Edifício governamental danificado pela explosão
Os
atentados de 22 de julho de 2011 na Noruega consistiram numa explosão na zona de edifícios governamentais da capital,
Oslo, e num tiroteio ocorrido poucas horas depois, na ilha de
Utøya (no lago
Tyrifjorden,
Buskerud). Os atentados, perpetrados por um ativista de extrema-direita e
fundamentalista cristão, resultaram em pelo menos 76 mortos (68 em Utoya e 8 em Oslo).
Local da explosão - vermelho: prédio do governo; azul: ministério do Petróleo e laranja: localização provável da bomba
Oslo
Às 15.20 horas
CET (13.20
UTC), houve uma grande explosão junto dos prédios onde se situa o gabinete do
primeiro-ministro da Noruega Jens Stoltenberg, danificando vários edifícios e provocando oito mortos e numerosos feridos.
Na zona fica também a sede do Ministério do Petróleo e Energia, que foi
o edifício mais danificado. Segundo os meios de comunicação locais, o
edifício do governo atingido ficou praticamente destruído e a zona
"assemelha-se a uma zona de guerra", pelos danos causados. De acordo com
as declarações da polícia, o atentado foi perpetrado mediante um
carro-bomba
e pode ter consistido em uma ou mais explosões que atingiram os
edifícios, deixando o edifício do gabinete do primeiro-ministro em
chamas e os seus dezassete pisos com graves danos. Para uma melhor ação
das equipas de emergência, a polícia vedou o acesso à área e evacuou a
totalidade do resto dos edifícios governamentais.
Meios de comunicação noruegueses asseguraram que "literalmente" se
sentiu um movimento no solo com a explosão. Testemunhos no local
asseguraram que poderá ter sido causada por um carro-bomba. Além disso, o
estrondo da explosão e a
onda de choque foram sentidos a muitos quilómetros em redor.
Utøya fica no lago Tyrifjorden, a nordeste de Nes
Utøya
Poucas horas depois, na ilha de
Utøya,
ao norte da capital, um homem armado abriu fogo contra os participantes
de um acampamento de jovens («universidade de verão»), organizado pela
juventude do
Arbeiderpartiet (
Partido Trabalhista Norueguês),
que atualmente está no governo do país. Entre 400 e 600 pessoas
participavam do evento e pelo menos 68 foram mortas no atentado.
O atirador, vestido com um uniforme de polícia, justificou a sua
entrada no campo como «verificação de rotina após o atentado em Oslo» e
começou a disparar contra os jovens. Estava prevista uma visita do
primeiro-ministro Jens Stoltenberg ao acampamento.
Autoria
O cidadão norueguês
Anders Behring Breivik (Oslo,
13 de fevereiro de
1979), foi descrito inicialmente como um
fundamentalista cristão,
embora tal definição seja contestada (não no que concerne ao
"cristão"). Muitos mantém a definição de Breivik como um fundamentalista
cristão. O ativista, ligado à
extrema-direita europeia, filiado numa loja
maçónica de
Oslo,
neoconservador e defensor do
Estado de Israel,
foi o autor confesso dos atentados. Foi acusado de ter entrado,
disfarçado de agente da polícia, no acampamento de jovens do Partido
Trabalhista (
Arbeiderpartiet), na ilha de
Utøya, abrindo fogo contra os presentes e matando pelo menos 68 deles.
Também se lhe atribui a autoria do atentado usando
bombas em combinação, ocorrido cerca de duas horas antes, em Oslo.
Behring foi preso em Utøya, ficando sob custódia da polícia.
De acordo com o chefe da polícia de Oslo, Breivik era dono de uma
empresa agrícola. Estava inscrito no registo estadual com duas armas - uma
automática e uma pistola do tipo
Glock.
Em maio de 2009, inscreveu a sua empresa agrícola (uma quinta no leste
do país) no registo de comércio com o nome de "Breivik Geofarm". Segundo
a polícia, isso permitiu que comprasse grandes quantidades de
fertilizantes, que podem ser usados na fabricação de explosivos, sem levantar suspeitas.
De 1999 a 2006, Anders Behring Breivik foi membro do
Fremskrittspartiet (
Partido do Progresso), de
direita,
populista, que defende maiores restrições à
imigração. Entre 1997 e 2007, Breivik participou ativamente na juventude do partido (
Framstegspartiet sin Ungdom,
FpU), tendo servido em várias funções, inclusive a de presidente da
secção local de Oslo-Oeste (de janeiro a outubro de 2002) da organização
e a
de diretor da mesma secção, entre outubro de 2002 e novembro de 2004.
Apesar disso, o líder do
Fremskrittspartiet,
Siv Jensen, garante que Breivik já não militava no partido e "nunca foi muito ativo".
Retratado como
neonazi
pelos
media, Anders na verdade auto-proclamava-se anti-nazi e defensor
do Estado de Israel como bastião da Civilização Ocidental no Oriente
Médio, ao mesmo tempo em que coloca a ideologia
nazi, do marxismo cultural e do
fundamentalismo islâmico num mesmo "pacote anti-Ocidente".
Segundo o chefe dos serviços de informação, Øystein Mæland, Anders Behring Breivik parecia situar-se na
extrema-direita política e seria um "
fundamentalista cristão". Breivik manifestou-se em
blogs, atacando o
multiculturalismo e o
Islão.
