Uma caricatura de Idi Amin em 1977 - Edmund S. Valtman
Idi Amin Dada (circa 1920 – Jeddah, Arábia Saudita, 16 de agosto de 2003) foi um ditador militar e o terceiro presidente de Uganda, entre 1971 e 1979. Amin alistou-se nos King's African Rifles, um regimento colonial britânico, em 1946, servindo na Somália e no Quénia. Eventualmente, ele chegou à patente de Major-General no exército do Uganda, e tornou-se Comandante antes de liderar um golpe de estado em 1971, depondo o então presidente Milton Obote. Mais tarde, como chefe de estado, ele auto-promoveu-se a Marechal de Campo.
O governo de Amin ficou caracterizado por violações dos direitos humanos, repressão política, perseguição étnica, assassinatos, nepotismo, corrupção
e má gestão económica. O número de mortos durante seu regime ditatorial
é estimado por observadores internacionais e grupos de direitos humanos
como estando entre cem mil e quinhentos mil. Durante os seus anos no
poder, Amin deixou de ser um anticomunista com considerável apoio de Israel e passou a ser apoiado por Muammar al-Gaddafi, a União Soviética e a Alemanha Oriental. Entre 1975 e 1976, ele foi o presidente da Organização da Unidade Africana, um grupo criado para promover a solidariedade entre as nações no continente. Entre 1977 e 1979, Uganda foi membro da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em 1977, quando o Reino Unido
rompeu relações diplomáticas com o país, Amin declarou que havia
derrotado os britânicos, adicionando "CBE", de "Conquistador do Império
Britânico", aos seus títulos. O seu pomposo título completo era "Sua Excelência
Presidente Vitalício, Marechal de Campo Alhaji Dr. Idi Amin Dada, VC,
DSO, MC, CBE".
Após a Guerra Uganda-Tanzânia em 1978, onde Amin tentou anexar a região de Kagera, dissidentes conseguiram terminar com o seu regime de oito anos, forçando o seu exílio. Primeiro ele foi para a Líbia, depois para a Arábia Saudita, onde viveu até à sua morte, em 16 de agosto de 2003.
(...)
Alistado no Exército britânico,
foi inicialmente ajudante de cozinha do regimento britânico King's
African Rifles. Impressionou com os seus 1,90 metros de altura e os seus 110
quilos, bem como a sua habilidade pugilística, que o converteram num
campeão de boxe na categoria de pesos-pesados do seu país, de 1951 a 1960. Após a independência do país, em 1962, tornou-se chefe do Exército do presidente Milton Obote.
Pouco tempo após assumir este cargo, Amin e Obote começaram a ter
desavenças. A popularidade de Amin entre os militares e o atentado
contra a vida de Obote em 1969 fizeram que ambos se tornassem rivais.
Sabendo que o então presidente planeava prendê-lo por supostamente
desviar fundos das forças armadas, Idi Amin patrocinou um golpe de estado com a
ajuda do exército ugandês, em 25 de janeiro de 1971.
Numa transmissão de rádio ao povo ugandês, Amin falou que era
um soldado e não um político, e que libertaria todos os prisioneiros
políticos e colocaria a economia do país em ordem novamente.
Em 2 de fevereiro, ele declarou-se Comandante-em-chefe das forças
armadas e presidente vitalício, impondo disciplina militar ao seu
gabinete
e colocou seus apoiantes em cargos proeminentes do seu governo.
Obote e outros 20 mil soldados desertores e simpatizantes da oposição
fugiram do país para o exílio em países vizinhos, como a Tanzânia.
Em retaliação, Idi Amin começou a expurgar oficiais de lealdade
duvidosa do Exército, o que terminou com a morte de mais de 5 mil
militares. Muitos intelectuais, artistas e políticos também começaram a
ser presos sob suspeita de fazer oposição ao governo.
Após o golpe, depois de alguns meses de moderação, iniciou
rapidamente a arbitrariedade como estilo de seu governo, que durou oito
anos, sendo um regime brutal que deixou um país arruinado e 400 mil
ugandeses mortos. As perseguições, as mortes e os desaparecimentos
tinham natureza étnica, política e financeira começaram pouco após sua
chegada ao poder.
Demonstrando um temperamento megalómano, vingativo e violento, expulsou, em 1972, cerca de 40 mil asiáticos, descendentes de imigrantes do império britânico na Índia, dizendo que Deus
lhe havia dito para transformar Uganda num país de homens negros. Uma
figura grande e imponente, o seu comportamento excêntrico criou a imagem
de um homem dado a explosões irregulares e foi chamado de "Big Daddy".
