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sábado, agosto 10, 2024

As coisas que os astrónomos amadores descobrem...!

Astrónomos amadores descobrem dois novos mundos do tamanho de Júpiter

 

Impressão artística do exoplaneta Tau Boötis b

 

Uma série de descobertas excitantes do projeto internacional de ciência cidadã Planet Hunters inclui dois possíveis exoplanetas do tamanho de Júpiter.

O projeto Planet Hunters NGTS (Next-Generation Transit Survey) foi criado em 2021 na esperança de descobrir novos exoplanetas, envolvendo voluntários para examinar os dados dos telescópios NGTS no Chile.

Os telescópios NGTS observam o céu noturno, monitorizando o brilho de milhares de estrelas para procurar quaisquer quedas na sua luz que possam ser causadas pela passagem de um exoplaneta em frente da estrela hospedeira.

O primeiro exoplaneta foi descoberto em 1992. Atualmente, os astrónomos encontraram quase 6000 mundos a orbitar estrelas distantes dentro da nossa Galáxia, a Via Láctea. Cada novo exoplaneta fornece informações valiosas sobre a forma como os planetas se formam e evoluem e sobre como sistemas solares muito diferentes do nosso funcionam.

Um artigo científico publicado na revista The Astronomical Journal descreve as descobertas mais promissoras do projeto Planet Hunters NGTS até à data, com a ajuda de quase 15.000 voluntários de todo o mundo. O artigo foi liderado por Sean O’Brien, estudante de doutoramento na Escola de Matemática e Física da Queen’s University em Belfast, Irlanda do Norte.

“Há muitas coisas no universo que podem imitar os sinais dos exoplanetas que estamos a procurar. É preciso muito trabalho para passar de candidato a planeta a planeta confirmado. Estamos a trabalhar arduamente para confirmar e caracterizar estes candidatos a planeta”, disse O’Brien.

“É muito emocionante porque estes achados não foram detetados inicialmente pelos astrónomos da rede NGTS, mas foram salvos pelos voluntários do Planet Hunters NGTS que ‘vasculharam’ pelos dados”.

 

Descoberta rara…

A descoberta mais importante até agora é a deteção de um candidato a exoplaneta, com cerca do tamanho de Júpiter, em órbita de uma estrela anã vermelha, uma estrela mais pequena do que o nosso Sol.

Trata-se de uma descoberta rara dos voluntários, uma vez que apenas foram descobertos cerca de uma dúzia de planetas gigantes em órbita de estrelas anãs M, e coloca questões interessantes sobre a forma como estes sistemas se podem formar.

O’Brien e os colaboradores usaram o Observatório Gemini, também no Chile, e o seu instrumento Zorro para obter uma visão mais clara das estrelas que hospedam os candidatos a planeta. O instrumento Zorro utiliza uma técnica chamada “speckle imaging“, que permite aos telescópios terrestres ultrapassar grande parte do efeito de desfocagem da atmosfera da Terra e, assim, obter imagens de muito maior resolução.

 

…e surpreendente

As observações do Zorro revelaram, no avistamento de um segundo potencial exoplaneta, que o que inicialmente se pensava ser uma estrela individual que albergava um candidato a exoplaneta era, de facto, duas estrelas.

A segunda estrela orbita a estrela primária à mesma distância que Úrano orbita o Sol no nosso Sistema Solar. Isto sugere que podemos estar a ver um exoplaneta a orbitar uma das duas estrelas deste sistema binário — o que seria outra configuração rara.

A Dra. Meg Schwamb, coautora do artigo científico, também da mesma universidade, disse que o Planet Hunters NGTS estava a dar resultados “para além do que esperávamos”. E acrescentou:

“Este projeto foi uma aposta ao início. Não sabíamos se havia algo escondido nos dados de arquivo do NGTS e acabámos por encontrar não apenas um, mas dois potenciais exoplanetas interessantes que temos de analisar mais de perto. Os resultados até agora são entusiasmantes”.

A equipa recebeu mais tempo de telescópio para estudar alguns destes achados em maior detalhe, na esperança de confirmar a sua natureza planetária.