"Quando o multiculturalismo deixará de ser uma ideologia criada para
destruir a cultura europeia, as tradições e a identidade do
Estado-nação?", escreveu ele em comentário postado no dia
2 de fevereiro de
2010, num site de extrema-direita (www.documento.no). Um jornalista do diário
DagBladet
definiu Breivik como "islamofóbico, pró-Israel, anti-imigração,
hipernacionalista e relativamente intelectual, que cresceu na zona oeste
de Oslo, a parte rica e
burguesa". Na sua suposta página no
Facebook, dizia que é solteiro, cristão (mas contra a política do
Vaticano), conservador, interessado em
fisiculturismo,
francomaçonaria e
caça. Devido ao crime, as contas de Anders B. Breivik no
Facebook e no
Twitter foram bloqueadas pela polícia.
Anders Behring Breivik (
Oslo,
13 de fevereiro de
1979) é um terrorista
norueguês e o autor confesso dos
ataques na Noruega em 2011.
Até este momento (julho de 2013) não se sabe se agiu sozinho. A
ideologia de extrema-direita de Breivik é manifesta em uma coleção
de textos intitulados "2083 - Uma declaração europeia de independência",
que foi distribuída por Breivik nos meios virtuais no dia dos ataques.
Nos textos, o terrorista expressa suas visões de mundo, que incluem
conservadorismo cultural radical, ultranacionalismo,
islamofobia, homofobia, misoginia e
racismo. O autor considera o
marxismo cultural e a
Ásia como duas ameaças à Cristandade. Ele foi acusado de, vestido como um polícia, ter entrado em
22 de julho de 2011, no terreno de um acampamento de jovens da Arbeiderpartiet norueguês (Partido dos Trabalhadores) na ilha de
Utøya,
abrir fogo contra os jovens presentes e matar pelo menos 68 deles. Ele
também foi associado com as explosões combinadas ocorridas duas horas
antes em
Oslo. Anders foi preso em
Utøya
e está atualmente sob custódia da polícia. No dia 29 de novembro de
2011, foi divulgado um relatório afirmando que o norueguês estava doente
quando matou 77 pessoas. Psiquiatras consideraram o atirador louco,
logo não deveria ser condenado a prisão e, no máximo, deveria ser internado num
centro psiquiátrico, possivelmente a vida toda.
De acordo com o chefe de polícia de
Oslo, Anders era dono de uma empresa agrícola e tinha registadas duas armas (uma automática e uma pistola do tipo
Glock). Em
maio de
2009 ele registou uma empresa agrícola com o nome "Breivik Geofarm" no comércio.
Condenação
Condenado por unanimidade no dia
24 de agosto de
2012,
em Oslo, a 21 anos de prisão, prorrogáveis, ouviu com um sorriso o
veredicto no qual foi declarado responsável pelo assassinato de 77
pessoas no dia
22 de julho de
2011
ao disparar contra um acampamento de jovens trabalhistas, depois de
detonar uma bomba perto da sede do governo da Noruega.
Por decisão do tribunal de Oslo, a sentença é prorrogável e pode
estender-se indefinidamente, se a Justiça norueguesa avaliar que o réu
continua a representar um perigo para a sociedade. Breivik respondeu
pelas mortes causadas em um duplo atentado de 22 de julho de 2011, em
Oslo e na ilha de Utoya, na Noruega. A custódia é uma figura legal do
direito norueguês, que na prática pode equivaler a uma prisão perpétua.
Anders Behring Breivik sorriu ao ouvir o
veredicto da justiça, fez a saudação da
extrema-direita
e pediu desculpas aos extremistas por não ter conseguido matar mais
pessoas no ataque pelo qual foi condenado a 21 anos de prisão, numa
prova de que o assassino em massa norueguês permaneceu desafiador até o
fim. Para o autoproclamado
guerreiro em batalha contra o multiculturalismo e a "invasão do Islão",
a sentença máxima de 21 anos de prisão e não o confinamento num
hospital psiquiátrico, foi a melhor possível. Ele já havia dito que ser
enviado para uma instituição psiquiátrica - como pedido pelos promotores
- seria um destino "
pior do que a morte". O atirador inicialmente dissera que só recorreria caso fosse declarado doente mental e condenado a
tratamento psiquiátrico
forçado. O criminoso afirmou querer ser condenado, para que não pesasse
dúvida sobre sua sanidade e sua ideologia e não deve recorrer da
sentença.
O atirador era réu confesso dos piores ataques no país desde a Segunda
Guerra Mundial. Os seus advogados afirmaram que ele não vai apelar da
sentença. Como a culpa de Breivik, de 33 anos, não estava em questão, o
tema central do julgamento, que terminou no dia 22 de junho, foi a sua
saúde mental.
A custódia é uma figura legal do Direito norueguês, que, na prática,
pode equivaler à prisão perpétua. Uma vez cumprida a pena, esta pode ser
prolongada por forma indefinida caso seja considerado que o réu
continua a ser um perigo para a sociedade. A pena será cumprida num
centro de segurança máxima em
Ila, a oeste de
Oslo, onde Breivik permaneceu em prisão preventiva desde o dia do crime.