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sábado, fevereiro 20, 2010

Paleontologia no Público

O fóssil mais antigo de uma tartaruga marinha de África é de Angola

Octávio Mateus com o fóssil no dia da descoberta
Octávio Mateus com o fóssil no dia da descoberta


Aquele 25 de Maio foi em cheio para Octávio Mateus. Era o Dia de África, feriado em Angola, e com tudo fechado em Luanda o paleontólogo português não podia resolver as burocracias da expedição que estava a terminar. Por que não aproveitar o tempo livre para uma última prospecção de fósseis, antes do regresso a Portugal? Meteu-se no carro, disposto a viajar cinco horas até às arribas de uma praia a norte da capital angolana e a calcorrear o terreno durante três horas apenas. Olhos posto no chão, nessa caminhada iria recuar até ao tempo dos dinossauros.


Percorria a arriba não muito alta, de um amarelo forte, praia de um lado, estepe a puxar para a savana com embondeiros e eufórbias do outro. Encontrava-se na zona do Ambriz, na província de Bengo.

A certa altura, qualquer coisa lhe chamou a atenção pela cor e pela forma. "Percebi logo que era o crânio de uma tartaruga. Fiquei radiante", recorda ao P2 Octávio Mateus, com 35 anos, do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa.

Sabia que o fóssil tinha cerca de 90 milhões de anos, pois essa é a idade dos sedimentos marinhos onde os ossos ficaram preservados. Era portanto uma tartaruga marinha contemporânea dos dinossauros, que desapareceram há 65 milhões de anos (excepto a linhagem que deu origem às aves), provavelmente devido a um cataclismo planetário provocado pela colisão de um meteorito.

Estava sozinho na arriba. O outro elemento desta expedição em 2005, o norte-americano Louis Jacobs, da Universidade Metodista do Sul, no Texas, já tinha regressado ao seu país. E não tinha um dos materiais essenciais numa escavação paleontológica - uma cola especial utilizada na consolidação dos fósseis, que evita a destruição dos fragmentos. Mesmo assim, avançou, deitando mão aos materiais que pôde: "A solução improvisada foi embrulhar o crânio, quase completo, em película de cozinha".

No regresso a Luanda, mostrou o resultado das suas andanças a colegas da Universidade Agostinho Neto, com quem foi estabelecer contactos para futuras expedições, e tratou das autorizações necessárias para retirar do país os ossos da tartaruga. Havia que os submeter a uma série de estudos em Portugal e nos Estados Unidos. "Vieram comigo, numa mala de mão."

Nem era preciso uma grande bagagem, uma vez que o crânio tem 20 centímetros de comprimento. Quanto ao animal completo, é difícil extrapolar o tamanho só a partir do crânio. "Na verdade, não sabemos. Mas não devia ter menos de um metro."

Passaram-se mais de quatro anos desde aquele dia na arriba angolana, o tempo que demorou a limpar os ossos, a extrair deles informações do passado longínquo e a publicá-las num artigo científico. Essa leitura das pistas encontradas nos ossos está na última edição da revista científica Acta Palaeontologica Polonica, num artigo de Mateus, Jacobs e outros paleontólogos de Portugal, Estados Unidos, Angola e Holanda.

Nascia o Atlântico Sul

Resultado dos estudos: a tartaruga de Angola pertence a um género e uma espécie novos para a ciência (chamaram-lhe Angolachelys mbaxi). Ao olhar para as relações de parentesco do novo fóssil, os investigadores também perceberam que fazia parte de um grupo distinto de tartarugas marinhas (chamaram-lhe Angolachelonia).

Neste grupo, a equipa inclui três outros elementos já conhecidos da comunidade científica, que podem considerar-se a partir de agora os primos mais próximos da tartaruga de Angola: a Sandownia harrisi (110 milhões de anos, de Inglaterra); a Glen Rose (nome da localidade no Texas onde foi descoberto o fóssil, com 120 milhões de anos); e a Solnhofia parsonsi (150 milhões de anos, da Alemanha). "Até este estudo, não eram reconhecidas como um grupo único, com uma origem comum", sublinha Octávio Mateus.