“A quantidade de entusiasmo demonstrada pelos voluntários que fizeram deste projeto o que ele é tem sido espantosa”, acrescentou O’Brien. “Temos mais dados recentemente obtidos pelos telescópios para analisar com o projeto e estou confiante de que, com a ajuda do público, podemos fazer descobertas ainda mais notáveis de possíveis exoplanetas.”

Os voluntários podem ter qualquer idade, ser de qualquer parte do mundo e não é necessária qualquer formação; tudo o que precisamos é de um navegador web para começar a procurar exoplanetas.

 

in ZAP

quarta-feira, julho 17, 2024

Há um exoplaneta na proximidade do sistema solar que pode ser um pouco parecido com o nosso...!

Uma “super-Terra”: a 48 anos-luz de nós, há um planeta que poderá ter atmosfera e até água líquida

 

A descoberta foi feita por uma equipa internacional de astrónomos liderada pela Universidade de Montreal, no Canadá, com base nos dados do telescópio James Webb recolhidos em dezembro de 2023.

 

O LHS 1140b tem 1,7 vezes o tamanho do planeta Terra

 

Chama-se LHS 1140b o exoplaneta que poderá ser uma “promissora ‘super-Terra’”. Está localizado a cerca de 48 anos-luz de distância da Terra, na constelação da Baleia, e aparenta ser um dos exoplanetas mais promissores no que às condições de habitabilidade diz respeito, mostrando ter potencial para albergar uma atmosfera e até um oceano de água líquida.

A descoberta foi feita por uma equipa internacional de astrónomos liderada pela Universidade de Montreal, no Canadá, com base nos dados do telescópio espacial James Webb (JWST) recolhidos em Dezembro de 2023 e combinados com dados anteriores de outros telescópios espaciais, como o Spitzer, o Hubble e o TESS. Os resultados estão disponíveis no ArXiv, um site onde os investigadores submetem os seus resultados à avaliação informal dos seus pares, e serão publicados em breve na revista The Astrophysical Journal Letters.

Num comunicado, a Universidade de Montreal destaca que, “quando o exoplaneta LHS 1140b foi descoberto pela primeira vez, os astrónomos especularam que poderia ser um mini-Neptuno: um planeta essencialmente gasoso, mas muito pequeno em tamanho comparado com Neptuno”. No entanto, depois de analisarem os novos dados, os cientistas chegaram a uma conclusão muito diferente.

O LHS 1140b orbita uma estrela anã-vermelha de baixa massa e cativou os cientistas por ser um dos exoplanetas mais próximos do nosso sistema solar que se encontra dentro da zona habitável da sua estrela. Os exoplanetas que se encontram nesta zona têm temperaturas que permitem a existência de água em estado líquido – sendo a água líquida um elemento crucial para a vida tal como a conhecemos na Terra.

Uma das principais questões sobre o LHS 1140b era, portanto, se se tratava de um exoplaneta do tipo “mini-Neptuno” – ou seja, um pequeno gigante gasoso com uma espessa atmosfera rica em hidrogénio – ou de uma “super-Terra”, um planeta rochoso maior do que a Terra. Este último cenário incluía a possibilidade de o exoplaneta albergar um oceano líquido envolvido por uma atmosfera rica em hidrogénio, que exibiria um sinal atmosférico distinto que poderia ser observado com o telescópio James Webb.

A análise das observações do James Webb excluiu o cenário de se tratar de um “mini-Neptuno”, com provas que sugerem que o exoplaneta LHS 1140b é, sim, uma “super-Terra”, que pode ter até uma atmosfera rica em azoto. Se este resultado for confirmado, o LHS 1140b seria o primeiro planeta temperado a mostrar sinais de uma atmosfera secundária, criada após a formação inicial do planeta.

Os dados indicam que o LHS 1140b é menos denso do que o esperado para um planeta rochoso com uma composição semelhante à da Terra, sugerindo que 10 a 20% da sua massa possa ser composta por água. Esta descoberta indica que o LHS 1140b pode provavelmente ser um exoplaneta semelhante a uma bola de neve ou um planeta de gelo com um potencial oceano líquido na área da superfície que está sempre virada para a estrela hospedeira do sistema, devido à rotação síncrona do planeta (tal como a Lua em relação à Terra).

