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quinta-feira, setembro 19, 2024

É preciso divulgar ainda mais as descobertas de Milutin Milanković...

Este prisioneiro da I Guerra Mundial mudou a nossa compreensão do clima da Terra

 


Retrato do cientista sérvio Milutin Milanković

 

Enquanto prisioneiro de guerra, o cientista sérvio Milutin Milanković lançou as bases para aquilo que ficaria conhecido como os “ciclos de Milanković”.

No final de junho de 1914, o cientista Milutin Milanković estava em lua de mel em Dalj, a cidade natal da sua família na atual Croácia, quando o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand desencadeou a I Guerra Mundial.

O Império Austro-Húngaro, ao qual Dalj pertencia, declarou guerra à Sérvia e Milanković, juntamente com a sua mulher, foi apanhado no fogo cruzado. Antes de poderem regressar à sua casa em Belgrado, Milanković foi feito prisioneiro, levando consigo apenas a sua pasta com alguns documentos e notas científicas.

Inicialmente detido em condições duras no campo de internamento de Nezsider, a situação de Milanković melhorou ao fim de seis meses, quando a sua mulher, Kristina, conseguiu assegurar-lhe uma liberdade vigiada em Budapeste. Aí, tinha de se apresentar semanalmente às autoridades, mas, de resto, podia trabalhar livremente na biblioteca da Academia das Ciências da Hungria.

Milanković escreveu que era “um prisioneiro de guerra” mas que encontrou “refúgio no trabalho científico”. Foi aqui que começou a sua investigação inovadora, que acabaria por resolver um dos grandes mistérios da história da Terra: a causa das eras glaciares.

 A principal contribuição de foi a sua teoria matemática de como a órbita da Terra afeta o clima do planeta. O sérvio calculou como a posição da Terra em relação ao Sol muda ao longo do tempo, influenciando a quantidade de luz solar que diferentes partes da Terra recebem.

Milanković escreveu em francês o seu livro sobre o assunto quando ainda era prisioneiro. Este trabalho lançou as bases para o que mais tarde viria a ser conhecido como os “ciclos de Milanković”.

Os ciclos de Milanković descrevem três variáveis principais que afetam o clima da Terra: excentricidade, obliquidade e precessão.

A excentricidade mede o quão circular ou elíptica é a órbita da Terra em torno do Sol, repetindo-se a cada 100 mil anos. A obliquidade refere-se à inclinação do eixo da Terra, que completa um ciclo aproximadamente de 40 mil em 40 mil anos. A precessão é a oscilação do eixo da Terra, que ocorre aproximadamente a cada 23 mil anos.

Estes ciclos interagem para alterar a quantidade de radiação solar que chega a diferentes latitudes, o que pode desencadear eras glaciais ou períodos de aquecimento.

Milanković calculou a forma como estas alterações orbitais afetaram o clima da Terra nos últimos 600 mil anos, prevendo várias eras glaciares, explica a Smithsonian Magazine.

No entanto, as suas ideias não foram imediatamente aceites. Muitos cientistas criticaram a sua teoria, rejeitando-a durante décadas. Apesar disso, Milanković não desistiu e disse que “se o meu trabalho se tornasse uma verdadeira contribuição para a ciência, encontraria o seu caminho sem qualquer ajuda, recomendação ou elogio”.

Na década de 70, a teoria de Milanković ganhou aceitação depois de as provas confirmarem que os seus cálculos correspondiam aos padrões climáticos registados nos registos geológicos.

 

in ZAP

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Alguns acham que está a dar o amoque à AMOC...!

Corrente fundamental do Oceano Atlântico está em colapso iminente

 

 

Uma nova pesquisa confirma os receios sobre um provável colapso da Circulação Meridional do Atlântico, que é fundamental para vários ecossistemas e para a cadeia alimentar global.

Um estudo publicado em julho do ano passado lançou o alerta: a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), um sistema crucial que regula o clima do Hemisfério Norte, pode entrar em colapso a qualquer momento a partir de 2025, lançando a Terra num caos climático.

Os resultados do estudo sugeriam que o colapso da AMOC originaria uma dramática queda nas temperaturas, o colapso dos ecossistemas oceânicos e o aumento global das tempestades.

Um novo estudo, publicado a semana passada na revista Science Advances traz agora preocupações agravadas sobre o potencial colapso desta corrente oceânica, uma das principais na Terra.

A pesquisa, liderada pelo oceanógrafo René van Westen da Universidade de Utrecht, introduz um sistema de alerta precoce baseado em observações físicas relacionadas ao transporte de salinidade na fronteira sul do Oceano Atlântico.

A AMOC desempenha um papel crucial no clima da Terra, transferindo água salgada e quente do sul para o norte.

Este processo é vital para manter o equilíbrio climático, mas a adição de água doce de glaciares derretidos e o aumento da precipitação estão a diminuir a salinidade da água, comprometendo este ciclo e ameaçando enfraquecer significativamente a AMOC.

