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segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Giovanni Pierluigi da Palestrina morreu há 421 anos

Giovanni Pierluigi da Palestrina (Palestrina, 3 de fevereiro de 1525  - Roma, 2 de fevereiro de 1594) foi um compositor italiano da Renascença. Ele era o mais famoso, no século XVI, representante da escola romana. Palestrina teve uma grande influência sobre o desenvolvimento da música sacra na Igreja Católica.


domingo, fevereiro 02, 2014

Giovanni Pierluigi da Palestrina morreu há 420 anos

Palestrina (Itália) - estátua dedicada ao grande mestre na cidade que lhe deu o nome

Giovanni Pierluigi da Palestrina (Palestrina, 3 de fevereiro de 1525 - Roma, 2 de fevereiro de 1594) foi um compositor italiano da Renascença. Ele era o mais famoso no século XVI, representante da Escola Romana. Palestrina teve uma grande influência sobre o desenvolvimento da música sacra na Igreja Católica Apostólica Romana.

Biografia
Giovanni Pierluigi da Palestrina terá nascido, como o próprio nome indica, em Palestrina (arredores de Roma), por volta do ano de 1525. O seu talento musical manifestou-se no final da infância, vindo, por isso, a estudar música, em 1537, como pequeno cantor, na escola da Basílica de Santa Maria Maior, retornando à sua cidade natal em 1544 como organista.
Pierluigi não é um segundo nome de batismo, e sim a primeira parte do duplo apelido (Pierluigi, e da Palestrina).
Em 1550, o bispo de sua cidade foi eleito papa, com o nome de Júlio III. Este convidou-o para segui-lo, em Santo Sólio, em 1551, onde foi nomeado mestre da Capela Giulia e cantor da Capela Sistina.
Para seu infortúnio, um papa que lhe sucedeu, Paulo IV, levou à demissão todos os cantores casados ou que houvessem composto obras de música profana (profana no sentido de que não é religiosa), e Palestrina encontrava-se nas duas categorias. Desta forma, abandonou o Vaticano, mas assumiu, imediatamente, a direção musical da Basílica de São João de Latrão em 1555 e, sucessivamente, da Basílica de Santa Maria Maior, em 1561. Em 1571, dirigiu-se para São Pedro. Foi também grande seguidor de São Felipe Neri.
Em 1580, após a morte da sua amada esposa, Lucrezia Gori, teve um momento de crise mística e resolve consagrar-se à igreja. Entretanto, a sua vocação terminou rapidamente, pois, pouco depois, casou-se com uma rica viúva romana, Virginia Dormoli.
Palestrina foi um dos poucos e afortunados músicos da sua época a ostentar uma brilhante carreira pública. A sua fama foi reconhecida universalmente pelos colegas de seu tempo e seus serviços foram requisitados por diversas autoridades da Europa.
Após sua morte, em 1594, Palestrina foi enterrado na Basílica de São Pedro durante uma cerimónia fúnebre que teve a participação de grande número de músicos e de pessoas da comunidade.

O Artista
Não houve compositor anterior a Bach tão prestigiado como Palestrina, nem outro cuja técnica de composição tivesse sido estruturada com maior minúcia. Palestrina foi denominado como "O Príncipe da Música", e as suas obras foram classificadas como a "perfeição absoluta" do estilo eclesiástico. Reconheceu-se que Palestrina captou, melhor que nenhum outro compositor, a essência do aspecto sóbrio e conservador da Contra-Reforma, numa polifonia de extrema pureza, apartada de qualquer sugestão profana. O estilo palestriniano pode-se verificar, com claridade nas suas Missas; a sua índole objectiva, friamente impessoal, resulta extremamente apropriada aos textos formais e rituais do Ordinário. Desde logo a base do seu estilo é o contraponto imitativo franco-flamengo; as partes vocais fluem num ritmo continuo, com um motivo melódico novo para cada frase do texto. Palestrina mostra o caráter que vem associado ao génio: plenamente consciente das suas capacidades e forte popularidade obtidos através de suas composições, nunca foi forçado a aceitar encomendas desagradáveis para sobreviver. Pelo contrário, soube fazer-se recompensar generosamente por todos os seus protetores, de modo que o Vaticano se viu constrangido a aumentar continuamente o seu salário anual, para mantê-lo em Roma, por causa de tantas propostas que recebia.
Foi um homem volitivo, mas com fortes impulsos que o levaram a súbitas e surpreendentes escolhas, tais como o segundo casamento, celebrado após receber ordenações religiosas menores.
Compositor prolífero, publicou muito em vida, e suas obras não caíram no esquecimento; ao contrário, foram sempre apreciadas como obras-primas da polifonia.

