Mostrar mensagens com a etiqueta mamute. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta mamute. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, abril 11, 2025

A propósito de desextinções...

Seis espécies extintas que os cientistas ainda podem trazer de volta

 

 

Tigre da Tasmânia, no Jardim Zoológico de Hobart, em 1933

 

A desextinção está a progredir a passos largos. Esta semana, pela primeira vez na história, foi ressuscitada uma espécie anteriormente extinta: o Lobo Gigante. Mas há outras seis criaturas que a ciência poderá trazer de volta à vida.

Esta segunda-feira foi anunciada a primeira desextinção da história.

O Lobo Gigante, um canino extinto que caçou pela última vez há milhares de anos nas florestas e planícies da América do Norte da era Pleistocénica, terá sido agora ressuscitado pela Colossal Biosciences.

Estes lobos (Aenocyon dirus) viveram durante a última era glaciar (entre 2,6 milhões e 11.700 anos atrás) e foram extintos há mais de 10.000 anos.

A desextinção começa com amostras de ADN das espécies perdidas. Idealmente fazer-se-ia com o genoma completo; mas, na maior parte das vezes, os cientistas juntam genes da espécie extinta ao genoma de um animal vivo estreitamente relacionado.

Depois, num processo conhecido como transferência nuclear, os investigadores implantam esta sequência num óvulo retirado da espécie viva parecida. O animal resultante sairá geneticamente semelhante ao animal extinto.

Ou seja, apesar de se usar vulgarmente o termo “desextinção”, até ao momento, ainda não é possível trazer a 100% as espécies extintas.

Apesar disso, depois do Lobo Gigante, espera-se que os cientistas anunciem em breve outras espécies míticas desaparecidas. A Live Science fez uma lista de seis espécies extintas que os cientistas ainda podem trazer de volta.

 

Mamute-lanoso


 

Os mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius) viveram entre 300.000 e 10.000 anos atrás, durante a última era glacial.

No entanto, uma pequena população isolada conseguiu sobreviver na Ilha Wrangel (na Rússia) até cerca de 4.000 anos atrás.

As mudanças no clima no final da idade do gelo, a caça e a diminuição da diversidade genética da população levou os mamutes-lanosos à extinção.

O permafrost no Ártico preservou as carcaças dos mamutes-lanosos e até a estrutura 3D do seu genoma.

Isto significa que os cientistas podem extrair ADN bem preservado e, potencialmente, montar uma sequência genética semelhante à dos animais originais.

Uma transferência nuclear seria feita, idealmente, com um óvulo de elefante moderno para dar origem a uma espécie semelhante ao mamute-lanoso.

A Colossal Biosciences prometeu trazer as primeiras crias deste mamute até 2028.

 

Dodó


O dodó (Raphus cucullatus) era uma ave grande que não voava, exclusiva da Maurícia, uma ilha ao largo da costa de Madagáscar.

Os dodós extinguiram-se no século XVII como resultado direto da colonização europeia e tornaram-se, por isso, um emblema da extinção causada pelo Homem.

Os colonizadores chegaram à Maurícia em 1598, trazendo consigo várias espécies não nativas, como ratos, gatos e até macacos.

Estes animais saquearam os ovos e as crias dos ninhos de dodó, reduzindo o número de aves na ilha para níveis críticos em apenas algumas décadas.

Juntamente com a desflorestação e a caça dos dodós pelos humanos, a predação acabou por levar à extinção da espécie em 1681.

Como refere a Live Science, atualmente, o ADN do dodó sobrevive em espécimes de museus de história natural. Em 2022, os cientistas reuniram o primeiro genoma de dodó.

No entanto, trazer o dodó de volta à vida não vai ser tão fácil como parece. Um dos grandes desafios é introduzir diversidade genética na sequência de ADN do dodó, para que não se crie uma população de clones.


Tigre da Tasmânia

 

Exemplar jovem de um tigre-da-Tasmânia em 1910

 

O tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus), era um marsupial carnívoro, semelhante a um lobo, com riscas na parte inferior das costas, que viveu em toda a atual Austrália.

A espécie desapareceu do continente entre 3.000 e 2.000 anos atrás, mas uma população persistiu na ilha da Tasmânia.

No final do século XIX, os primeiros colonos europeus da Tasmânia começaram a caçar este animal, que era um predador de gado.

As matanças subsequentes levaram estes tigres à extinção, tendo o último indivíduo morrido num jardim zoológico em 1936.

