Dos doze irmãos, além dele abraçaram o sacerdócio Pedro Núñez e Melchior.
Sendo o padre
Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços para a atividade de
evangelização do Brasil (
mesmo os fracos de engenho e os
doentes do corpo), o Provincial da Ordem,
Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta.
Anchieta, que padecia de "
espinhela caída", chegou ao Brasil em
13 de junho de
1553, com menos de 20 anos de idade, com outros padres como o
basco João de Azpilcueta Navarro. Noviço, veio na armada de
Duarte Góis e só mais tarde conheceria
Manuel da Nóbrega,
de quem se tornaria particular amigo. Nóbrega lhe deu a incumbência de
continuar a construção do Colégio e foi a partir deste que Anchieta
abriu os caminhos do sertão, aprendendo a
língua tupi e compondo a primeira gramática desta que, na América Portuguesa, seria chamada de "língua geral".
No seguimento da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do
Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da
cidade de
São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em
25 de janeiro de
1554. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam recebido o
batismo.
Sabe-se que a data da fundação de São Paulo é o dia 25 de janeiro por
causa de uma carta de Anchieta aos seus superiores da Companhia de
Jesus, na qual diz:
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A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa! |
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O religioso cuidava não apenas de educar e catequizar os
indígenas,
como também de defendê-los dos abusos dos colonizadores portugueses que
queriam não raro escravizá-los e tomar-lhes as mulheres e filhos.
Nesse período, em 1563, intermediou as negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na
Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos
Tamoios em Iperoig, enquanto o padre Manuel da Nóbrega retornou a São Vicente juntamente com
Cunhambebe (filho) para ultimar as negociações de paz entre os indígenas e os portugueses.
Durante este tempo em que passou entre os gentios compôs o "Poema à
Virgem". Segundo uma tradição, teria escrito nas areias da praia e
memorizado o poema, e apenas mais tarde, em São Vicente, o teria
trasladado para o
papel. Ainda segundo a tradição, foi também durante o cativeiro que Anchieta teria em tese "
levitado" entre os indígenas, os quais, imbuídos de grande pavor, pensavam tratar-se de um feiticeiro.
Em
1566 foi enviado à
Capitania da Bahia com o encargo de informar ao governador
Mem de Sá
do andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de
reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época foi ordenado
sacerdote aos 32 anos de idade.
Em
1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo substituído em
1587
a seu próprio pedido. Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de
dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória, no Espírito Santo. Em
1595
obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente
para Reritiba onde veio a falecer, sendo sepultado em Vitória.