Produção musical
O corpus musicale palestriniano foi escrito, preponderantemente, em Roma e apenas para Roma, para uso principalmente litúrgico: para a Missa e o Ofício. Uma boa parte da sua produção aconteceu no período do seu último cargo na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O orgânico vocal da capela vaticana era, naquele tempo, mais vasto do que o de qualquer outra igreja (em 1594 era composto, ao todo, de 24 cantores), mas não se adotou o uso de instrumentos, com exceção do órgão.
A linguagem polifónica de Palestrina não se distanciou tanto da maneira tradicional dos mestres franco-flamengos (os nórdicos foram os seus primeiros mestres em Roma).
A arte contrapontística de Palestrina desenvolveu-se, sobretudo, em direção à inteligibilidade da palavra e de uma sonoridade ordenada de maneira a evitar a enunciação simultânea de textos diversos.
No que se refere ao desenvolvimento das linhas melódicas, é evidente a influência do canto gregoriano. Neste sentido, podemos dizer que o compositor aplicava as regras do Concílio de Trento.
Na grande quantidade de motetos palestrinianos, destaca-se entre todos, pela sua intensa expressividade, o Salmo 137, Super Flumina Babylonis.
Entre os compositores do círculo romano que conservam o rigor técnico do contraponto de Palestrina, deve-se recordar de seus discípulos Giovanni Maria Nanino (1543-1607), Francisco Soriano (1548-1621) e Felice Anerio (1560-1614). Pela alta qualidade da sua produção, destaca-se, entre todos, o espanhol castelhano Tomás Luis de Victoria (1548-1611), enquanto, entre as maiores autoridades intérpretes de Palestrina, ainda hoje em vida, destacam-se os maestros Domenico Bartolucci (1917).




quinta-feira, abril 18, 2013

O padre e músico brasileiro José Maurício Nunes Garcia morreu há 183 anos

O padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1767 - 18 de abril de 1830) foi um compositor brasileiro de música sacra que viveu a transição entre o Brasil Colónia e o Brasil Império. É considerado um dos maiores compositores das Américas de seu tempo.
Nunes Garcia era um religioso, mas conhecedor das ideias iluministas, compositor, regente, virtuoso do órgão e do cravo, professor de renome, autor de modinhas e, por fim, mestre-de-capela da da cidade (posto mais importante para um músico no Brasil Colónia).
De origem humilde, sua história está entrelaçada com factos marcantes da história brasileira. No começo do século XIX, o músico mulato atinge estatura intelectual e herda um legado precioso de compositores, mulatos-livres que alcançaram prestígio com a música, como Francisco Gomes da Rocha, Marcos Coelho Neto, Ignácio Parreiras Neves e José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita. No final do século XVII torna-se aluno do poeta e bacharel Silva Alvarenga, um dos fundadores da Sociedade Literária, difusora das ideias do Iluminismo. É assim que José Maurício busca o único caminho para o exercício da profissão de músico à época: tornar-se padre.