Os também conhecidos como tilacinos são um bom candidato à desextinção porque existem muitos espécimes intactos dos quais se pode extrair ADN.

 
Pombo-passageiro

 

O pombo-passageiro (Ectopistes migratorius) já foi a espécie de ave mais abundante na América do Norte. Antes do século XVII, representava entre 25% e 40% da população total de aves.

Mas os colonos europeus caçavam os pombos e destruíram progressivamente o habitat das aves, causando a sua extinção.

Os pombos-passageiros viajavam em grandes bandos e reproduziam-se em comunidade, o que os tornava extremamente vulneráveis à caça.

O último pombo-passageiro conhecido morreu em 1914.

Os museus possuem dezenas de espécimes de pombos de passageiros empalhados, cujo ADN foi extraído e sequenciado pelos cientistas. Mas, como refere a Live Science, o ADN está tão fragmentado que é improvável que os investigadores tragam de volta o pombo-passageiro na sua forma original.

A mesma revista escreve que a empresa de biotecnologia Revive & Restore quer introduzir fragmentos de ADN do pombo-passageiro no genoma de pombos-da-cauda-banda (Patagioenas fasciata) modernos, o que dará origem a aves que se assemelham à espécie extinta.

A empresa tem como objetivo criar a primeira geração de pombos ainda em 2025.

 

Auroque
 
Os auroques, extintos há cerca de 400 anos, assemelham-se aos atuais bovinos
 

Os auroques (Bos primigenius) são os antepassados selvagens de todos os bovinos modernos.

Eram animais gigantes, com chifres, cuja área de distribuição se estendeu pelo Norte de África, Ásia e quase toda a Europa durante milhares de anos, datando os primeiros fósseis conhecidos de há cerca de.700 000 anos.

Os auroques foram os maiores mamíferos terrestres que restaram na Europa após o fim da última era glaciar. No entanto, os humanos levaram-nos à extinção devido à caça excessiva e à destruição do habitat.

O último auroque conhecido morreu em 1627 na floresta de Jaktorów, na Polónia.

Como escreve a Live Science, os esforços em curso para a “desextinção” dos auroques diferem dos de outras espécies extintas pelo facto de não necessitarem de engenharia genética. Isto, porque maior parte do ADN do auroque está presente nas raças modernas de gado,


Quagga
 

   

O quagga (Equus quagga quagga) é uma subespécie extinta das zebras.

As quaggas eram exclusivas da África do Sul e tinham menos riscas nos quartos traseiros do que as outras zebras.

Eram procuradas por caçadores devido às suas peles invulgares e por agricultores que queriam pastar o gado sem a concorrência de outros animais.

A perseguição implacável no século XIX levou à extinção da quagga na natureza. A última quagga em cativeiro morreu em 1883.

Hoje, existem apenas sete esqueletos de quagga, o que – como nota a Live Science – os torna os esqueletos mais raros do mundo.

Tal como acontece com a reprodução do auroque, os esforços para trazer o quagga de volta à vida também não envolvem engenharia genética.

Poderá ser possível clonar quaggas extraindo ADN da medula óssea de um esqueleto, injetando-o depois num óvulo de zebra.
   
in ZAP

quinta-feira, setembro 05, 2024

Notícia interessante sobre como os humanos caçavam mamutes...

Os humanos da idade do gelo caçavam mamutes com lanças - mas não as atiravam

 

 

 

Uma equipa de investigadores recriou as técnicas de caça da Idade do Gelo - e concluiu que as lanças usadas pelos humanos ancestrais eram provavelmente apoiadas no chão em vez de serem atiradas aos enormes mamutes.

Imagine que está a ser atacado por um mamute-lanoso. Segura uma lança de madeira com uma ponta de pedra afiada.

Atira-a contra o animal de 3.000 quilos e espera que ela perfure a sua espessa pele de couro? Ou fica quieto, coloca a base no chão e confia que o animal se vai empalar a si próprio, questiona a Discover Magazine.

A sabedoria convencional - tanto científica como cultural - há muito que favorece a primeira versão.

Mas, de acordo com um estudo publicado a semana passada na PLOS ONE, provas arqueológicas e uma abordagem experimental mostram que a segunda hipótese pode ter sido mais realista e comum durante a Idade do Gelo.

O estudo usou dados de quase 100 anos de arqueologia, e começou por analisar em particular as chamadas pontas de Clovis - pedras em forma de ponta de flecha ou de lança, com bordos afiados e entalhes canelados.