Segundo os autores, uma vez atingido um determinado limiar de salinidade, o ponto de inflexão da AMOC poderá ocorrer num período de uma a quatro décadas, implicando mudanças climáticas drásticas e irreversíveis em escalas de tempo humanas, afetando severamente as sociedades ao redor do globo com alterações na temperatura, nível do mar e padrões de precipitação.

O sistema de monitorização direto da AMOC só foi implementado em 2004, o que limita a compreensão completa da sua trajetória de desaceleração. Por isso, os cientistas têm utilizado indicadores indiretos, como os níveis de salinidade, para preencher as lacunas de conhecimento, explica o Science Alert.

O estudo sugere que a AMOC é mais sensível às mudanças do que os modelos climáticos atuais preveem, confirmando preocupações anteriores de que os modelos climáticos superestimam sistematicamente a estabilidade da AMOC.

O possível colapso da AMOC traria extensas alterações climáticas, afetando ecossistemas inteiros e a segurança alimentar global.

Com a previsão de temperaturas mais baixas no noroeste da Europa, alterações nas monções tropicais e aquecimento adicional no Hemisfério Sul, o estudo adiciona urgência à preocupação crescente sobre um colapso iminente da AMOC.

 

in ZAP

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Notícia sobre evolução e alterações climáticas à escala do tempo geológico...

A Terra teve duas eras climáticas distintas nos últimos 66 milhões de anos. Já sabemos porquê

 

vales secos antártida

 

O impacto do meteorito Chicxulub e a glaciação do Hemisfério Sul foram dois importantes pontos de viragem no clima da Terra.

Uma nova investigação publicada na revista Scientific Reports revela detalhes sobre dois eventos climáticos significativos que moldaram o clima da Terra nos últimos 66 milhões de anos.

A pesquisa foi influenciada pela teoria do equilíbrio pontuado, que sugere que as espécies evoluem em surtos curtos e não gradualmente ao longo do tempo. Esta teoria foi adaptada para avaliar o impacto histórico das alterações climáticas, utilizando métodos estatísticos avançados para analisar duas séries de dados climáticos, explica o SciTech Daily.

Os resultados revelam dois eventos cruciais que dominaram a evolução climática da Terra. O primeiro é o impacto do meteorito Chicxulub no México, que levou à extinção de grandes dinossauros há cerca de 65,5 milhões de anos. Este evento marcou o início de um período quente com níveis elevados de CO2.

O segundo evento foi um ponto de viragem climático que ocorreu há 34 milhões de anos com a glaciação do Hemisfério Sul. O isolamento do continente antártico devido aos movimentos das placas tectónicas marcou uma nova era de um clima mais frio na Terra, que continua a influenciar o nosso sistema climático atual.

Este regime climático ainda está em vigor hoje, com a presença de grandes massas de gelo a desempenhar um papel crítico na manutenção do clima global. O estudo adverte que, se estas massas de gelo derreterem devido ao aquecimento global causado pelas atividades humanos, isso representaria outro ponto de viragem crucial, levando a uma nova e imprevisível paisagem climática.

Denis-Didier Rousseau, autor principal do estudo, alerta que as massas de gelo são “muito sensíveis” e já mostram sinais de derretimento. “Ultrapassar pontos de viragem tem sido uma característica recorrente na evolução climática,” acrescenta Valerio Lucarini, sublinhando a necessidade das estratégias de adaptação climática considerarem a desestabilização destes elementos climáticos críticos.

Como o estudo faz parte do projeto europeu TiPES, focado em pontos de viragem no Sistema Terrestre, os resultados contribuem para o nosso entendimento de como o clima da Terra poderá evoluir face ao impacto humano.

 

in ZAP

domingo, outubro 01, 2023

O planeta Terra tudo supera - mas, a continuar isto, se calhar os humanos não ficam cá para ver as mudanças...

A Corrente do Golfo pode colapsar em 3 anos (e lançar o caos na Terra)

   

    

Um novo estudo alerta que a Circulação Meridional do Atlântico, um sistema crucial que regula o clima do Hemisfério Norte, poderá entrar em colapso a qualquer momento a partir de 2025, lançando a Terra num caos climático.

Segundo o estudo, realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Copenhaga, a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) poderá colapsar entre 2025 e 2029 - muito mais cedo do que apontado por previsões anteriores.

A AMOC, que inclui a Corrente do Golfo, transporta águas tropicais quentes para o norte e águas frias para o sul, e regula atualmente o clima do Hemisfério Norte.

Os resultados do estudo sugerem que a AMOC pode estar a caminho de um colapso total, entre 2025 e 2095, originando uma dramática queda nas temperaturas, o colapso dos ecossistemas oceânicos e o aumento global das tempestades.