“De todos os exoplanetas temperados atualmente conhecidos, o LHS 1140b poderá ser a nossa melhor aposta para um dia confirmar indiretamente a existência de água líquida à superfície de um mundo extraterrestre fora do nosso sistema solar”, afirmou, em comunicado, Charles Cadieux, da Universidade de Montreal, autor principal do novo estudo. “Isto seria um marco importante na procura de exoplanetas potencialmente habitáveis.”

Anos de observações e estudos estão, portanto, pela frente para eventualmente se determinar se o LHS 1140b tem realmente condições de habitabilidade à superfície.

in Público

domingo, julho 14, 2024

Notícia a debater se a existência de extraterrestres inteligentes é influênciada pela Tectónica de Placas...

A resposta sobre a existência de aliens pode ter estado escondida na Terra este tempo todo

  

  

A existência de placas tectónicas pode ser fundamental para o desenvolvimento da vida complexa, o que pode explicar porque é que ainda não encontramos extraterrestres.

As placas tectónicas podem ter sido a chave para o desenvolvimento da vida complexa no nosso planeta, responsáveis por nós mesmos existirmos, mas também noutros planetas - e é essa possibilidade que cientistas da Universidade do Texas estão a levar em conta.

Num estudo publicado na revista científica Scientific Reports, foi calculada a probabilidade de outros planetas terem placas tectónicas, e isso foi adicionado à Equação de Drake, que calcula as probabilidades de encontrarmos civilizações alienígenas avançadas na nossa galáxia, a Via Láctea.


Placas tectónicas e a vida

Tudo começou com a questão do porquê a vida na Terra levou tanto tempo para sair dos organismos simples, o que só ocorreu após 4 mil milhões de anos de pequenos organismos a viver no mar. Criaturas complexas como os animais surgiram só há 600 milhões de anos, não muito tempo depois depois da dinâmica moderna das placas tectónicas aparecer.

Robert Stern, da Universidade do Texas, juntou-se a Taras Gerya, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, para propor que o atrito do movimento tectónico ao longo das eras geológicas ajudou no desenvolvimento da vida complexa. Isso teria ocorrido, basicamente, porque a dinâmica tectónica tornou os terrenos continentais adequados para a transição das criaturas do mar para a terra.

Cinco processos diferentes participaram dessa adequação - o aumento no abastecimento de nutrientes, a aceleração da oxigenação atmosférica e oceânica, o aumento da temperatura climática, um alto ciclo de formação e destruição de habitats e a pressão ambiental não-catastrófica que forçou a adaptação de organismos.

A partir disso, podemos concluir que, para que outras formas de vida em planetas distantes possam evoluir até conseguir desenvolver tecnologias avançadas com a capacidade de sair do planeta, seriam necessárias as mesmas condições.

A Terra é o único planeta do sistema solar com dinâmica tectónica. Planetas como Vénus, Marte e a lua Io têm atividade vulcânica, mas a sua crosta é uma casca única, não fragmentada e em movimento como a nossa. Não há como ter certeza de que mundos distantes possuem placas tectónicas, já que nossos telescópios não são tão potentes, mas, com base no que já conhecemos, há como estimar.

Ao rever a equação, os investigadores consideraram novos fatores - a fração de exoplanetas habitáveis com grandes continentes e oceanos e a fração desses que têm placas tectónicas com duração de mais de 500 milhões de anos. Isso exclui muito mais planetas do que o cálculo original, que considerava que qualquer vida simples, em todos planetas capazes de abrigá-la, se desenvolveria até formar uma civilização tecnológica.

A nova equação reduz a percentagem de planetas capazes de desenvolver vida complexa para 0,003%, no mínimo, e 0,2%, no máximo, algo muito menor do que o cálculo original, que simplesmente trabalhava com 100% (a partir da existência de vida simples).

Juntando isso com outros fatores, como o número de estrelas formadas anualmente, a quantidade de estrelas com planetas e planetas habitáveis entre estes, as probabilidades de achar vida inteligente na galáxia diminuem bastante, o que pode explicar não termos achado alienígenas até hoje - e mostrar que a Terra é, de fato, mais especial do que pensávamos.

 

in ZAP

quarta-feira, julho 10, 2024

O inferno existe - e chama-se exoplaneta HD 189733b...

Webb cheira ovos podres na atmosfera de um inferno onde chove vidro

 

 

HD 189733b

 

Num inferno já bem conhecido pelas suas condições extremas (entre as quais chuva feita de vidro), o Telescópio Espacial James Webb detetou um cheiro muito pouco agradável - o de ovos podres.