O seu nome deve-se a Clovis, no Novo México, onde as pedras foram descobertas pela primeira vez, há quase um século.

As pedras estão entre os achados arqueológicos mais comuns na América do Norte da época. Pelo menos 13 das pontas foram encontradas dentro de fósseis de mamutes — indicando que foram usadas com sucesso para a caça.

Mas a questão permanece: como?

Para Scott Byram, investigador da Universidade da Califórnia, em Berkeley, a base das pontas era uma pista importante. As ranhuras esculpidas em cada ponta poderiam permitir que ela deslizasse pela haste aquando do impacto. Uma ponta fixa, pelo contrário, teria mais probabilidades de se estilhaçar quando atingisse material denso, especialmente osso.

 

As pontas de Clóvis distinguem-se, em parte, devido à sua marca distintiva em forma de flauta ou de canal perto da base

 

A utilização de lanças com escoras na caça não era uma ideia nova. A equipa analisou imagens históricas que retratam essa técnica — incluindo um fresco de Pompeia e uma pintura de Frans Snyder do século XVII. Os relatos militares, tanto da história como da literatura, também incluem recordações desta técnica.

O investigador diz que enfrentar um animal maciço da Idade do Gelo era provavelmente mais assustador do que arremessar uma lança de longe. Mas essa técnica era provavelmente mais eficaz.

“Na verdade, proporcionava mais defesa à pessoa que estava ali parada, porque detinha o animal que vinha na sua direção”, diz Byram. “É por isso que foram usados em situações militares durante 2000 anos – para parar cavalos de guerra que estavam a atacar uma linha de soldados.”

A física também está do lado da técnica do pique plantado. Uma lança encostada a um animal em carga produziria cerca de 10 vezes mais força do que uma lançada.

Para testar essa física, a equipa recriou algumas das condições de empalamento. Construíram uma torre que lhes permitia largar diferentes pesos de várias alturas sobre uma prancha de carvalho que representava a pele e os ossos de um mamute.

Não se parecia muito com uma caçada“, diz Byram.

No entanto, a técnica mostrou que a ponta da pedra podia penetrar na tábua sem se partir. Agora que provaram que o conceito pode funcionar, querem recriar condições mais realistas – talvez usando um tronco a balançar como um pêndulo.

O teste pode também levar os arqueólogos a rever os pictogramas e petróglifos que representam a caça. Muitos mostram cenas deste género – mas alguns são ambíguos. Por exemplo, pode não ser claro se algumas linhas dessa arte antiga ilustram objetos ou movimentos.

“Vamos olhar de novo para algumas das gravuras rupestres que conhecemos há muito tempo, mas que talvez não tenhamos interpretado da forma correta”, diz Byram.

 

in ZAP

quarta-feira, agosto 07, 2024

Há um novo/velho culpado para o desaparecimento da recente megafauna...

Novo estudo revela a verdadeira história do desaparecimento dos maiores animais da Terra

 

 

 

Após uma meta-análise de mais de 300 artigos científicos, uma equipa de investigadores da Universidade de Aarhus concluiu que foi a caça humana, e não as alterações climáticas, o principal fator de extinção dos grandes mamíferos nos últimos 50.000 anos.

Nos últimos 50.000 anos, muitas espécies de grande porte, ou megafauna, pesando pelo menos 45 quilos, foram extintas.

Um novo estudo conduzido por investigadores da Universidade de Aarhus sugere agora que estas extinções foram predominantemente causadas pela caça humana e não pelas alterações climáticas, apesar das flutuações climáticas significativas registadas durante este período.

Esta conclusão é apoiada por análises exaustivas que incorporam provas da caça humana, dados arqueológicos e estudos em vários domínios científicos, demonstrando que a atividade humana foi um fator mais decisivo nestas extinções do que as alterações climáticas anteriormente dramáticas.

O debate tem-se prolongado durante décadas: foram os seres humanos ou as alterações climáticas que levaram à extinção de muitas espécies de grandes mamíferos, aves e répteis que desapareceram da Terra nos últimos 50 000 anos?

Por “espécies grandes”, explica o Sci Tech Daily, entendemos os animais que pesavam pelo menos 45 kg, conhecidos como megafauna. Com base nos restos mortais encontrados até agora, pelo menos 161 espécies de mamíferos foram levadas à extinção durante este período.

As espécies mais afetadas por estes eventos de extinção foram as de maior porte: os herbívoros terrestres que pesavam mais de uma tonelada, os megaherbívoros.

