No início
A introdução de Segovia à guitarra foi aos quatro anos de idade. Quando era pequenino, o seu tio entoava-lhe canções enquanto ele tocava uma guitarra imaginária. Isso incitou Segovia a elevar a guitarra ao
status do
piano e do
violino. Em particular, ele queria que a guitarra fosse tocada e estudada em todos os países e
universidades do mundo, e passar o seu amor por ela para as gerações futuras.
A primeira apresentação de Segovia foi em
Espanha, quando tinha 16 anos. Poucos anos depois, fez o seu primeiro concerto profissional em
Madrid, tocando transcrições de
Francisco Tárrega e algumas obras de
Bach, que ele próprio transcreveu e arranjou.
Embora a sua opção não fosse aprovado pela família, ele prosseguiu os estudos em guitarra. A sua técnica diferencia-se das técnicas de Tárrega e dos seus sucessores, como
Emilio Pujol. Como
Miguel Llobet (que pode ter sido seu professor por um curto período), Segovia atacava as cordas com uma combinação da
unha com a
carne da ponta dos
dedos, produzindo um som mais preciso do que os seus contemporâneos. Com esta técnica, foi possível criar uma paleta de
timbres maior, em comparação com o uso da carne ou das unhas sozinhas.
Muitos músicos proeminentes acreditaram que a guitarra de Segovia não seria aceite pela comunidade da música erudita, porque nas suas mentes, a guitarra não poderia ser usada para música erudita. Apesar disso, a excelente técnica de Segovia e o seu toque único atordoaram plateias. Consequentemente, a guitarra não foi mais vista estritamente como um instrumento popular, mas sim como um instrumento apto para tocar música erudita.
Auge
Como progredia na sua carreira e tocava para audiências cada vez maiores, Segovia constatou que as guitarras existentes não eram suficientes para tocar em grandes salas de concerto, porque não conseguiam produzir volume de som suficiente. Isso estimulou-o a procurar inovações tecnológicas que poderiam melhorar a
amplificação natural da guitarra. Trabalhando a par com o
luthier Hermann Hauser, ajudou na construção da que hoje é conhecida como
guitarra clássica, de melhores madeiras e cordas de
nylon. O formato da guitarra também foi mudado para melhorar a
acústica. A nova guitarra podia produzir
notas com maior
volume sonoro do que os modelos anteriores, usados em Espanha e noutras partes do mundo, embora fosse ainda baseado no modelo básico desenvolvido por Antonio Torres quase 50 anos antes de Segovia nascer. Depois de uma viagem de Segovia pelos
Estados Unidos em
1928,
Heitor Villa-Lobos compôs e dedicou-lhe os "12 Estudos". Segovia também transcreveu muitas peças eruditas e reescreveu obras transcritas por outros (como Tárrega). Muitos guitarristas nas Américas, entretanto, já tinham tocado as mesmas obras antes de Segovia chegar.
Em
1935, fez a estreia da "
Chaconne" de
J. S. Bach, uma peça difícil para qualquer instrumento (original para violino solo). Mudou-se para
Montevideo, fazendo muitos concertos na
América do Sul nas décadas de 30 e 40. Depois da II Guerra, Segovia começou a gravar mais frequentemente e a fazer digressões regulares pela
Europa e
EUA, uma agenda que ele manteria pelos 30 anos seguintes da sua vida.
Reconhecimento
Segovia ganhou o prémio
Grammy pelo
Melhor Trabalho Erudito - Instrumental em
1958, pela sua gravação
Segovia Golden Jubilee.
Em reconhecimento da sua enorme contribuição cultural, foi elevado a nobre em
1981, com o título de
Marquês de Salobreña.
Andrés Segovia continuou a apresentar-se já idoso e viveu uma semi-reforma durante os anos 70 e 80 na
Costa del Sol. Dois filmes foram feitos sobre a sua vida e obra - um quando tinha 75 anos e outro 9 anos depois. Estão disponíveis no DVD
Andres Segovia - in Portrait.
Segovia teve muitos alunos durante a sua carreira, incluindo alguns guitarristas hoje famosos como
Steve Hackett,
John Williams,
Rouland Solarese,
Eliot Fisk,
Oscar Ghiglia,
Charlie Byrd,
Christopher Parkening,
Michael Lorimer,
Michael Chapdelaine,
Virginia Luque e
Alirio Diaz. Muitos outros guitarristas, como
Lily Afshar, foram também influenciados pelas históricas
master-classes. Estes alunos, entre muitos outros, carregam a tradição de Segovia de expandir a presença, o repertório e o reconhecimento da guitarra.
Morreu em Madrid, vítima de ataque cardíaco, aos 94 anos, tendo completado o desejo de transformar a guitarra (outrora um
instrumento de dança cigana) num instrumento de
concerto.