Uma vez declarou-se "rei da Escócia", proibiu os hippies e as minissaias, e chegou a um funeral da realeza saudita usando um kilt. Certa vez (1999) disse a um jornal ugandês que gostava de tocar acordeão e de recitar o Alcorão. Ficou conhecido também por gozar com vários líderes internacionais: afirmava dar conselhos ao presidente americano Richard Nixon, criou o "Fundo Ugandês para a Salvação da Inglaterra" e cogitou propor a transferência da sede da ONU
de Nova York para a capital de Uganda. Depois de assumir o poder
(1971), tornou-se um ditador que violava os direitos humanos
fundamentais durante um "reinado de horror", segundo a Comissão
Internacional de Juristas.
Foi um dos déspotas mais sanguinários da África, tendo sido
denunciado dentro e fora do continente por matar dezenas de milhares de
pessoas durante seu governo. Algumas estimativas dizem que o número
ultrapassa as cem mil pessoas. Muitos ugandeses acusavam o ex-campeão
de boxe de manter cabeças decepadas no frigorífico, de alimentar
crocodilos com cadáveres e de ter desmembrado uma das suas esposas.
Alguns diziam que praticava canibalismo.
Rompeu relações diplomáticas com Israel, ordenou a expulsão de 90 mil asiáticos, a maioria comerciantes indianos e paquistaneses, e de vários judeus. Foi recebido, em 1975, pelo Papa Paulo VI como chefe em exercício da Organização da Unidade Africana. Foi notícia internacional em 1976 quando, depois do sequestro de um avião da Air France por terroristas palestinianos e da intervenção das Forças de Defesa de Israel (FDI) na operação militar conhecida como Operação Entebbe (ocorrida no aeroporto de Entebbe
- nome do aeroporto onde se sucederam os factos, que fica nos arredores
de Kampala, a 37 km do centro da cidade), foram libertados todos os
reféns. O ataque deixou 31 mortos, entre eles 20 ugandeses, uma
intervenção que foi encarada como uma humilhação pessoal, pois Idi Amin
na ocasião declarava-se neutro para a imprensa internacional, quando na
verdade apoiava os sequestradores palestinianos.
Rompeu em 1976 relações diplomáticas com o Reino Unido
e, dois anos depois, fracassa um atentado contra ele nos subúrbios de
Kampala. Após os assassinatos do bispo Luwum e dos ministros Oryema e
Oboth Ofumbi em 1977, vários ministros e integrantes do governo de Amin desertaram ou fugiram do país.
Em 1978, o apoio ao general Amin, dentro e fora de Uganda, havia
declinado e com a economia e as infrestruturas da nação a entrar em
colapso devido a má gestão, fez com que o número de inimigos do seu
regime aumentasse. Em novembro de 1978, o vice do presidente Amin, o
general Mustafa Adrisi,
foi gravemente ferido num suspeito acidente de carro. As tropas que
lhe eram leais decidiram amotinar-se. Idi Amin enviou forças do exército
para
enfrentar os amotinados, mas muitos já haviam fugido para a Tanzânia.
Amin acusou o presidente daquele país, Julius Nyerere, de agressão contra Uganda, e ordenou a invasão de partes do território da Tanzânia e formalmente anexou uma secção da região de Kagera.
Em janeiro de 1979, o presidente tanzaniano Nyerere mobilizou o
exército de seu país e contra atacou, com o apoio de grupos dissidentes
ugandeses, como a Frente de Libertação Nacional de Uganda (UNLA). As
forças de Amin recuaram frente à contra-ofensiva e, apesar do apoio
militar vindo do ditador líbio, Muammar al-Gaddafi, ele foi obrigado a fugir do país, em 11 de abril de 1979, após a queda da capital, Kampala. Ele fugiu então para a Líbia, mas teve de procurar um novo refúgio quando Gaddafi o expulsou do país. Recebeu então asilo da Arábia Saudita
em nome da caridade islâmica, onde passou a viver até o fim de sua
vida, acompanhado pelas suas quatro esposas e seus mais de 50 filhos.
Quando o seu estado de saúde se agravou, em julho, uma de suas quatro
mulheres pediu para voltar a Uganda para morrer, mas o atual governo
negou o pedido, sob o argumento que se retornasse ao país seria julgado
pelas suas atrocidades.
Gravemente doente foi internado na Unidade de Tratamentos Intensivos e morreu no Hospital Especialista Rei Faisal, em Jeddah, Arábia Saudita, de complicações devido à falência múltipla de órgãos. Foi enterrado na cidade saudita de Jeddah, onde viveu a maior parte do tempo desde que foi deposto (1979), num pequeno funeral horas depois de sua morte no sábado, a 16 de agosto de 2003.
Os ugandeses reagiram com uma mistura de alívio com a morte de um
tirano sanguinário e de nostalgia por um líder que muitos aplaudiram por
expulsar asiáticos que dominavam a vida económica local. Em 2007, foi lançado o filme "The Last King of Scotland" ("O Último Rei da Escócia"), que retrata as atrocidades de Idi Amin. O ator Forest Whitaker fez o filme, encarnando o ditador ugandês, papel pelo qual conquistou o Óscar da Academia como melhor ator.
in Wikipédia
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