segunda-feira, agosto 01, 2022

Murillo Araujo, poeta brasileiro, morreu há 42 anos

(imagem daqui)
     
      
   
Visão

Tenho à noite a visão de que a estrelas de ouro
vão descendo ao meu sonho e vêm dançando em coro.

Sinto-as numa nevrose...
numa fascinação... numa alucinação!
- quer agonie ou goze -
eu as sinto nevoentas,
lânguidas e luarentas,
uma por uma dando o pálido clarão!

Uma diz: “chamo-me Apoteose!”
Outra diz: “chamo-me Afeição!”
Outra é, levíssima, a Confiança,
Outra - a Lembrança
Outra - a Ambição...

E assim tenho a visão de que as estrelas de ouro
Vêm, dançando, ao meu sonho e vão descendo em coro.

Mas choro de aflição...
pois falta estrela que procuro em choro,
falta a que foi na terra um vulto louro,
falta a que está nos céus, e acha desdouro
descer e iluminar-me o coração!...


in
Carrilhões (1917) - Murillo Araujo

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