O famoso telescópio detetou, na atmosfera do exoplaneta HD 189733b, vestígios de gás sulfídrico, o composto responsável pelo cheiro característico dos ovos quando apodrecem.

O planeta azul, descoberto em 2005, está localizado a apenas 64 anos-luz da Terra.

Orbita a sua estrela muito mais perto do que Mercúrio orbita o Sol, o que resulta em temperaturas à superfície próximas dos 1090ºC e velocidades do vento superiores a 8.000 quilómetros por hora - mais rápidos do que a velocidade do som.

Usando os instrumentos avançados do Telescópio Webb, os astrónomos, liderados por Guangwei Fu da Universidade Johns Hopkins, identificaram o gás responsável pelo cheiro familiar que pode trazer nova luz sobre a composição atmosférica e os níveis de enxofre dos exoplanetas, um elemento chave para compreender a formação planetária e os processos químicos.

“O sulfureto de hidrogénio é uma molécula importante que não sabíamos que existia. Previmos que existisse e sabemos que está em Júpiter, mas ainda não o tínhamos detetado fora do sistema solar”, explicou Fu, em comunicado à EurekAlert.

A deteção do enxofre é crucial, uma vez que é um elemento essencial para a construção de moléculas mais complexas, juntamente com o carbono, o azoto, o oxigénio e o fosfato.

Para além do enxofre, a equipa de Fu quantificou outros elementos chave na atmosfera de HD 189733b, tais como água, dióxido de carbono e monóxido de carbono, que são vitais para compreender os ciclos de oxigénio e carbono do planeta.

O Telescópio Webb também encontrou indícios de metais pesados, uma descoberta comparada às descobertas no nosso sistema solar, onde os gigantes gelados como Neptuno e Úrano contêm mais metais do que os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno.

Para além disso, a investigação revelou, de acordo com o estudo publicado na revista Nature esta segunda-feira, que a atmosfera do HD 189733b não tem grandes concentrações de metano, ao contrário do que se pensava anteriormente. As temperaturas extremas do planeta podem ser responsáveis por esta ausência.

 

in ZAP

sábado, março 23, 2024

À procura de uma nova Terra, se calhar para quando dermos cabo desta...

Cientistas descobrem Super Terra em zona habitável

 

Representação artística da superfície de uma super Terra a orbitar uma anã vermelha

 

Planeta a girar à volta de anã vermelha média está numa zona habitável. Recebe insolação semelhante à da Terra e poderia potencialmente manter água líquida.

A orbitar uma estrela anã vermelha, a aproximadamente 137 anos-luz de distância, astrónomos liderados por Georgina Dransfield, investigadora da Universidade de Birmingham, descobriram uma nova Super Terra.

Com um raio 1,55 vezes maior que o da Terra, o TOI-715b reside na zona habitável da sua estrela, algo que sugere que pode potencialmente suportar água líquida, segundo o estudo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society em maio passado, que detalha ainda a existência de outro candidato planetário do tamanho da Terra no mesmo sistema, que poderia tornar-se o menor planeta na zona habitável descoberto pela missão TESS, caso venha a ser confirmado.

O hospedeiro de TOI-715b, uma anã vermelha média, é significativamente menor que o nosso Sol, tanto em massa como em raio, com uma órbita apertada de 19 dias para TOI-715b à volta da sua estrela. Apesar da proximidade, a localização do planeta na zona habitável circunstelar (CHZ) indica que recebe uma quantidade de insolação semelhante à da Terra, levantando ainda mais possibilidades intrigantes sobre as suas condições para a vida.

O conceito da CHZ, que define uma faixa em torno de uma estrela onde um planeta rochoso, poderia potencialmente manter água líquida, desempenha um papel crucial na busca por exoplanetas habitáveis. A descoberta de TOI-715b nesta zona alimenta o entusiasmo sobre o potencial para a vida além do nosso sistema solar e oferece um valioso estudo de caso para entender a formação e evolução planetária, particularmente em relação à pequena “fenda” de raio planetário.

Esta “fenda”, observada entre 1,5 e 2 raios terrestres, levanta questões sobre a perda de massa planetária e evolução, com o TOI-715b situado de forma intrigante dentro desta zona.

