Nicolaus Steno (do dinamarquês: Niels Steensen ou Niels Stensen; latinizado como Nicolaus Stenonis, por vezes referido como Nicolas Steno; Copenhaga, 11 de janeiro de 1638 - Schwerin, 25 de novembro de 1686) foi um bispo católico dinamarquês e cientista, pioneiro nos campos da anatomia e da geologia. Foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1988.
Os primeiros trabalhos
Após completar a sua educação universitária em Copenhaga, a sua cidade natal, viajou pela Europa; de facto, manter-se-ia em viagem durante o resto da sua vida. Na França, Itália e Países Baixos
entrou em contacto com vários cientistas e médicos proeminentes, e
graças à sua grande capacidade de observação, em breve fez importantes
descobertas. Numa altura em que os estudos científicos consistiam na
leitura dos autores antigos, Steno foi suficientemente audaz como para
confiar nas suas observações, mesmo quando estas diferiam das doutrinas
tradicionalmente aceites.
Inicialmente dedicou-se ao estudo da anatomia, focando o seu trabalho sobre o sistema muscular e na natureza da contracção muscular. Utilizou a geometria para mostrar que um músculo em contracção altera a sua forma mas não o seu volume.
Steno e a geologia
No entanto, em Outubro de 1666, dois pescadores capturaram um enorme tubarão, próximo da cidade de Livorno e o grão-duque Fernando
mandou enviar a cabeça do animal a Steno. Este dissecou-a e publicou as
suas descobertas em 1667. O exame dos dentes do tubarão mostrou que
estes eram muito semelhantes a certos objectos chamados glossopetrae, ou pedras língua, encontrados em algumas rochas. Os autores antigos, como Plínio, o Velho, haviam sugerido que estas pedras haviam caído do céu ou da Lua. Outros eram da opinião, também ela antiga, de que os fósseis cresciam naturalmente nas rochas. Um contemporâneo de Steno, Athanasius Kircher, por exemplo, atribuía a existência de fósseis a uma virtude lapidificante dispersa por todo o corpo do geocosmo.
Por seu lado, Steno argumentou que os glossopetrae pareciam-se
com dentes de tubarão, porque eram dentes de tubarão, provenientes das
bocas de antigos tubarões, que haviam sido enterrados em lodo e areia
que eram agora terra seca. Existiam diferenças de composição entre os glossopetrae
e os dentes dos tubarões actuais, mas Steno argumentou que os fósseis
podiam ter a sua composição química alterada sem que a sua forma se
alterasse, através da teoria corpuscular da matéria.
O trabalho de Steno sobre os dentes de tubarão levou-o a
questionar-se sobre a forma como um objecto sólido poderia ser
encontrado dentro de outro objecto sólido, como rocha ou uma camada
rochosa. Os "corpos sólidos dentro de sólidos" que atraíram o interesse
de Steno incluíam não apenas fósseis como hoje os definimos, mas também minerais, cristais, incrustações, veios, e mesmo camadas completas de rocha ou estratos. Os seus estudos geológicos foram publicados na obra Discurso prévio a uma dissertação sobre um corpo sólido contido naturalmente num sólido em 1669. Este trabalho seria aprofundado em 1772 por Jean-Baptiste Romé de l’Isle.
Steno não foi o primeiro a identificar os fósseis como sendo de organismos vivos. Os seus contemporâneos Robert Hooke e John Ray também defenderam este ponto de vista.
A Steno atribui-se definição da lei de sobreposição e dos princípios de horizontalidade original, continuidade lateral: os três princípios básicos da estratigrafia.
Outro princípio, conhecido simplesmente por lei de Steno, diz que os ângulos entre faces correspondentes em cristais da mesma substância são os mesmos para todos os exemplares desta.
in Wikipédia
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