quinta-feira, setembro 22, 2022

A Guerra Irão-Iraque começou há quarenta e dois anos

        
A Guerra Irão-Iraque foi um conflito militar entre o Irão e o Iraque entre 1980 e 1988, resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irão cerca de 518 quilómetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irão cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Chatt al-Arab (que controla o porto de Bassorá), a devolução de três ilhas no estreito de Ormuz (tomadas pelo Irão em 1971) e a cessação da autonomia dada às minorias dentro do Irão, o exército iraquiano, a 22 de setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irão e, contando com o elemento surpresa, avançou no território iraniano.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerão e na anexação do Cuzistão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irão infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O Iraque esperava uma guerra rápida, pois contava com um moderno exército equipado pela URSS. Outros países muçulmanos, como o Kuwait e a Arábia Saudita, também lhe davam apoio financeiro, na esperança de enfraquecer o regime de Teerão. O Irão estava isolado internacionalmente, pois considerava igualmente os EUA e a URSS como inimigos. Como vantagem, o Irão contava apenas com uma população bem superior. O exército iraquiano empenhou-se numa escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irão recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irão levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irão (os iranianos exigiram pesadas condições e, entre elas, a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irão-Contras), o Irão conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irão atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, a Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma central nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassorá e Bagdad. Entre 1984 e 1987 a guerra terrestre passou para uma fase onde predominou o atrito, que favoreceu o desgaste iraquiano, enquanto o conflito transbordava para o Golfo Pérsico, envolvendo o ataque iraniano a navios petroleiros que saiam do Iraque e o uso de minas submarinas nas proximidades da fronteira marítima dos dois países.
Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas, embora tenha acusado o Irão de fazer o mesmo (1987-1988).
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do Golfo Pérsico, resultando na ampliação da presença de navios norte-americanos e de outras nações na região. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente. O conflito começou a efetivamente preocupar as potências quando atingiu o fluxo regular de petróleo, na medida em que os beligerantes passaram a afundar navios e instalações petrolíferas, prejudicando grandes fornecedores como o Kuwait. A partir disso, começaram as pressões mundiais pela paz. No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irão, não. Em agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irão levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi restabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irão. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de um milhão e quinhentas mil vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
    

3 comentários:

Manuel M Pinto disse...

"A 22 de setembro de 1925, o médico britânico Alexander Fleming descobre a penicilina."

Fernando Martins disse...

Há dúvidas sobre a data - publicámos a 15 de setembro o evento...

Manuel M Pinto disse...

Na verdade, a data da "descoberta" não está definida com exactidão.
O escritor médico Fernando Namora no seu livro: "Deuses e Demónios da Medicina" 2° volume, no capítulo referente a Alexandre Fleming (1881-1955) escreveu: ..."Fleming, porém, não era para desistências. Em Fevereiro de 1929 apresentou-se de novo no Medical Research Club, dessa vez para comunicar oficialmente a descoberta da penicilina. Recebeu-o a mesma frieza de quando revelara a sua lisozima....
... Algum resultado colheu da teimosia, pois um dos melhores químicos ingleses, o professor Harold Raistrick, interessou-se por essa esquisita penicilina, e nesse interesse acompanharam-no o bacteriologista Lovell e o jovem Clutterbuck."
..... Assim, o 'Times' de 27 de Agosto de 1942 publicou um artigo de fundo sobre o espantoso penicilino, nele se fazendo implicitamente um apelo ao Governo para chamar a si os encargos da investigação e da produção, mas nem uma palavra, sequer, sobre o descobrimento do festejado remédio. Dias depois, porém, o 'Times' inseria uma carta de Wright, em que está, com a nobreza dos grandes, reparava a injustiça: 'Senhor Director
No artigo de ontem sobre a penicilina, esse jornal absteve-se de colocar a coroa de louros, que tal descoberta merece, na cabeça de qualquer pessoa. (...) Ela dese ser atribuída ao professor Alexandre Fleming, que pertence a este laboratório de investigação. Porque foi ele quem descobriu a penicilina e quem primeiro sugeriu que tal substância poderia terna medicina aplicações importantes.'"
pp. 358, 367, 368