“A importância do vale dos raios reside no seu potencial para nos ensinar sobre a formação planetária e a evolução pós-formação, e, portanto, planetas dentro deste espaço são cruciais para aprofundar nosso entendimento dos fatores que o moldam,” explicam os autores.

Dada a posição vantajosa de TOI-715b para observação - devido aos seus trânsitos frequentes e ao brilho relativo da estrela hospedeira - esta Super-Terra apresenta-se como um alvo eficiente para as capacidades do JWST, podendo vir a revelar informações sobre a sua composição atmosférica e perspetivas de habitabilidade, de acordo com o Science Alert.

“Finalmente, a era do JWST chegou, e com ela, a era da caracterização atmosférica exoplanetária detalhada,” escrevem os autores no artigo.

“No contexto da caracterização atmosférica por espectroscopia de transmissão, anãs vermelhas brilhantes e próximas são hospedeiras planetárias ideais, pois pequenos planetas temperados transitarão frequentemente, permitindo deteções de características atmosféricas com alta relação sinal-ruído com menos horas de tempo de telescópio,” explicam os autores.

 

in ZAP

quinta-feira, agosto 11, 2022

Há uma nova teoria para a formação da Terra


Os cientistas estudam a Terra há muito tempo, no entanto, algumas questões permanecem sem resposta. Uma equipa internacional de investigação liderada por ETH Zurique e o Centro Nacional de Competência em Pesquisa Planetária propõe uma nova resposta à questão — como a Terra se formou.

A teoria dominante sugere que a Terra é formada a partir de asteroides condritos.

Estes são blocos relativamente pequenos e simples de rocha e metal que se formaram no início do sistema solar.

Contudo, o problema com esta teoria é que nenhuma mistura destes condritos pode explicar a composição exata da Terra — que é muito mais pobre elementos voláteis leves como o hidrogénio e o hélio do que o esperado.

Segundo o Tech Explorist, ao longo dos anos, numerosas teorias têm sido propostas para explicar esta disparidade.

Por exemplo, foi proposto que os objetos que subsequentemente se formaram na Terra colidiram e produziram um calor tremendo. Os componentes leves foram vaporizados, como resultado, deixando o planeta com a sua composição atual.

Segundo Paolo Sossi, professor de Planetologia Experimental na ETH Zurique e autor principal do estudo, os isótopos de um elemento químico têm todos o mesmo número de protões, embora com números diferentes de neutrões.

“Os isótopos com menos neutrões são mais leves e devem, por isso, poder escapar mais facilmente. Se a teoria da vaporização por aquecimento estivesse correta, encontraríamos hoje menos isótopos leves na Terra do que nos condritos originais. Mas é precisamente isso que as medições dos isótopos não mostram”, diz Sossi.

No novo estudo, publicado na Nature este mês, os cientistas procuraram uma solução alternativa.

Sossi explica que “modelos dinâmicos com os quais simulamos a formação de planetas mostram que os planetas do Sistema Solar se formaram progressivamente. Pequenos grãos cresceram com o tempo em planetesimais de tamanho quilométrico, acumulando cada vez mais material através da sua atração gravitacional“.

“À semelhança dos condritos, os planetesimais são também pequenos corpos de rocha e metal. Mas ao contrário dos condritos, têm sido suficientemente aquecidos para se diferenciarem num núcleo metálico e num manto rochoso”.

“Além disso, os planetesimais formados em diferentes áreas em torno do Sol ou em diferentes alturas podem ter composições químicas muito diferentes. A questão é se a combinação aleatória de diferentes planetesimais resulta numa composição que corresponda à da Terra”.

Os cientistas conduziram simulações em que dezenas de milhares de planetesimais colidiram no início do sistema solar. Os modelos foram criados de uma forma que permitiu a replicação gradual dos quatro planetas rochosos, Mercúrio, Vénus, Terra, e Marte.

As simulações demonstraram que a formação da Terra pode ter resultado de uma combinação de numerosos planetesimais. Além disso, o resultado estatisticamente mais provável dos modelos é a combinação da Terra.

“Apesar de termos suspeitado, ainda achámos este resultado muito notável. Temos agora não só um mecanismo que explica melhor a formação da Terra, mas também temos uma referência para explicar a formação dos outros planetas rochosos”, explica Sossi.

