Era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do
MFA e foi ele quem dirigiu as operações do
25 de Abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da
Pontinha.
Graduado em brigadeiro, foi nomeado Comandante-adjunto do
COPCON e Comandante da região militar de
Lisboa a
13 de Julho de
1974, tendo passado a ser Comandante do
COPCON
a 23 de Junho de 1975 (cargo que na prática já exercia desde Setembro
de 1974). Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de
Novembro de 1975, por realizar de ânimo leve uma série de ordens de
prisão e de maus tratos de elementos moderados.
Conotado com a ala mais radical do
MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do
25 de Novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de
1976.
Na década de
1980 passou a liderar a organização terrorista
FP-25.
Foi detido em 1984. Mais tarde acusou o PCP de ter estado por trás da
sua detenção e de ter feito com que ficasse em prisão preventiva cinco
anos no âmbito do caso FP 25. Acusou ainda alguns nomes então na Polícia
Judiciária, como a actual directora do Departamento Central de
Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida , então na PJ, de, devido à
militância no PCP, ter estado por trás da sua detenção.
Em
1985, tendo sido julgado e condenado em tribunal, foi preso pelo seu papel na liderança das
FP-25 de Abril, responsáveis pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80.
Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter apresentado recurso da
sentença condenatória, ficando a aguardar julgamento em liberdade
provisória.
Em
2011, admitiu que se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o
25 de Abril.
Otelo lamenta as “enormes diferenças de carácter salarial” que existem
na sociedade portuguesa: “Não posso aceitar essas diferenças. A mim,
chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05.00 para ir
trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria
de ordenado?”. Para este capitão de Abril, o que mais o desilude é
“questões que considerava muito importantes no programa político do
Movimento das Forças Armadas (
MFA)
não terem sido cumpridas”. Uma delas, que considera “crucial”, era "a
criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico
e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura.
Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia
mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de
pobreza". Esses milhões, sublinhou, significa que “não foram alcançados
os objectivos” do
25 de Abril.