Todas habitavam o hemisfério Norte, com excepção da tartaruga de Angola. O facto de ela ser o primeiro elemento deste grupo descoberto no hemisfério Sul permite desvendar um pouco mais da história evolutiva das tartarugas marinhas e da sua relação com a geografia dos continentes naqueles tempos.

O Atlântico começava a nascer há 210 milhões de anos, entre o Norte de África e a parte ocidental da Península Ibérica. Há cerca de 160 milhões de anos estava em curso a abertura do Atlântico Norte e foi nessa altura que apareceram as tartarugas marinhas.

No entanto, o Atlântico Sul iniciou a sua formação mais tarde - há 110 milhões de anos, à medida que América do Sul e África se afastavam uma da outra, o que veio a permitir as migrações de animais. "As tartarugas começaram a poder atravessar o Atlântico de norte para sul. O mar que se abre é uma barreira para os animais terrestres, mas é um corredor para os animais marinhos", diz Octávio Mateus.

Com os seus 90 milhões de anos, a tartaruga de Angola deve ser descendente desses primeiros répteis marinhos a cruzarem o Atlântico de norte para sul, contribuindo para a compreensão das migrações da fauna marinha. "Muito provavelmente, nasceu e viveu em África, porque há ainda um intervalo de tempo grande entre ela e as outras tartarugas mais antigas."

Tanto quanto Octávio Mateus sabe, este é o fóssil mais antigo de uma tartaruga descoberto em África. Para Miguel Telles Antunes, também autor do artigo científico, o achado é muito interessante: "Quer pela qualidade do material encontrado, quer por se tratar de um animal muito mal conhecido na região", diz este paleontólogo da Academia de Ciências de Lisboa, citado num comunicado.

Uma pata de fora

Nas duas semanas anteriores à descoberta da tartaruga, Octávio Mateus e Louis Jacobs tinham seguido as pegadas deixadas há mais de 40 anos por Telles Antunes. Na década de 60, este paleontólogo esteve em Angola a identificar locais com fósseis de vertebrados para a sua tese de doutoramento, na qual veio a descrever uma nova espécie de réptil marinho. Era um mosassauro, um grande predador marinho contemporâneo dos dinossauros (a que Telles Antunes deu o nome de Angolasaurus bocagei).

A guerra interrompeu este tipo de trabalhos, além de os geólogos angolanos centrarem as atenções nos diamantes e no petróleo. Mas Octávio Mateus sempre se interessou por África, tal como Louis Jacobs, que é autor do livro Em Busca dos Dinossauros Africanos, de 1993. Encontraram-se num congresso e a ideia de procurar fósseis em Angola surgiu naturalmente.

Em 2005, cerca de três anos depois do fim da guerra em Angola, lá estavam eles. Nessa expedição, a primeira de várias, Mateus e Jacobs revisitaram os sítios estudados por Telles Antunes na província do Namibe e nas arribas do Ambriz.

Do passeio solitário de Octávio Mateus já tinha saído outra surpresa. Cerca de uma hora antes da tartaruga, Octávio Mateus cruzou-se com os ossos da pata dianteira de um saurópode, aquele grupo de dinossauros herbívoros quadrúpedes com os pescoços compridos. Era o primeiro dinossauro de Angola, igualmente com 90 milhões de anos, uma descoberta logo anunciada. "Fomos muito afortunados."

Não estava sequer nos planos da equipa encontrá-lo, uma vez que os terrenos que tinham palmilhado eram formados em ambientes marinhos, onde é raro haver esqueletos de dinossauro. Só que, embora os dinossauros tenham sido animais terrestres, também se encontram fósseis seus em ambientes marinhos. Parte dos esqueletos pode ter sido arrastada por um rio ou uma corrente de água e ter acabado depositada em sedimentos marinhos.