O mecanismo poderia ser utilizado, por exemplo, para prever como a composição de Mercúrio difere da composição dos outros planetas rochosos — ou como os exoplanetas rochosos de outras estrelas poderiam ser compostos.

“O nosso estudo mostra como é importante considerar tanto a dinâmica como a química quando se tenta compreender a formação planetária. Espero que as nossas conclusões conduzam a uma colaboração mais estreita entre os investigadores nestes dois campos”, remata o investigador.

 

in ZAP

quarta-feira, dezembro 07, 2011

A Terra tem finalmente um familiar distante...!

NASA confirma descoberta de exoplaneta em zona habitável
Kepler 22-b, um candidato a “gémeo” da Terra

Representação do Kepler 22-b (NASA)

A missão Kepler da NASA confirmou a descoberta de um planeta semelhante à Terra na zona habitável de um sistema solar a 600 anos-luz de distância, em redor de uma estrela idêntica ao Sol. Chama-se Kepler 22-b.

Não se sabe se é feito de rocha, gás ou líquido, mas sabe-se que tem uma temperatura à superfície que ronda os 22 graus Celsius. Já havia indicações sobre a sua existência, que agora foi confirmada pelos cientistas da missão Kepler da agência espacial norte-americana NASA. O Kepler 22-b é 2,4 vezes maior do que a Terra e é, até agora, o mais parecido com o Planeta Azul.

O planeta foi detectado pela primeira vez em 2009, mas só agora a NASA pôde confirmar a descoberta. Isto significa que já foi visto passar três vezes diante da sua estrela. Fica na chamada zona habitável daquele sistema solar, o que significa que pode ter condições adequadas à existência de vida. Ou seja, as suas características e a distância em relação à estrela permitem pensar na existência de água em estado líquido e de uma atmosfera que poderá ser compatível com a vida.

“Agora temos uma boa confirmação sobre o Kepler 22-b”, anunciou Bill Borucki aos jornalistas. “Estamos certos de que fica na zona habitável e que tem a superfície necessária para ter uma boa temperatura”, adiantou o cientista do centro de investigação da NASA em Ames, na Califórnia.

Ao todo, o Kepler 22-b demora 290 dias a concluir a órbita em volta do seu “Sol”. Está cerca de 15% mais perto da sua estrela do que a Terra, mas essa estrela também emite cerca de 25% menos luz, o que proporcionará uma temperatura amena e compatível com a existência de água em estado líquido. Apesar de ser mais pequena e mais fria, a estrela do Kepler 22-b também pertence à mesma categoria que o Sol. “Este é um marco no caminho da descoberta de um gémeo da Terra”, adiantou Douglas Hudgins, investigador do programa Kepler da NASA.

Estávamos ainda em 2009 quando o planeta foi detectado pela primeira vez pelo telescópio espacial Kepler. Equipado com a câmara mais potente alguma vez enviada para o espaço, este engenho deverá continuar a enviar informação para a Terra pelo menos até Novembro de 2012.

A missão Kepler é a primeira da NASA que tem como objectivo encontrar planetas semelhantes à Terra e a investigação tem-se centrado na chamada zona habitável. Com o Kepler 22-b passam a ser três os exoplanetas – planetas fora do nosso sistema solar – com condições para que a vida possa ser uma possibilidade.

Em Maio, um grupo de cientistas franceses confirmou a descoberta do Gliese 581d, e já em Agosto uma equipa suíça confirmaram outro planeta, o HD85512b, numa zona habitável a 36 anos-luz da Terra.

A equipa da NASA que confirmou a descoberta do Kepler 22-b publica o seu trabalho na revista científica "The Astrophysical Journal". Adiantou também em conferência de imprensa que foram detectados outros 1094 candidatos a planetas. Destes, dez têm aproximadamente o tamanho da Terra e orbitam na zona habitável em torno da sua estrela, mas serão necessárias mais observações para confirmar se são realmente planetas.

O telescópio espacial Kepler está a acompanhar cerca de 150 mil estrelas e tem a capacidade de detectar um possível planeta porque regista pequenas diferenças na luz emitida pelas estrelas. Por vezes a diferença é mínima, quase como se se fundisse uma lâmpada entre vários milhares. No entanto, já foi possível detectar 2326 candidatos a planeta, dos quais 207 têm aproximadamente o tamanho da Terra e 680 são super-Terras. Estes resultados sugerem que os planetas que têm até quatro vezes o tamanho do nosso são mais abundantes do que se pensava.

