Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe,
Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama, concelho (hoje
distrito) de
Baucau, na costa norte do então
Timor Português.
O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe
tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas
escolas católicas de
Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de
Díli, formando-se em 1968. Excetuando um pequeno período entre 1974 e 1976 - quando esteve em
Timor e em
Macau - entre
1969 e
1981, D. Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos
Salesianos e estudou
filosofia e
teologia antes de ser ordenado padre em 1980.
De regresso a
Timor-Leste, em julho de
1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e diretor. Quando em 1983 se reformou D.
Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da
diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja católica em
Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o
Papa. Em 1988, em Lorium,
Itália, foi consagrado como
Bispo.
A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do
núncio apostólico em
Jacarta e dos próprios líderes
indonésios
pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que,
num sermão na Sé Catedral, D. Ximenes Belo tecesse veementes protestos
contra as brutalidades do massacre de Craras, em 1983, perpetrado pela
Indonésia.
Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de
comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar
sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o
isolamento imposto pelos
indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional.
Em fevereiro de 1989 D. Ximenes Belo escreveu ao presidente de
Portugal,
Mário Soares, ao Papa
João Paulo II e ao
Secretário-geral das Nações Unidas,
Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da
ONU sobre o futuro de
Timor-Leste
e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como
povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à
ONU
se tornou pública em abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco
querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda
mais quando o Bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham
escapado ao
massacre de Santa Cruz, em
1991, e denunciou os números das vítimas mortais.
Após a
independência de Timor-Leste, a
20 de maio de
2002, a saúde do Bispo começou a esmorecer, perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O
papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de
Díli em
26 de novembro de
2002. Após se ter retirado, D. Ximenes Belo viajou para
Portugal para receber tratamento médico. No início de
2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de
Timor-Leste. No entanto, em maio de
2004 declarou à televisão estatal portuguesa
RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" - afirmou.