Biografia
José Maurício era filho de Apolinário Nunes Garcia e Victória Maria da Cruz. Ele, da Ilha de Paquetá, filho de escrava. Ela, também filha de uma escrava da Guiné, que veio para o Rio de Janeiro acompanhando o seu "senhor". Aí se conheceram, ambos "pardos forros" (como se chamavam os filhos livres de escravos) e casaram-se na Igreja de Santa Rita de Cássia. Desde cedo revela talento para a música. Aos 16 anos compõe a sua primeira obra, uma antífona para a Catedral e Sé do Rio de Janeiro: Tota pulcra es Maria (1783).
A sua trajetória, entretanto, não foi tranquila. O músico nasceu na Rua da Vala, caminho para o Valolongo - mercado de escravos do Rio de Janeiro (1767). Aos seis anos perde o pai e passa a ser criado pela mãe com a ajuda de uma tia. As duas mulheres, lavadeiras, percebem o interesse do menino para a música e trabalham o dobro para custear as aulas particulares com o professor Salvador José de Almeida Faria, músico mineiro que trazia na bagagem toda a tradição clássica setecentista. Em 1792, o neto de escravos é ordenado padre e, em 1798 torna-se mestre-de-capela da Catedral do Rio de Janeiro. Como mestre-de-capela, Padre José Maurício Nunes Garcia compunha novas obras e dirigia os músicos e cantores nas cerimónias da Sé, além de atuar ele mesmo como organista.
Em 1808, a chegada da Família Real Portuguesa, além de transformar a cidade do Rio de Janeiro, influi diretamente na vida do compositor. A cidade passa a ser a sede administrativa da corte: ganha a Biblioteca Nacional, a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a Academia de Belas Artes e o Museu Nacional e, o mais importante para o Nunes Garcia, a Capela Real que passa a receber músicos de toda a Europa. O Príncipe-Regente D. João VI, grande admirador de música, nomeia o padre José Maurício mestre da Capela Real, recém-criada nos moldes da que existia na corte lisboeta e formada por músicos locais e europeus. A Capela Real funcionava na Igreja do Carmo da cidade, que passou a ser também a catedral.
O período entre 1808 e 1811 é o mais produtivo de Nunes Garcia, durante o qual ele compõe cerca de setenta obras. Em 1809, D. João VI condecora-o com o Hábito da Ordem de Cristo, sinal da grande estima que tinha pelo músico. Não escapou porém do preconceito de alguns membros da corte, que se referiam à sua cor de pele como um "defeito visível".
Em 1811 chega à corte Marcos Portugal, o compositor português mais célebre do seu tempo, que tinha suas obras apresentadas por toda a Europa de então. A fama do recém-chegado leva D. João VI a pôr Marcos Portugal à frente da Capela Real, substituindo Nunes Garcia. O brasileiro continua, porém, a ser custeado pelo governo e a compor esporadicamente novas obras para a Capela Real.
Em 1816 dirige na Igreja da Ordem Terceira do Carmo um Requiem, de sua autoria, em homenagem à rainha portuguesa D. Maria I, morta naquele ano no Rio. Em 1816 chega à corte o compositor austríaco Sigismund Neukomm, que estabelece uma grande amizade com o brasileiro. Mais tarde Nunes Garcia dirige as estreias brasileiras do Requiem de Mozart (1819) e de A Criação de Haydn (1821).
O empobrecimento da vida cultural após o retorno de D. João VI a Portugal e a crise financeira depois da Independência do Brasil (1822) causaram uma diminuição da atividade de Nunes Garcia, agravada pelas más condições de saúde do compositor. Em 1826 compôs a sua última obra, a Missa de Santa Cecília, para a irmandade de mesmo nome. Morreu em 18 de abril de 1830. Apesar de ser padre, teve cinco filhos, dos quais reconheceu um.