Há cerca de 50 mil anos, existiam 57 espécies de megaherbívoros. Atualmente, restam apenas 11, que também registaram declínios drásticos nas suas populações, mas não ao ponto de se extinguirem completamente.

De acordo com os resultados do novo estudo, apresentadas num artigo recentemente publicado na revista Cambridge Prisms: Extinction, muitas destas espécies desaparecidas foram caçadas até à extinção pelo homem.

 

Diferentes domínios de investigação

Os autores do estudo incorporaram vários campos de investigação, incluindo estudos diretamente relacionados com a extinção de grandes animais, tais como

  • O momento das extinções de espécies
  • As preferências alimentares dos animais
  • As exigências climáticas e de habitat
  • Estimativas genéticas do tamanho de populações passadas
  • Evidências de caça humana

Além disso, incluíram uma vasta gama de estudos de outros domínios necessários para compreender o fenómeno, tais como

  • História do clima nos últimos 1-3 milhões de anos
  • História da vegetação ao longo dos últimos 1-3 milhões de anos
  • Evolução e dinâmica da fauna nos últimos 66 milhões de anos
  • Dados arqueológicos sobre a expansão humana e o estilo de vida, incluindo as preferências alimentares

De acordo com os investigadores, as dramáticas alterações climáticas ocorridas durante os últimos períodos interglaciais e glaciais, conhecidos como o Plistocénico tardio, de 130.000 a 11.000 anos atrás, afetaram as populações e a distribuição de animais e plantas de grande e pequeno porte em todo o mundo.

No entanto, apenas foram observadas extinções significativas apenas entre os animais de grande porte, especialmente os maiores.

Uma observação importante é que os períodos glaciares e interglaciares anteriores, igualmente dramáticos, ocorridos nos últimos dois milhões de anos, não causaram uma perda seletiva de megafauna.

Especialmente no início dos períodos glaciares, as condições de frio e seca causaram extinções em massa em algumas regiões, como as árvores na Europa. No entanto, não se verificaram extinções seletivas de animais de grande porte.

“A grande e muito seletiva perda de megafauna ocorrida nos últimos 50.000 anos é única nos últimos 66 milhões de anos” explica Jens-Christian Svenning, investigador da Universidade de Aarhus e primeiro autor do artigo.

“Períodos anteriores de alterações climáticas não conduziram a grandes extinções seletivas, o que contraria o papel importante atribuído ao clima nas extinções da megafauna”, acrescenta Svenning.

“Outro padrão significativo que argumenta contra um papel do clima é o facto de as recentes extinções da megafauna terem sido tão graves em áreas climaticamente estáveis como em áreas instáveis”, realça o investigador.

Os arqueólogos encontraram armadilhas concebidas para animais de grande porte e as análises de isótopos de ossos humanos antigos e de resíduos proteicos de pontas de lança mostram que caçavam e comiam os maiores mamíferos.

“Os primeiros humanos modernos eram caçadores eficazes mesmo das maiores espécies animais e tinham claramente a capacidade de reduzir as populações de animais de grande porte”, diz Svenning.

“Estes animais de grande porte eram e são particularmente vulneráveis à sobre-exploração porque têm longos períodos de gestação, produzem muito poucas crias de cada vez e demoram muitos anos a atingir a maturidade sexual“, detalha o cientista dinamarquês.

A análise mostra que a caça humana de animais de grande porte, como mamutes, mastodontes e preguiças gigantes, foi generalizada e consistente em todo o mundo.

Também mostra que as espécies se extinguiram em alturas muito diferentes e a ritmos diferentes em todo o mundo. Em algumas áreas locais, a extinção ocorreu muito rapidamente, enquanto noutros locais demorou mais de 10.000 anos.

Mas, em todo o lado, ocorreu após a chegada dos humanos modernos ou, no caso de África, após os avanços culturais entre os humanos.

  

in ZAP

domingo, julho 21, 2024

Há novidades sobre a possibilidade de se clonar mamutes...!

Cromossomas de um mamute com 52 mil anos reconstituídos em 3D 

 

1107-embargo-mamute-super-site


Os cromossomas fossilizados permitem saber como o genoma do mamute estava organizado e que genes estavam ativos. A descoberta torna possível a reconstituição dos genomas de espécies extintas.

Uma equipa internacional de investigadores, incluindo dos Estados Unidos, Espanha e Dinamarca, reconstituiu o genoma e as estruturas cromossómicas em 3D de um mamute-lanudo com 52 mil anos – e esta é a primeira vez que tal se consegue para uma amostra de ADN antigo.


in Público

terça-feira, junho 04, 2024

Uma renovação muito paleontológica...

