No mesmo local já tinham sido descobertos, em 2003, "restos de um grande dinossauro saurópode (vértebras, fémur), a par de ossos pertencentes a outros dinossauros de menor porte". Os investigadores acreditam, como explicam em comunicado, que esses achados terão sido enterrados num leito de um rio, mas "um episódio de grande energia hídrica (como uma grande cheia)" tê-los-á deslocado para o local onde vieram a ser encontrados.
Na campanha que agora terminou, os trabalhos de prospecção paleontológica resultaram na descoberta de "três novas jazidas com dinossauros, trilhos com pegadas destes animais e outros compostos exclusivamente por pegadas de tartarugas e répteis voadores".
Registo para o futuro
Questionado sobre a relevância dessa descoberta, o director do laboratório paleontológico da ALT-Sociedade de História Natural salientou que o trabalho só agora começou. "A importância por género e espécie não conseguimos ainda definir porque ainda não escavámos", explicou Bruno Silva, revelando que isso só será feito numa próxima campanha, até à qual as jazidas ficarão isoladas "com uma estrutura de protecção para que o mar não as destrua".
Ainda assim, o investigador destaca que os animais "parecem estar relativamente bem conservados", contando que de um deles já tinha sido, no passado, detectada "uma costela com quase dois metros de comprimento". Além disso, acrescenta Bruno Silva, "todas as descobertas de dinossauros são extremamente importantes para compreender o ecossistema de há 150 milhões de anos atrás". Nas prospecções que decorreram no mês passado foram também encontradas "várias jazidas contendo espécimes pertencentes à famosa tartaruga fóssil de Torres Vedras, Selenemys lusitanica".
O director do laboratório paleontológico da ALT-Sociedade de História Natural destaca que este ano houve uma "grande inovação": o facto de pela primeira vez se ter procedido ao registo tridimensional de alguns dos achados, nomeadamente de grandes blocos com ossos de dinossauro que, por estarem na linha de influência das marés ou localizadas no fundo das arribas, são praticamente impossíveis de remover. Uma metodologia que, como se lê no site desta entidade, é útil "para efeitos de salvaguarda e memória futura, estudo científico em laboratório e aplicação em futuros processos museológicos".
Estes trabalhos tiveram o apoio da Câmara de Torres Vedras e da Junta de Freguesia de São Pedro da Cadeira. Neles participaram também estudantes de Geologia da Universidade de Lisboa e investigadores do Grupo de Biologia Evolutiva de Madrid.