Octávio Mateus teve de deixar lá o braço do saurópode. "Não é coisa para pôr no bolso e levar para casa." Só nas expedições seguintes, em conjunto com paleontólogos norte-americanos e holandeses, acabaram a escavação e levaram uma parte dos ossos para o Museu Geológico da Universidade Agostinho Neto e outra para o Museu da Lourinhã. Quanto ao crânio da tartaruga, foi até aos Estados Unidos, com Louis Jacobs. Vão fazer-lhe uma tomografia axial computorizada (TAC), para ver os canais nos ossos associados aos ouvidos e ao cérebro, importantes na classificação do animal. Tudo regressará ao país de origem. "Faz parte do património angolano."

Desvendemos agora o nome da tartaruga. Angolachelys quer dizer "tartaruga de Angola", em grego clássico. E mbaxi, em kimbundo, língua do Norte de Angola, significa "tartaruga". "Queríamos também dar-lhe um nome local, para ter um cariz africano", explica Octávio Mateus. Traduzindo, esta foi a história da tartaruga-de-Angola-tartaruga.

in Público - ler notícia (17.02.2010)

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

As descobertas angolanas de paleontólogo português

Paleontologia

Português descobre em Angola nova espécie de tartaruga

Crânio de tartaruga "Angolachelys mbaxi" de Angola e o paleontólogo Octávio Mateus

O paleontólogo Octávio Mateus disse hoje ter confirmado cientificamente a descoberta de um novo género e nova espécie de tartaruga, por si encontrada em 2005 ao integrar uma expedição de cientistas de vários países a Angola.

Denominada “Angolachelys mbaxi”, ou seja “Tartaruga de Angola”, “a tartaruga representa um novo género e uma nova espécie para a ciência”, disse em declarações à Lusa Octávio Mateus, paleontólogo do Museu da Lourinhã e investigador da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo o paleontólogo, pelas suas características anatómicas é possível concluir que a tartaruga pertence a um novo grupo até agora desconhecido para a ciência.

“Há as tartarugas que encolhem o pescoço para dentro da carapaça (criptodira) e as que encolhem para o lado. Esta recolhe o pescoço para o interior da carapaça e é a mais antiga em África a pertencer a este grupo”, explicou o paleontólogo.

Sendo a mais antiga tartaruga criptodira do continente africano com 90 milhões de anos (Cretácico Superior), caracteriza-se por ser “uma grande tartaruga marinha de mais de um metro de comprimento e com um crânio de 20 centímetros”.

“É um dos primeiros répteis marinhos que cruzam o Atlântico de Norte para Sul”, sublinhou o paleontólogo, comprovando assim que há 90 milhões de anos os continentes americano e africano já estavam separados pelo oceano.

Além disso, o que a diferencia em relação às outras tartarugas são as “narinas separadas”.

Em 2005, o paleontólogo, que participou numa expedição com paleontólogos e geólogos norte-americanos, angolanos, holandeses e o português Miguel Telles Antunes, descobriu o crânio, fragmentos da carapaça, vértebras e garras do animal.

Após trabalhos laboratoriais e estudos de anatomia e relações de parentesco, Octávio Mateus viu agora a sua descoberta ser reconhecida pela comunidade científica, com a publicação do artigo “A mais antiga tartaruga criptodira de África do Cretácico de Angola” numa revista da especialidade.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Dinossáurio Miragaia longicollum entre as 10 principais descobertas de 2009


O Diário de Notícias elegeu as "Dez descobertas científicas de 2009 com selo português" entre as quais a descoberta do dinossauro estegossauro Miragaia longicollum, descrito em Fevereiro passado, e as trilobites gigantes de Arouca.