 Austríaco descobre três mamutes enquanto renova a adega de vinho

   

 

Enquanto renovava a sua adega de vinho em Gobelsburg, na Áustria, um homem tropeçou naquilo que seria a mais significativa descoberta em mais de um século no território.

Inicialmente, Andreas Pernerstorfer confundiu um objeto saliente com madeira, até que se lembrou das histórias do seu avô sobre encontrar dentes na cave, o que o levou a perceber que poderia estar perante uma relíquia pré-histórica.

Pernerstorfer chamou os especialistas da Academia Austríaca de Ciências para investigar o local e percebeu que foram os restos de três mamutes da Idade da Pedra, datados entre 30 e 40 mil anos, que o fizeram tropeçar.

“Uma camada óssea tão densa de mamutes é rara”, afirmou a líder da escavação, Hannah Parow-Souchon, em comunicado  “É a primeira vez que conseguimos investigar algo assim na Áustria usando métodos modernos”.

“Esta é a mais significativa descoberta deste tipo em mais de 100 anos”, diz a investigadora. “Outros sítios arqueológicos comparáveis na Áustria e nos países vizinhos foram, na sua maioria, escavados há pelo menos 100 anos e, em grande parte, perderam-se”.

 


    

Curiosamente, no entanto, a área é conhecida pela sua rica herança da Idade da Pedra, evidenciada por artefactos de sílex, joias e carvão encontrados ao lado da adega de Pernerstorfer, há cerca de 150 anos - todos objetos também datados do mesmo período que os mamutes recentemente descobertos.

Segundo o Washington Post, as evidências encontradas pelos investigadores sugerem que os primeiros humanos caçavam ativamente estes mamutes. “Mas ainda sabemos muito pouco sobre como o faziam”, afirma Parow-Souchon.

Especula-se que os mamutes eram apanhados e mortos no local, uma teoria que os investigadores esperam confirmar à medida que as escavações avançam.

À medida que o estudo destes ossos antigos prossegue, persistem estas questões sobre a interação entre os primeiros humanos e os mamutes, em particular a forma como estes animais maciços foram incorporados na dieta e cultura humanas da época.

 

in ZAP

quarta-feira, março 13, 2024

Tanto trabalho que os nossos antepassados tiveram para o extinguir e agora isto...

O mamute-lanoso está perto de regressar ao mundo dos vivos

 

 

A biotecnológica Colossal Biosciences está prestes a reescrever a história ao tentar trazer o mamute-lanoso de volta da extinção.

Com um recente salto na engenharia genética, este ambicioso projeto já não parece relegado para o reino da fantasia. A empresa anunciou um avanço significativo na reprogramação de células estaminais de elefantes.

Fundada por Ben Lamm, um visionário na intersecção da tecnologia e da biologia, juntamente com o famoso geneticista de Harvard George Church, a Colossal Biosciences tem como objetivo não só recriar o mamute para o espetáculo, mas também abordar questões ambientais e ecológicas mais vastas.

Ao reviver espécies extintas, a empresa pretende aumentar a biodiversidade e fornecer soluções para as espécies atuais ameaçadas pela aceleração da crise climática.

A descoberta envolve a manipulação complexa de células estaminais de elefante, explica a Insider.

As células estaminais, conhecidas pela sua notável capacidade de se desenvolverem em qualquer tipo de célula – seja um osso, um cabelo ou um órgão – há muito que fascinam os cientistas pelo seu potencial na medicina regenerativa e na investigação.

No entanto, o desafio de reprogramar estas células, especialmente as dos elefantes, tem sido um obstáculo. As células de elefante, como notou a equipa da Colossal, provaram ser excecionalmente resistentes aos processos de desdiferenciação que tiveram sucesso noutras espécies. Esta resistência foi ultrapassada através do ajuste do cocktail químico utilizado no processo.

A estratégia da Colossal envolve a utilização destas células reprogramadas para criar criaturas semelhantes a mamutes através da edição de genes e da fertilização in vitro (FIV), com a esperança de o conseguir até 2028.

A investigação da empresa não só abre caminho para o regresso do mamute, como também oferece novos métodos para estudar e preservar os elefantes atualmente vivos, que enfrentam as suas próprias ameaças de extinção.