Esta Circulação Meridional manifesta-se em dois estados estáveis: um deles, que está atualmente ativo e influencia o nosso ecossistema, mais forte e mais rápido; e um outro estado, mais lento e mais fraco.

Estimativas anteriores indicavam que a mudança do atual estado forte para o estado mais fraco provavelmente ocorreria em algum momento do próximo século. Mas o novo estudo sugere que, devido às alterações climáticas induzidas pelo homem, a AMOC pode atingir um ponto crítico muito mais cedo.

“O ponto de não-retorno esperado, considerando que continuamos a fazer o mesmo de sempre em relação às emissões de gases de efeito de estufa, será muito mais cedo do que esperávamos”, explicou ao Live Science a bióloga Susanne Ditlevsen, investigadora da Universidade de Copenhaga e co-autora do estudo, publicado esta terça-feira na Nature Communications.

“Este não é um resultado daqueles em que dizemos ‘ora bem, aqui está’; na realidade, ficámos perplexos“, afirmou Ditlevsen.

De acordo com os autores do estudo, as mudanças climáticas já estão a afetar o fluxo da AMOC, uma vez que a água doce proveniente da fusão dos glaciares está a tornar a água menos densa e menos salgada.

 

Modelo simplificado da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) - a vermelho, correntes à superfície, a azul correntes em profundidade

 

As conclusões do estudo não são no entanto consensuais na comunidade académica, havendo cientistas que apontam algumas incertezas - nomeadamente em relação à ligação entre a evolução da temperatura à superfície da AMOC e a força da sua movimentação.

Os principais críticos do estudo sustentam que a fundamentação física do mesmo é “extremamente instável”, assentando na suposição de que o colapso mostrado por modelos simplificados retrata de forma precisa a realidade.

Não é, porém, a primeira vez que um estudo científico aponta para o risco de colapso da AMOC - e para as suas consequências.

Um estudo, realizado por Niklas Boers, investigador da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e publicado na Nature em agosto de 2021, alertou então que a Circulação Meridional já se encontra no nível mais fraco dos últimos 1600 anos — e que poderá estar agora à beira do colapso.

A última vez que a AMOC mudou de estado, na altura da última Era Glaciar, as temperaturas na região do norte do Atlântico aumentaram, em cerca de dez anos, entre 10 e 15 graus Celsius,

Se esta circulação fosse interrompida, sustentam os autores do novo estudo, as temperaturas na Europa e na América do Norte poderiam cair, nos mesmos dez anos, até 5 graus Celsius.

“Não me considero propriamente alarmista”, disse Peter Ditlevsen, co-autor do estudo e professor de Física e Ciências Climáticas no Instituto Niels Bohr, em Copenhaga, à Live Science.

“É por isso que os nossos resultados, de certa forma, me incomodam. Porque se o horizonte temporal para o início deste possível colapso é tão curto e o seu impacto tão significativo, temos que agir imediatamente“.

 

in ZAP

 

sábado, abril 16, 2011

Atlas Climático Ibérico

Encontra-se disponível em formato digital, no website do Instituto de Meteorologia, I.P., o Atlas Climático Ibérico, apresentado no passado dia 23 de Março, durante a sessão comemorativa do Dia Mundial da Meteorologia 2011.

Este atlas climatológico constitui um meio de apresentar, na forma gráfica, uma síntese dos conhecimentos referentes ao clima de um país ou de uma região, sendo que face à unidade geográfica da Península Ibérica, se verificou evidente a vantagem de um Atlas conjunto para os territórios continentais de Portugal e de Espanha, com inclusão das Ilhas Baleares.

quarta-feira, abril 14, 2010

Conferência no Instituto Geofísico de Lisboa

Instituto Geofísico do Infante D. Luís

Conferência

22 de Abril de 2010 - Sala 6.2.53 - 11.00 -12.00 horas


The Challenge of Climate Change - Professor Sir Brian Hoskins*

Climate varies on all time-scales and this natural variability provides a challenge to the detection of any possible change due to human activity and to the prediction of future changes. 19th century science provides the basis for confidence that such changes can be expected and many independent sources of data support that they are occurring. Complex climate models run on supercomputers aid in this attribution and give projections for future climate based on specified scenarios of human activity. However most impacts of climate change will depend on extreme regional weather changes and events for which the current predictive power is poor though much progress is achievable.

Probability predictions for future climate change have provided the basis for global emission mitigation scenarios that have been used to produce UK targets that have now been enshrined in its law. The changes in human activity and the development and applications of the technology required to meet such targets are possible but very challenging.

*Professor Sir Brian Hoskins is a Royal Society Research Professor and member of the new Committee on Climate Change. He shares his time between the Grantham Institute for Climate Change at Imperial College and Reading University, where he is Professor of Meteorology and was a head of department for six years. Sir Brian is recognised as one of the world's leading weather and climate scientists.