pregações, o que ele não aceita. Em 1935, é preso
pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa
época como o mais importante porta-voz da resistência protestante. No
verão de 1937, ele pregava:
"E quem como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso
vespertino de anteontem, a não ser três jovens policiais da Gestapo –
três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador
na cerimónia de crisma, e agora são enviados para armar ciladas à
comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e
deseja clamar 'Senhor, tende piedade' de forma bem profunda."
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Passados cerca de
sete meses, no dia 7 de fevereiro de 1938, começou então o seu processo
diante do Tribunal Especial II em Berlim-Moabit. Segundo a acusação,
Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas
pregações "de maneira ameaçadora para a paz pública", teria feito "declarações hostis e provocadores" sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o "parágrafo do Chanceler" e a "lei da perfídia". A sentença: sete meses de prisão, bem como dois mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do longo tempo
de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do
tribunal como homem livre. Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "
prisioneiro pessoal" para um
campo de concentração.
Até ao fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller
permaneceu preso – inicialmente, no campo de concentração de
Sachsenhausen, depois no de
Dachau.