Uma das perspetivas mais interessantes do trabalho da Colossal é a possibilidade de desenvolver gâmetas de elefante – espermatozoides e óvulos – em laboratório. Este avanço poderia eliminar a necessidade de procedimentos invasivos para colher estas células de animais vivos, facilitando uma abordagem mais ética à conservação e investigação.

A capacidade de criar estes gâmetas in vitro representa um salto significativo em direção à possibilidade de barriga de aluguer de mamutes, tornando possível o sonho da sua extinção.

No entanto, há uma panóplia de questões éticas, ecológicas e logísticas que se mantêm. Que lugar ocupariam estas criaturas nos nossos ecossistemas modernos? Como é que a sua reintrodução afetaria a biodiversidade atual e o equilíbrio ambiental? E, mais importante, quais são as implicações morais de reviver espécies que a própria natureza selecionou para a extinção?

 

in ZAP

domingo, julho 03, 2022

Notícia interessante de Paleontologia

Bebé de mamute-lanoso com 30 mil anos encontrado em condições quase perfeitas

   

Nun cho ga, o mamute-lanoso encontrado em Yukon

 

Um mineiro encontrou um mamute-lanoso bebé mumificado em Tr’ondëk Hwëch’in, em Yukon, Canadá. O fóssil está num estado de conservação quase perfeito.

Os Tr’ondëk Hwëch’in são um povo indígena de cerca de 1.100 pessoas, que inclui descendentes de pessoas que falam Hän, que vivem ao longo do rio Yukon há milénios, e uma mistura diversificada de famílias descendentes de Gwich’in, Tutchone do Norte e outros grupos linguísticos.

A mamute bebé fêmea foi batizado de Nun cho ga pelos anciãos Tr’ondëk Hwëch’in, que se pode traduzir por “grande bebé animal” na língua Hän, lê-se no comunicado do governo local.

A criatura mumificada foi encontrada na semana passada por mineiros enquanto estes escavavam o permafrost de Eureka Creek. Nun cho ga é o mamute mumificado mais completo alguma vez descoberto na América do Norte. Restos mumificados com pele e pelo raramente são encontrados.

Nun cho ga morreu e ficou congelada no permafrost durante a Era do Gelo, ao longo de mais de 30.000 anos.

“Como paleontólogo da Era do Gelo, foi um dos sonhos da minha vida ficar cara a cara com um mamute-lanoso de verdade. Esse sonho tornou-se realidade hoje. Nun cho ga é linda e um dos mais incríveis animais mumificados da Era do Gelo já descobertos no mundo. Estou entusiasmado para conhecê-la melhor”, disse o paleontólogo local Grant Zazula.

“Fazer parte da recuperação de Nun cho ga, a bebé de mamute-lanoso encontrada no permafrost em Klondike esta semana (no Solstício e no Dia dos Povos Indígenas!), foi a coisa científica mais emocionante de que já participei, sem exceção”, disse também o geomorfologista Dan Shugar, através do Twitter.

Nun cho ga terá percorrido o Yukon ao lado de cavalos selvagens, leões das cavernas e bisões gigantes das estepes. A sua descoberta constitui o primeiro mamute mumificado quase completo e mais bem preservado encontrado na América do Norte.

 

in ZAP

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Biodiversidade dos elefantes em África - novos dados

África tem duas espécies de elefantes e não uma

O elefante da savana é maior do que o elefante da floresta tropical

Em vez de apenas uma espécie de elefante, o continente africano tem duas, anunciou uma equipa de cientistas de três universidades, confirmando, com a ajuda da sequenciação genética, uma suspeita que já durava há anos.

Investigadores das universidades de Harvard, Illinois (Estados Unidos) e York (Reino Unido), fizeram uma análise genética pormenorizada para provar que o elefante africano da savana (Loxodonta africana) e o elefante africano da floresta tropical (Loxodonta cyclotis) são duas espécies diferentes há vários milhões de anos.

“A descoberta surpreendente do nosso estudo é que os elefantes africanos da floresta tropical e da savana – que alguns defendiam serem a mesma espécie – são tão diferentes entre si como são diferentes dos elefantes asiáticos ou mesmo dos mamutes”, explicou David Reich, professor do Departamento de Genética da Escola de Medicina de Harvard, em comunicado.

Para o estudo, publicado na edição de Dezembro da revista “PLoS Biology”, os cientistas tinham apenas o ADN de um elefante de cada espécie mas recolheram dados suficientes de cada genoma para abranger milhões de anos de evolução, regressando ao tempo em que os elefantes começaram a divergir uns dos outros.

