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terça-feira, setembro 24, 2024

As coisas que os humanos fazem - somos mais neandertais do que pensávamos...

Neandertais e Homo sapiens cruzaram-se numa montanha (em vários sentidos)

 

Reconstituição de um homo sapiens (esquerda) e neandertal (direita)

 

Uma equipa de arqueólogos identificou uma provável região de cruzamento entre Neandertais e o Homo sapiens durante o Plistocénico tardio. 

Diversos estudos mostraram já anteriormente que houve cruzamentos entre as populações de Neandertal e Homo sapiens — tendo mesmo sido encontrado ADN Neandertal no genoma de humanos modernos.

Um novo estudo usou agora modelação de nichos ecológicos e um sistema de informação geográfica para identificar as localizações dos Neandertais e dos Homo Sapiens que viviam em partes do sudeste da Europa e do sudoeste da Ásia.

No estudo, publicado na semana passada no Scientific Reports, os investigadores conseguiram identificar as regiões com maior probabilidade de interação e, consequentemente, de cruzamento entre as duas espécies de humanos durante o Plistocénico tardio.

Depois de estudar a distribuição geográfica do Neandertal e do Homo sapiens durante esse período, os investigadores concluíram que tinha havido cruzamento entre as duas espécies, e reduziram a lista de possíveis locais a apenas uma região - as Montanhas Zagros, no Planalto Persa, cadeia montanhosa que se estende do Irão ao norte do Iraque e ao sudeste da Turquia.

 

  

A biodiversidade, topologia variada e clima quente do local teriam permitido um bom nível de vida para os sues habitantes.

Além disso, a região deve ter estado no caminho do Homo sapiens quando este migrou para fora de África, por volta da altura em que os Neandertais ainda lá viviam, o que tornaria possível encontro entre as duas populações.

O local é considerado um tesouro de esqueletos de Neandertais e Homo sapiens, sendo a região onde foi encontrado o “enterro de flores” Neandertal e onde se descobriu um dos principais caminhos que o Homo sapiens percorreu quando começou a sair de África.

 

 

A equipa de investigação sugere que seria muito surpreendente se os dois grupos não se tivessem encontrado - pelo que parece assim altamente provável que se tenham cruzado, conta o Phys.org.

É de recordar que a relação entre neandertais e humanos modernos foi profundamente íntima, com trocas genéticas significativas. Tal intimidade influenciou a evolução de ambos os grupos, mas pode ter resultado na extinção dos neandertais.

 

in ZAP

quarta-feira, agosto 07, 2024

Há um novo/velho culpado para o desaparecimento da recente megafauna...

Novo estudo revela a verdadeira história do desaparecimento dos maiores animais da Terra

 

 

 

Após uma meta-análise de mais de 300 artigos científicos, uma equipa de investigadores da Universidade de Aarhus concluiu que foi a caça humana, e não as alterações climáticas, o principal fator de extinção dos grandes mamíferos nos últimos 50.000 anos.

Nos últimos 50.000 anos, muitas espécies de grande porte, ou megafauna, pesando pelo menos 45 quilos, foram extintas.

Um novo estudo conduzido por investigadores da Universidade de Aarhus sugere agora que estas extinções foram predominantemente causadas pela caça humana e não pelas alterações climáticas, apesar das flutuações climáticas significativas registadas durante este período.

Esta conclusão é apoiada por análises exaustivas que incorporam provas da caça humana, dados arqueológicos e estudos em vários domínios científicos, demonstrando que a atividade humana foi um fator mais decisivo nestas extinções do que as alterações climáticas anteriormente dramáticas.

O debate tem-se prolongado durante décadas: foram os seres humanos ou as alterações climáticas que levaram à extinção de muitas espécies de grandes mamíferos, aves e répteis que desapareceram da Terra nos últimos 50 000 anos?

Por “espécies grandes”, explica o Sci Tech Daily, entendemos os animais que pesavam pelo menos 45 kg, conhecidos como megafauna. Com base nos restos mortais encontrados até agora, pelo menos 161 espécies de mamíferos foram levadas à extinção durante este período.

As espécies mais afetadas por estes eventos de extinção foram as de maior porte: os herbívoros terrestres que pesavam mais de uma tonelada, os megaherbívoros.

Há cerca de 50 mil anos, existiam 57 espécies de megaherbívoros. Atualmente, restam apenas 11, que também registaram declínios drásticos nas suas populações, mas não ao ponto de se extinguirem completamente.

De acordo com os resultados do novo estudo, apresentadas num artigo recentemente publicado na revista Cambridge Prisms: Extinction, muitas destas espécies desaparecidas foram caçadas até à extinção pelo homem.

