Ele desenvolveu o seu trabalho artístico durante mais de setenta anos, entre
Florença e Roma, onde viveram os seus grandes
mecenas, a
família Medici de Florença, e vários
papas romanos. Iniciou-se como aprendiz dos irmãos
Davide e
Domenico Ghirlandaio, em Florença. Tendo o seu talento sido logo reconhecido, tornou-se um protegido dos Medici, para quem realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou a maior parte de suas obras mais representativas. A sua carreira desenvolveu-se na transição do
renascimento para o
maneirismo e o seu estilo sintetizou influências da arte da
antiguidade clássica, do primeiro renascimento, dos ideais do
humanismo e do
neoplatonismo, centrado na representação da figura humana e em especial no nu masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, destacando-se na escultura
Baco, a
Pietà, o
David, os dois túmulos dos Medici e o
Moisés; na pintura o vasto ciclo do teto da
Capela Sistina e o
Juízo Final no mesmo local, e dois
afrescos na
Capela Paulina; serviu como arquiteto da
Basílica de São Pedro, implementando grandes reformas na sua estrutura e desenhando a
cúpula, remodelou a praça do
Capitólio romano e projetou diversos edifícios, e escreveu grande número de
poesias.
Ainda em vida foi considerado o maior artista de seu tempo; chamavam-no de
o Divino, e ao longo dos séculos, até os dias de hoje, vem sendo tido na mais alta conta, parte do reduzido grupo dos artistas de fama universal, de fato como um dos maiores que já viveram e como o protótipo do génio. Miguel Ângelo foi um dos primeiros artistas ocidentais a ter sua biografia publicada ainda em vida. A sua fama era tamanha que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registos numerosos sobre a sua carreira e personalidade, e os objetos que ele usara ou simples esboços para as suas obras eram guardados como relíquias por uma legião de admiradores. Para a posteridade Miguel Ângelo permanece como um dos poucos artistas que foram capazes de expressar a experiência do
belo, do
trágico e do
sublime numa dimensão cósmica e universal.