“A divergência entre elefantes africanos de savana e de floresta é quase tão antiga como a separação entre humanos e chimpanzés. Isto surpreendeu-nos a todos”, comentou Michi Hofreiter, do Departamento de Biologia da Universidade de York.

A possibilidade de estas serem duas espécies diferentes surgiu em 2001 quando uma equipa de cientistas do Quénia e dos Estados Unidos propôs na revista “Science” a reclassificação do maior mamífero terrestre, com base em oito anos de trabalho de campo.

Apesar de viverem em ambientes diferentes e terem comportamentos distintos, aquilo que salta mais à vista é a diferença de tamanho. O elefante da savana tem uma altura média de 3,5 metros e um peso entre as seis e as sete toneladas, enquanto o elefante da floresta tropical tem uma altura de 2,5 metros e um peso entre as três e as quatro toneladas.

Mas há mais do que isto. As análises ao ADN revelaram uma grande diversidade genética entre as espécies. O elefante da savana tem uma diversidade genética muito baixa e o da floresta uma diversidade muito elevada. Os investigadores acreditam que isto se deve aos diferentes níveis de competição reprodutora entre os machos.

“Agora temos de tratar os elefantes da savana e da floresta como duas unidades diferentes para fins conservacionistas”, opiniou Alfred Roca, do Departamento de Ciências Animais na Universidade do Illinois. “Desde 1950, todos os elefantes africanos têm sido conservados enquanto apenas uma espécie. Agora que sabemos que são dois animais distintos, o elefante da floresta deveria tornar-se uma prioridade maior, a nível de conservação”, acrescentou.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Notícia no Público sobre mamutes

Cientistas reconstituem genoma do mamute

19.11.2008 - 18h58 Ana Gerschenfeld


Os mamutes-lanudos (Mammuthus primigenius) gostavam imenso do frio. Não admira portanto que alguns deles, quando morreram, tenham ficado presos e muito bem conservados no solo gelado da Sibéria. Mesmo o pêlo que os cobria sobreviveu até aos dias de hoje, durante milhares de anos, no permafrost. E foi graças a isso que Webb Miller e Stephan Schuster, da Universidade Estadual da Pensilvânia, conseguiram agora reconstituir a gigantesca molécula de ADN contida no núcleo das células de mamute – e começar a desvendar os segredos mais íntimos da evolução e da biologia destes mamíferos pré-históricos. É o primeiro genoma de um animal de uma espécie extinta.

Estes investigadores já tinham sequenciado o ADN das mitocôndrias de mamute, as “baterias” das células vivas. Mas enquanto o ADN mitocondrial é uma sequência molecular com apenas 13 milhões de “letras” (ou moléculas de base A, T, G, C), o ADN do núcleo celular, onde se encontra a esmagadora maioria dos genes (que no mamute são cerca de 20 mil) corresponde a uma sequência de ADN com uns quatro mil milhões de letras! Até há pouco, a mera dimensão do objecto impossibilitava a sua leitura.

Só que os avanços das técnicas de sequenciação têm sido espectaculares, tornando-as mais potentes, praticáveis, rápidas e baratas. Ao ponto que já permitiram sequenciar genomas humanos como os do Nobel James Watson. E, de facto, o assalto agora feito ao núcleo das células de mamute revelou-se um sucesso. Por enquanto, o resultado ainda é um rascunho, onde subsistem erros de leitura e faltam bocados (os cientistas estimam estar na posse de uns 80 por cento do genoma), mas isso não impede que a Nature faça na sua edição de hoje as honras ao acontecimento, publicando os novos resultados e mais dois artigos sobre o tema.

Bola de pêlo pré-histórica

Foi há cerca de 1,6 milhões de anos que apareceram os mamutes. Viveram em África, na Europa, na Ásia e na América do Norte, até se mudarem mais para norte, à procura de regiões mais frias, e desaparecerem há dez mil anos. Schuster e os seus colegas utilizaram como material de base, para extrair o ADN, o pêlo de uma múmia de mamute com 20 mil anos e de outra com 60 mil, ambas da Sibéria. O ADN capilar apresenta duas vantagens em relação ao ADN dos ossos, que é o habitualmente disponível nos restos fósseis: resiste melhor às intempéries, “porque o invólucro do pêlo o protege como uma embalagem de plástico biológico”, explica um comunicado da universidade; e resiste melhor à contaminação pelo ADN de bactérias ou fungos, algo que pode fazer com que o ADN sequenciado nem sempre pertença ao animal e torna ainda mais árdua a autenticação dos genes.