Diz o artigo:

"Investigadores portugueses, dentro ou fora de portas, marcaram pontos em 2009. Alguns estiveram mesmo na base de descobertas de grande impacto internacional. A detecção de ADN com uma vulgar impressora, a descodificação do genoma do cancro da mama ou a descoberta de novos planetas são alguns dos avanços envolvendo cientistas nacionais que marcaram o ano que terminou.
(...)
1. Descodificador do genoma do cancro da mama, em português
2. Sensor de ADN barato e amigo do ambiente

3. Portugal tem o maior conjunto de fósseis de trilobites do mundo
O País entrou, em 2009, no mapa da paleontologia com o maior e mais completo conjunto de fósseis de trilobites do mundo. Foi descoberto na região de Arouca, perto de Aveiro, por uma equipa de paleontólogos espanhóis e portugueses. Entre os fósseis encontrados estão também os maiores exemplares conhecidos. Isto porque até agora, os restos destes seres pré-históricos, que dominaram os mares até há 250 milhões de anos, não ultrapassavam os 10 centímetros de comprimento, mas os de Arouca chegam aos 30. Alguns restos mostram que os exemplares podiam atingir mesmo os 90 centímetros. A descoberta foi publicada na revista Geology.

4. .. e baptizou nova espécie de dinossauro

Mas no das descobertas pré-históricas, o País foi mais além, baptizando um novo dinossauro o Miragaia longicollum. A nova espécie foi descoberta na Lourinhã pela equipa do paleontólogo Octávio Mateus, do museu daquela localidade e da Universidade Nova de Lisboa. Este é um novo estegossauro que os seus descobridores baptizaram de Miragaia longicollum, um nome cheio de significados. Entre eles, o de pescoço comprido, uma das imagens de marca da espécie. O artigo descrevendo o novo dinossauro, que viveu no Jurássico Superior (há 150 milhões de anos), publicado na Proceedings of the Royal Society, pela equipa liderada por Octávio Mateus, culminou um trabalho de dez anos.

5. 32 novos planetas com a marca de um português

6. Trabalham em Portugal os melhores em cardiotocografia

7. Descoberta nova espécie...

8. Ajudar a controlar as células imunitárias

9. Novo tratamento para o Alzheimer e Parkinson

10. Telhas 'bonitas' e que alimentam o resto da casa


in Lusodinos - post de Octávio Mateus

sexta-feira, setembro 18, 2009

Etimologia dos dinossauros portugueses

Do Blog GeoLeiria publicamos o seguinte post, de autoria do Doutor Octávio Mateus:

Etimologia (origem e significado do nome) dos dinossauros portugueses:



Allosaurus europaeus: Largarto diferente, europeu
Alocodon kuehnei: Dente com ranhuras; dedicado a Kühne
Apatosaurus: lagarto enganador
Archaeopteryx: Asa primitiva
Aviatyrannis jurassica: Do latim, Avia = avó; tyrannis forma do genitivo tyrannus, tirano; jurassica refere a idade
Ceratosaurus: Lagarto de cornos
Compsognathus: Mandíbula elegante
Dacentrurus armatus: Cauda de muitos espinhos, armada
Dinheirosaurus lourinhanensis: Lagarto de [Praia de Porto] Dinheiro, Lourinhã
Draconyx loureiroi: Dragão de garras; [dedicado a João de] Loureiro
Dracopelta zbyszewskii: Dragão com escudo; [dedicado a Georges] Zbyszewski
Euronychodon portucalensis: "Paronychodon" europeu, português
Hypsilophodon: Dente de Hypsilophus
Iguanodon: Dente de Iguana
Lourinhanosaurus antunesi: Lagarto da Lourinhã [antiga Lourinhan]; dedicado a [Miguel Telles] Antunes
Lourinhasaurus alenquerensis: Lagarto da Lourinhã, e de Alenquer
Lusitanosaurus liasicus: Lagarto lusitano, do Liásico [Jurássico Inferior]
Lusotitan atalaiensis: Titã lusitano, da Atalaia [Lourinhã]
Miragaia longicollum: Miragaia [aldeia do concelho da Lourinhã, onde foi descoberto], mas também significa "bela Gaia" [deusa da Terra], de pescoço longo.
Paronychodon: Dente quase em forma de garra
Phyllodon henkeli: Dente como folha; dedicado a [Siegfried] Henkel
Pleurocoelus: pleuro= lateral, costela + coelus = abertura, orifício, buraco
Stegosaurus: telhas + lagarto
Taveirosaurus costai: Lagarto de Taveiro; dedicado a [J. Carrington da] Costa
Torvosaurus tanneri: Lagarto selvagem, [dedicado a] Tanner.
Trimucrodon cuneatus: Dente de três pontas, triangular

segunda-feira, março 02, 2009

Nova espécie de Dinossáurio - notícia no DN

Descoberta nova espécie de dinossauro em Portugal
FILOMENA NAVES

Fósseis. Chama-se 'Miragaia longicollum' porque tem o pescoço longo, foi descoberto na Lourinhã e é uma nova espécie de dinossauro. A equipa do paleontólogo Octávio Mateus já publicou um artigo científico