Contexto musical
O padre José Maurício floresceu numa época crítica para a história brasileira. O Rio de Janeiro, pouco antes da chegada da corte portuguesa, culturalmente em nada se distinguia dos demais grandes centros nacionais - Salvador, Recife, Minas Gerais, São Paulo. A presença real no Rio mudou esta situação radicalmente e de improviso, atraindo todas as atenções e passando a ser o centro de irradiação de estéticas novas, nomeadamente o neoclassicismo, com o abandono da tradição barroca que até então continuava a exercer grande influência em todo país. É certo que esta tradição ancestral não feneceu imediatamente, mas, dali em diante, o patrocínio oficial à vertente neoclássica foi o golpe mortal nela infligido, e do Rio irradiou-se uma visão diferente que aos poucos dominaria em todo o território, em particular pela atuação da Missão Francesa e de outros artistas que chegaram da Europa.
José Maurício tinha luzes surpreendentes para alguém de sua origem e condição social. Pobre, mulato, perdendo o pai cedo e sendo educado com grande dificuldade, até hoje não se sabe exatamente como conseguiu adquirir a cultura que seus primeiros biógrafos reiteradamente alegam ter-lhe pertencido. O seu progresso na Igreja foi muito rápido, a ponto de ser dispensado de formalidades e pré-requisitos, onde a ascendência de sangue escravo era um estorvo considerável para uma carreira eclesiástica e mesmo mundana bem sucedida, naquela sociedade escravocrata e preconceituosa. Mais tarde foi indicado Pregador Régio da Capela Real, e o bispo seu superior declarou que ele era um dos mais ilustrados sacerdotes de sua diocese.
Antes do período cortesão suas composições se ressentem da escassez de recursos humanos e técnicos do ambiente, a diversas peças suas traem a indisponibilidade de instrumentistas, forçando-o a adotar soluções fora da ortodoxia, como acompanhamentos reduzidos ao órgão, ou às madeiras. Durante bastante tempo as aulas de teoria e prática musical que ministrava tinham de ser realizadas apenas com a viola de arame, não podendo contar sequer com um cravo ou pianoforte.
Indicado Mestre de Capela da corte, e seu arquivista, teve acesso à importante biblioteca musical da Casa de Bragança que Dom João VI trouxe consigo, contribuindo para sua instrução geral, para uma maior variedade de gêneros musicais trabalhados e para o conhecimento da obra de grandes mestres europeus como Mozart e Haydn. Os muitos músicos e cantores altamente qualificados contratados pelo rei à sua chegada, que formaram uma orquestra considerada por todos os conhecedores e os viajantes estrangeiros como uma das melhores do mundo em seu tempo, possibilitaram que aprofundasse a sua técnica de instrumentação e escrita vocal.
Os seis filhos que teve com Severiana Rosa de Castro eram um facto embaraçoso para um padre que subira a uma alta posição, e isso possivelmente contribui para o gradual ostracismo a que foi submetido a partir da chegada ao Rio de Marcos Portugal, celebrado operista português neoclássico que logo caiu nas graças da nobreza. O estilo vocal profusamente ornamentado, derivado da ópera napolitana que passou a ser privilegiado na corte, mais sua inapetência para a música profana, foram outras pedras no caminho para o padre tímido e ingénuo que desenvolvia um estilo direto e de melodismo simples e sincero, que ainda tinha raízes plantadas na tradição rococó, e logo a sua música saiu de moda. As suas tentativas de adaptação ao gosto vigente foram uma violência que exerceu contra si mesmo e a sua música, em busca da aprovação do monarca que admirava, e as composições que escreveu depois da chegada de Marcos Portugal, já não possuem o fervor religioso espontâneo e tocante que mostram as suas obras anteriores, como a série de motetos a capella das Matinas de Finados, de 1809, intensamente expressivos, embora tenham evidenciado sensíveis avanços técnicos que possibilitaram a criação de obras de grande envergadura como a Missa de Santa Cecília, de 1826.
O seu declínio acentuou-se com a partida de Dom João VI e com o vazio que isso produziu na cena musical carioca. O seu sucessor, Dom Pedro I, apesar de amante da música e simpático com o padre, não pôde manter a pensão do compositor, e ele teve de fechar a sua escola. Um de seus filhos, escrevendo sobre o pai nesta fase de obscurecimento, fala de sua frustração, de um envelhecimento precoce e de doenças crónicas que perturbaram sua produção e paz de espírito.
A apreciação contemporânea o considera o maior compositor brasileiro de seu tempo, mas critica suas concessões aos modismos que não encontravam eco verdadeiro na sua natureza, e certa contenção excessiva na sua escrita, que nunca mostra rasgos mais audazes ou experimentalismos. A sua produção conhecida chega a cerca de 240 obras, muitas delas redescobertas ou restauradas em meados do século XX por Cleofe Person de Mattos, musicóloga que teve papel fundamental na revalorização da música do período colonial brasileiro. Hoje em dia suas composições voltaram às salas de concertos e recitais em igrejas, já tendo diversas delas gravadas e publicadas.