Foram também detectados 1181 planetas do tamanho de Neptuno, 203 do tamanho de Júpiter, o maior do sistema solar, e 55 ainda maiores do que este. 

sexta-feira, outubro 01, 2010

Notícia no Público sobre planetas extra-solares (exoplanetas)

Gliese 581G, na Constelação da Balança
Cientistas descobrem planeta habitável a 20 anos-luz de distância

O Glieseg 581g encontra-se a 20 anos-luz da Terra (Representação artística: Universidade da Califórnia)

Planetas rochosos, parecidos com a Terra, já foram descobertos. Mas este, a 20 anos-luz de distância de nós, é o primeiro que parece ser habitável, dizem cientistas norte-americanos.


O Gliese 581g é um dos seis planetas do sistema em torno da estrela Gliese 581 (uma anã vermelha, que fica na Constelação da Libra), tem uma massa três vezes superior à da Terra e parece ser rochoso. Orbita a sua estrela a uma distância que o coloca dentro da chamada “zona habitável”, onde a água poderá existir em estado líquido à superfície do planeta. E tem um diâmetro 1,2 a 1,4 vezes superior ao da Terra, portanto terá gravidade suficiente para conseguir reter a sua atmosfera.

A descoberta, que resulta de 11 anos de observações, foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e do Instituto Carnegie, em Washington. Foi anunciada esta madrugada em comunicado de imprensa, e colocada online, no site de publicação de artigos de investigação da área da física arXiv.org, mas será também publicada na revista científica “Astrophysical Journal”.

Para os astrofísicos, um planeta “potencialmente habitável” é aquele que pode sustentar vida – não necessariamente um que os humanos considerem bom para se viver. Este fica bem no meio da zona habitável do sistema solar – onde não fica demasiado quente nem demasiado frio, onde pode haver rios e oceanos à superfície.

Mas um ano em Gliese 581g dura apenas 37 dias – é este o tempo que leva a completar uma volta à sua estrela. E mostra sempre a mesma cara à estrela, como a Lua faz com a Terra. Assim, no lado do planeta virado para o Sol é sempre dia e no que fica na obscuridade – a noite é eterna.

As temperaturas à superfície oscilam, por isso, entre o calor escaldante e o frio de enregelar – mas a temperatura média é negativa: -31 a -12 graus Célsius, diz um comunicado de imprensa da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. Mas, como terá atmosfera, poderá ter um efeito de estufa capaz de harmonizar melhor as condições na superfície.

No entanto, o local mais confortável do planeta seria a zona de transição entre a obscuridade e a luz, onde as temperaturas seriam mais amenas, dizem os cientistas. Mas o facto de o planeta estar dividido em duas zonas claramente definidas e estáveis pode ser uma vantagem para que surja a vida.“Quaisquer formas de vida que surgissem no planeta teriam uma grande variedade de climas estáveis para evoluir, dependendo da longitude em que se encontrassem”, comentou Steven Vogt, um dos coordenadores da equipa.

Talvez o mais interessante desta descoberta é o que traz em termos de implicações sobre a probabilidade de as estrelas terem pelo menos um planeta habitável na sua órbita. Dado o número relativamente pequeno de estrelas monitorizado pelos astrónomos caçadores de planetas, esta descoberta aconteceu relativamente depressa: se os planetas habitáveis são raros, diz Vogt, “não devíamos ter achado um tão depressa, e tão perto de nós.”

A conclusão dele é optimista: “O número de sistemas solares com planetas potencialmente habitáveis é, provavelmente, da ordem dos 10 ou 20 por cento. Quando se multiplica isto pelas centenas de milhares de milhões de estrelas da Via Láctea, obtemos um número gigantesco. Pode haver dezenas de milhares de milhões de sistemas solares com planetas habitáveis na nossa galáxia.”

in Público - ler notícia

NOTA: a notícia original tem algumas asneiras - no primeiro título fala da constelação de Libra, quando nós dizemos constelação de Balança e na legenda da figura fala de foto quando devia dizer representação artística.