Quando o paleontólogo Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa, foi alertado há dez anos para o achado de um grande osso num caminho agrícola de Miragaia (Lourinhã) não podia saber que esse era o primeiro passo para a descoberta de uma nova espécie de dinossauro em Portugal.

Este é um novo estegossauro (com placas ósseas no dorso, a lembrar a imagem de um dragão), que os seus descobridores baptizaram de Miragaia longicollum, um nome cheio de significados. Entre eles, o de pescoço comprido, uma das imagens de marca da espécie.

O artigo científico com a descrição do novo dinossauro, que viveu no Jurássico Superior (há 150 milhões de anos), foi publicado na semana passada, na Proceedings of the Royal Society, pela equipa liderada por Octávio Mateus, que conta com uma paleontóloga da Universidade de Cambridge.

As escavações foram feitas em 1999 e 2001. Entre 2002 e 2006, os investigadores fizeram a preparação laboratorial dos fósseis, os moldes e as réplicas. O estudo iniciou-se então e ficou concluído em 2008. "O esqueleto não está completo, mas para um dinossauro é bom", adiantou ao DN Octávio Mateus, sublinhando que "o crânio está completo, o que faz dele o único crânio de estegossauro da Europa".

Em 2006 a equipa percebeu que aquele não era uma estegossauro como os outros. Este tem um longo pescoço de metro e meio, com 17 vértebras. "Pode haver duas razões para isto", diz Octávio Mateus. "Ou se tratou de uma adaptação, como estratégia de alimentação, por exemplo, ou houve uma selecção sexual, por preferência de parceiros com o pescoço mais compridos". O aparecimento de novas vértebras, por regulação genética e a cervicalização das vértebras dorsais terão conduzido a esse pescoço mais longo. "Mas o que isto demonstra é uma enorme plasticidade evolutiva dos dinossauros", conclui Octávio Mateus.

in DN - ler notícia


ADENDA: faz hoje 35 anos que a pena de morte por garrote foi executada pela última vez na Península Ibérica - o anarquista catalão Salvador Puig Antich foi executado no garrote vil pelo regime (moribundo...) franquista em Barcelona, a 2 de Março de 1974. Uma música, que lhe foi dedicada por Lluís Llach, para recordar o pobre rapaz:


segunda-feira, dezembro 22, 2008

Workshop de Paleontologia de Vertebrados e de Dinossauros (Univ. Lusófona)


WORKSHOP DE PALEONTOLOGIA DE DINOSSAUROS E DE VERTEBRADOS

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Formador: Doutor Octávio Mateus, omateus@fct.unl.pt

Datas e Duração: Entre de 15 a 30 de Janeiro de 2008.


Objectivos para os formandos:
  • Desenvolver espírito crítico e promoção de debate científico
  • Compreender os princípios básicos do método científico e dominar as regras de elaboração de um artigo científico
  • Compreender e relacionar conceitos básicos sobre evolução e paleontologia de vertebrados
  • Revelar conhecimentos sobre os temas e sub-temas propostos
  • Desenvolver um artigo de investigação e apresentação pública
  • Praticar prospecção e recolha de fósseis

Temas das aulas
  • 15 e 16 de Janeiro: 1ª a 2ª Aula (teórica): Noções básicas de paleontologia, geologia e biologia. Metodologia e princípios da Ciência. Preparação de artigos científicos. Metodologia do estudo dos dinossauros. Anatomia. Sistemática.
  • 17 e 18 de Janeiro: Aulas práticas - Visita ao Museu da Lourinhã e jazidas (Autocarro Lusófona ou transporte próprio - dependendo do número de inscritos)
  • 22 de Janeiro: Estudo dos dinossauros I - diversidade, classificação. Estudo dos dinossauros II - biologia, ecologia e icnologia.
  • 30 de Janeiro: Teste e apresentação de trabalhos. Esta aula é, em parte, dada pelos formandos.