 

Diferentes domínios de investigação

Os autores do estudo incorporaram vários campos de investigação, incluindo estudos diretamente relacionados com a extinção de grandes animais, tais como

  • O momento das extinções de espécies
  • As preferências alimentares dos animais
  • As exigências climáticas e de habitat
  • Estimativas genéticas do tamanho de populações passadas
  • Evidências de caça humana

Além disso, incluíram uma vasta gama de estudos de outros domínios necessários para compreender o fenómeno, tais como

  • História do clima nos últimos 1-3 milhões de anos
  • História da vegetação ao longo dos últimos 1-3 milhões de anos
  • Evolução e dinâmica da fauna nos últimos 66 milhões de anos
  • Dados arqueológicos sobre a expansão humana e o estilo de vida, incluindo as preferências alimentares

De acordo com os investigadores, as dramáticas alterações climáticas ocorridas durante os últimos períodos interglaciais e glaciais, conhecidos como o Plistocénico tardio, de 130.000 a 11.000 anos atrás, afetaram as populações e a distribuição de animais e plantas de grande e pequeno porte em todo o mundo.

No entanto, apenas foram observadas extinções significativas apenas entre os animais de grande porte, especialmente os maiores.

Uma observação importante é que os períodos glaciares e interglaciares anteriores, igualmente dramáticos, ocorridos nos últimos dois milhões de anos, não causaram uma perda seletiva de megafauna.

Especialmente no início dos períodos glaciares, as condições de frio e seca causaram extinções em massa em algumas regiões, como as árvores na Europa. No entanto, não se verificaram extinções seletivas de animais de grande porte.

“A grande e muito seletiva perda de megafauna ocorrida nos últimos 50.000 anos é única nos últimos 66 milhões de anos” explica Jens-Christian Svenning, investigador da Universidade de Aarhus e primeiro autor do artigo.

“Períodos anteriores de alterações climáticas não conduziram a grandes extinções seletivas, o que contraria o papel importante atribuído ao clima nas extinções da megafauna”, acrescenta Svenning.

“Outro padrão significativo que argumenta contra um papel do clima é o facto de as recentes extinções da megafauna terem sido tão graves em áreas climaticamente estáveis como em áreas instáveis”, realça o investigador.

Os arqueólogos encontraram armadilhas concebidas para animais de grande porte e as análises de isótopos de ossos humanos antigos e de resíduos proteicos de pontas de lança mostram que caçavam e comiam os maiores mamíferos.

“Os primeiros humanos modernos eram caçadores eficazes mesmo das maiores espécies animais e tinham claramente a capacidade de reduzir as populações de animais de grande porte”, diz Svenning.

“Estes animais de grande porte eram e são particularmente vulneráveis à sobre-exploração porque têm longos períodos de gestação, produzem muito poucas crias de cada vez e demoram muitos anos a atingir a maturidade sexual“, detalha o cientista dinamarquês.

A análise mostra que a caça humana de animais de grande porte, como mamutes, mastodontes e preguiças gigantes, foi generalizada e consistente em todo o mundo.

Também mostra que as espécies se extinguiram em alturas muito diferentes e a ritmos diferentes em todo o mundo. Em algumas áreas locais, a extinção ocorreu muito rapidamente, enquanto noutros locais demorou mais de 10.000 anos.

Mas, em todo o lado, ocorreu após a chegada dos humanos modernos ou, no caso de África, após os avanços culturais entre os humanos.

  

in ZAP

quarta-feira, setembro 19, 2012

Notícia sobre Paleontologia e Açores

Mandíbula de cetáceo do período Plistocénico encontrada pela primeira vez em ilhas oceânicas
Descoberto em Santa Maria fóssil com mais de 100 mil anos
A ilha de Santa Maria, no Grupo Oriental, é a única do arquipélago dos Açores onde existem jazidas fósseis
Uma mandíbula de cetáceo, que se estima ter entre 117 e 130 mil anos, foi descoberta na jazida fóssil da Praínha, na ilha açoriana de Santa Maria, anunciou a Secretaria Regional do Ambiente esta terça-feira.
Esta é a primeira descoberta a nível mundial de um fóssil de cetáceo em ilhas oceânicas para o período Plistocénico, em particular para o último estádio interglaciar, segundo os estudos realizados pelos paleontólogos da Universidade dos Açores.
A mandíbula foi encontrada por habitantes locais, admitindo as autoridades que possa ter sido colocada a descoberto pelas adversas condições marítimas ocorridas no final de Agosto com a passagem do furacão ‘Gordon’.
A força do mar removeu rochas de grandes dimensões e areia, acabando por expor a mandíbula, que, segundo os especialistas, deverá ser de um cachalote ou de uma baleia de barbas.
O osso, com cerca de um metro de comprimento, foi removido do local por técnicos do Parque Natural de Santa Maria e investigadores do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores e será exposto no Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo, em Vila do Porto, logo que estejam concluídos os trabalhos de limpeza e análise.
A ilha de Santa Maria, no Grupo Oriental, é a única do arquipélago dos Açores onde existem jazidas fósseis.
No total, já foram identificadas nesta ilha 15 jazidas fósseis, datadas do final do Miocénico e início do Pliocénico, entre sete a cinco milhões de anos, além de outras seis jazidas mais recentes, do Plistocénico, com idades entre os 117 e os 130 mil anos, entre as quais a jazida da Praínha.

in CM - ler notícia

NOTA: embora com incorreções (há mais fósseis nos Açores, nomeadamente de vegetais dentro de cones de cinzas vulcânicas, noutras ilhas...) esta notícia é muito especial - aumenta a importância científica dea ilha de Santa Maria e dos seus fósseis e dá relevo aos Açores e à Paleontologia nacional...