Para ter uma base de comparação que lhes permitisse colocar o carimbo “mamute”, os cientistas recorreram a um ADN de referência: o rascunho já disponível do genoma do elefante africano, um dos parentes próximos – e vivos – do extinto mamute. Mas, mesmo assim, a origem de alguns dos fragmentos é incerta. A sua autenticidade está dependente da sequenciação definitiva do genoma do elefante, a ser concluída por cientistas do MIT e de Harvard. “Só quando estiver completo é que vamos poder fazer uma avaliação final quanto à quantidade de genoma de mamute que conseguimos sequenciar”, diz Miller no comunicado.

Entretanto, os cientistas já conseguiram obter algumas pistas acerca da história deste antigo elefante e dos seus parentes actuais. “Os nossos dados sugerem que divergiram há cerca de seis milhões de anos”, salienta Miller. Também concluem que os mamutes deram origem a dois grupos há dois milhões de anos, que formaram duas sub-populações na Sibéria e que apenas uma delas sobreviveu até há dez mil anos (a outra ter-se-á extinto há 45 mil). E mostram ainda que, entre os mamutes e os elefantes modernos, as diferenças genéticas são mais pequenas do que se pensava. “Ao contrário dos humanos e dos chimpanzés, que se separaram mais ou menos na mesma altura e que rapidamente deram origem a espécies diferentes – diz Schuster –, os mamutes e os elefantes evoluíram de forma mais gradual.”

Ressuscitar o mamute?

A diversidade genética entre mamutes também era bastante baixa – a tal ponto que os animais poderão ter sido excepcionalmente susceptíveis às doenças e às mudanças climáticas – e aos homens, que os caçavam. Mas doenças e clima, por si só, permitiriam explicar o fim da subpopulação que se extinguiu há 45 mil anos, uma vez que o homem nunca chegou a cruzar-se com ela e a exterminá-la (na altura não habitava a Sibéria), como poderá ter acontecido com a subpopulação que sobreviveu mais tempo. Uma parte do debate em torno da responsabilidade humana no fim do mamute poderá portanto estar resolvida. Os cientistas esperam também descobrir no antigo genoma as características genéticas capazes de dar conta da excepcional resistência dos mamutes ao frio extremo. “Esta é realmente a primeira vez que somos capazes de estudar um animal extinto com o mesmo nível de pormenor com que estudamos os animais do nosso tempo”, diz Schuster.

Uma coisa é certa: o trabalho agora publicado mostra que é mesmo possível sequenciar o ADN de espécies extintas. A próxima etapa nesta saga será a da sequenciação da totalidade do genoma do homem de Neandertal, extinto há uns 30 mil anos, que Svante Pääbo, do Instituto Max-Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, espera completar num futuro não muito longínquo (em Agosto, a equipa de Pääbo publicou a sequência do ADN mitocondrial daquele homem primitivo). Aí saber-se-á, finalmente, o que nos separa e nos aproxima desse homem pré-histórico.

Claro que a pergunta mais empolgante que surge em muitas cabeças é a seguinte: agora que temos o ADN podemos trazer os mamutes de volta? Seria quase como tornar realidade o parque jurássico de Michael Crichton. Nenhum dos especialistas interrogados por Henry Nicholls, num divertido artigo também publicado na Nature, recusa a ideia de que um dia seja possível ressuscitar o velho elefante lanudo.

Mas fazer um mamute a partir do seu ADN é muito difícil. “Para pôr carne nos ossos do rascunho de genoma”, escreve Nicholls, “seria preciso dominar, no mínimo, as seguintes etapas: definir quais vão ser os genes da nossa criatura, sintetizar os cromossomas a partir dessas sequências, colocá-los dentro de um invólucro nuclear adequado; transferir esse núcleo para um ovócito compatível [os de elefante, a escolha mais natural, são extremamente escassos]; e transferir o embrião resultante para um útero que o leve até ao termo”. Um caminho pejado de obstáculos que parecem intransponíveis. Sem esquecer que, no fim, vai ser preciso criar vários indivíduos para poderem reproduzir-se, introduzir neles alguma variação genética para não gerar apenas clones – e que, para mais, esses animais não serão mamutes totalmente autênticos, mas antes híbridos de mamute e elefante (no melhor dos casos). Outro problema, talvez tão delicado como todos os anteriores: introduzir os mamutes num habitat adequado sem gerar o caos ecológico.

in Público - ler notícia