Recursos: Textos, links de Internet, vídeos e artigos científicos (em Português e Inglês).

Actividades de avaliação: Teste de escolha múltipla (50%) e trabalho de investigação de duas páginas (são dadas sugestões de temas) (50%).

Habilitações mínimas: 12º ano de escolaridade e domínio médio de língua inglesa.

Número mínimo de alunos: 6 alunos
.

Preço: 53,00 €. Pagamento com o responsável Bruno Galrito ou por transferência bancária (NIB: 000 700 000 038 569 906 423) com referência ao Workshop.

Inscrições: Documento comprovativo de pagamento e/ou dados pessoais (nome, B.I. ou Nº aluno) para o e-mail biocelcursosaidas@gmail.com, até data limite de inscrição.
Inscrição até dia 9 de Janeiro (sexta-feira)

Bibliografia sugerida:
ver em http://lusodinos.blogspot.com/2008/01/livros-de-paleontologia.html


Bruno Galrito

BioC.E.L - Bio Conselho de Estudantes da Lusófona
Morada: Associação Académica Lusófona, Av. do Campo Grande, nº 376 1749 - 024 Lisboa
E-mail: biolusofona@gmail.com
Blog: http://biocel-lusofona.blogspot.com


Fonte: Doutor Octávio Mateus - Blog Lusodinos

domingo, dezembro 07, 2008

No tempo que as tartarugas tinham dentes

Foi publicada na revista Nature uma tartaruga primitiva... com dentes! A Odontochelys (=tartaruga de dentes) descoberta no Triásico da China vem também explicar a incorporação dos ossos que formam a carapaça. Este é claramente um "fóssil de transição"!





Chun Li, et al. (2008) An ancestral turtle from the Late Triassic of southwestern China, Nature, n.º 456: pp. 497-501

Post roubado ao Doutor Octávio Mateus - Blog Lusodinos

domingo, novembro 23, 2008

Notícia no CM sobre Museu do Jurássico - Lourinhã

Paleontologia: Projecto antigo vê luz do dia
Dinossauros renascem na Lourinhã

A Lourinhã está disposta a concretizar o sonho antigo de construir o Museu do Jurássico, projecto que remonta aos finais da década de 90 e que agora parece estar na direcção certa. Para isso, são precisos 22 milhões de euros de investimento que, segundo o presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, já estão assegurados, devendo abrir as portas em 2013.

O Jardim Jurássico será uma das principais atracções para os mais de 155 mil visitantes anuais esperados. "A principal característica será recriar toda a flora existente nesse período, com vegetação semelhante à da época. Para isso, já foi realizado um estudo, pela Faculdade de Ciências de Paris", revelou ao CM José Dias Custódio, acrescentando que "serão colocadas réplicas de dinossauros portugueses em todo o jardim".

"O Museu do Jurássico será construído no âmbito do plano de acção do Oeste. É um projecto de interesse nacional, e isso permitirá agilizar melhor os procedimentos entre ministérios [Economia e Inovação, Cultura e Ciência]", explicou o autarca, sublinhando "a importância do projecto para toda a região do Oeste".

Face à riqueza de vestígios de dinossauros do Jurássico Superior – período entre 200 e 145 milhões de anos –, o Museu irá revolucionar a forma como todo o espólio do actual Museu da Lourinhã será apresentado. "A área total do museu terá perto de 196 mil metros quadrados, dos quais dez mil serão para o edifício. Queremos que seja uma construção bio-inteligente, na qual procuraremos usar tecnologias ambientais para aquecimento de águas, aquecimento e arrefecimento do próprio espaço", esclareceu o autarca dando conta do desafio relacionado com a iluminação interior do edifício: "As peças verdadeiras têm de ser conservadas a temperaturas e humidades ideais".

DISCURSO DIRECTO

"A PALEONTOLOGIA É MUITO ESQUECIDA" (Octávio Mateus, Paleontólogo)

Correio da Manhã – O que vai mudar com o museu?

Octávio Mateus – Vai traçar um cenário diferente da Paleontologia em Portugal. Apesar de ter um potencial enorme, a Paleontologia é uma disciplina muito esquecida dos museus. A Lourinhã tem três dinossauros montados em posição de vida, mas o primeiro foi só em 2004. O Museu do Jurássico vai alterar este cenário para melhor.

– O que se vai poder ver no Museu do Jurássico?

– Queremos que o visitante aprenda como funciona a Paleontologia. Que saiba como chegamos às conclusões, mais do que assimilar o resultado final desse trabalho. A ideia é termos um visitante mais activo na procura do conhecimento.

– E no Jardim do Jurássico?

– Vão encontrar espécies semelhantes às existentes no Mesozóico, período no qual existiram os dinossauros. Não serão espécies que tenham existido só em Portugal, são provenientes de vários locais do Globo e que hoje existem um pouco por todo o lado. Fetos, cicas, araucárias, musgo, pinheiros e cedros.

– Como está a Paleontologia em Portugal?

– Portugal é o 7.º país do Mundo com maior número de géneros de dinossauros. Se formos ver por área, Portugal lidera com grande vantagem. Mas, no nosso país, a Paleontologia é feita por carolice. Não temos apoios.


in Correio da Manhã - ler notícia

quinta-feira, outubro 09, 2008

Dinossauros falsos e "Frankenstein"

Do Blog Lusodinos publicamos o seguinte post, com a devida vénia, do Doutor Octávio Mateus:


Sim, é verdade, até os dinossauros e outros fósseis são falsificados!


O crescente aumento do comércio de fósseis (com os leilões a venderem dinossauros a preços astronómicos), a raridade dos fósseis e pobreza económica associada a algumas áreas fossilíferas só podia dar num resultado: a falsificação de fósseis.

Em muitas lojas e feiras do país vemos crânios de mosassauros, ovos de dinossauros, trilobites e tantos outros fósseis de integridade duvidosa. Nalguns locais de venda, a falsificação atinge os 10 a 20% dos crânios expostos. Estas fraudes são muitas vezes compostas de ossos verdadeiros mas agrupados artificialmente para simular um crânio ou um esqueleto completo, a jeito do monstro de Frankenstein, no qual um só indivíduo era composto com partes de vários homens. As falsificações mais problemáticas são montagens artificiais de fósseis verdadeiros o que torna a detecção da fraude mais difícil.

Os artesãos que fazem estas fraudes, muitos deles de Marrocos e da China, são frequentemente de tal forma exímios que a falsificação engana os conhecedores e profissionais. O caso recente mais famoso é o do Microraptor publicado na revista Nature com cobertura e financiamento da National Geographic. Pensava-se que era um estádio evolutivo intermédio entre os dinossauros terópodes e as aves… pudera!… o esqueleto era composto pela junção de várias espécies.

Um meu novo artigo publicado no Journal of Paleontological Techniques (disponível em PDF) sugere várias técnicas na detecção destes embustes: exame visual pormenorizado e crítico, análise química, raios X e tomografia computorizada e observação sob luz ultravioleta.


A, Fotografia (à esquerda) e raios X (à direita) de um falso crânio de dinossauro Psittacosaurus. Os raios X mostram a pedra (a cinzento) que forma o núcleo no qual foram colados ossos de dinossauro para simular um crânio. B, Um fémur e C, um sacro e cintura pélvica, constituídos por partes de diferentes ossos.


Referência:
Mateus, O., Overbeeke, M., Rita, F., 2008. Dinosaur Frauds, Hoaxes and "Frankensteins": How to distinguish fake and genuine vertebrate fossils, Journal of Paleontological Techniques, 2: 1-5.